CAPÍTULO II | OS QUATRO MILAGRES, PARTE II

O dia do nascimento chegou, e Seungmin não estava em condições de ir até o hospital. A tia dele e Jisung o ajudaram como puderam até a ambulância chegar e os paramédicos fazerem seu o parto em casa.

Muito suor. Muita dor. Muitos gritos. Muito sangue.

Estava pálido. Não conseguia respirar.

Depois dos gêmeos nascerem, Seungmin fechou os olhos.

Os paramédicos pediam para que todos se afastassem enquanto aplicavam o desfibrilador tentando reanimar o coração.

“Afasta”! Gritavam antes do choque.

Afasta!

Choque.

Afasta!

Choque.

Já estavam sem esperanças.

A tia, segurando um dos gêmeos, já estava aos prantos em desespero.

Foi então que o choro dos bebês ecoou.

O choro deles ecoava e dizia que estavam vivos, estavam bem.

Seungmin puxou o ar com força ao voltar a respirar.

Sua visão estava embaçada enquanto recuperava os sentidos, mas não havia dúvidas de que ouvia o choro de seus bebês.

O choro deles indicava vida. E ela foi o suficiente para afastar a morte do ômega aquela noite.

Os paramédicos colocaram Seungmin em uma maca para levá-lo e garantir que recebesse mais sangue para repor o que perdeu.

Sobreviver a aquele parto foi o terceiro milagre.

_________

Os gêmeos eram pequeninos e dormiam profundamente. Quase não choravam, e sempre abriam os olhinhos redondinhos e curiosos, mesmo ainda não podendo enxergar nada. O formato de seus olhinhos eram redondinhos que nem os de Chris. Ver aquela semelhança fazia Kim se encher de alegria, e sentia que poderia ficar por horas vendo-os dormir no berço. Ele dava mão a um deles e a mãozinha sempre se fechava ao redor do dedo. Sorria como um bobo.

Jake e Wonpil.

Seus bebês eram simplesmente os mais lindos do mundo.

Ômegas machos não produziam leite, então a única solução era comprar leite para recém-nascidos, cuja fórmula era semelhante a um leite materno. Na antiguidade a taxa de natalidade de ômegas machos era baixíssima, já que os bebês morriam por falta do leite e seus nutrientes. Graças aos tempos modernos, nada era impossível.

Seu amigo Jeongin apareceu com duas mamadeiras com leite quentinho e Kim pegou Wonpil no colo.

— Hora de mamar. – sorriu para o pequeno.
Jeong o ajudou pegando Jake no colo e lhe dando a mamadeira.

Seu amigo Changbin, trazia boas e más notícias.

A boa notícia é que descobriu uma pista de Chris e confirmou que este estava vivo.

Seungmin sentiu os olhos marejarem de felicidade com a notícia.

Chris estava vivo! Começou a chorar rindo de felicidade.

Aquele era o seu quarto milagre.

A má notícia era que seria difícil encontra-lo por causa de algo que os médicos contaram a Chang:

Amnésia.

Um paciente chamado Christopher Bang foi registrado no pronto-socorro, mas em seu laudo estava escrito que estava com amnésia.

— Acho que é por isso que ele nunca veio te procurar. – Chang contou. – E isso vai dificultar para encontrá-lo, mas não é impossível.

Seungmin estava chocado com a notícia, mas mesmo estando longe um do outro, saber que Chris estava vivo lhe aquecia o coração.

Isso também explicava porque a marca em seu pescoço não ficou mais fraca com o tempo, o que geralmente acontecia quando o alpha de um ômega marcado falecia.

Christopher estava vivo.

Era isso que importava.

___________

Chris estava decidido.

Depois de quase dois meses apenas observando de longe, finalmente tomou coragem para falar com aquele ômega que lhe roubou o coração. Foi se aproximando hesitante.

Seungmin estava outra vez na livraria. Seus bebês ainda eram muito pequenos para entender a historinhas que ele lia para eles, mas como gostavam de ouvir sua voz antes de dormirem, sempre o fazia. Comprando um livro vez ou outra, no futuro os pequenos teriam sua própria estante cheia de livrinhos.

Estava segurando uma pilha de livros pequenos, grandes, e revistas. Ainda não havia decidido quais levar.

— Posso ajudar? – uma voz soou a suas costas.

Seungmin congelou.

Reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Virou-se rapidamente e deu de cara com ninguém menos que Bang Chan.

Min sentiu os braços fracos diante do choque e derrubou tudo o que carregava no chão.

— Ah! Deixa eu ajudá-lo. – Bang disse se agachando e juntando os livros.

Kim se agachou lentamente, não tirando os olhos do outro.

Então era verdade...

Bang realmente estava vivo e com amnésia.

Kim sentiu seu coração entrar em um conflito monstruoso de um alívio enorme em vê-lo vivo outra vez, e tristeza por ele não se lembrar de nada.

— Aqui está. – Chan lhe entregou os livros. Min notou pelas roupas que ele era um funcionário da loja.

— Obrigado. – respondeu gentil ao se levantarem. Sentia a garganta seca e os dedos tremerem. A presença de Chan, depois de tanto tempo separados, o afetava muito. O cheiro de seu alpha o acertou com uma nostalgia imensa.

— Você não devia carregar tantos livros sozinho. – Chris disse preocupado — O seu alpha não pode te ajudar?

Seungmin sorriu involuntariamente e tentou disfarçar. Estava contentíssimo de que mesmo sem as memórias Chan continuava com a mania de ficar preocupado consigo.

— Eu perdi meu alpha e um incidente com um navio... – contou, afinal, em parte era verdade.

— Sinto muito. – disse sincero. – Eu fui um dos sobreviventes desse incidente. – contou - Não deve ter sido fácil para você.

— É... não foi. – disse cabisbaixo.

— Você... tem filhos? – Bang perguntou apontando para os livros infantis e “dicas para se criar bebês saudáveis”, que Min carregava.

— Tenho sim. - sorriu -  São gêmeos.

Chris sorriu também.

— Ah! – se lembrou - Tem um livro aqui que tem dicas para cuidar de gêmeos. – Foi a uma estante ali por perto e pegou – Talvez o ajude.

— Obrigado. – disse gentil pegando o livro. Chris gostou muito da voz do outro.

Ficaram em silêncio, e Seungmin estava em conflito.

Seu alpha estava ali, diante de si. Mas, mesmo que contasse tudo, sobre o passado deles e etc, ele não lembraria de nada, então, do que adiantaria? Não queria que aquele homem, em sua nova vida, descobrisse que do nada tem uma família. Isso poderia assustá-lo ou pior, o faria ficar por perto por obrigação. E sabe-se lá como era a vida de Chris agora... talvez ele já até tivesse alguém...

Pelo menos descobriu que ele estava bem.

Era isso o que importava.

— Bem, acho que então... eu vou indo...

Kim começou a se afastar levando os livros consigo.

— E-espera!

Kim se virou. Bang estava corado e começou a massagear a nuca.

— S-Se não for indelicadeza de minha parte, v-você aceita... sair um dia desses para tomar um café? – gaguejou tímido.

Seungmin se abraçou aos livros que segurava e chegou a lacrimejar de felicidade, mas disfarçou dizendo:

— Eu não tomo café, pode ser um capuccino? – colocou o cabelo atrás da orelha.

Chris não conseguiu esconder a animação ao sorrir largamente.

— Claro!

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