Capítulo 70
CAPÍTULO 70
– Eu digo que devemos avançar e acabar com essas pestes de uma vez! – disse, com a voz abafada, um homem que vestia uma armadura completa de metal negro e montava um cavalo enorme, de pêlo avermelhado e patas muito peludas.
– Eu já lhe disse, Roy, precisamos esperar a chegada do outro grupo no ponto combinado. – respondeu um homem estranho, de face pálida, nariz pontudo e olhar vidrado. Também estava montado e usava uma toca negra, que se integrava ao manto, cobrindo todo o pescoço. Suas vestimentas eram justas; usava luvas e botas de couro negro reluzente. Seus olhos observavam algo no interior de um cristal de brilho verde, em forma de concha.
O cavaleiro a quem havia se dirigido irritou-se tremendamente, desembainhou sua espada e apontou-a para o homem de roupas negras.
– Não me chame assim novamente! Esse homem morreu! De agora em diante, apenas me chame Cavaleiro Negro, se quer continuar vivendo.
– Muito bem, Cavaleiro Negro, acalme-se, por favor. – retrucou o homem, sem alterar o tom de voz ou retirar os olhos do cristal. – Eles ainda estão lá, nos esperando. Se avançarmos cedo demais, provavelmente correrão com o rabo entre as pernas. Não devemos avançar, até que estejam cercados. – olhou novamente dentro do cristal e deu um pequeno sorriso. Fez uma pausa e anunciou: – Felear! Ruko! Preparem seus homens, vamos partir a qualquer momento!
– Sim, Sr. Arete. – respondeu Felear, ao lado da carroça que carregava Kiorina. Ele vestia uma armadura de placas, com o elmo aberto na face.
Ruko vestia uma armadura semelhante; com seu cavalo à frente da carroça, gritou para os homens que estavam sob seu comando ficarem prontos. Arete e o Cavaleiro Negro também estavam à frente da carroça e se preparavam para partir. Beirando a estrada, havia dois grupos de doze homens, um de cada lado. Arete olhou para o cristal mais uma vez e sinalizou para que marchassem. Apesar do ritmo lento que ele impôs, em pouco tempo chegariam ao local onde estava Kandel. Antes de completarem um quarto do caminho, Arete puxou as rédeas do cavalo com a mão esquerda e ergueu a direita, espalmada. Seu cavalo levantou a cabeça e parou. Em seguida, todos pararam.
– O que houve, senhor? – indagou o Cavaleiro Negro.
– Há algo estranho aqui. – disse o necromante, cerrando os olhos. Uma flecha certeira enterrou-se em seu pescoço, levando-o imediatamente ao chão.
– Emboscada! – gritou Felear.
De trás de um grupo de rochas à beira da estrada, saíram Gorum, Kyle e Archibald, chamando a atenção de todos os presentes, que, em poucos instantes, corriam sobre o pavimento.
– Gorum, velho miserável! Eu me vingarei! – rugiu o Cavaleiro Negro.
– Roy? – surpreendeu-se Gorum.
O Cavaleiro Negro adiantou sua montaria para interceptar Gorum e gritou:
– Roy morreu! Em seu lugar, nasceu o Cavaleiro Negro.
– Ha! Você está mais para Cavaleiro Purulento! – zombou Gorum.
Nesse momento, os soldados dispararam duas dúzias de virotes na direção de Gorum, Archibald e Kyle, que se posicionou à frente dos companheiros e ergueu seu escudo, o qual, apesar de pouco polido, possuía um brilho tênue. Um instante depois, as flechas desceram sobre eles. Escapar agora seria muito difícil, mas uma estranha força fez com que todas as flechas, sem exceção, se desviassem de seus alvos, como se atingissem uma cúpula de vidro invisível.
– Funcionou! – exclamou Kyle, aliviado, ao ver que nenhuma das flechas o atingira.
Ector surgiu de trás de um grupo de arbustos com as folhas cobertas por uma camada fina de gelo, sorrindo.
– É claro que funcionou... – comentou consigo, satisfeito com o resultado do encantamento. Em seguida, dirigiu sua atenção para os soldados que estavam à esquerda da estrada.
Do outro lado, Noran, sofrendo de uma fadiga razoável, estava prestes a imprimir à mente um esforço tremendo. Concentrou forças e lançou um poderoso ataque psíquico em cima do grupo de soldados que estava à direita da estrada. Com as duas mãos pressionando o próprio crânio de forma muito tensa, gritou. Juntamente com seu grito físico, emitiu um forte grito psíquico, direcionado aos soldados. Apesar do direcionamento, a liberação daquela energia não era muito controlada.
Em sua área de foco, o efeito foi devastador. Imediatamente, todos os soldados largaram suas bestas e colocaram as mãos nos ouvidos, gritando de dor, uma dor tão forte, que levou a maioria a desmaiar em poucos instantes. Os efeitos do grito de Noran, no entanto, não pararam aí. Os cavalos de Felear, Ruko e do Cavaleiro Negro ficaram muito incomodados e assustados, empinaram e pinotearam loucamente, derrubando os cavaleiros, que não puderam equilibrar-se, também atordoados pelo grito. Mishtra, que preparava outra flecha, perdeu a mira, e Ector, a concentração para o feitiço que preparava para contrapor o grupamento que estava na margem esquerda da estrada.
Terminado o grito, Noran sentiu uma náusea forte e não pôde evitar o vômito, que veio como um jato. Caiu de joelhos, com as palmas da mão sobre o chão, e vomitou novamente.
Kyle, Gorum e Archibald aproveitaram para avançar, aproximando-se da carroça e dos outros cavaleiros que procuravam levantar-se.
– Estou preparado para enfrentá-lo desta vez! – disse Gorum ao Cavaleiro Negro.
– Veremos, velho imprestável!
Enquanto eles se estudavam e trocavam insultos, Felear desafiou Kyle.
– Kyle Blackwing, seu traidor, por que desafiar nosso amado rei?
– Desafiar o rei? É melhor que vender a alma a demônios! – imediatamente, suas espadas se encontraram. Ambos eram ótimos espadachins; a luta era de alto nível.
Archibald enfrentaria Ruko, um bruto, que sorriu ao encarar seu oponente.
– Vai morrer, frangote! – ameaçou Ruko e atacou com violência.
Archibald aparou o golpe com o cabo do martelo, segurando-o com ambas as mãos. Ruko pressionou a espada para medir forças com Archibald. O ex-monge cedia; com a aproximação do cavaleiro, sentiu seu terrível hálito e disse, entre os dentes:
– Já lhe disseram que você fede?
– Sim! Ontem à noite, sua deliciosa amiga ruiva disse que eu fedia; depois gritou, gritou e acabou gostando de mim! Ha, ha, ha! – zombou Ruko, lambendo os lábios.
Archibald foi inundado por uma série de sentimentos, nojo, ódio, sede de vingança, pena e explodiu:
– Seu merda!
Uma súbita força tomou conta de seus braços; ele se desvencilhou da pressão feita por Ruko, desequilibrando-o. Em poucos instantes, uma série de golpes indefensáveis foram desferidos por Archibald, atingindo as placas da armadura de Ruko e amassando-as como se fossem de papel. Juntamente com o som de metal sendo esmagado, os ossos de Ruko estalavam como galhos secos pisados. Archibald estava tomado por uma fúria sádica e desferia golpes mortais contra o cavaleiro, que se torcia de forma inimaginável.
Enquanto isso, Ector tentava remediar a situação que fugia a seu controle. Sua concentração havia sido quebrada quando preparava um feitiço poderoso. Prepará-lo agora novamente seria inviável. De improviso, aproveitou-se dos elementos presentes no solo e gerou uma força que borrifou fortes jatos de neve na direção dos soldados da margem esquerda. Com sua mágica, não resolvia o problema, apenas ganhava um pouco mais de tempo. Aproveitando a deixa, com mira e sincronia perfeitas, Mishtra disparava flechas sobre os soldados, confusos, abatendo-os um após o outro.
Gorum e o Cavaleiro Negro, utilizando grandes espadas, cruzaram-nas pela primeira vez. A violência dos golpes foi tal, que, além de geração de uma grande faísca, abriram-se dentes no ponto de impacto em ambas as espadas. Um choque terrível percorreu os braços de Gorum, deixando suas mãos e antebraços adormecidos. Com a colisão, se afastaram por um momento. O Cavaleiro Negro disse:
– Vou fazer você engolir todas as suas estúpidas piadas!
Em seguida, o homem que havia sido Roy acertou um golpe em Gorum. A espada arrancou a placa de ombro e, além disso, deu um talho de raspão, deixando um filete de carne pendurado. Gorum gemeu, mas, trazendo sua espada de baixo para cima, acertou um golpe na cabeça do Cavaleiro Negro, que, apesar de não ter sido ferido, teve o elmo amassado, o que prejudicou sua visão e o fez levar uma das mãos ao rosto; aproveitando-se da guarda baixa, Gorum enterrou-lhe quase dois palmos de espada através de uma fresta entre a placa peitoral e o cinturão. O Cavaleiro Negro não gritou, apenas fez força para remover o elmo da face, jogando-o no chão, irritado. Os olhos de Gorum se arregalaram. Estava preparado para ver uma gosma nojenta e amarelada, mas o que viu o deixou deveras surpreso: a face de Roy já não tinha pele, apenas ossos cobertos por finas camadas de musculatura. Não havia lábios, de forma que todos os dentes estavam expostos, como os de uma caveira. As pálpebras dos olhos não estavam mais lá, de forma que eles eram como grandes bolas esbugalhadas, rodeadas por carne disforme. Sua língua, sim, secretava aquele muco amarelado. Em resumo, era a coisa mais feia que Gorum já vira.
– Você não pode me matar, sou imortal agora! – zombou a coisa, olhando a espada enterrada em seu abdome.
Gorum engoliu seco e sentiu arder seu ferimento no ombro esquerdo.
Kyle e Felear lutavam de igual para igual; haviam treinado juntos e cada um conseguia prever bem os movimentos do outro. Logo, chegaram ao ponto de sentir alguma fadiga. Fizeram uma pausa, enquanto se estudavam.
– Como você foi se vender, Felear? Logo você, o mais honrado de nós!
– Eu? Só pode ser brincadeira. Vocês é que são os traidores!
– E quanto aos necromantes? Você compactua com eles?
– Necromantes? Do que você fala? Não tente me confundir! – e voltou a golpear.
Kyle, percebendo que Felear não sabia sobre os necromantes, procurou defender-se apenas e contra-argumentar.
– Sim, os bruxos que tomaram o poder em nosso reino! Mataram inocentes, provocaram a guerra como distração, enquanto mobilizavam seu golpe de estado! O rei é um dos necromantes!
– Golpe de estado? Mentiroso! Não vou acreditar em suas mentiras! Nosso rei é um herói de guerra! – disse Felear, irritado, e, certeiro, abriu um corte no antebraço esquerdo de Kyle, que, canhoto, passou a ter maior dificuldade para defender os golpes de Felear.
Logo, alguns dos homens atacados por Ector e Mishtra tomaram cobertura e puderam recarregar suas armas. Dois virotes atingiram Ector no meio da preparação de outro feitiço. Um atingiu seu braço esquerdo, outro, seu abdome. O mago caiu no chão imediatamente, gemendo de dor. Mais experiente, Mishtra buscou cobertura, tão logo percebeu que os inimigos estariam em condições de disparar.
As coisas começavam a ficar favoráveis aos necromantes. Cinco dos soldados conseguiram buscar cobertura. Três deles concentraram suas atenções em Mishtra, enquanto outros dois dispararam contra Archibald, na esperança de salvar seu superior de um massacre. Um dos virotes enterrou-se no braço esquerdo do ex-monge, desviando sua atenção de Ruko, que acabava de desmaiar. Enfurecido, ele correu na direção dos soldados, um dos quais, mais ágil, foi capaz de armar sua besta e disparar contra Archibald. O virote adentrou o peitoral direito do rapaz, o que não foi suficiente para conter seu avanço.
Ao mesmo tempo, Mishtra se utilizava de uma técnica sobre a qual nunca havia pensado até então. Estabeleceu contato com a mente de um dos soldados e percebeu o exato momento em que ele apareceria para tentar um disparo. Antecipando seu movimento, a silfa disparou uma flecha que acertou o soldado na cabeça, antes que ele pudesse perceber o que havia acontecido.
O Cavaleiro Negro golpeou a espada de Gorum próximo da base, quebrando-a. Em seguida, girou um segundo golpe vertical, que partiria Gorum ao meio. O cavaleiro veterano, quase por intuição, percebeu a intenção de golpe do inimigo e, mesmo desarmado, atirou-se contra as pernas do oponente. Num instante, agrupou suas pernas ao tronco e esquivou-se com sucesso do golpe. A espada do Cavaleiro Negro atingiu o chão atrás de Gorum. O gigante jogou todo o peso de seu corpo contra as pernas do Cavaleiro Negro, que, desequilibrado, deixou que sua espada escapasse da mão, ficando fincada entre duas pedras no pavimento. O ombro direito de Gorum atingiu o joelho esquerdo de Roy, provocando imediatamente uma fratura exposta. Ambos foram ao chão.
A situação de Kyle piorava. Tentava apelar para a razão, mas seu oponente estava irritado demais para escutá-lo.
– Que droga, Felear! Não vê que não quero matá-lo? – apelou ele.
Felear, dando pouca atenção, acertou um segundo golpe na perna direita de Kyle, amassando a armadura, sem, no entanto, cortá-lo. O impacto, porém, fez com que Kyle se curvasse.
Archibald, mesmo com dois virotes no corpo, golpeou com violência o soldado que lhe ferira, tirando-lhe a vida. Outro soldado, ao ver como seu companheiro havia morrido, pôs-se a correr, em desespero. Outros dois, após encarar Archibald, fizeram o mesmo.
De joelhos no chão, Kyle ainda defendeu dois golpes de Felear, mas sentia o braço fraquejar e um calafrio; temia por sua vida. Felear preparava outro golpe, quando parou para observar, com olhos incrédulos, o Cavaleiro Negro levantar-se, com uma fratura exposta na perna esquerda, erguer o corpanzil de Gorum acima da cabeça e, com grande violência, arremessá-lo numa distância inconcebível. Gorum caiu e deslizou sobre a uma fina camada de neve. Felear encarou incrédulo o Cavaleiro Negro, que disse:
– O que está esperando, Felear? Mate-o de uma vez!
Mishtra alvejou o monstro nas costas. A flecha adentrou a criatura, que pouco parecia se importar com isso. Observou o corpo de Gorum, imóvel, a certa distância, e caminhou, mancando, na direção de Felear e Kyle.
– Mate-o, miserável, mate-o de uma vez! – gritou o monstro.
– O que é isso? O que está havendo? – disse Felear, horrorizado.
Kyle aproveitou para ficar de pé e encarar a criatura que mancava em sua direção. Disse:
– Isso é o que acontece, mais cedo ou mais tarde, com que compactua com os necromantes!
– Necromantes? Então, é verdade?
A criatura falou, enquanto lhe escorria da boca grandes quantidades de muco amarelo:
– Felear, somente alguém tão crédulo e estúpido como você poderia ser enganado da mesma maneira que enganamos os camponeses imbecis! Mate-o e junte-se a nós ou morra!
Felear estava chocado demais para fazer qualquer coisa. Antes que pudesse se decidir, um novo confronto se iniciou. Archibald, cujos olhos brilhavam com intensidade rubra, se interpôs entre Kyle e o monstro. O Cavaleiro deu de ombros e guinou a cabeça de um lado para o outro, estalando os ossos do pescoço. Archibald investiu com seu martelo. A criatura, muito ágil, segurou o cabo do martelo e o girou, desarmando Archibald. Com um novo giro, golpeou o ex-monge duramente nos ombros, fazendo-o cair. Vendo seu amigo desmontar-se como um boneco, Kyle foi tomado de um súbito calafrio. Uma forte sensação de acerto de contas com a criatura tomou conta de seu ser. Arqueou e torceu seu corpo de uma forma incomum. O Cavaleiro Negro aceitou o desafio não verbal de Kyle para uma luta sem armas e largou o martelo de Archibald.
Ao ver o amado ser abatido, Mishtra foi tomada de uma loucura tremenda. Suas emoções foram abaladas terrivelmente e, com isso, sua visão do mundo invisível foi ativada. Logo percebeu uma estranha entidade que flutuava ao redor do corpo do Cavaleiro Negro. Era um monstro da escuridão, de aspecto indescritível. Concentrou-se e correu para socorrer Archibald. No céu, dezenas de sombras e seres luminescentes flutuavam e gritavam. Olhou Noran de relance e viu que, em torno de seu corpo, uma grande esfera luminosa, com manchas avermelhadas, afastava diversas criaturas que tentavam se aproximar, atraídas pela energia por ele emitida. Chegando mais perto, viu que Kyle lutava com a criatura. Surpreendeu-se ao ver que havia uma aura azul e brilhante em torno de Kyle. Percebeu também que, ao redor de seus braços, a aura era mais intensa e se comportava como o fogo, com variações de tons semelhantes, indo de um branco intenso no centro das chamas ao azul profundo das pontas das labaredas que percorriam seus braços. Notou também que os golpes aplicados por Kyle geravam grande contorção na criatura da escuridão que envolvia o Cavaleiro Negro. Percebeu que a vida ainda não tinha abandonado o homem vestido de negro que acertara na garganta e que se arrastava na direção dos homens atingidos diretamente pelo grito de Noran. Finalmente, chegando perto de Archibald, percebeu outra luta, tão intensa quanto a de Kyle e Roy. Viu o corpo físico de Archibald como uma sombra acinzentada e pouco definida. Milhares de finíssimos fios luminosos, quase imperceptíveis, saíam de seu corpo físico, ligando-o a uma representação luminosa de seu corpo que flutuava logo acima. Ligadas a ele, duas estranhas criaturas lutavam, uma, composta de chamas vermelhas e obscuras, e um homem, que recebia dezenas de golpes do ser do fogo, sem se incomodar muito, apenas concentrando em emitir uma estranha luminosidade diretamente na cabeça de Archibald, que olhava para os dois, confuso, sem entender o que acontecia. Mishtra tentou comunicar-se com ele, mas ouviu a própria voz dizendo: "Archibald, pode me escutar?" Após a interferência de Mishtra, a criatura de fogo recuou e sumiu. A silfa pegou Archibald nos braços, e ele abriu os olhos. Ela procurou afastar as visões do invisível e, aos poucos, voltou a enxergar apenas atributos do mundo físico. Archibald soluçava e cuspia muito sangue. Enquanto isso, Kyle lutava como se não fosse a mesma pessoa. Desviava-se dos golpes do Cavaleiro Negro com grande habilidade e acertava nele socos repetidos. Aos poucos, o Cavaleiro fraquejou, até que, finalmente, caiu. Kyle, sentindo-se estranho, olhou para o lado e se surpreendeu com o que viu. O necromante que Mishtra havia derrubado no início da luta estava de pé. Havia retirado suas luvas e revelava mãos brancas, com grandes unhas ensangüentadas. A seus pés, um dos soldados estava estirado, com os pescoço perfurado e coberto de sangue. O necromante levantou, com pouco esforço, o soldado, segurando-o pelo pescoço e cravando nele as unhas, e sugou sua força vital. O soldado murchou como uma planta. O necromante sorriu, retirando a flecha atravessada em sua garganta.
– Vocês podem ter vencido esta luta, mas nunca conseguirão escapar deles! – e apontou com o dedo sujo de sangue a estrada na direção de Lacoresh. Começou a rir e depois gargalhou, enquanto seu corpo se desmanchou, virando uma centena de besouros negros, que se apressaram a entrar na neve rala.
Kyle olhou para a estrada e viu, ao longe, vindo na direção deles, alguns homens a cavalo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top