𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝚅𝙸𝙸

𝓜𝓲𝓵𝓮𝓼 𝓢𝓶𝓲𝓽𝓱

DEVE SER a décima noite consecutiva que eu não consigo dormir, não que eu não queira dormir, eu simplesmente não consigo. O meu corpo vai de um extremo ao outro em milésimos. Depois da primeira carreira todo o meu corpo entra em ebulição e eu estou fervendo; na segunda, eu murcho e toda aquela euforia some, sinto como se eu tivesse sido engolido por um Buraco Negro.

Todo o meu corpo parece não fazer parte daqui e vem uma sensação de desconforto extrema. Eu quero deitar e dormir até não aguentar mais e a morte chamar o meu nome.

— Eu já vou — digo, me levantando do sofá de couro da casa do Joshua.

— Não quer aproveitar a última? — Henry indaga, mostrando um pacotinho com três comprimidos.

— Não, se eu não for para casa agora a minha mãe vai me matar — explico, todos dão risada como se eu tivesse contado alguma piada.

— Lembra de trazer o meu dinheiro amanhã — Joshua diz.

— Eu já disse que só consigo pagar semana que vem, você concordou com isso ontem — digo, os olhos deles enchem de fúria, ele cheia a última carreira à sua frente e fica em pé, andando na minha direção.

Sem mais nem menos ele desfere um soco no meu nariz, que automaticamente sangra.

— Isso foi por atrasar o pagamento pela segunda vez, seu merdinha — Peter diz, com a voz cheia de ódio.

— Eu vou te pagar... — murmuro, a minha voz está fraca.

Ele desfere outro soco entre a bochecha e o olho e eu me desnorteio, dou alguns passos para trás e me desequilibro, Joshua me dá outro soco e eu bato a testa numa cômoda. Fecho os olhos e a minha respiração some por alguns minutos.

— Amanhã, sem falta! — Joshua diz. — E se você não me pagar, vai ser bem pior do que alguns socos.

Quando eu abro os olhos, ele já está sentado no sofá de couro. Tento me localizar onde estou, me apoio nos cantos e consigo e fico em pé. O ambiente está cheio de fumaça dos cigarros.

Localizo a entrada e saio do local. É uma casa minúscula no sul da cidade, um dos bairros mais afastados e marginalizados da mesma. É uma hora de caminhada até a minha casa. São três e meia da manhã, não tem ônibus agora.

A Amanda e a Felicity já devem estar dormindo, ou saíram para algum motel que a Amanda resolveu pagar. A Hailee provavelmente está sozinha em casa à essa hora.

Caminho muito e não sei se estou indo para o lugar certo, já que a minha mente parece estar em um Universo Paralelo, onde tudo está mais bagunçado do que a minha vida normal.

Os meus pais se separaram em um péssimo momento, a Hailee tinha recém feito seis anos, ela era extremamente apegada ao Peter — mesmo ele e a Amanda sendo professores na Erin University. Eles nunca foram extremamente presentes, nunca me trataram realmente como filho, eu sempre fui um peso para eles, já a Hailee era praticamente endeusada, era a filha e a criança perfeita.

Tanto que a separação dos meus pais trouxe vários problemas para ela, nem tivemos a chance de escolher. O Peter ainda leciona História na faculdade e a Amanda ainda leciona Química, na mesma faculdade. A mudança repentina da Felicity para a nossa casa foi um baque tanto para mim quanto para a pequena Hailee; com apenas seis anos ela teve que ver a mãe conviver com uma mulher que tecnicamente seria a nossa madrasta.

Eu não considero Felicity a minha madrasta, muito menos Amanda a minha mãe, eu só fico na casa delas porque até os dezoito anos eu recebo dinheiro do meu pai, a partir do momento em que eu sair de casa, perco todo o benefício.

Quando finalmente avisto a minha casa, quase todas as luzes estão apagadas, há apenas um resquício de luz que vem do quarto da Hailee, provavelmente do abajur dela que fica ao lado da cama. Os carros da Amanda e da Felicity estão aqui, então elas não saíram.

Entro em casa e não ligo nada, vou para a cozinha e procuro por um copo e encho com água. Mal sinto os meus movimentos, é como se eu estivesse no piloto automático. Tomo toda a água e me direciono para o meu quarto, subo as escadas e entro no mesmo.

O meu corpo começa a sentir choques elétricos assim que termino de subir as escadas, parece que tem alguém tentando puxar os meus ombros para baixo. Um gosto de ferro surge na minha boca, parece que eu lambi uma pilha de nove volts. Sinto cheiro de ozônio.

É mais um daqueles episódios, normalmente eu consigo controlar bem eles, duram de dez à vinte segundos, mas, na verdade, soam como uma eternidade. Sinto como se estivesse no topo da minha euforia, toda a droga correndo as minhas veias e eu estou definitivamente entrando no meu próprio Universo Paralelo. É uma sensação um tanto quanto incrível.

Olá gente, primeiramente, queria deixar claro que essa é uma obra em conjunto com a babyluxifer e que este capítulo foi escrito por ela.

Deixem suas opiniões e críticas construtivas.

Tia Bia ama o cês!

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