Parte I.I - 31/10/2014

Um invasor em meu quarto... 

Lucian me despiu com os olhos e mordeu a boca carnuda. Os tribais das tatuagens de seus braços e pescoço, de perto, pareciam labaredas negras. Analisei-o por um bom tempo antes de voltar a fitar os olhos dele. 

Eram incríveis e assustadores na mesma proporção. Eu poderia jurar, que o círculo de fogo em volta das íris havia mudado de cor. O vermelho de antes foi substituído por amarelo. E a chama parecia bruxulear como uma vela.

Um longo silêncio se passou e levou meu estado de êxtase embora.

Meu batimento pulsou forte. A constatação me atingiu: Eu estava sozinha com um invasor em meu quarto. Sem nenhuma arma, nada ao alcance das mãos, nada que eu pudesse usar para me defender. O corredor à minha esquerda era comprido, se eu corresse, em um piscar ele chegaria até mim. Depois da demonstração que tive da sua velocidade, eu soube que fugir, talvez fosse impossível.

E como ele entrou aqui? Se até a janela está trancada?

Ele não se movia, nem eu. Continuava deitado em minha cama, com uma expressão quase de tédio.

- Não há para onde fugir, Hannah.

Ele não parecia de fato, interessado em me matar, talvez já o tivesse feito aquela altura.

Mas o que ele desejava comigo, então?

Permaneci parada sem a capacidade de formar nenhuma frase coerente.

E se ele fosse um sádico? Sentisse prazer na tortura? Gostasse de brincar com sua presa antes do bote?

Limpei a garganta. Todos os filmes e revistas dizem para fazê-los falar, e assim ganhar tempo.

- É... Lucian não é?

Ele riu, mas pareceu puro deboche, depois  levantou da cama e andou devagar, se aproximou de mim. Os passos pareceram calculados, como o de um felino, que não deseja afugentar jantar. Recuei alguns passos e bati as costas na parede. Lucian me alcançou em um segundo e passou o indicador por meu lábio. Pensei em chutá-lo, gritar para que se afastasse, mas o toque me fez estremecer. Um calor abrasador invadiu meu peito. Notei que ele era absurdamente atraente.

- Shhh, calma.

- O que você quer? E como entrou aqui? – resfoleguei. - Isso é invasão de privacidade, vá embora senão vou chamar a polícia!

- Quer mesmo que eu vá?

Lucian colou a testa na minha e naquele instante duvidei da minha própria sanidade. Meu corpo inteiro entrou em estado febril e os olhos dele... Meu Deus, os olhos dele!

Eram mesmo círculos de fogo em volta das pupilas. As chamas amareladas se moveram, fizeram uma dança hipnótica. Não havia como desviar. Minha raiva se esvaiu contra a minha vontade.

- O que é isso nos seus olhos?

- Você vê? – Ele arqueou as sobrancelhas grossas.

De repente ele se afastou e passou as mãos nos cabelos castanhos sedosos. Pela sua expressão, parecia torturado. Lucian gritou e deu um murro na parede ao meu lado.

- Eu pensei que pudesse proteger você.

Me proteger do que? E não pode mais?

Acorda Hannah, isso é um sonho!

- Se fosse um sonho, eu não estaria nele Hannah, pode acreditar.

- Você ouviu meu pensamento?

- É uma pena, você é ainda mais linda que a anterior.

Lucian ignorou minha pergunta. Senti o coração martelar, o sangue pulsar forte nas veias. Fiquei com um zumbido nos ouvidos.

Anterior? Que anterior? E o que aconteceu à ela?

Aquilo devia ser alguma brincadeira de Dorothy. Alguma piada sem graça de Halloween. E os olhos dele, com certeza eram lentes.

Ele riu de novo, como se tivesse escutado.

- Para com isso! – Ele ouvir o que eu pensava era muito perturbador. - E vá embora daqui, ou vou chamar a polícia!

- Não se preocupe. Vou tentar cuidar de você.

Lucian prendeu meus braços para baixo e colou o corpo ao meu. Eu podia sentir o calor de sua pele. Ele desceu o rosto e trouxe a boca carnuda a centímetros da minha. Minhas pernas amoleceram.

Ele ia me beijar a força! A força, ou eu estava deixando?

- Me larga! Me solta! - Quase nenhuma convicção transpareceu na minha voz. Lucian era intoxicante.

- Eu gosto das nervosinhas.

Ele parou os lábios diante dos meus e riu antes de mordiscar minha boca levemente. Suspirei e tive raiva de mim mesma por isso. Depois, sem permissão, ele aumentou a força que usava para prender meus braços e me devorou com a boca macia e carnuda. Algo pareceu explodir dentro de mim. Como se houvesse um vulcão em meu peito que espalhava sua larva por todo os meus poros. E dessa vez, eu que mordi os lábios dele. Sua língua invadiu minha boca e quase gritei. Lucian me liberou do aperto e correu os dedos dos meus braços até a nuca. Ali, ele puxou meu cabelo para trás e me beijou faminto. Ofeguei.

Quando ergui as mãos para envolver seu pescoço, fiquei totalmente embriagada. Até que, tateei o ar.

Que??

- Lucian?

Chamei para o corredor, subitamente vazio. Nada.

Entrei em meu quarto. Vazio.

-       Pare com essa palhaçada, Lucian! Eu sei que está aí!

Nada aconteceu.

Sentei na cama e enterrei o rosto na mão. Eu não estava maluca. Aconteceu de verdade. Eu ainda podia sentir o gosto da boca dele na minha, meus lábios estavam inchados e minha pele febril.

O torpor saiu de mim e deu lugar a raiva.

Quem ele pensa que é para me agarrar e desaparecer?

Eu não entraria nesse joguinho doentio que ele estava tentando me arrastar.

Não sou o brinquedinho de ninguém!

Decidida, levantei da cama e desci o corredor. Agora, eu é que daria um susto no meu novo vizinho. Mesmo se eu precisasse invadir a mansão, ele ouviria algumas verdades.

Peguei a chave de casa pendurada atrás da porta e vesti o casaco. Quando girei a maçaneta, fui obrigada a recuar. Ouvi gritos vindo da mansão, a sala deles ficava colada na minha.

Não pode ser Lucian. Como, se ele estava aqui há dez segundos?

Voltei na ponta dos pés para a sala e me assustei. Reconheci a voz de Lucian. Ele gritava e uma mulher rebatia. Então, escutei nitidamente o que diziam e me arrependi. Porque fui eu quem acabou ouvindo a verdade, e eu não estava preparada para aquilo.

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