PARTE VIII - 31/10/2014
Um sussurro, um grito, um susto...
As vozes femininas continuavam entoando aquele mantra macabro. O som das investidas contra a porta, ficava cada vez mais alto. A qualquer segundo elas iriam arrombar, e eu estaria perdida.
Talvez se eu encontrasse uma janela, eu conseguisse pular.
E se eu estiver presa na mansão, apenas porque tentei passar pela porta?
Andei de um lado para o outro naquela sala apertada, mas não enxergava nada. Esbarrei em alguma coisa e derrubei o castiçal no chão.
Agora ferrou. Desse jeito não enxergo nada mesmo.
Tateei pelas paredes em busca do interruptor. Lucian disse que eu não podia acender a luz, porque chamaria atenção delas. Já que estavam todas ali, não vi como poderia aumentar ainda mais o meu problema.
Ouvi um som semelhante a madeira se espatifando e congelei. Imaginei que tivessem quebrado a porta. Esperei sentir dedos me puxando a força dali a qualquer instante. Perdi o ar e contei até dez. Pelo visto, não haviam arrombado, ainda.
Fique calma Hannah. Elas não vão entrar.
Apesar de não ter a menor certeza disso, repeti a afirmação diversas vezes na cabeça.
Os murmúrios haviam praticamente se transformado em gritos ao lado de fora:
“Fogo, fogo, ela veio. Fogo, fogo, ela está aqui. Leve a oferenda. Leve a oferenda. Fogo, fogo, ela chegou. Fogo, fogo, ela é sua. Leve a oferenda. Leve a oferenda. Oh, Fantasma Profano.”
Cobri os ouvidos para não escutar aquilo. Começava a ficar desesperada. Por que Lucian demorava tanto? Ele me disse para contar até dez e já perdi as contas do tempo em que estou presa aqui, nesse pesadelo!
"Fogo, fogo ela é sua. Leve a oferenda."
Eu sou a oferenda?
Arranhei os braços aflita, meu estômago se contorceu. Eu não sabia muito sobre o assunto, mas nunca vi a palavra oferenda, associada a algo bom. Na maioria das histórias e dos filmes, as oferendas eram sacrificadas, ofertadas de presente a alguém ou a alguma coisa.
Não, eu não ficaria pensando nisso. Não ia me ajudar em nada. Engoli o grito de pânico que lutou para sair e continuei tateando pela parede.
Onde diabos estava o interruptor?
De repente, o barulho na porta cessou. Suspirei de alívio e voltei para onde eu estava antes, usei a parede como apoio para me guiar. Encostei o ouvido na porta.
Nada.
Silêncio total.
Será que elas foram embora?
Mas por que?
Alguma coisa alisou meu pescoço. Virei as costas para a porta agoniada.
Quem esta aí?
Ninguém respondeu.
Segundos depois, escutei notas suaves de um piano. Parecia vir de dentro da sala. Mas não havia piano ali.
A música era triste, soava como um lamento. Ganhava cada vez mais nitidez em meus pensamentos. Comecei a me sentir nervosa. Eu queria que aquela música parasse. Não queria mais ouvir aquele som. Lembrava o de uma mulher gritando em desespero. Tapei os ouvidos, mas não adiantou.
Um violino se uniu o piano e a música foi ficando mais estridente. Martelava meu tímpano. Minha cabeça começou a doer.
Parem! Por favor parem!
A dor se espalhava para a nuca e latejava. Meu crânio doeu como se estivesse prestes a se rachar ao meio.
Ajoelhei no chão e senti uma lágrima escorrer pela bochecha. O violino e o piano ficaram mais rápidos e o tom da música, subiu ainda mais.
Eu faço o que quiserem, por favor.
"Para o piano parar Hannah, você deve invocá-lo. Chame o nome do mestre Hannah."
Murmúrios reverberaram dentro de meus pensamentos. Então eram elas que faziam isso. Não foi real, foi uma alucinação.
"Hannah, Hannah... A Genuína... Chame-o Hannah. Recite: Oh Fantasma Profano, eu me entrego a você Aza..."
- Não! - gritei.
Eu não acredito no medo, ele me faz ver coisas que não existem.
Minha mãe me dizia para repetir isso, toda vez que algo me assustava quando eu era pequena.
O piano e o violino voltaram. A sensação, era a de ter a cabeça se rasgando de dentro para fora.
Mais um segundo daquela tortura e eu acabaria desmaiando.
Por que estão fazendo isso comigo? O que querem de mim?
"Para a música parar, abra a porta Hannah. Venha, é só girar a maçaneta."
O violino tocou um acorde agudo e segurou a nota por tempo o suficiente para me convencer. Cheguei a me contorcer de dor.
Girei o corpo lentamente na porta.
Eu estava morrendo de medo. Não sabia o que seria pior. Abrir e lidar com o que me esperava lá fora, ou ficar, e aguentar qualquer que fosse o outro tipo de tortura que elas poderiam fazer comigo.
Respirei fundo e segurei a maçaneta.
Pensei com todas as forças, na esperança de que Lucian pudesse me ouvir:
Onde você está? Me ajude Lucian, elas vão me pegar.
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Olááááá, se gostou não esqueça da estrelinha e deixe seu comentário! =)
Desculpas pela demora em postar hoje gente, é que com a publicação do meu livro O Penhasco, acabei ficando atarefada demais e só consegui parar agora.
Beijossss e lembrem-se:
TENHAM MUITO CUIDADO COM SEUS OLHOS
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