Capítulo 39

CAPÍTULO 39

Era bem tarde. A tempestade parecia ter diminuído um pouco. Estavam sentados ao redor da mesa próxima à lareira Noran, Mishtra, Rikkardi e Kiorina. Rikkardi manteve-se mais quieto, enquanto Tibur e Goover ainda estavam presentes; apenas quando se retiraram, ele se sentiu à vontade para falar.

– Afinal, Rikkardi, quantos anos você tem? – quis saber Kiorina.

– Não sei ao certo, mas acredito que seja algo em torno de dezesseis. Como já disse, eu e meu irmão somos órfãos e fomos encontrados e acolhidos por nosso benfeitor, o senhor Alunil. Eu era apenas um bebê, e meu irmão, um rapaz.

Kiorina sentiu um pouco de pena do menino. Olhou para baixo e pensou em como seria não conhecer os pais. Acabou pensando nos seus e sentiu-se mal por ter saído de casa sem que seu pai aprovasse.

– Onde você mora?

– Nas montanhas, bem longe... – disse, retirando uma mecha de seu longo cabelo de cima do rosto.

– Na terra dos anões?

– Não, acredito que não... isso seria mais a oeste...

– A Srta. Mishtra está me dizendo que o senhor Alunil deve ser um homem muito polido. – disse Noran.

– Sim, ele é muito generoso, bondoso e educado. – disse o rapaz, com orgulho.

– Bem, mas o que o trouxe tão longe de seu lar?

– Uns sonhos...

– Sonhos? – Noran parecia interessado.

– Sim, comecei a ter uns sonhos que se repetiam. Eram sobre uma guerra. Vi criaturas que nunca havia visto; eram os bestiais. Contei meus sonhos para o senhor Alunil, que me disse tratar-se possivelmente do reflexo de uma guerra que havia acontecido poucos anos antes do meu nascimento. Os sonhos começaram a ficar mais detalhados. Apareciam neles pessoas muito perturbadas pedindo ajuda. Estavam presas em lugares horríveis, seus corpos apodreciam diante de meus olhos. Os sonhos eram péssimos. Comecei a tentar não dormir. Meu irmão e o senhor Alunil ficaram preocupados. Eventualmente, após um ou dois dias sem dormir, caía no sono. Voltava a ter os sonhos, cada vez piores. O senhor Alunil me preveniu que mais cedo ou mais tarde eles cessariam. Disse que eu teria o impulso deixar nosso lar e viajar para o Reino de Lacoresh, a fim de investigar a origem dos sonhos, mas disse também que, se eu viesse, correria sério risco de morrer. Quando contei a meu irmão, ele não quis deixar que eu saísse de casa sem que ele fosse junto, pois tinha medo de que eu me perdesse. No entanto, como o senhor Alunil disse, se eu desejasse ir, nada me impediria. Quando soube da guerra, não resisti e vim. Aproveitei um dia em que meu irmão havia saído para buscar umas ervas especiais para o senhor Alunil e parti. O senhor Alunil me advertira de que havia enxergado grandes possibilidades de que eu fosse morrer em minha jornada, mas que também carregava comigo algo muito importante, que poderia ajudar a salvar a vida de centenas de pessoas inocentes que estavam sofrendo bastante.

Kiorina parecia sensibilizada com a história. Perguntou:

– Rikkardi, o que você descobriu, o que está havendo?

– Além desta guerra, existem coisas terríveis acontecendo... Muitas pessoas estão sofrendo e muitas mais irão sofrer. Existe uma estranha organização de homens espalhados por esta região. São pessoas más, muito más, que estão raptando homens e mulheres, levando-os para longe de suas famílias e fazendo-os sofrer. Estão torturando e matando essas pessoas. Muitos desses homens, até alguns nobres, são bruxos e se utilizam da magia negra para alcançar o poder. Andei investigando... Descobri um de seus esconderijos nas montanhas, para onde os vi levar pessoas raptadas. Estava pensando em agir, fazer alguma coisa, mas sozinho posso pouco contra eles, que são muitos! Estão planejando algo terrível, eu sei. Tenho sonhado... É horrível! Alguém tem que impedi-los! – Rikkardi se exaltou, levantou-se e bateu com o punho cerrado sobre a mesa com tanta força, que imprimiu nela o formato de seu punho.

Todos se assustaram com aquela súbita violência, mas também foram capazes de entendê-la.

– O que fazemos, Noran? Você ouviu isso? – perguntou Kiorina, nervosamente.

– Em primeiro lugar, vamos nos acalmar.

Dito isso, Rikkardi voltou a sentar-se.

– Você não está com medo de morrer? – perguntou Kiorina.

Rikkardi não respondeu.

Kiorina ficou muito assustada com aquela história. Queria voltar para Kamanesh imediatamente, contar tudo aquilo para mestre Heirich, queria sua mãe, seu pai, Dora. Por um instante, quase perdeu o controle.

– Rikkardi, presumo que o senhor Alunil seja um homem muito instruído. Certamente foi ele quem lhe ensinou sobre o Jii, não foi?

– Sim, ele me falou sobre Tisamir e seu povo. Também sobre o Ermirak. Ele conhecia diversas pessoas lá e sempre me falava do senhor Kivion e de como ele o respeitava.

Noran pensou em seu mestre por uns momentos. Disse:

– Kivion era meu mestre... Engraçado, nunca mencionou o senhor seu benfeitor...

– Você é discípulo de Kivion? Céus! Mas, espere aí, por que você disse que ele era seu... ei... ele não está... – não foi capaz de completar. Engoliu seco. – Está?

Noran confirmou com um gesto.

– Sinto muito. Faz tempo?

– Recentemente, antes do início da guerra.

– Talvez seja por isso que o senhor Alunil estava diferente ultimamente...

Houve silêncio. Kiorina sentia-se sozinha. Pensou em Kyle. O que estaria acontecendo com ele?

– Kyle... – sussurrou Noran.

Kiorina apertou o braço de Noran que estava sobre a mesa e perguntou:

– O que disse?

– Anh? – Noran parecia distraído.

Ela havia escutado... Ele dissera Kyle. Kiorina sentiu uma sensação muito ruim. Perdeu o controle. Lágrimas rolaram silenciosamente por sua face. Aquilo se parecia com um dos pesadelos de Rikkardi, mas era pior, pois ela estava acordada.

– Aconteceu alguma coisa com Kyle, não foi?

– Kyle? Sim... ele não está bem. Aconteceu alguma coisa com ele... e...

– O que, Noran, fala de uma vez! – gritou Kiorina.

– Ele não está longe, posso sentir... Está pensando em nós fixamente. Quase dá para ouvir seus pensamentos... Ele não está bem... Vistam-se. – disse e levantou-se. – Vamos imediatamente!

– Infelizmente, não posso ir com vocês. Estou seguindo uma pista e acredito que amanhã poderei encontrar a base principal deles. – disse Rikkardi.

– Tudo bem. – disse Noran. – Quando encontrarmos Kyle, nos falaremos novamente. Acredito que podemos nos ajudar. Foi um prazer conhecê-lo, jovem Rikkardi. Gostaria de conversar mais com você em breve. – estenderam as mãos e se cumprimentaram.

– Igualmente! Foi uma honra conhecê-lo.

Noran estranhou um pouco e disse:

– Muito bem, minhas amigas, vamos. Kyle precisa de nossa ajuda.

**********

Praticamente não tinham visibilidade nenhuma. Noran havia ampliado seus sentidos e guiava o grupo. Kiorina a toda hora tinha de reacender a lamparina com sua magia, mas a distância iluminada era pequena. Ela desejava ter dominado mais as magias do fogo, de forma que fosse capaz de fazer uma chama que não se apagasse, a não ser pelo uso de outros encantos.

Andaram o resto da madrugada em direção ao sul. Quando, amanheceu o céu estava um pouco mais limpo, e o sol da manhã iluminou os montes cobertos de neve. Árvores sem folhas e algumas coníferas se estendiam ao longo da paisagem, mostrando o branco no topo e tons escuros embaixo.

Mishtra cutucou Noran, pensando: "Noran, olhe! Fumaça!"

– Onde? – respondeu ele, falando.

Logo após, todos viram um pequeno filete de fumaça cortando o céu. O cansaço era grande, afinal não haviam dormido, mas também já estavam se acostumando com essa rotina. Aumentaram o ritmo da caminhada, até que viram um pequeno abrigo parcialmente tombado, de onde saía a fumaça.

– Kyle está lá! – disse Noran.

Correram o máximo que suas forças permitiram. Mishtra adiantou-se nesse esforço final e foi a primeira a chegar ao abrigo. Observou pequenas brasas da fogueira quase extinta e, ao lado, uma das botas de Kyle. Uma parte do topo do abrigo havia cedido. Viu o corpo de Kyle, parcialmente coberto pela neve. Rapidamente abriu espaço e retirou a neve de cima dele, que estava inconsciente e tinha o rosto inchado. Kyle tossiu, quase sem forças.

Noran e Kiorina finalmente chegaram e notaram que ele se movia. A jovem correu para abraçá-lo. Noran olhou à sua volta. Parecia tenso. Disse às duas:

– Temos que tirá-lo daqui depressa. Sinto algo muito ruim neste lugar.

Lágrimas corriam dos olhos de Kiorina, enquanto ela segurava a cabeça de Kyle no colo.

– Isso mesmo, cavalo dele ainda deve estar por perto; tente encontrá-lo. – disse Noran, em resposta aos pensamentos de Mishtra.

Logo a silfa sumiu entres as árvores. Noran juntou uns gravetos, colocou-os nos restos da fogueira de Kyle e disse:

– Kiorina, acalme-se! É muito importante. – fez uma pausa. – Consegue utilizar suas capacidades mágicas?

Ela fez que sim com a cabeça.

– Pois bem, faça um fogo forte aqui. – indicou Noran.

Ela evocou suas energias e pronunciou as palavras mágicas. Fez-se um fogo bastante forte no local. Noran retirou de sua sacola uma pequena panela de metal e nela derramou vinho, que, aquecido, foi dado a Kyle. Ele bebeu e quase despertou. Murmurou algumas coisas incompreensíveis. Logo após, escutaram o som de um cavalo se aproximando. Era Mishtra, montada no cavalo de Kyle.

Noran a observava com certa fascinação. Seus cabelos finos e dourados moviam-se em ondas, impelidos pelo vento. Depois de tantas viagens e lutas, as roupas da silfa se encontravam maltratadas e, em muitos pontos, rasgadas. Seu rosto estava sujo. Observava-a e procurava entender o que provocava em si aquela sensação. Ela parecia um camponesa muito pobre e sofrida; no entanto, mesmo esfarrapada, impressionava como se fosse nobre. Como era possível? Seria uma fascinação de natureza passional que ele estaria experimentando?

Lembrou-se de Kyle. Como poderia ter-se esquecido? O que estava acontecendo? E a presença maligna que havia sentido? Lembrou-se de uma vez em que seu mestre havia-lhe prevenido quanto a estar pronto para se confrontar com o mal. Era uma tarde de verão em Tisamir, mas não estava quente, pois lá raramente fazia calor de verdade. Sob o sol, era possível aquecer-se, mas, em sua ausência, voltava a esfriar. Estavam no terraço do palácio Majsir, um dos cinco palácios da Ermirak. Lembrava-se perfeitamente de Kivion, seus cabelos trançados até a cintura, brancos como a neve que o cercava, seu nariz protuberante e inclinado para baixo, seus olhos bondosos e sua ricas sobrancelhas também brancas. O sol de verão refletia perfeitamente sobre os cabelos de seu mestre, tornando-os brilhantes demais para serem observados por muito tempo. No terraço, ventava bastante. Noran observou que o vento variava, de acordo com o avanço de grandes massas de sombras das nuvens que observava, passando por cima dos jardins e construções de Tisamir. Os dois compartilharam o silêncio e a paisagem por um longo tempo. Havia um pequeno muro, onde apoiaram seus braços e cotovelos, enquanto observavam a paisagem e sentiam no rosto o sol e o vento. Noran recordou-se do grande susto que havia tomado ao ver seu mestre subir no muro, ficando de pé.

– Cuidado, mestre! O senhor pode cair! – disse o jovem Noran, tomado pelo medo.

– Eu poderia cair? – disse Kivion, equilibrando-se apenas num pé. – Não poderia o palácio ruir, meu caro Noran?

O mestre de Noran estava velho e, às vezes, até para caminhar tinha dificuldades.

– Por favor, mestre, ouça-me, o senhor poderia se machucar!

– Não ouviste minha pergunta, Noran?

– Sim.

– Pois não te preocupes!

Bateu um vento mais forte, e o velho silfo abriu seus braços para se equilibrar. Noran estendeu a mão para ampará-lo, mas, apenas com o olhar, o silfo desmotivou a ação de seu discípulo.

– Mestre... – murmurou Noran, tentando controlar sua ansiedade.

– Escuta muito bem, Noran, narrar-te-ei um conto! Um conto do meu passado...

Noran respirou fundo.

– Relaxa, meu filho! Relaxa e escuta com atenção! – disse Kivion, arregalando os olhos e assumindo uma expressão misteriosa. Com o brilho dos olhos, acalmou o jovem Noran, e continuou. – Como já te disse uma vez, em certa época de minha vida fui navegador. Fiz inúmeras viagens. Viajava com uns primos distantes, silfos do mar, sobre os quais também já lhe falei. Era muito jovem e inexperiente. Foi meu primeiro contato com o mal verdadeiro, que é tão antigo como a água e o ar e tem várias faces. Às vezes, o próprio bem traz consigo a semente do mal. Muitas substâncias, quando misturadas à água, não revelam aos olhos sua natureza, que pode, no entanto, ser revelada através do olfato ou do paladar. Outras vezes, porém, o uso dos sentidos não nos revela nada. Assim é o mal, ele se mistura em tudo, se apega com grande facilidade às coisas, principalmente às do homem: jóias, animais, armas, fazendas, navios... praticamente tudo pode ser veículo do mal, que pode estar em toda parte. Assim também se dá com o bem. Eles caminham juntos, porém nunca se fundem, sendo como água e óleo... Como eu dizia, viajava em mares distantes. Buscávamos um livro velho que fora sepultado pelos antigos em uma ilha. Trabalhávamos por dinheiro, e aquele livro era valioso. Naquele tempo, não suspeitava possuir as capacidades que possuo, era somente mais um marujo, sabia ler e escrever e conhecia alguns truques mágicos interessantes. Nós não éramos exatamente bons; roubo e morte faziam parte da rotina da tripulação. Eu não me envolvia diretamente nas brigas, o que fazia com que fosse tratado como passivo, para não dizer covarde. Mas eu não tinha medo das coisas, e eles precisavam de mim, afinal era eu quem carregava o mapa dado por nosso contratador e sabia interpretá-lo. Desde cedo, percebi que dominava mais a mente que o corpo... Aconteceu que nos preparamos para enfrentar o perigo, mas, ao contrário, não tivemos dificuldade para encontrar a arca que guardava o tal livro, que levamos para nosso contratador. Recebemos o dinheiro e seguimos rumos diferentes. Não passou muito tempo e já havia perdido todo o dinheiro, as coisas não iam nada bem. Passei a fazer o que nunca fizera pessoalmente: roubar. Acabei mal. Fui preso e forçado a trabalhar nas terras que depois descobri serem de meu antigo contratador. Só anos depois, voltei a ser um silfo livre. Estava, sim, livre, mas desgostoso da vida, pois me esquecera do motivo pelo qual havia entrado nos negócios de mercenários, que era conseguir um nível de vida confortável e poder estudar. Tornei-me um vagabundo, a escória entre a escória. Durante esse tempo, sem perceber, comecei a desenvolver minhas capacidades mentais e as usei para enganar e roubar; o dinheiro, no entanto, não permanecia comigo muito tempo, independentemente da quantidade que arranjava. Certo dia, tentei roubar um viajante humano, que passava pela cidade. Fui surpreendido por sua voz em minha mente. Com um olhar, ele evocou meu passado; lembrei-me de meus pais e minha família, de quem não me lembrava há muito tempo. Enxerguei-me de dentro para fora e fui coberto por uma vergonha profunda. Lembrei-me dos diversos conselhos que recebi para não ir ao encontro dos meus primos, os silfos do mar. Ele me explicou que o que eu passava não era totalmente minha culpa, que ele enxergava uma nuvem negra ao meu redor. Havia sobre mim uma terrível maldição, uma maldição dos antigos. Lembrei-me da estória do livro. Ele me convidou para beber. Bebemos e conversamos muito. Ele se apresentou como o enviado de uma escola chamada Ermirak. Disse que pouco poderia fazer para livrar-me da maldição, o que caberia a mim mesmo. No entanto, ensinou-me o caminho: teria de renunciar ao roubo, aos assassinatos e deveria devolver o livro ao seu lugar. Disse que viajaria para o sul, só voltando ao norte daí a alguns anos. Contou-me sobre meu grande potencial para o conhecimento das forças invisíveis da mente e convidou-me para ir estudar no Ermirak, caso conseguisse me livrar da maldição dos antigos. Como estou aqui, podes imaginar o final da história... não foi fácil, nada fácil. Tive de enfrentar demônios internos e verdadeiros, o verdadeiro mal personificado. Em outra ocasião, conta-te-ei...

Kivion desceu do muro e adiantou-se para descer as escadas. Já era quase noite.

– Mas, mestre...

– Sim.

– O que essa história tem a ver com o senhor subir no muro?

– Mmm... – suspirou o velho.

– Desculpe-me, mestre, mas não compreendo.

– Muito bem, qual a chance que tinha de perder o equilíbrio e cair lá embaixo?

– Como poderia saber?

– É a mesma de me desequilibrar e cair para este lado, sem me machucar muito...

– Isso quer dizer que a chance de haver uma inclinação para o mal e para o bem é a mesma?

– Não, Noran, não é a mesma. Existem outros fatores, é algo demasiadamente complexo.

– Então não compreendo...

– Por que ficaste tão alarmado quando subi?

– Tive receio de que o senhor caísse...

– Tu, por acaso, acreditas que, por ter subido, estava ficando louco?

– Não...

– Eu vou dizer-te o que houve. Cair é a representação de uma coisa ruim; mesmo que as chances de inclinação sejam as mesmas, tendemos a acreditar que a chance de cair para o lado do mal é maior. O que aprendi na prática, sem tutores, foi que tudo depende da própria atitude: se ela é insegura, se duvidamos de nossa capacidade, tendemos a sucumbir ou temer; se estamos certos de nós, não tememos, não sucumbimos!

Com um gesto, modelou, a partir das rochas, no centro do terraço, um pequeno muro, de mesma espessura daquele em que havia subido.

– Suba neste muro, Noran! – comandou Kivion.

Noran obedeceu.

– Fica num pé só. Muito bem... Agora, anda! Muito bem... Corre! Ótimo... Salta! Perfeito... Pára!

Noran olhava para seu mestre, imaginando o que ele lhe pediria.

– Vai até o muro em que subi e sobe!

Noran foi lentamente, olhou para baixo e tremeu. Subiu lentamente. Era muito alto, se caísse, morreria.

– Muito bem... Fica num pé só!

Noran, muito nervoso e tremendo, não pôde se mover e acabou descendo. Cabisbaixo, disse:

– Não posso...

– Fique sabendo que pode, Noran! Essa é sua próxima lição. Só avançaremos quando você for capaz de correr e saltar sobre esse muro...

Noran engoliu seco. Seu mestre completou:

– de olhos vendados.

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