-35-

Assim que fechei a porta do meu apartamento, percebi que Kuma e Love estavam dormindo um do lado do outro. Olhei todo o local, lembrando de todos os momentos que eu e Jennie tivemos juntas. Aproximei-me da mesa de jantar.

Flashback 1

— Parece que os nossos filhos estão se dando bem.

— Verdade. O Kuma estava triste antes de sairmos — Jennie afirmou enquanto olhava para os cachorros.

— O Love nem estava comendo direito. Agora ele comeu mais do que eu e o meu irmão juntos — eu disse e ela riu.

Flashback 1

Sentei-me na cadeira, e recordei de mais momentos que tivemos juntas.

Flashback 2

— Você não comeu nada, nem no lanche, nem no intervalo. É melhor você comer. Caso o contrário...

— "Caso o contrário" o quê? — ela me provocou enquanto tinha um sorriso sínico nos lábios.

— Eu vou ser obrigada a fazer aviãozinho pra você. Isso é péssimo, não é?

— Eu não quero.

— Fala em tailandês e eu não insisto mais.

— Como fala isso em tailandês?

— Mai ao — a pronúncia fica "meao", é como se você estivesse miando.

— Mai ao.

— Olha só, uma gata miando — ela deu um leve tapa no meu ombro e começou a sorrir abertamente, fazendo os meus lábios se curvarem em um fofo sorriso singelo, enquanto um brilho imenso atingia o meu olhar.

— Sua idiota.

— Fala que não está com fome, então. Antes que me pergunte, em tailandês significa "ao".

— Ao.

— Abre a boca — levei a colher até a sua boca. — Mastiga, Jennie.

Ajudei-a a mastigar, já que ela não faria isso por conta própria.

— Por que me deu a comida? Eu disse que não queria.

— "Ao" significa "quero". Eu menti pra você.

— Não creio.

— Pois comece a crer.

— Meu Deus, Lisa. Para de ser idiota — ela sorriu enquanto me via levar mais uma colherada até a sua boca.

Flashback 2

Peguei-me sorrindo ao lembrar de nós duas juntas, como um casal de namoradas. Olhei em volta, e resolvi ir pegar alguma coisa na cozinha.

— Alexa, coloca uma música pra me alegrar.

— Entendido. Aqui vai uma das músicas preferidas de Manopau.

Jungkook, seu filho da puta! Ele trocou o meu nome. Eu sabia que não deveria confiar nesse retardado.

De repente, a melodia de "Friends" começou a ecoar pelo o ambiente. Pisquei lentamente, olhando para a pequena caixa de som.

— Vadia...

Abri a geladeira e peguei uma água, em seguida, encostei-me no balcão e observei a cozinha inteira, tendo outro flashback.

Flashback 3

— Eu quase me engasguei com essa porcaria, tua vagabunda. Eu poderia ter me queimado — eu ri enquanto escutava o sermão dela. — Eu não vou limpar isso. Você que se vire.

— Eu vou limpar, relaxa, Kennie Jim — disse alto, pois eu estava indo em direção a lavanderia.

— Meu nome não é Kennie Jim — ela gritou.

— Foda-se — disse enquanto voltava com um Mop Esfregão e um produto de limpeza para tirar o cheiro doce e forte do café.

— Eu te odeio, sabia?

— Não.

— Agora tá sabendo.

— Se serve de consolo, eu te amo.

— Por que serviría de consolo?

— Boa pergunta. Eu não sei, só falei — dei de ombros e ela riu, fazendo com que eu risse também.

Flashback 3

Andei até a sala, tendo mais um monte de Flashback. Agachei-me até ficar perto do Kuma e do Love, e disse:

— Kuma, a sua mãe tá morando na minha mente. Fala pra ela voltar pra casa. No caso, o meu coração... Não que eu não goste dela, pelo o contrário, mas eu acho que ela perdeu as chaves da sala vip, e agora está com todas as outras pessoas próximas da minha vida.

Ele latiu, como se estivesse afirmando.

— Love, a mamãe tá lembrando da Jennie quando eu olho pra qualquer lugar — suspirei, acariciando os pelos dos dois. — Vocês acham que eu devo conversar com a Jennie agora ou deixar a poeira baixar?

— Conversa com ela — assustei-me e acabei perdendo o equilíbrio e caindo sentada, porém não doeu tanto, já que eu estava agachada.

— Ah, mas que merda, caralho. Qual foi, Rosé? Como entrou aqui?

— A Jennie me disse onde você esconde a chave, e bom, o seu porteiro não tava na portaria, então foi fácil entrar — ela se aproximou de mim, ajudando-me a levantar.

— Aconteceu alguma coisa a Jennie?

— Sim — arregalei os olhos e a encarei preocupada. A garota me puxou até o sofá e fez eu me sentar ali, sentando-se logo em seguida. — O Jungkook falou o que todo mundo queria falar pra Jennie. Ele mandou a real mesmo.

— Como assim?

— Ele fez a Jennie enxergar que se não fosse por você, ela estaria morta. A Jennie tá chorando até agora porque tá arrependida de ter falado tudo o que falou pra você. Eu nunca vi aquela garota chorar tanto como ela tá chorando agora.

— Eu vou matar o Jungkook.

— Não, você não vai. Ele só falou aquilo, porque não aguenta mais ver você chorando por ela. Lisa, eu sou a melhor amiga da Jennie, mas se ela continuar te fazendo chorar, continuar falando palavras que te deixam mal, se afasta dela. Se afasta porque ela não merece alguém como você. A Jennie do passado era uma puta egoísta, ela ainda é, mas tá tentando melhorar isso.

— Como assim?

— Eu conheço a Jennie há quatro anos, e eu vou te falar uma coisa. A Jennie não é flor que se cheire, não, tá. Esse jeitinho meigo e fofo dela, só serve pra esconder a verdadeira identidade. No começo, era ela quem perturbava a Somi, quando estávamos no nono ano, sabe?

— Mas a Jennie não seria capaz...

— Sim. Ela é. E se ela quiser, ela pode simplesmente te matar. Quando a Jennie era criança, ela fez a mãe dela perder um bebê, só porque não queria perder o posto de filha de preferida. Mas agora, ela tá tentando mudar. Depois que começamos o ensino médio, a Jennie prometeu pra sí mesma que iria mudar, e ela tá conseguindo. Eu só tô te avisando isso, porque você precisa conhecer a pessoa com quem você está mexendo. E quer saber de uma coisa? A Jennie teria matado todos que um dia ousou entrar no caminho dela, mas não matou porque ela mudou.

— Rosé, você está falando a verdade?

— Sim, Lisa. Como você nunca percebeu?

— Mas a Somi fez...

— Sim, a Somi fez tudo o que ela fez por vingança, pois a Jennie do passado, já fez mil vezes pior. A Jennie do ensino fundamental, já perturbou o grupinho todo da Somi, daí no ensino médio, elas resolveram se vingar. Só que parece que o mundo ficou contra a Jennie, já que até a família dela resolveu se vingar da garota. Esses últimos três anos foram os piores da vida dela.

— Ela mudou?

— Mudou. Ela aguentou tudo calada e não levantou a mão pra ninguém. E se ela aguentou, você também aguenta. Ela me contou que vai morar em Busan. Vai com ela e tenham uma família, uma vida. Recomecem tudo do zero, ok? Vão lá e recomecem.

— Eu também quero mudar. Eu quero mudar por ela.

— Você quer mudar por você, não por ela. Você quer e vai conseguir mudar. Agora vai tomar um banho, te esperarei aqui para irmos até o hospital.

— Tá bom. Eu não demoro.

Tomei um banho rápido, logo colocando a primeira roupa que vi no meu guarda-roupa. Passei um perfume e saí do quarto, vendo Rosé brincando com os cachorros.

— Vamos? — perguntei, e ela logo assentiu, se levantando e pegando seu casaco. — Ela não tá puta comigo, né?

— Não. Ela não está. Pelo o contrário, ela não para de falar: A Lisa nunca vai me perdoar.

— Sério? Mas quem tem que me perdoar é ela.

— Ninguém tem que perdoar ninguém aqui, ok? Vamos logo — Rosé me puxou.

Assim que abri a porta, me deparei com dois homens fardados com o uniforme da polícia. Minha barriga gelou e uma fita de suor desceu pelo o meu rosto.

— Lalisa Manobal? — assenti, os encarando com um pouco de medo. — Nos acompanhe — um dos policiais me algemou, me guiando até o lado de fora.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top