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Chegamos na casa de Jennie, me ofereci para entrar junto a ela, na esperança de encontrar seu pai lá. Porém, assim que a garota abriu a porta, um pequeno animal machucado, veio correndo até nós. Jennie se ajoelhou no chão e afinou a voz para falar com o cãozinho.

— Oi, meu filho — ela beijou o topo da cabeça do animal felpudo e com pelos marrons. — Mamãe já volta.

Ela se levantou e foi até o seu quarto, guiando-me junto a ela. Assim que entramos no local, deparei-me com um mural de fotos, pude reparar que não tinha fotos com seus pais, apenas com suas amigas e o seu cachorro. Nem com o Kai tinha fotos.

— Você não tem pais?

— Quê?

— Não tem fotos com eles aqui — disse enquanto olhava o mural.

— Eu não sou muito próxima dos meu pais. Por isso não tem foto deles aqui.

— E seu namorado?

— Brigamos. Mas também não tenho foto com ele aqui. Está tudo na minha galeria, somente.

— Hum. Só quem realmente é importante entra nesse mural?

— Sim.

Próxima missão: ter uma foto com a Jennie neste mural.

***

Estamos na mesa de jantar do meu apartamento, começando a fazer o trabalho de história. Nós optamos por escrever sobre a história do Brasil, de como ele era governado durante as Revoltas Regências e o Segundo Reinado.

O barulho dos nossos celulares apitando, nos tirou a atenção. Pegamos os aparelhos e vimos o alerta de tempestade de neve. Jennie me encarou com medo em seu olhar.

— Acho que é melhor eu ir embora — ela se levantou, porém eu a impedi de se afastar, segurando em seu braço, recebendo o olhar duvidoso da garota.

— Fica. Já está nevando, é perigoso sair na neve de carro, sabia? Se o pneu deslizar, diga adeus a vida — ela riu e acabou sentando-se novamente.

— Eu fico. Mas se não tiver a tempestade, você vai me levar pra casa — assenti enquanto mirava meu olhar para o Kuma e o Love.

— Parece que os nossos filhos estão se dando bem.

— Verdade. O Kuma estava triste antes de sairmos — ela afirmou enquanto olhava para os cachorros.

Insisti em trazer o Kuma com a gente, pois faz parte do meu plano. Preciso daquela casa vazia, sem ninguém.

— O Love nem estava comendo direito. Agora ele comeu mais do que eu e o meu irmão juntos — ela riu.

— Você tem irmãos?

— Sim, eu tenho dois. Minnie e Bambam. Mas eles não moram aqui.

— Onde eles moram?

— Em Unionville.

— Aqui perto — assenti enquanto admirava a neve caindo, deixando um clima perfeito dentro do meu apartamento.

Meu apê era pintado em tons escuros e sem vida, porém satisfatório de se ver. Logo na entrada, você se deparava com um pequeno corredor na cor cinza-escuro, tendo a vista da sala-de-estar, sala-de-jantar e a cozinha.

Na sala, tinha o meu sofá preto e bem grande, que virava cama, uma mesinha de centro feita na cor preta e com vidro, tendo também um tapete cinza-claro, grande e bem felpudo debaixo do objeto retangular. Na parede ao lado do corredor onde dava para os quartos, e ao lado da janela grande que completava toda a parede do cômodo, tinha um rack cinza-escuro que servía de apoio para uma televisão de 80 polegadas. A parede atrás dos dois objetos, era na cor preta, sendo a única parede preta do cômodo.

Atrás do sofá, se localizava a mesa de jantar. Uma mesa grande, retangular, na cor preta e com vidro, tendo cerca de seis cadeiras pretas e com almofadas embutidas nas mesmas, nos dois lados da mesa.

Logo atrás da mesa, tinha a cozinha toda feita em tons escuros, tornando uma casa totalmente sombria, que traz uma sensação boa para ficar em dias de chuva ou neve.

Meu apartamento não era tão grande, porém dava para viver confortavelmente nele, sem reclamar e sem se sentir desconfortável.

— Jennie, você gosta mesmo do Kai?

— Por que a pergunta? É óbvio que eu gosto. Ele é meu namorado.

— Mas vocês não transmitem paixão como os outros casais. Parece que vocês estão juntos por obrigação, sabe?

Ela ficou em silêncio e olhou para a janela, tendo lágrimas em seus olhos, fazendo uma preocupação inevitável me atingir, e eu acabar me aproximando mais dela.

— Sabe, eu acho que só estamos juntos porque todos dizem que o capitão do time de futebol, e a capitã das líderes de torcida, deveriam ficar juntos e ser o rei e a rainha do baile. 

— Mas você não precisa fazer isso. Não é a sua obrigação.

— É. É a minha obrigação. Todos dizem que é a minha obrigação. Eu sou a capitã, se eu perder a minha reputação, eu perco a minha liderança.

Estiquei meu braço e virei seu rosto para mim, observando suas pupilas dilataram ao ter uma troca de olhares comigo. Tenho certeza que as minhas não se encontravam diferente.

— E se você namorasse com uma assassina e capitã do time de basquete? Será que perderia a sua reputação? Ou será que todos ficariam com medo de você e parariam de ficar reparando nas curvas do seu corpo.

— As pessoas reparam nas minhas curvas? — ela arqueou uma sobrancelha.

— Sim. Eu reparo os outros reparando nas suas curvas — aproximei mais meu rosto do dela, mirando meu olhar para a sua boca, indo em direção a ela.

— Entendi... Mas... você repara nas minhas curvas? — ela cochichou, paralizada e esperando até ver o que iria acontecer.

— Reparo — deixei a palavra escapar mais como um assopro, e não como um som.

— Como você repara se eu vivo de moletom?

— Eu reparo em você há anos, Jennie Kim. Sempre te observava estudar, se alongar, conversar com as suas amigas, andar... você que nunca reparou em mim.

— Por que sempre reparava em mim?

— Tem três anos que eu sou apaixonada por você, Jennie, só que você nunca percebeu.

— Por que está me contando isso agora? — ela se afastou um pouco.

— Porque eu não gosto de segredos. Sempre que posso, eu conto eles. Se forem meus, é claro. E, agora é o momento perfeito pra eu contar o meu segredo.

— Pra sua informação, eu só estou brigada com o Kai, não terminamos ainda. E, aliás, você não é a única que é apaixonada por mim.

— Eu sei. Mas eu quero ser a única que pode te tocar — levei minha mão direita para o seu quadril e a puxei mais para perto, fazendo a garota arquear um pouco as costas, e arfar ao receber o toque dos meus lábios em seu pescoço —, te beijar... — murmurei enquanto deixava longos e macios selares pelo o seu pescoço. Senti suas mãos no meu ombro, tentando me afastar, mas ao mesmo tempo, tentando fazer-me continuar com aquilo.

— Lalisa...

— Me chame de Lisa. Lalisa é muito formal — olhei em seus olhos, podendo ver que suas pupilas aumentaram ainda mais de tamanho. — Eu tenho um poder secreto sobre você, Kim. Suas pupilas estão dilatadas e seus pêlos arrepiados. Pode não significar nada pra você, mas pra mim significa muita coisa.

— Eu vou chamar um Uber — ela pegou o celular, porém eu o retirei de sua mão.

— Eu já disse que você não vai sair daqui. Olha só como está a situação lá fora — apontei para a janela e ela logo observou a neve caindo do céu. — Eu vou fazer o jantar, pode ir tomar um banho, se quiser. Tem quarto de hóspedes pra você se sentir mais confortável. Também tem ração pro Kuma, então pode ficar tranquila.

— Você tá me deixando desconfortável.

— Beleza. Eu concordo. Foi idiota da minha parte fazer isso. Me perdoa, ok? Prometo que não irei relar no seu corpo sem a sua permissão.

— Onde fica o banheiro?

— Me siga — guiei ela até o quarto de hóspedes, lá tem um banheiro. — Pode ficar aqui. Tem um banheiro naquela porta.

— Obrigada! — saí do quarto.

Fui até o meu quarto, peguei um conjunto de moletom na cor cinza-clara, e levei para a Jennie vestir.

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