31/10/2014 - 23:30
Uma única saída...
- Lucian, espera! - gritei quando o vi desaparecer mais uma vez entre os arbustos.
Ele andava tão rápido a frente, que me perguntei se ele não o fazia de propósito. Como se quisesse se perder de mim e de Dukian.
Mas por que ele faria isso, se de acordo com a conversa de antes, a meia noite algo muito ruim aconteceria?
Eu é que não iria querer ficar sozinha.
Desviei de um galho seco e cortei o braço no espinho de uma planta.
- Que ótimo, vou virar mesmo a noiva do Frankestein!
- Já me ofereci pra te carregar, noivinha.
- Não enche Dukian, já falei que não quero. E faz o favor de parar de me agarrar? Estou com bastante confusão por uma noite na minha vida, obrigada!
Lucian diminuiu o passo. Agora eu podia vê-lo a minha frente, ele não disfarçou nem um pouco que queria ouvir nossa conversa.
- Pensei que estivesse gostando Hannah. Já que você não oferece nenhuma resistência quando eu me aproximo. - Dukian riu de lado.
- Ok, só para com isso.
Eu não podia discutir. Eu não conseguia resistir mesmo. Não sei qual era o meu problema, além de claro, ter sido aprisionada numa mansão de onde não pude sair, conhecer irmãos irresistíveis, tatuados, com olhos de fogo e ter um Coven me perseguindo, estava tudo normal!
Ah, esqueci do detalhe onde acordei em 1815 e descobri que meus pais estavam vivos desde então.
Sacudi a cabeça. Era melhor não ficar analisando os detalhes ou eu entraria em desespero.
Estávamos vagando pela floresta há muito tempo. Eu já não tinha mais noção de nada. Enquanto Lician me parecia transtornado, sério e preocupado, o outro, se demonstrava estar prestes a me engolir no menor deslize. E Dukian, parecia ter o poder de desligar o interruptor da minha razão.
Lucian e Dukian eram meu Ying e Yang.
Eu devo ter pirado mesmo. Continuo esperando que a qualquer momento, Dorothy ou minha mãe me sacudam na cama e me despertem desse pesadelo. Ou desse coma! Só sei que eu quero a minha vida de antes!
Minhas pernas doíam e eu estava faminta. Não comia nada desde o bolo de chocolate na cozinha.
- Preciso descansar. Minha cabeça está rodando - anunciei e me joguei no chão de terra.
- Eu te levo Hannah, é sério, não podemos parar até chegar ao Sacerdote. - Dukian agachou do meu lado.
- Deixa ela. Não vê que ela foi arrastada por nós dois? Pro meio desse lixo todo?! - Lucian veio até onde onde eu estava,
Dukian levantou. Ele e Lucian trocaram rosnados e olhares raivosos. Dois cães prestes a se atracar.
- Será que dá pra vocês dois pararem? Eu só quero cinco minutos de paz! Posso?
Lucian sentou do meu lado:
- Está bem Banana. Também estou precisando.
- Vou deixar os pombinhos inocentes a sós. Me chame quando o desastre acontecer, Lucian.
Vi Dukian sumir no meio da mata.
- Ele tem razão, Hannah. Eu sou um irresponsável. Não devia ficar sozinho com você.- Lucian ameaçou se levantar, mas o segurei pelo braço. Levei um susto. A pele dele estava tão quente, que por pouco não queimou minha mão.
- Lucian, você está pelando!
- Nao é nada, banana. Deixa isso pra lá.
- Não! Estou cansada de vocês não me falarem nada. Não vou dar mais um passo para dentro dessa floresta, se vocês não me disserem o que está acontecendo!
Lucian suspirou e olhou fixamente para o horizonte. Depois tirou o manto vermelho que vestia. Sua maquiagem de caveira mexicana começava a derreter no rosto, pelo suor.
- Não quero assustar você.
- Depois de tudo que eu vi hoje. Acho difícil que algo ainda me impressione.
- Você ainda não viu nada.
- Me conte Lucian. Eu tenho o direito de saber, não tenho?
- Só acho injusto com você. Fico aqui me iludindo de que se eu não contar, não irá acontecer. Eu nunca acreditei que esse dia fosse chegar.
Ele abriu um sorriso cansado. Em em gesto impensado, acariciei o rosto dele. Lucian fechou os olhos.
- O seu toque Hannah, é o primeiro que me conforta. O primeiro que me trás paz.
Uma necessidade de acalmá-lo me dominou. Ele parecia tão desolado.
Ajoelhei de frente para ele e o abracei. Senti sua pele tocando a minha e um choque pareceu me percorrer. O soltei depois de alguns segundos naquele aperto quente.
Nossa, eu diria que a pele dele estava com uns cinqüenta graus naquele momento.
Apesar de toda aquela tensão, foi impossível não reparar nos músculos bem trabalhados, agora que ele havia tirado o manto. Observei as tatuagens tribas que cobriam o tórax e o abdômen musculoso. A pele dele reluzia com o suor.
- Você esta sentindo alguma coisa, Lucian?
- Nada além de medo da meia noite.
- É normal sentir medo.
- Não é por mim que eu temo. É por você.
Meu coração martelou de ansiedade.
- Então me conte Lucian. Talvez eu possa ajudar você.
- Acho que ninguém pode. Talvez nem mesmo o Sacerdote. O que vai acontecer Hannah, é que a meia noite, serei consumido pelo fogo. Através das chamas, o Fantasma Profano virá, meu corpo pertencerá a ele, e eu talvez nunca mais volte. Ao menos, não até que as próximas partes do ritual estejam concluídas. E elas afetam, diretamente a você.
Meus pensamentos rodopiaram num ritmo frenético e incoerente.
A falta de ar voltou. Meu estômago embrulhou de tal forma que pensei que colocaria tudo para fora. Talvez bile, já que eu não comia nada desde de manhã.
Quis perguntar um milhão de coisas mas perdi a fala.
Eu fiquei tão preocupada por Lucian quanto por mim. Ele era tão doce, tão bonzinho. Não merecia passar por isso. E eu ainda não entendi o que o teria condenado daquela maneira. Tinha que ter uma saída, alguma solução.
Estremeci ao imaginar o que seriam as próximas partes do ritual.
Ele continuava mudo. Seu olhar de fogo me fitava atento. Notei que o círculo vermelho de suas íris, ficava cada vez mais intenso. A hora devia estar chegando.
- Lucian, quais são as próximas partes do ritual?
- A 1ª foi o medo. A 2ª é a desesperança. E serei eu quem trarei isso, se o Sacerdote não puder me salvar.
- Não há nada que eu possa fazer?
- Só uma coisa Hannah. E meu irmão não fará.
- O que, Lucian? Me deixe ajudar você.
Como resposta, ele tirou um objeto do bolso. Eu não esperava por aquilo.
- Não Lucian, não posso! Isso não!
Me preparei para me levantar mas ele segurou minha mão e me encarou com uma expressão de súplica, de abandono.
- Por favor, banana. Só tenho você. Se cinco minutos antes da meia noite, meus olhos ficarem todos vermelhos, enfie essa adaga em meu peito.
- Não, Lucian! Não desista! Nós vamos dar um jeito.
- Sem querer interromper vocês dois, mas encontrei o Sacerdote. - Dukian anunciou se materializando a nossa frente. Quase gritei de susto.
- Viu Lucian, vai dar tudo certo! - declarei sem acreditar muito no que dizia.
- O Sacerdote está morto. Elas chegaram primeiro. Hora do plano B. Andem, me sigam! Já são onze e meia.
Dukian tomou outro caminho pela floresta. Havia abandonado todo o seu jeito brincalhão. O problema era mesmo sério. Meu nervosismo triplicou.
Lucian e eu levantamos em câmera lenta. Ele esperou Dukian ganhar distância entre as árvores e me estendeu a adaga, dessa vez dentro de uma bolsa de couro, com uma cinta e um fecho.
- Por favor Hannah. Só guarde com você.
Assenti e passei a fita de couro pela coxa, por cima da meia arrastão. A bolsa de couro esbarrava no meu vestido de noiva conforme eu andava.
Lucian segurou minha mão e eu a apertei.
Caminhei atrás de Dukian sentindo a cabeça dormente e desejando com todas as minhas forças, que eu não precisasse usar aquela arma.
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Até quinta amoresssss!
E TOMEM MUITO CUIDADO COM A MEIA NOITE....
Beijossss
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