Antes de contar o que aconteceu depois, preciso explicar algumas coisas que — digo por experiência própria — poucas pessoas sabem. Ou entendem. Como alguns de vocês podem ter percebido, pelo que aconteceu, tenho dislexia e TDA. Mas o que isso significa exatamente? Muita gente não sabe, então vou explicar.

De acordo com uma das diversas versões do dicionário Oxford, dislexia é "um termo geral para transtornos que envolvem a dificuldade em aprender a ler ou interpretar palavras, letras e outros símbolos, mas que não afetam a inteligência geral". Minha médica diz que é algo genético e ela pode ter razão, pois meu pai também apresenta isso, apesar de ser em um grau mais fraco. As pessoas podem ter a dislexia presente na leitura, na escrita, ou em ambos. Eu tenho apenas na leitura, ainda assim tenho grande problema para escrever, pois várias palavras não fazem sentido para mim em sua grafia. Ainda bem que os corretores gramaticais no computador existem. Assim as pessoas conseguem me entender. Mas eu tenho uma dificuldade enorme para colocar vírgulas, então você deve saber que as vírgulas aqui não foram colocadas por Ethan Pearce. Mais para frente explico quem me ajudou a escrever.

Por causa da dislexia eu pulo palavras, frases ou troco as palavras e as letras contidas nelas ao ler um texto grande. Enfatizo os textos grandes porque quando tenho que ler umas 4 frases ainda consigo ler sem grandes problemas, mas o acúmulo de frases, como em um livro, me confunde completamente. É como se as palavras tentassem se embaralhar diante de meus olhos de propósito, mas sei que isso também não é culpa da junção das letras. Algo em minha cabeça me dá essa limitação que me trás vários problemas.

TDA é a sigla para Transtorno de Déficit de Atenção, que posso explicar em uma frase curta: sua atenção nunca é  focada. Simples assim. Tudo ao seu redor te chama atenção, então você não consegue focar muito tempo na mesma coisa. Por isso eu não consigo assistir desenho e conversar sério ao mesmo tempo (desculpe Becky).

De qualquer forma, eu tenho medo de contar isso para as pessoas, pois muitas delas têm preconceito. Bem forte, na verdade. Algumas dizem que eu minto sobre isso, pois leio algumas coisas muito bem e às vezes formo frases maravilhosas. Outras acham que eu tenho preguiça, por isso não consigo ser como "as pessoas normais". Um último grupo me pergunta como minha mente funciona, tendo essa coisa estranha dentro de mim. Mas não há grandes diferenças! Eu penso como todo mundo. Talvez não como todo mundo porque tenho mais facilidade para mudar de pensamento, mas é basicamente como qualquer outro ser humano. Eu sou como qualquer pessoa, apenas tenho um pequeno diferencial.

Esqueci de falar do grupo que tem pena de mim, o qual sempre me vê como um coitado que tem um problema (uma doença, como dizem). Só que eu não encaro isso como uma doença ou um problema. É apenas uma limitação que me trás alguns problemas.

Apenas isso.

Por favor, não tenham pena de mim.