Capítulo 3

O sol surgiu mais uma vez. A lenda diz que Leivisa, a deusa da luz, carrega o sol em suas mãos invisíveis através dos céus e o esconde durante a noite, fechando as mãos ao seu redor.

Bem cedo, os criados dos Lars já estavam em plena atividade e saíam para comprar alimentos frescos para a primeira refeição dessa pequena família, cujo chefe era conhecido como Sr. Lars. Sua esposa chamava-se Lenore e sua única filha, Kiorina. Gálius Lars era um respeitado cidadão de Kamanesh. O negócio de sua família há gerações era a produção de tecidos finos e a confecção de roupas. Seus produtos gozavam de tal prestígio, que já lhe haviam sido encomendadas peças até pela família real.

– Dora! Ô, Dora! – berrou Lenore.

– Sinhora... – veio a resposta ao longe.

– Faça com que Kiorina acorde e fique pronta para o desjejum em quinze minutos!

– Sim, sinhora! – a resposta veio mais forte.

Dora, criada da família há duas gerações, fora acolhida pelo avô de Gálius quando era mocinha, na época em que ainda havia escravos no reino de Lacoresh. Ela estava para ser comprada pelo capitão de um navio, no porto de Lacoresh, para servir de "calmante" para a tripulação durante as viagens. Ao ver aquilo, Elmor Lars deu um lance consideravelmente maior, arrematando a menina.

Dora subia as escadas com dificuldade, em função da idade, de seu peso excessivo e de sua perna manca. As paredes da escada eram decoradas com as pinturas de sete gerações de patriarcas da família Lars. Após sua tortuosa subida, Dora abriu a porta do quarto de Kiorina e foi entrando, sem bater, dirigindo-se à cama de Kiorina.

– Kiorina, Kiorina, minha sinhorinha, acorde! – disse, num tom terno.

Kiorina nem se moveu.

Dora pôs a mão sobre Kiorina e balançou-a, dizendo:

– Vamos, sinhorinha, acorde!

Sem resposta, resolveu puxar as cobertas e ficou muito surpresa.

– Ai, meus deuses! – gritou, dando um pulo.

A imagem era horrível. Kiorina estava morta. Em sua garganta havia um grande corte, por onde o sangue escorria; seus olhos, vidrados, olhavam o vazio. Dora fechou os olhos, fez uma careta de horror e murmurou algo incompreensível.

– Huuurra! Deu certo! – surgiu uma voz entusiasmada.

Dora abriu os olhos e seu coração quase saiu pela boca. Empalideceu ao ver Kiorina levantar-se em sua direção.

– Calma, Dora, foi só um truque! – disse a menina, rindo muito.

Ao escutar aquilo, o sangue de Dora ferveu. Ela apontou as duas mãos em direção a Kiorina e disse:

– Minina! Como pôde fazer isso cumigo? Podia ter murrido de susto! E pare de rir agora mesmo! Si seu bisavô estivesse vivo, ele nunca perdoaria um comportamento assim, principalmente de sua bisneta!

Kiorina fez cara de arrependimento e disse:

– Desculpe-me, Dora, eu só estava treinando uma mágica, não pensei que ia ficar bom... até pensei que você iria rir quando me visse... – parou um pouco sem saber o que falar e completou: – Eu não pensei que fosse assustá-la desse jeito...

– Ah, minina, você não toma jeito mesmo!

– Você me desculpa, então?

– Que jeito, né? – disse Dora, lamentando-se.

– Obrigada! – disse Kiorina, pulando nos braços da criada que, para ela, era como sua avó.

– Está bem, agora você deve se arrumar dipressinha, sinão a sinhora sua mãe vai ficar zangada!

Kiorina foi até o armário e ficou de frente para o espelho. Era uma moça muito bonita, cabelos ruivos, olhos verdes, um corpo nem de mulher, nem de menina, mas jovem e elegante. A elegância aliás era algo que Kiorina não podia evitar; parecia uma princesa!

Logo, Dora veio atrás dela. Ao olhar para o espelho, pegou nos cabelos de Kiorina e disse, em lamúrias:

– Toda semana você vem com uma novidade! Olhe só o que você fez com seus cabelos, minha minina, eles eram tão lindos... cumpridos e lisos... – disse Dora com um olhar triste e balançando negativamente a cabeça – Olhe só agora! Parece um ispanador de pó, todo arripiado, com essa franja!

– Ah, Dora... depois cresce! – retrucou a moça com descaso, enquanto se despia.

– Assim, a sinhorinha nunca vai arranjar um esposo!

– Isso é ótimo!

– Não entendo a sinhorinha...

– Você acha que vou querer me casar com um desses nobres velhos que papai vai arranjar, somente para dirigir seus negócios e dar continuidade à tradição dos Lars?

– Não fale assim. Seu pai é um homem muito triste; depois que você nasceu, ele nunca mais cunseguiu outro filho...

– Então, você acha que, por não ter um herdeiro homem, ele tem o direito de usar minha vida? – explodiu furiosa. Terminou de vestir-se e saiu imediatamente, deixando a criada para trás.

– Dora, onde está Kiorina? – perguntou Lenore.

– Sinhora, me disculpe, mas acho que ela já foi para a Alta Iscola.

– Gálius! Você viu? O que essa menina está pensando da vida?

Ele não respondeu; apenas tomou mais um gole de chá, do qual saía muito vapor.

**********

A Alta Escola dos Magos era uma das instituições mais importantes do reino de Lacoresh, com sede nas principais cidades e escritórios na maioria das vilas, até mesmo nas menores.

Em Kamanesh, ficava a segunda maior das escolas. Ocupava um quarteirão inteiro da cidade e ficava no antigo palácio, construído no centro de Kamanesh, por Forbald Kaman, há mais de dois séculos. Com a grande prosperidade da cidade, havia sido construído um novo palácio, há cinqüenta anos, que era pelo menos quatro vezes maior que o outro. Desde então, a sede da Alta Escola de Kamanesh passara para o antigo palácio.

Kiorina já se encontrava nos corredores internos da Alta Escola; ia em direção ao salão onde teria aulas com o mestre Alexanus.

– Kiorina, Kiorina, espere... – veio uma voz ofegante atrás da jovem. Ela nem olhou para trás e já sabia... era o chato do Ector. Escutou seus passos rápidos se aproximando, olhou para cima e pensou: "Eu mereço, esse é o castigo por ter assustado Dora agora há pouco."

– Kiorina, Kiorina! Você não sabe o que aconteceu!

– É, Ector, não sei e prefiro ficar sem saber! – disse ela, sem se virar.

– Mas desta vez você vai querer saber!

– O que é? – perguntou ela, estranhando a diminuição do ritmo da fala de Ector.

– O novo diretor, o novo diretor... – Ector não conseguia prosseguir.

– Novo diretor? – ela se virou para Ector pela primeira vez, só para confirmar aquela visão que detestava, aquele moleque franzino, com cabelos castanhos completamente despenteados, que achava que era homem!

– É... é o mestre Heirich!!!

– Mentira! Você está inventando essa história! O mestre Heirich mora em Lacoresh e não sairia de...

– É verdade, ele veio para o festival, e eu escutei a conversa dele com o mestre Alexanus, no laboratório.

– Laboratório? Como você entrou no laboratório fora da hora?

– Eu roubei uma dose da fórmula de encolhimento do mestre Alexanus, em nossa aula de ontem, e tinha entrado lá para...

– Não quero saber por que você entrou lá! Quer dizer então que é verdade, o famoso mestre Heirich agora é o novo diretor da Escola!

– Que bom saber! – surgiu uma vozinha do nada.

Os dois gelaram, e Kiorina perguntou:

– Quem disse isso?

– Aqui, no seu anel...

Ao olhar para o anel, Kiorina viu a face enevoada de Chris.

– Chris, seu desgraçado! Esse anel que você me deu de presente estava enfeitiçado! E eu acreditando que você tinha sido realmente gentil! – disse ela fechando os olhos e fazendo uma expressão de ira completa, que piorou quando pensou na possibilidade de ele a ter visto em casa, enquanto se despia pela manhã. Questionou, completamente enraivecida: – Esse anel também é de clarividência ou somente clariaudiência?

Veio uma risadinha e a resposta:

– Você fica muito mais bonita quando está irada!

Ela deu um grito tão alto, que todos ouviram. Abriu-se a porta do salão logo à frente, e mestre Alexanus disse:

– Kiorina! Ector! Parem de brigar e venham imediatamente para a classe!

A vozinha veio novamente:

– Não se preocupe, o alcance é pequeno, de forma que eu nunca poderia vê-la ou ouvi-la dentro de sua casa. – fez uma pausa e completou: – A não ser que estivesse passando ali por perto ou ajudando a abrir a loja do meu pai, que, por acaso, fica em frente à sua mansão...

O sangue de Kiorina ferveu como nunca antes em sua vida. Ela com certeza o mataria, se pudesse pegá-lo agora.

– E, então? Ou vocês vêm agora, ou vão ficar depois do horário! – ameaçou Alexanus.

Ela começou a andar e sussurrou para o anel:

– Você vai ter o troco, Chris Yourdon!

Seu desejo era ir para a classe do terceiro ciclo imediatamente, mas a idéia de ficar depois do horário no dia do festival não lhe agradava nem um pouco! Então, entrou no salão onde haveria a classe do círculo da movimentação.

Nesse ciclo havia cinco alunos e estavam todos presentes. Até duas semanas atrás, Chris Yourdon pertencia ao segundo ciclo. Quando surgiu uma vaga no terceiro, ele a conquistou, através de testes. Para Kiorina, infelizmente, quem preencheu a vaga de Chris foi Ector. Era uma infelicidade, pois provavelmente iria demorar até que o próximo aluno do sétimo ciclo se formasse, abrindo vagas para o sétimo, sexto, quinto, quarto e assim por diante.

Mestre Alexanus era um homem de média estatura, um pouco magro, cabelos grisalhos, expressão firme. Era o mago especialista no círculo de movimentação da Escola.

– Kiorina e Ector, espero que vocês tenham-se acalmado, pois a magia de movimentação, sobre a qual estaremos falando e que praticaremos hoje, precisa de muita calma. Creio que não preciso aqui falar sobre disciplina, para vocês nem para ninguém. – completou Alexanus, olhando para todos. – Vamos começar, com uns momentos de concentração.

Todos fecharam os olhos e ficaram em silêncio, que só não era absoluto por causa do ranger dos dentes de Kiorina, os quais permaneceram assim durante todo o período de concentração.

– Certo, podem abrir os olhos! – disse Alexanus calmamente e continuou: – Vamos repetir o exercício de levitação de pequenos objetos. Observem a sutileza do movimento... – disse o Mestre ao movimentar os dedos, apontar para uma pequena argola que estava sobre sua mesa e trazê-la, suspensa, até o centro da sala. Disse ainda: – Vocês já conseguem levitar pequenos objetos; vamos treinar agora o controle mais preciso deles.

Alexanus definiu uma ordem para a execução dos exercícios, deixando Ector e Kiorina em penúltimo e último lugar, respectivamente.

Os três primeiros alunos executaram a tarefa satisfatoriamente. Chegou a vez de Ector. Ele se levantou, tirou uma pequena moeda do bolso, usando a levitação. Estava profundamente concentrado. Fez a moeda girar em torno de si mesma, passar perfeitamente no centro de uma argola e voltar para perto dele.

– Ector, você consegue fazer isso mais rapidamente? – interrompeu o Mestre pela primeira vez.

Ector respirou fundo e fez a moeda voar muito rápido, descrevendo um círculo; no meio dessa trajetória, ela passou exatamente no centro da argola e, por fim, pousou em sua mão.

– Muito bem. – disse Alexanus, que raramente comentava as práticas.

Ector fez um sinal com a cabeça e se virou para a direção de seu assento. Ao passar por Kiorina, suspendeu as sobrancelhas e encarou-a, provocativo, o que levou a ira da moça até o limite. Ela se levantou e caminhou para o centro da sala, enquanto tirava o anel enfeitiçado da mão. Demorou um pouco para fazê-lo levitar. Assim que começou, ele pairou trêmulo no ar. Então, quase tão rápido quanto um flash de luz, zuniu em direção à janela, estilhaçando o vidro e saindo da escola.

Alexanus esticou a mão, e o anel levitou de volta para ela. O Mestre olhou para baixo e balançou levemente a cabeça, num gesto de desaprovação.

– Senhor... desculpe-me... acho que perdi o controle. – disse Kiorina, só então se dando conta do que havia feito.

– Ficou óbvio para todos nós que você perdeu o controle. Tente não usar palavras quando elas não são necessárias. – disse Alexanus, elevando um pouco o tom de voz. A sala ficou em silêncio, até que o Mestre falou: – Classe dispensada.

**********

– Vamos, fique parado pelo menos por um instante! – disse Kiorina, tentando equilibrar-se sobre os ombros de Ector.

– Sim, estou tentando, mas o que você quer pegar nessa janela? – perguntou Ector, segurando, a custo, as canelas de Kiorina.

– Eu não quero pegar nada, seu estúpido! – ela resmungou, ao se agarrar à janela. Fez força para subir e completou: – Eu quero é sair pela janela!

– Não! Vamos parar por aqui. Eu não vou tomar parte nisso. Vou agora mesmo contar ao mestre Alexanus!

– Pois eu acho que não! – desafiou Kiorina.

– É? E você vai me impedir como?

– Eu não poderia impedi-lo, você é muito esperto, mas eu acho que o Mestre iria adorar saber sobre um certo ladrão de fórmulas de encolhimen...

– Tudobem, Tudobem, VáEmFrente! FaçaUmaLoucura! SeVocêForApanhada, EuNemEstiveComVocê, certo? – disse Ector, voltando ao seu ritmo normal.

Kiorina abriu a janela, concentrou-se e sussurrou palavras mágicas. Suas roupas começam a balançar como se fosse arrebatada por um vento forte. Ela olhou para trás e disse: – Adeus, bobão! – pulou e caiu rapidamente do alto da janela do terceiro andar da escola. Ao passar pelo segundo andar, começou a diminuir a velocidade, até que pousou na rua suavemente.

Algumas pessoas perceberam o estranho vôo, mas ela logo disse: – Obrigada, obrigada! – como se fosse uma exibição, e saiu correndo pelas ruas de Kamanesh, rumo ao galpão em que funcionava o negócio de seu pai, perto da muralha oeste da cidade. Ao chegar, Kiorina foi notada por vários tecelões, que a cumprimentaram respeitosamente. Ela devolveu os cumprimentos e subiu uma pequena escada de madeira, que levava ao segundo andar. Lá do alto, pôde ver muitos dos grandes teares trabalhando e ouvir suas batidas rítmicas. Ela se dirigiu a uma sala onde ficavam as costureiras e bordadeiras e disse ao homem que coordenava o trabalho delas:

– Olá, Jeero! Como vai todo esse trabalho?

– Srta. Kiorina, o trabalho é muito, mas gratificante. – disse Jeero, que sempre falava com muita polidez.

Kiorina deu uma olhadela por trás dele e por todo o resto da sala, como se procurasse algo.

– A que devo o prazer de sua visita? – perguntou Jeero.

Kiorina fitou-o. Não podia evitar, pois Jeero era um homem muito elegante, alto, com feições plácidas e longos cabelos castanhos. Finalmente, disse: – Você não adivinha?

– Claro, só esperava a senhorita perguntar... – pediu licença, deu as costas e andou até o armário.

Jeero seria a pessoa perfeita, a melhor opção que o pai de Kiorina teria para casar sua filha. Era um homem bem educado, o mais habilidoso dos membros da oficina, seu braço direito. Só havia um porém: era casado. Depois de casar-se, Jeero, que contava com a maior consideração de Gálius, passou a controlar os negócios no galpão. Enquanto isso, o patrão fazia viagens para acertar encomendas e compras pessoalmente.

– Aqui está! – exclamou. – Ficou pronto ontem!

Kiorina nem podia acreditar. O vestido que ela havia pedido com descaso para usar no festival era realmente muito bonito. Não pensou que iam fazê-lo com tanto capricho. Ela então disse:

– Nossa, está lindo!

**********

Kiorina andava apressada pelas ruas de Kamanesh, carregando uma caixa nas mãos. Era difícil não notá-la. Não por ela, mas por suas roupas e o corte de cabelo. Havia chegado a seu destino, uma casa comum, de dois andares, que só se diferenciava das outras pela placa de madeira, pendurada em um mastro, com o desenho de uma bigorna, onde se lia "Consertam-se armas e armaduras".

Ao aproximar-se, Kiorina pôde escutar o som de intensas batidas de metal contra metal. Entrou e disse:

– Kyle! Kyle, onde você está?

A entrada dava para um salão que ocupava todo o primeiro andar, onde funcionava a oficina. Depois de entrar, percebeu Gorum, através das cortinas, perto da grande lareira, atrás de uma bigorna, batendo em um pedaço de metal com um martelo. Resolveu pregar-lhe uma peça. Sussurrou algumas palavras e apareceu a imagem de um rato. Fez com que a imagem se movimentasse e parasse bem na frente de Gorum, que, ao ver o rato, murmurou:

– Maldito rato, você vai ter o que merece... – largou a espada que estava desentortando e segurou o martelo com as duas mãos. Chegou perto do rato e bateu com muita velocidade e força. Disse alto: – Ha! Ha! Peguei você! – mas tomou um susto ao tirar o martelo para ver o que havia restado, pois o rato estava lá, olhando para ele. Sem poder acreditar, olhou para a marreta e para o rato, franzindo a testa. Preparou o martelo para uma nova investida, mas, antes que o fizesse, foi interrompido pelo rato, que lhe disse:

– Por favor, moço, não me mate!

Ele ficou tão surpreso, que deixou o martelo cair. Começou a ouvir uma risada contida por trás da cortina e pensou: "Só pode ser..."

– Surpresa! – disse Kiorina, puxando a cortina e rindo muito.

– Kiorina, minha garota! Que surpresa!

Kiorina correu e pulou nos braços de Gorum. Como de costume, ele começou a girá-la na sala. Desde bem criança, ela o cumprimentava assim e, mesmo crescida, não deixou de gostar da brincadeira. Depois de alguns giros e novamente no chão, Kiorina perguntou:

– Onde está Kyle?

– Ele foi até o mosteiro dos monges Naomir tentar trazer Archibald para participar do festival.

– É mesmo? Quando ele volta?

– Sabe, Kina, ele devia ter chegado ontem...

– Será que aconteceu alguma coisa?

– Não... o garoto sabe se cuidar. Ele deve chegar logo.

– Bem... então venha aqui, tenho algo para lhe mostrar! – puxou Gorum pela mão até a sala onde havia deixado a caixa, que ela abriu. Pegou então o vestido e o desdobrou, mostrando-o a Gorum.

– Para quem é esse vestido? – disse ele, sorrindo.

– Para mim, claro!

Gorum achou estranho, pois ela nunca havia usado vestidos tão incrementados e tradicionais, mesmo em cerimônias formais. Puxou a barba da maneira usual e, para evitar o silêncio, disse, sério:

– É muito bonito.

– Nossa, Gorum, o que há de errado? Você podia dizer: Puxa! É realmente lindo! ou falar com mais entusiasmo.

– Me desculpe, Kina, é que, às vezes, me esqueço de que você já está crescida.

– Tudo bem, eu entendo, ninguém realmente acha que cresci... – disse, um pouco decepcionada, enquanto dobrava o vestido e o colocava na caixa. Estava saindo, quando Gorum disse:

– Kina! Vamos lá! Não fique assim...

Ela se virou, já de fora da oficina, e disse:

– Não se preocupe, Gorum, não vá ficar com isso na cabeça. Anime-se, você fica muito melhor com um sorriso no rosto.

Ele voltou a sorrir e disse:

– Então eu falo para o Kyle que você esteve aqui.

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