2. onde há uma inauguração pt.1

Eram poucas as vezes que Jungkook olhava algo inanimado e sentia admiração. Às vezes olhava a sua filha brincando com algo que provavelmente as pessoas desaprovariam, como brinquedos tipicamente nomeados de ''brinquedos para rapazes'', e Jungkook sorria, mas o amor estava na filha e não no brinquedo, então não devia contar. Outras vezes observava o girassól à janela, mas não sabia se considerava aquilo algo inanimado, afinal ainda era um ser vivo. Viu-se pela primeira vez, portanto, admirando algo que nunca sentiria o mesmo por ele, afinal esse algo não sentia.

Empenhava as mãos nos bolsos das calças, parado em frente do edifício de catorze andares, tão iluminado no topo que se via dali. Admirava o prédio porque fora Jimin quem pensara nele, cada detalhe, cada porta, chão, lâmpada, era tudo escolhido por Jimin e por isso, mesmo sem entrar, Jungkook já sabia que era perfeito. Observava o sonho de Jimin como se pudesse encolhê-lo e senti-lo na ponta dos dedos. Jungkook nunca tivera sonhos grandes, por isso valorizava os dos outros, principalmente quando concretizados.

Não havia barafustada no piso térreo e Jungkook sabia que estava atrasado. Na porta giratória estava uma porteira, que sorriu a Jungkook e esticou o braço, como se dissesse para que entrasse. Sentindo-se feliz, ele entrou, passou com medo de ser atropelado pela porta devido a ser trapalhão, mas conseguiu chegar ao outro lado.

Era realmente um olhar de Park Jimin.

Quando percebeu que horas eram quase correu até o elevador, lembrando-se das indicações do melhor amigo para que fosse até o último piso, onde haveria alguma música ao vivo, clássica, champanhe e comida, petiscos. Aquela era a noite de Park Jimin e Jeon Jungkook realmente estava atrasado. Como se atrevia?

Impaciente, subiu todos os pisos, a música calma e de fundo enchendo os seus ouvidos como um zumbido até que um plim soou e as portas se abriram. Jungkook nunca tinha visto tantas pessoas de smoking no mesmo lugar, quase que se sentiu deslocado até os seus olhos pousarem nos amigos, que assim como ele não vestiam nada muito espetacular que fosse de deixar cair o queixo e o mesmo acontecia com Jimin, que tinha um par de calças ajustadas e uma blusa de malha o aquecendo desde as coxas até o pescoço.

Jungkook apressou o passo até os amigos, pousando a mão no ombro de Kim Taehyung, o abraçando logo que pôde. Quando o largou, os amigos olharam-no e foi quando Jungkook deu pela falta de um elemento.

- Yoongi não veio? - perguntou ele, querendo saber, olhando em volta e sem querer pousando os olhos em Park Jimin mais uma vez, do outro lado da sala, conversando com um casal idoso.

- Boa noite para você também! - Kim Seokjin barafustou, uma mão no bolso da calça e a outra segurando uma taça de champanhe.

- Boa noite, hyungs... - murmurou ele, sem querer soar mal educado.

Realmente achou que passados meses aquela seria uma chance de ver todos os seus amigos, mas aparentemente ainda não tinha passado tempo suficiente.

- Jimin já perguntou por você, se isso te deixa feliz. - Hoseok comentou, quase gargalhando e Jungkook sem perceber que o seu olhar continuava voando para o outro lado do salão.

Jungkook olhou o loiro mais uma vez, sorrindo ternamente ao saber daquilo e o encarando por mais tempo do que antes. Jimin estava apoiado em uma perna e na mão também tinha um taça de champanhe, no entanto, como se soubesse, o olhar voou para o grupo de amigos, onde o olhar pousou sobre Jungkook e um sorriu cresceu de forma automática.

- E por fim, um sorriso daquele pobre mal-agradecido. - Taehyung suspirou, pousando uma mão no ombro do mais novo, como se lhe dissesse que era o culpado por aquilo, mas quando Jungkook se virou para ele as sobrancelhas vinham sobrepostas e desentendido, quase corado, no entanto.

- Aconteceu alguma coisa?

Namjoon gargalhou, negando com o queixo e apoiado a mão na cintura do marido.

- Parece que Jimin realmente estava te esperando para ficar completo, amigo. - declarou ele, iluminando Jungkook, que negou rapidamente, dando um passo em falso para trás e quase chocando com outro convidado.

Jungkook não esperou por aquilo e quase desmaiou quando a voz conhecida soou nos seus ouvidos.

- Jungkook, querido, é você?

Esquecido de que aquilo podia acontecer, Jungkook virou o corpo de forma rápida para ninguém menos do que Park Mun-Hee, mãe do anfitrião da noite.

- Oh, olá... - ele balbuciou, sem saber como agir ou o que dizer, quando a mulher o puxou pelo braço, o fazendo ir até ela em um tropeço e ser abraçado. Atrás dela, Jungkook viu Park Han-Kun, o marido daquela mulher e, claro, pai de Park Jimin.

Assim que se viu solto, Jungkook se curvou em forma de respeito, apertando a mão do homem que lha estendera a dele, apertando-a firmemente e se curvando para ele também.

Decidido a agir como um homem e não um adolescente, Jungkook sorriu antes de dizer:

- É um prazer ver vocês, devem estar realmente orgulhosos de Jimin.

A mãe dele sorriu-lhe tanto que Jungkook não conseguiu olhar por muito tempo.

- Claro que sim. Isto está muito bonito, não está? - disse o homem, o olhar pelo teto alto e as paredes.

- Sim. Sim, está, senhor Kun. - Jungkook seguiu o olhar dele, sentindo-se envergonhado e os amigos mesmo ali atrás de si sem o ajudar.

- E com você, está tudo bem? - quis ela saber, sem poder deixar de perguntar e Jungkook sem deixar de acenar.

Jungkook tinha poucas pessoas à sua volta que lhe perguntavam de forma casual se estava tudo bem consigo, nomeadamente eram os seus pais que ligavam, às vezes Baejin, a mãe de Yang, também perguntava, e a resposta de Jungkook era limitada a um bom entendedor. Sem pensar que não era com essas pessoas que estava falando, Jungkook deixou escapar entre os lábios:

- Eu e Yang estamos bem, felizes.

O sorriso da mulher desceu e antes de poder perguntar, o homem pareceu não entender e seguiu com o que queria saber.

- Ainda está vivendo aqui, em Busan, não é? - ele perguntou e Jungkook acenou. - Ainda bem, rapaz, você realmente nunca quis sair.

Jungkook sentiu na resposta uma afronta, como se fosse seu dever sair de Busan quando o filho deles não quis lá ficar e o seu olhar acabou demonstrando mais do que ele queria.

- O que Kun quer dizer é que Busan é um bom lugar. - ela tentou se desculpar. - Deve ser mesmo, afinal até Jimin acabou voltando.

- Eu tenho a minha família aqui, então... - Jungkook arranhou a garganta, sem querer se prolongar em um tópico que traria de volta o seu rompimento com Park Jimin.

- Você... Você é casado, querido? - a mulher pareceu nervosa de repente, a mão passando pelo braço dele discretamente até lhe alcançar a mão esquerda, segurando-a na sua de forma muito subtil, encarando os dedos livres de qualquer anel de compromisso.

Como eu poderia casar quando sou apaixonado pelo seu filho? Ele quis dizer.

- Não, senhora. - ele riu baixinho, negando com a cabeça ao mesmo tempo. - Todos esses anos e o amor ainda continua de braços cruzados para mim.

- Pois bem, querido... - ela se aproximou, como se fosse contar um segredo. Era mais baixa do que Jungkook, mas esticou-se o que pôde para lhe falar no ouvido. - Não podemos encontrar o amor quando andamos fugidos dele.

Jungkook engoliu em seco, mas sorriu quando a mulher gargalhou, se afastando, como se tivesse acabado de dizer uma barbaridade das grandes.

- Jun.

Jungkook se sentiu uma princesa em apuros quando sentiu a mão de Jimin em si, vindo para o salvar de seus pais e com duas taças de champanhe, lhe entregando uma e sorrindo.

- Olá. - parecendo travado, aquela foi a única coisa que soube dizer e mesmo assim Jimin sorriu tímido como se o moreno tivesse acabado de se declarar para si.

- Estavam conversando? - perguntou o loiro, enquanto Jungkook bebia da taça, desesperado para sair dali e se esconder por um segundo e a mão ainda nas costas do maior, o mantendo do seu lado da forma que desejava.

- Eu estava prestes a dizer a Jungkook como ele cresceu. - começou a mulher, mas o resmungo que saiu da boca do homem fez Jimin pensar que as coisas não eram assim.

- Não, não estava. - disse o pai, todo brincalhão. - Sua mãe estava fazendo o que faz de melhor, metendo o nariz na vida dos outros.

Jimin e Jungkook arregalaram o olhar ao mesmo tempo, como um espelho um do outro, se olhando no final e contendo uma risada.

- Foi bom te ver, Jeon, mas agora vamos deixar-vos ou então Mun-Hee ainda te pergunta se você está beijando alguém para além de Jimin.

Park Han-Kun não era homem de muitas palavras, de grandes conversas, mas Jimin sempre dissera que com Jungkook era diferente. Os dois chegaram a ter conversas longas no jardim de trás da casa dos Park, às vezes com uma cerveja ou com o mais velho de charuto nos lábios. Ao contrário de Jungkook, Jimin era mais chegado ao pai, embora a mãe também soubesse de quase tudo.

- Me desculpe. - Jimin pediu assim que eles saíram, bebendo com calma da taça e passando a mão pelo braço de Jungkook, se apoiando ali agora. - Você sabe como eles são...

- Isto está espetacular, hyung. - ele mudou logo de assunto, olhando para cima, como se isso pudesse mostrar o orgulho que sentia e a admiração. - Você conseguiu. Agora quando olharem para a linha de Busan, eles vão ver um pedaço seu.

Gotas de champanhe sujaram o chão imaculado quando Jimin se mexeu rápido demais, abraçando Jungkook pelos ombros. A principio, Jungkook se assustou, quase entornando o próprio copo, mas logo depois estava rodeando os braços em volta da cintura fina, o apertando também.

Jimin estava feliz, claro que estava, um sonho a menos na lista e um objetivo comprido a mais noutra, mas antes de Jungkook chegar Jimin só ouvira opiniões de pessoas formadas no assunto, comentando coisas que Jimin escolhera e tomara decisões sobre, no entanto, nada que se assemelhasse a Jeon Jungkook levando aquilo como uma coisa sua e não como um trabalho mero.

- Quero te levar no telhado, você vai adorar lá. - ele chegou a segurar a mão de Jungkook, prestes a puxá-lo para que saíssem dali, mas o mais novo não foi, cobrindo a mão dele com a sua e sorrindo pouco.

- Não posso te roubar assim dos seus convidados, hyung. - explicou ele, como se fosse um segredo, próximo do loiro de repente. - Ou também fez isso para poder me ver?

Era uma provocação, mas Jimin não se sentiu assim.

- Eu faria mil edifícios por você e você sabe disso. - o dedo esticado chegou ao peito do maior, fazendo-os sorrir.

- Como eu poderia saber, hyung?

Jimin sorriu de lado, mas não quis responder. Pousou o braço sobre os ombros do maior e os fez girar, se envolvendo de novo no pequeno circulo que seus amigos formavam juntos.

Jungkook não estava escutando com muita atenção os piropos que mandavam para Park Jimin, coisas como dizer-lhe que agora ele era o mais bem sucedido de todos e por isso podia abandoná-los a qualquer momento. Jungkook não quis saber disso.

O que ele queria saber estava pousado em cima do seu ombro, mais tarde na sua cintura, e era a mão de Park Jimin que, a partir dali, nunca mais o largou pela noite toda.

] c o n t i n u a [

]n/a[

Engraçada a forma como a fanfic chegou a 3k mas....... APARENTEMENTE NÃO TEM LEITORES, SÓ FANTASMINHAS

Obrigado, fantasminhas, isso é espetacular!!

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