O que pode dar errado?
Faz duas horas que saímos daquele orfanato e parei na Florean Fortescue para pensar no que eu faço da minha vida enquanto me delicio com o melhor sorvete do mundo.
— Então... aonde é a sua casa? — pergunta a garota de cabelos escuros sem tirar os olhos do doce bem a sua frente.
— Minha casa é em outro país e vamos para lá assim que eu pegar meu filho. — falo casualmente ao mesmo tempo em que penso em como entrar naquela casa sem que me vejam.
— Eu tenho um irmão? — pergunta a menina com a sobrancelha arqueada. — Pensei que tivesse adoecido depois que eu completei 2 meses.
Pensa, Adhara! Ainda vou me ferrar com essa língua solta!
— Seu pai não te contou? Eu tive uma pequena melhora por um tempo, tínhamos até feito o quarto para sua chegada. Mas como o mundo não é um mar de rosas, a doença veio mais forte e me deixou mais fraca. Quase não sobrevivi ao parto. — faço cara de coitada, mas olho pelo canto do olho para ver a sua reação.
— Ele está bem? — pergunta com mais curiosidade do que preocupação em seu rosto.
— Sim.
— Eu vou sentir falta dele. Do meu pai. — fala olhando para o nada e eu acaricio o seu rosto.
— Estou aqui agora, irei protegê-la. — falo tentando soar reconfortante, mas sei que não irá funcionar, ela acabou de perder sua única família e descobrir que sua mãe quase morta está viva.
Mas, de forma surpreendente, ela me abraça enterrando seu rosto em meu pescoço e inalando meu cheiro.
— Imaginei você de muitas formas, mas nunca pensei que fosse assim... Queria que ele também estivesse aqui, sempre sonhei no dia em eu iria sair do orfanato com vocês dois, mas agora... — ela não consegue completar a frase e logo deixa algumas lágrimas caírem.
— Vamos passar por isso, ok? Sei que as coisas não são como você imaginou, mas vou fazer o possível para que fique bem, seu pai iria querer ver a princesa dele crescer da forma mais bonita. Prometo ajudá-la e nunca sair do seu lado... Afinal, você é minha filha. — falo tudo isso olhando em seus olhos e percebo, por Morgana! Eu tenho uma filha! — Agora venha, irei lhe levar a uma pessoa enquanto resolvo as coisas para irmos o quanto antes para casa. — falo enxugando suas lágrimas e pegando sua pequena mochila com as roupas.
— Quem?
— Apenas um amigo da mamãe.
Devo dizer que estou meio receosa de falar com ele, pensei até mesmo em Andrômeda, mas sei que ela deve estar bem longe agora com a pequena Ninfadora.
Tomo coragem e bato na porta.
É bem a cara dele morar longe da cidade, o medo de machucar alguém sempre o corroeu.
— Adhara! O que faz aqui? Entre antes que alguém lhe veja. — exclama com a varinha ainda em mãos sem perceber a pequena menina enroscada em minhas pernas. Faço o que ele pede sem hesitar, não é o melhor tempo para andar no meio da floreta sozinha, ainda mais com um alvo marcado nas minhas costas.
— Como vai, Remus? Preciso de um pequeno favor. — falo. Ele se vira e seus olhos recaem em Marie que dá um sorriso cínico.
— Do que precisa?
— Preciso de uma varinha e que seja babá por um tempinho. — falo com um sorriso nervoso com medo dele recusar.
— Claro, mesmo sabendo que não sou o mais indicado para cuidar de crianças, eu ajudo no que precisar. — fala sorrindo para a Marie que abre um sorriso malicioso para ele que engole em seco.
— Não se preocupe, mamãe. Vamos nos divertir muito.
Nova missão: pegar meu filho, passar na casa de Lupin, pegar a Marie e o primeiro avião para o Brasil.
Ótimo!
— O que pode dar errado? — pergunto a mim mesma enquanto subo a janela do quarto de Matteo.
— Quer em ordem alfabética ou cronológica?
Que seja um dementador, que seja um dementador, que seja um dementador...
— Acho bom que não tenha ido tramar algo contra mim, não gostaria de torturar meu próprio filho para ter sua atenção. — me viro e vejo o Tom fucking Riddle sentado na cadeira de balanço com meu filho dormindo em seus braços.
— Você não é tão importante a esse ponto. E fico surpresa por ver que o meu filho conseguiu despertar o seu instinto paternal, achei tivesse ficado com Nagini quando deu parte de sua alma para ela. Afinal, ela sempre me pareceu mais atraente que você — comento sarcástica e ele, diferente das outras vezes, não se irrita. — O que está planejando?
— Está tão óbvio assim? Quero que encontre uma criança para mim. — fala se levantando para colocar Matteo no berço.
— Deixa eu tentar adivinhar... A profecia? — indago irônica para ele que revira os olhos.
— Quero que encontre o garoto, se isso acontecer, deixo você livre para viver a sua vida com Matteo e garota que encontrou.
— Como sabe dela? — pergunto em alerta.
— Nossa conexão é mais forte do que pensa, amor — fala sorrindo com seus olhos brilhando em malícia antes de voltar sua atenção para o pequeno ser que dormia sem ao menos imaginar o que se passava a sua volta. — Ele cresceu bastante e se parece comigo. — diz com um olhar distante.
— Sim, deve ter mudado muito já que da última vez que o viu ele era um zigoto, mas o nome dele não é apenas Matteo. — explico me aproximando dele vagarosamente.
— Qual o nome dele então? — pergunta sem desviar os olhos dos meus.
— Regulus Matteo Riddle, não poderia ser diferente, afinal, aparentemente sou uma Black e devo homenagear meu falecido marido. Estava pensando em virar Adhara Black, pareço até uma filha de Walburga desse jeito.
Ele me joga com força contra a parede segurando meus pulsos.
— Vamos fazer um acordo, que tal? Você me obedece e eu não faço da sua vida um inferno.
— Tarde demais para isso, Tom. — chego perto do seu belo rosto sentindo a textura macia de seus lábios, ele parece não desconfiar do que estou fazendo porque enfraquece o aperto no meu pulso me dando a oportunidade perfeita para liberar o feitiço.
Riddle cai adormecido como uma pedra no chão com os cabelos bagunçados, me sinto tentada a tocá-los e é isso que faço.
— Deveríamos ter sido tão felizes, querido, mas você não quis. — sorrio tristemente e me viro para pegar Matteo quando sinto uma fraqueza tomar conta do meu corpo. Droga, a conexão é realmente mais forte do que eu pensava.
Imaginei que precisaria de mais do que um simples feitiço para fazê-lo dormir, então guardei ele em uma garrafa com algumas de minhas lágrimas para potencializar.
Mas, aparentemente, vai contra os princípios da ligação eu tentar desacordar meu parceiro, fiz bem em não trazer veneno.
Com muito esforço, vou até o berço e seguro meu filho em meu colo um pouco antes de pular a janela. Não queria estar lá quando Riddle acordar, a poção vai durar no máximo duas horas, é esse o tempo que eu tenho para fugir do país.
Mas antes eu tenho que fazer algo.
Não posso arriscar que Tom encontre Matteo, mesmo que doa admitir, ele sempre irá me encontrar por causa dessa maldita ligação, não posso arriscar mais o meu filho ou deixar que ele passe sua vida fugindo do pai, ele merece uma família de verdade e eu não posso dar isso a ele.
Paro em frente a porta e permito que algumas lágrimas caiam antes de colocar meu pequeno em uma cesta com a carta que escrevi, apenas adicionando o seu nome:
Matteo Regulus Gaunt
O suficiente para que eu consiga encontrá-lo e diferente para que não façam relação com o Lorde das Trevas.
Antes de bate na porta, deixo o anel em uma corrente no pescoço.
Não qualquer anel, o anel de seu pai e de seu avô.
O Anel de Marvolo Gaunt.
A horcrux.
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