32 - Quando o feitiço quebrar

— Muito alegremente eu vos apresento a sua alteza real... — Por fim, ouço a décima segunda badalada ecoar da torre do relógio. — Príncipe Jackson Cedrico Ahren Caronthe I, o futuro rei de Verena.

Tudo acontece arrastado, lento na minha mente: Os aplausos, as pessoas deslumbradas se curvando à medida que o herdeiro desce a escadaria. Jack.

O início da queima dos fogos de artifícios no lado de fora do palácio parecem estourar dentro de mim. É difícil saber se meus batimentos cardíacos estão rápidos demais ou se são inexistentes, ao mesmo tempo em que os flashes das câmeras clareiam as minhas lembranças.

"Me daria a honra dessa dança, mademoiselle?"

O baile no Willow. "Dança comigo?". "Mãe mortinha e pai... Bom, eu sei lá".

O dia em que fomos pegos pelos guardas, Jack não estava nem um pouco nervoso. "Ficarei de olho em você, Sr. Ahren"

Puta merda! Eu deveria ter questionado mais, ter desconfiado. Merda, Isla.
Como o tio Albert pôde fazer isso comigo? Ele deveria ter me contado, deveria ter me falado sobre o Jack. Deveria ter sido honesto comigo!

Era isso o que o Jack queria me contar? Era isso o que ele queria explicar? Emma sabia disso? A Rosana, será que sabia também? Brincaram comigo, me fizeram de idiota! Merda, mas eu grande merda!

— Você está bem? — Alguém toca o meu ombro, me despertando do estado intrêmulo. É a Calista, a mulher parada ao meu lado.

Não respondo, não consigo. Meus olhos estão fixos no príncipe que após chegar no último degrau da escada, caminha na direção de uma garota para a primeira dança, enquanto os convidados abrem espaço conforme ele anda pelo salão.

A postura impecável, o jeito firme do andar, a cabeça erguida e gestos simples, no entanto precisos. Ele é um príncipe. O maldito príncipe.

Estende a mão para a Emma, quem usa o vestido que eu deveria usar. A intenção era essa. Num baile de máscaras é difícil distinguir as pessoas a metros de distância. Deduzi que o príncipe seria instruído quanto as vestimentas da sua querida noiva e torci para ninguém o alertar da mudança.

Só que eu não esperava por isso.

E para piorar, assim que ele pôde encarar o rosto da Emma, olhou ao redor como se procurasse por algo. Por mim, talvez.
Não sei como, quem sabe pelo cintilar da minha roupa, pela atenção das outras pessoas em mim, os olhos dele encontraram os meus, apesar de tão distantes um do outro.

Paralisada, não esboço reação alguma, estou presa no olhar do rapaz cujo a máscara dourada cobre apenas o lado direito do seu rosto. Os olhos azuis estão cravados nos meus e parecem querer me dizer algo, mas acho que estou atordoada demais para saber interpretar.

Os músicos começam a tocar a primeira música e muito disperso, Jack precisou recompor sua postura e lembrar que há centenas de pessoas olhando para ele.

A dança começou tranquila e a Emma reagiu depois de alguns instantes.

— Acho que preciso de ar. — Arfo percebendo que a mão da duquesa ainda está sobre o meu ombro.

Me afasto em seguida, passando pelas pessoas, as empurrando se preciso.
Jack é o príncipe. Ele não me contou. Ele e o pai mentiram para mim esse tempo todo. Que inferno! Como eu não percebi? Como eu não lembrei dele?

Evitei tantas vezes falar sobre o príncipe com o Albert, achei que se eu não falasse ele perceberia o meu desinteresse, mas eu devia ter perguntado. Devia tê-lo aborrecido com perguntas sobre o filho, talvez eu não estivesse passando por isso agora.

Emma disse que ela e o Jack estudaram juntos, moravam em Diana, então ele passou todos esses anos escondido nesse condado? Vivendo num orfanato como se fosse órfão? Tendo a vida de um plebeu? Essa foi a maneira que o Albert encontrou de proteger o filho?

A primeira vez que eu vi o Jack foi no memorial, então é possível que ele tenha retornado a Serinna para estar na homenagem da mãe.
Dias depois, Jack apareceu no Sagueiro como um dos alunos bolsistas do semestre, foi muito astuto do rei eu preciso confessar. Afinal, qual seria a melhor forma de esconder algo senão debaixo do nosso próprio nariz? Onde não procurariam.

No meu caso, colado na minha boca. Ah. Estúpida, Isla. Estúpida.
Muita coisa faz sentido agora, como ele se mostrar tão indiferente à mim, a minha posição, sequer temer beijar a noiva do príncipe. Puta que pariu, eu disse que era a namorada do príncipe para o próprio príncipe!

Ele estava por perto o tempo todo, em todas vezes em que eu acreditei agir pelas costas do rei e da Rosana, ele esteve lá. De certo deve ter contado para o pai o que contei para ele. As mensagens do fantasma, a funerária... Tudo! E, ninguém nunca me contou nada. Por quê?

Preciso de um motivo, de um bom motivo, porque não é possível que tenham me enganado por tanto tempo. Preciso encontrar a Harper, falar com o rei ou só sair daqui!

Avanço na direção da saída principal, mas alguém segura a minha mão, a enlaçando entre os dedos, me impedindo de chegar até a porta.

Meu corpo é puxado de forma súbita o que me fez ficar de frente para os orbes azuis outra vez.
No entanto, é confuso ver que agora ele usa uma máscara preta, cobrindo o lado esquerdo do rosto e não o direito. Seu traje também está diferente, não é o traje de príncipe, embora seja muito semelhante. E, quando os meus olhos correm pela fisionomia do rapaz, vejo um brasão como o do Rei Aldrich.

Abro a boca tentando formular frases e não consigo. Especialmente depois de olhar para o meio do salão e ver o príncipe ainda dançando com a Emma.

— A sutileza definitivamente não é o seu forte, Nicolina.— Ele diz em um tom neutro, amigável, tentando me conduzir em uma dança.

Minha testa sulca em incompreensão. A maneira de falar é tão familiar, a voz é idêntica ao do...

— Jack? — Inquiro em um sobressalto praticamente tropeçando nos meus próprios pés.

— Quase. — Seus olhos vasculham os meus. — Tente de novo.

Merda. Mil vezes merda. Eu devo estar aprisionada em um daqueles pesadelos.
Megan e Maya são gêmeas, mas não idênticas, é fácil distinguir uma da outra... Mas... Ele...

— O rei e a rainha não tiveram gêmeos...— Falo, numa tentativa falha de responder os infinitos pontos de interrogação e a confusão da minha própria cabeça.

— Essa é a parte da história que você conhece. — Rebate, me guiando com a música. — E você mais do que ninguém deve saber que uma história pode ser constituída por muitos lados e por muitos segredos.

— É o que você é? Um segredo?

— Não sou mais. — Garante, erguendo o canto dos lábios num sorriso de lado muito familiar. — Ele também não. — Desvia o olhar para o Jack.

Se eu não estiver sobre o efeito de alguma droga, Jack é o príncipe e tem um irmão gêmeo.
Puta que pariu! É muito para processar, vai contra tudo o que antes fazia sentindo para mim.

Na torre do sino, o fantasma havia deixado uma fotografia com três crianças... Estava escuro na hora, eu não pude enxergar direito. Era isso o que ele estava querendo me dizer? Será que ele pode ser o fantasma?

— Quem é você? — Inquiro finalmente.

— Certo, onde estão os meus modos? — O sarcasmo é nítido do seu tom de voz. — Pode me chamar de Thomas.

— Thomas? — Arqueio as sobrancelhas.

Ele faz que sim.

— Só? — Devolvo com a mesma dose de sarcasmo. — Porque a sua cópia deve ter uma lista de nomes a mais do que você!

— Gosto do seu senso de humor.

— Que bom que eu o divirto, alteza. Certamente eu sirvo perfeitamente para o papel de bobo da corte! — Sem sombra de dúvidas é exatamente o que eu sou para eles.

Piso no pé direito do rapaz, o fazendo resmungar alguma coisa. Se eu não estiver alucinando, tenho certeza que foi um palavrão.

Me afasto em seguida, tornando a caminhar na direção da saída.

— Ei! — A sua mão agarra o meu pulso, o que me faz desejar não só pisar no seu pé outra vez como enchê-lo de tapas.

Com um pouco de sorte, ele pode ter aquela ligação entre gêmeos com o Jack, e o irmãozinho pode sentir também alguns tabefes.

— Me solta! — Puxo o braço, encarando o Thomas, que diferente de mim, soube encenar com maestria tranquilidade.

— Tem seus motivos para estar furiosa, acredite, eu posso entender. — Ele umedece os lábios. — Mas considerando as circunstancias... — Olha ao redor, para as pessoas que veem tudo estupefatas. — Se colocar os pés pra fora desse salão, irá dar de cara com dúzias de jornalistas que vão avançar em você como um bando de coiotes!

Puta merda. Puta merda. Puta que pariu!

— Estou acostumado ver o seu rostinho estampado na capa das revistas e jornais... — Ele continua. — Mas acredito ser mais prudente usar uma das portas que dão acesso ao jardim. — Aponta com o queixo, para a direção oposta.

Eu não acredito que isso está acontecendo.

Recupero o ar, engolindo em seco.

— Pode me soltar agora? — Olho para os anéis que enfeitam a mão dele, segurando a minha.

Thomas se afasta lentamente. Observo o brasão de Analea no traje que ele usa mais uma vez, dando as costas pouco tempo depois.

Posso finalmente caminhar para fora do salão, tendo a certeza de que o rei é uma versão monarca do Pinóquio.

Consigo respirar assim que passo por uma das portas do castelo, descendo uma das muitas escadas que dão acesso ao jardim.

Nesse exato momento ouço o som de passos, além do barulho do meu salto batendo no chão.
Temi ser algum funcionário, convidado ou até mesmo jornalista curioso. Felizmente, é a Harper.

— Isla! — Me chama e isso basta para eu parar de descer os degraus.

Levo minha atenção para a loira no topo da escada que recupera o fôlego.

— Eu... Você... Ele... — Aponta para ela, para mim e para dentro do salão do Palácio. — Eu não sei o que pensar! — Esbraveja zangada consigo mesma, mas caminhando até mim, passando os braços ao redor do meu corpo para me abraçar.

Eu tampouco. É informação demais para ser processada em tão pouco tempo.
Verdade seja dita, eu torço com todas as minhas forças para isso tudo ser um daqueles pesadelos macabros e malucos.

— Harper, o que está acontecendo lá dentro? — Questiono assim que a solto. — O príncipe... O Jack ele... O irmão dele? — Rio de nervoso.

— Que bagunça! Tá sendo transmitindo em praça pública, Isla!

— Não parece bom, especialmente um deles estar usando o brasão de Analea!

— Analea... Como assim? A cada segundo que passa eu entendo menos...— Admite. — Se o Jack é o príncipe e tem um irmão, por que não foi apresentado como ele? Por que nunca soubemos da existência dele?

— Eu não faço a menor ideia. Talvez eu soubesse antes e só tenha me esquecido. E, o rei e a Rosana usaram disso pra mentir! Eu sei o que inventaram pra mim esse tempo todo, e não só para mim, mas para todo o país!

— Por que o rei Albert faria isso? O povo vai enlouquecer... Vão....

— Perder a confiança nele? — Completo. — Foi exatamente o que eu pensei. Não faz o menor sentido. — Levo as mãos até o meu rosto e as deixo cair sobre ele. — A Rosana... Você viu ela?

Harper olha as mãos ao negar, devolvendo a sua atenção para mim pouco tempo depois.

— Certamente ela sabia de tudo isso. É claro que sabia! Eu quero ir embora... — Confesso. — Quero sair daqui... Eu... — Tiro a droga da minha máscara.

— Eu vou avisar as gêmeas, a gente entra num carro e vai pra algum lugar. — Harp diz tirando a máscara das minhas mãos e eu apenas concordo com a cabeça.

Ela me abraça mais uma vez e retorna para o salão.

Termino de descer as escadas indo em direção ao jardim. Deixo a brisa da noite bater contra meu rosto enquanto eu corro entre os arbustos bem aparados.
Talvez seja um bom momento para fugir, um momento propício para abandonar tudo e desaparecer. Eu sinto que posso fazer isso e sinto que não me importo com mais nada.

Cresci sendo empurrada na direção de um desconhecido, apenas por ele ser o príncipe. Não importava quantas vezes eu dissesse que não estava interessada, que bastava olhar para o tio Albert e todas as suas preocupações para perceber que talvez eu não fosse dar conta da vida por trás de uma coroa. Ou, apenas pelo simples fato de ter que me casar com alguém por pura ambição, passando por cima dos meus desejos.
Ignoraram as minhas vontades por anos, pois o que eu queria não tinha relevância. Nunca foi a grande questão.

A ironia disso tudo engloba o fato de eu ter andado nos trilhos durante esse tempo todo sem saber. Caminhando na direção de um futuro que eu não escolhi, mas que de alguma forma se alinha com os últimos acontecimentos.
A Rosana e todas as suas jogadas, todos os seus esforços para fazer com que o que ela planejou para mim se concretizasse.

Eles me acorrentaram no jogo deles, me fizeram jogar, mas não mostraram todas as peças, todas as jogadas. Não teria como eu sair vencedora. É um jogo sujo e manipulador.

Ando de um lado para o outro, próxima a uma fonte no jardim, mas já muito distante do baile que acontece dentro do palácio, do rei, do príncipe, ou melhor, príncipes.

Por que o tio Albert mentiu tão descaradamente? Por que ele mentiu para o seu povo?

Encarando o reflexo da luz da lua na água da fonte, assisto a algum filme quando lembranças invadem a minha mente.

— Eu deixei a sapatilha cair. — Apontei para o calçado cor de rosa que flutuava.

Eu estava de pé no muro baixo da fonte, vendo a água balançar com o meu sapato dentro.

— Como você fez isso? — O príncipe perguntou se pondo de pé ao meu lado.

— Eu tava andando aqui e ele escorregou. Acho que eu vou ter que pegar.

— Vai ficar doente, a água tá muito gelada. — Ele disse com razão, o final do outono era muito frio, a água deveria estar congelante.

— Deixa de ser banana!

Fungo em frustração, parada de pé e de frente para o chafariz. Como eu não percebi? Eu deveria ter percebido ou apenas ter me lembrado.

— Isla? — Paraliso depois de ouvir a voz dele. É o Jack. Eu tenho certeza.

Viro o meu corpo na direção de Jack Ahren, colocando os olhos no rapaz com o traje real, que tirou a máscara dourada, mas mantem a postura invejável e o olhar fincado no meu.

Há alguns passos atrás dele está o Simon, que abaixa a cabeça quando eu o fuzilo com o olhar.

Ele sabia. Claro que sabia. Deve ser por isso que os guardas não abriam a boca.

— Simon, avise o Logan e aos demais guardas que a encontramos. — Jack ordena num tranquilo, exatamente como o tio Albert faz. O pai dele.

— Certamente, alteza. — Simon faz uma reverência rápida antes de dar meia volta e se afastar de nós.

Logan é um guarda. Ótimo. Mais essa. Isso também explica o porquê não falava nada e fugia de mim.

Tudo soa estranho para o meu cérebro. Jack Ahren, o mesmo garoto que dizia morar num apartamento com uma geladeira decorada por imãs horrorosos é o príncipe. O príncipe Jackson. E, para completar, tem uma cópia dele perambulando pelo palácio.

Caramba, ele deveria ter me contado. Deveria, mas não o fez. Tudo bem que no começo eu era uma completa estranha, mas e depois? Quando nos aproximamos, quando eu fui honesta com ele sobre coisas que eu nunca disse a ninguém.

Nos próximos milésimos de segundo, eu me vejo avançando na direção dele, sem aguardar uma declaração oficial de sua parte.

— Seu cretino! Idiota! — Parto para cima do rapaz, começando a socar o seu peito, mas Jack me contem, segurando os meus pulsos com firmeza, sem me machucar em momento algum.

— Isla, para! — Pede cuidando para não desequilibrar enquanto eu ainda tento socá-lo. — Por favor! — Crava os olhos nos meus e eu sinto aquele frio na barriga reascender. É o Jack.

Paro de tentar atingi-lo me encontrando ofegante. Minhas pernas ficam bambas, ao mesmo tempo que meu coração parece recuperar as batidas e bater cada vez mais rápido.

Eu sinto muito. — Dispara na mais pura tensão, preservando o contato visual.

Suas mãos soltam os meus pulsos devagar, durante o tempo em que eu tomo fôlego. Engulo em seco, reprimindo a vontade de passar as minhas mãos em volta do seu pescoço. Ao invés disso, as apoio na minha cintura, inspirando e expirando profundamente, encarando as pedras de concreto do chão.

Rosana costuma dizer que uma rainha não deve colocar o coração acima dos deveres e da razão, e fazer o que precisa fazer.
Eu sempre dei um jeito de unir os meus sentimentos com a razão e com o que eu precisava fazer, desenrolando acontecimentos em proporções catastróficas.

Por mais que eu queira socar o rostinho lindo da vossa alteza aparecida, eu preciso raciocinar um pouco e entender o que diabos está acontecendo.

— Deve ter um motivo por trás dessa loucura. — Enuncio finalmente, pondo as ideias no lugar. — Qual é o motivo? — Devolvo a minha atenção para rosto do rapaz. — Por que não me contou que era a droga do príncipe e por que ninguém sabia sobre o Thomas até minutos atrás?!

Bastou eu dizer o nome do irmão para que o Jack esboçasse uma reação mais clara; Ele arregalou o olhar e a sua boca abriu no mesmo instante.

— O Thomas disse algo para você?

— Eu faço as perguntas aqui! —Rebato de forma grosseira, praticamente interrompendo-o.

Jack molha os lábios e pressiona a mandíbula se mantendo atento as minhas palavras.

— Por que não me contou? Oportunidade você teve. Muitas oportunidades. — Argumento apontando para ele e para mim e repetindo esse gesto algumas vezes. — O que você vai dizer, Jack? Não, permita-me. — Não controlo a ironia. — Príncipe Jackson, aguardo uma resposta. E, se a resposta for "porque você não perguntou" eu juro que o próximo soco eu acerto!

— Eu tentei. — Relata após um suspiro. — Em inúmeras vezes eu quase contei.

— Apenas quase. — Resmungo.

— Eu estava decido a contar naquele dia que... — Para de falar, ele hesita, levando as mãos ao rosto.

Nitidamente, eu não sou a única a odiar aquele dia.

— No dia que eu flagrei você e a Emma? — Completo com a voz trêmula. Que lástima, não?

— Eu queria poder explicar tudo naquele dia. Foi um mal-entendido. Eu e a Emma tivemos uma coisa, mas isso foi antes, antes de eu voltar pra Serinna, antes de você!

— E, mesmo assim não acharam que eu devia saber?

— Eu pensei algumas vezes que eu devia contar pelo menos essa parte. Mas a Emma é uma garota legal, a mídia vai massacrar ela se souber, ou criar notícias falsas. Não precisamos disso agora. Nem eu, nem você e nem ela.

— Você estava quase beijando ela!

Jack esconde o rosto com as mãos, negando com a cabeça.

— Isla, o último mês foi uma bagunça! — Diz, tornando a me encarar. — Eu sei, eu deveria ter contado tudo pra você, mas é complicado, não é só a minha vida, tem um reino, a Emma, o meu irmão... Você! — Aponta para mim.

Eu poderia ficar admirada ao perceber que ele está ponderando os fatos, pensando nas outras pessoas além dele, mas eu não vou. Não posso.

— Vocês me fizeram de idiota, e espera que eu aceite isso?!

— Quero que entenda que...

— Entender o quê? Poderiam ter feito isso de um jeito limpo! Poderiam ter me incluído, ter me contado a verdade, mas não! — Berro. — Merda... Tudo agora faz sentido. Todas as "suas alterações de humor", acredita que eu realmente fiquei preocupada com você? Pensei "Cacete, ele deve ter algum transtorno, talvez por ter sofrido algum trauma"! — Rio com escárnio.

Quebro um pouco da distância que há entre nós ao me aproximar em alguns passos.

— Agora, eu nem sei qual de vocês dois eu andei beijando. — Minhas palavras o incomodam? Espero que sim. — E, isso não incomoda você? — Falo entredentes e a mandíbula dele trava. — Eu me sentiria péssima. Afinal, eu estou noiva de quem, não é mesmo? — Forço um sorriso. — Suponho que de você? Só você foi anunciado como príncipe.

Jack encara o chão por alguns instantes.

— É complicado. — Diz devolvendo sua atenção a mim. — Por isso eu preciso que tente entender.

Fui enganada durante anos, apesar de pedir para que não mentissem ou escondessem as coisas de mim. Fui torturada pelas perguntas que me tiraram o sono, e o príncipe Jackson acha que é simples assim? Que ele vai pedir com eles olhinhos brilhando e eu vou confiar nele outra vez? Não. Definitivamente não. Chega de ceder. Sem baixar a guarda.

— Acho que não. — Sussurro, próximo ao seu rosto.

Ainda me encarando, Jack abre a boca para dizer alguma coisa, mas é interrompido.

— Vossa alteza, eu sinto em interromper. — Escutamos a voz do Bexley antes de algo ser dito.

O príncipe fecha seus olhos, suspira em descontentamento, antes de abri-los.

— Lady Isla. — O mordomo diz, parando entre nós dois.

Bexley faz duas reverencias antes de finalmente começar a falar:

— Príncipe Jackson, um dos conselheiros do rei, Sr. Alcott, o convocou com urgência e aguarda o senhor no salão principal. — O avisa.

— Obrigado, Bexley. — Jack responde, mas sem tirar os olhos de mim.

— Bexley, aonde está o rei Albert? — Questiono, mantendo o contato visual a vossa alteza aparecia.

— No momento, no escritório, milady.

— Ótimo. — Falo, erguendo a cabeça. — Príncipe Jackson... — Pronuncio o seu título vagarosamente com um falso sorriso estampado no rosto.

Piso em seu pé esquerdo com força, o ouvindo soltar um suspiro de dor. Também escuto um grito agudo partindo do mordomo que presencia a cena, mas que cobre a boca com as mãos em seguida.

— Feliz aniversário, vossa alteza! — Chio observando ele pôr todo o peso de seu corpo na outra perna, levantando o rosto para olhar para mim desacreditado.

Alargo meu sorriso fajuto.

— Eu exijo uma audiência com o rei! — Passo pelo rapaz, tomando o caminho de volta para o palácio. — Agora!

Rooi?

Então.

É.


Olha só:

Dizem que uma imagem vale mil palavras, então ó duas mil:


Alguém suspeitou?

Alguém esperava?

O quê tá rolando?

Alguém tem uma teoria?

O quê esperam do Jack como príncipe?

O quê esperam do Thomas?

Leitores antigos:


Hihihi o que acharam, de verdade? O quê esperam do último capítulo? Segunda ainda tem um epílogo, bem legal. Então... eai?

Volto amanhã. Beijo 👁👄👁

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top