0.9 onde há Jun
Falta-te nos olhos o que perdeste no sorriso.
Falta-lhe nos olhos o que perdeu no sorriso.
Falta-lhe nos olhos o que perdeu no tempo.
Falta-lhe nos olhos o que perdeu na vida.
Perdeu a vida o que lhe falta nos olhos.
– Hyung? – Jungkook o chamou daquela forma, pelo meio da madrugada, recostado no sofá novo, descalço, os sapatos pela sala e na mão a taça de vinho meio cheia.
O mais velho, que antes tagarelava sobre alguma coisa, parou de abrupto, olhando o maior da outra ponta, sentado de forma descontraída e desleixada.
– Ham?
– Acha que veremos Yoongi ou Taehyung daqui a um mês?
Jimin sorriu de lado, esticando as pernas no sofá comprido, os pés alcançando as periferias do corpo de Jungkook, sentado relaxado na outra ponta.
– Já está com saudades? – ele quase podia rir, porque a resposta era tão óbvia e mesmo assim o Jeon insistiu em assentir com a cabeça. – Também sentiu saudades minhas?
Aquela era uma pergunta com uma resposta ainda mais óbvia, mas Jimin parecia não saber e Jungkook parecia não ter coragem o suficiente.
– Hyung... – ele choramingou, envergonhado, subindo as palmas das mãos até as bochechas. Jimin ergueu uma sobrancelha, esperando uma resposta e quando Jungkook negou o mesmo chutou a coxa dele, a perna completamente esticada. – Claro que sim! – ele acabou rindo logo a seguir, sentindo-se infantil e encostando a cabeça no braço do sofá, o corpo mais para a frente, mais perto.
– Diz com sinceridade. – pediu ele, imitando o outro e os pés se encontrando no meio.
Jungkook respirou fundo. Não podia ser mais sincero, podia?
– Senti bastante a sua falta, hyung.
– Isso é bom. – Jimin encostou os seus pés nos de Jungkook, forçando-os a ficarem juntos e depois erguendo-os, brincando com eles.
– Porquê? – perguntou ele, erguendo o rosto e mesmo sem ver o pé de seu hyung, porque o seu era maior sobre o outro, pôde sorrir por senti-lo fazer aquilo.
– Não queria sentir falta sozinho.
Jungkook sorriu para o alto, de forma tão doce que se alguém fosse a ver podia derreter. Aquilo era o que Jimin causava nele, um sorriso tão gigante que doía e às vezes nem precisava de realmente esboçá-lo, porque se o fizesse de todas as vezes, ele provavelmente teria os lábios rasgados.
Antes que pudesse levar aquilo ao fundo da questão, perceber que coisas familiares eram aquelas que estava sentindo, ou a forma como seu coração parecia bater de uma forma que não sentia fazia algum tempo, Jimin o chamou.
– Jun...
– Sim?
– É ok eu te chamar assim...? Jun?
Jungkook curvou os lábios sem ele ver, em meio sorriso, sem acreditar na pergunta depois de ter sido chamado daquela forma algumas vezes ao longo da noite.
Jun era um apelido que fora crescendo neles de forma bonita. Antes de serem namorados, um verdadeiro casal, Jungkook e Jimin foram amigos e foram dos bons, talvez ainda fossem atualmente. Jimin era, e ainda é, o tipo de pessoa única e para o acompanhar ele gosta de coisas únicas. Queria algo entre eles que fosse especial, que nunca antes ninguém tivesse podido dizer que acontecera. Queria em Jungkook algo que nunca ninguém pudesse ter. De todas as formas, Jimin foi percebendo como ele chamava o namorado da mesma maneira que todos os amigos. Jungkook. Kook. Kookie. Jungkook-ah. Jungkookie. Jungguk. Algures em um aniversário de namoro, na altura ainda de meses, Jimin o chamou daquele modo. Jun. Estava mesmo ali e ainda não tinham descoberto. Ao ouvir aquilo sair dos lábios do namorado, Jungkook sentiu no peito o que era também ser único. Jeon Jungkook era único para Jimin.
Jungkook se ergueu no sofá, puxando o menor pelos pulsos e os deixando de frente um para o outro, os dois com taças meio vazias nos dedos e o olhar perdido no tempo.
– Chega disso para você. – Jungkook brincou, puxando a taça e pousando-a no chão, ao lado do sofá. Depois, bebeu o restante na sua e pousou-a no mesmo lugar que a outra. – E para mim, eu acho. – envergonhado por estar bebendo bastante, coçou os cabelos da nuca e sorriu de lado.
Jimin não via a ligação em sua pergunta e o vinho, mas sabia perfeitamente que Jungkook sempre fora mau em fugir de assuntos que não queria realmente abordar.
– Jungkook. – o chamou daquele modo, a mão antes pousada no tornozelo, porque tinhas as pernas dobradas, subindo para o rosto do mais novo, afastando-lhe os cabelos da face e sorrindo curto. – Fique assim por um pouco.
Jungkook estava parado até ter partido os lábios em dois, sem saber o que queria ele de si. Não sabia o que via Jimin, não sabia o que lhe corria na mente e muito menos no coração. Sabia de poucas coisas naquela noite e todas eram sobre si. Conhecia bem o mais velho, mas naquela noite Jimin parecia ter todas as barreiras para cima. Não havia olhar que o pudesse desvendar ou palavra que o fizesse ceder.
Jungkook não soube se foi medo ou receio que o levou a subir a sua mão de forma tão rápida que apanhou a de Jimin, que subia para se aliar à outra em sua mandíbula. Jimin não levou aquilo como uma afronta, descendo os seus dedos pelos de Jungkook, entrelaçando-os e descendo as suas mãos até o meio das suas pernas.
– Me desculpe. – o mais velho pediu, engolindo em seco, e quando pensou em deixar Jungkook, o moreno segurou-lhe ambas as mãos, fazendo com as duas o mesmo, os dedos presos e entrelaçados, ali, entre eles, juntos.
– Não quero ficar triste, hyung. – disse o mais novo em desespero e Jimin desceu o olhar, sem o soltar nem por um segundo.
– Porque ficaríamos tristes? – perguntou, subindo o olhar uma vez e o prendendo no do outro. – Por sentirmos saudade de algo que já não temos? Não é essa a regra base da saudade?
Jungkook nada disse, tocado por aquilo. Podia saber que não era o único ali com saudade do que outrora foram os dois, mas Jimin estava lhe dando poucos sinais (ou talvez ele quem não estivesse os vendo) que simplesmente não sabia como lidar com o facto. Até ali.
– Não podemos estragar tudo agora. – Jungkook dizia, aflito. – Fizemos as coisas certas. Somos amigos, hyung.
– Estragar as coisas? – Jimin o repetiu, largando-lhe as mãos e afastando os cabelos para trás das orelhas e Jungkook o olhou com receio, temendo o pior quando sentiu as suas mãos seguras mais uma vez. – Você ainda não aprendeu, depois de tudo, que terminar uma relação com uma amizade é como um adeus mais discreto?
Jungkook não podia ter aprendido aquilo, podia? Estava longe da maior parte de seus amigos, ainda lhe custava a acreditar, mas os únicos consigo eram Kim Namjoon e Kim Seokjin. Jimin não estava, mas nem Hoseok, Yoongi ou Taehyung. Como podia ele ter aprendido?
– Eu não devia ter vindo, pois não?
– Jungkook. – o menor apertou-lhe os dedos, deixando uma lufada de ar escapar pelas narinas, assemelhando-se a uma risada. – Estamos aqui, agora. Não surte.
Era um pedido viável. Jimin sabia como agia Jungkook. Ele sabia que, naquele preciso momento, na sua frente, o moreno estava criando caminhos extensos em sua mente, tentando ligar tudo aquilo que podia enquanto era aniquilado por memórias deles. Jungkook não sabia que Jimin sabia como fora árdua para ele a separação dos dois. Desejava que ninguém soubesse, porque sentia-se fraco. Não tivera estomâgo para tal coisa, mesmo insistindo consigo mesmo que tinham tomado aquela decisão juntos.
A respiração estava mais rápida agora, via-se pela subida e descida do peito dele e Jimin começava a ficar preocupado, segurando-lhe as mãos e o vendo desviar o olhar, querendo fugir.
– Estou apenas te dizendo que sinto saudades de nós. – Jimin insistiu, largando-lhe uma das mãos e afastando-lhe os cabelos para trás. – Mas isso não significa nada. Você também não olha para trás e pensa sobre como foi bom termos um ao outro?
Jungkook olhava, tantas vezes. Se fosse ser honesto, ainda tinha na própria galeria do seu telemóvel tantas fotografias dos dois, depois de tantos tantos anos. Se o número dele ainda fosse o mesmo, tinha o contacto de Park Jimin guardado. Tinha tudo e se agarrava ao que podia. E se formos a cavar mais fundo, entenderemos que Jeon Jungkook nunca superou Park Jimin. Raramente se envolvia com pessoas, muitas vezes pensava nele. Claro que não chorava mais ou pensava em realmente mandar-lhe mensagens ou ligar. Sim, olhava as fotos todas que podia, no instagram e no facebook, mas não lhe dizia nada.
– Você entendeu mal tudo o que eu disse. – Jimin continuava, porque Jungkook não dizia nada, mal o olhava. – Estou querendo te dizer que, a partir de agora, gostava realmente que fossemos amigos. Acho que mesmo depois de tantos anos ainda conseguimos.
– Quer... quer o quê? – Jungkook o olhou de uma vez, fazendo Jimin sorrir bobo e pousar a mão antes na sua bochecha agora no ombro.
– Quero saber de você mais vezes. – ofereceu, sempre sorrindo. – Pode ser? Você já sabe onde eu moro.
Naquele momento não lhe faltou nada, nem o que a vida lhe levou ou o que o tempo lhe tomou, fosse nos olhos ou no sorriso.
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