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Depois que as meninas saíram, eu e Jungkook fomos para o galpão — onde mantemos pessoas em cativeiro e onde fica o meu escritório — para armar um plano para acabar de uma vez por todas com todas as pessoas que fazem mal a Jennie.

— Quem já morreu da lista?

— O Lee Yeongsu e a Im Nayeon — Jungkook respondeu enquanto marcava um "x" nas fotos deles, que estavam penduradas no quadro de "suspeitos".

— Chegamos. O que tá pegando? — Minnie entrou dentro do meu escritório ao lado de Bambam, logo se jogando no sofá de couro na cor marrom, que tinha no local. Bambam escorou suas nádegas na minha mesa, ficando ao meu lado e apoiando suas mãos no objeto amadeirado.

— Lista de assassinatos. Falta muita gente ainda. Será que você pode falar pra Jennie parar de fazer inimigo? — Jungkook disse e eu sorri.

— É mais fácil matar todo mundo — Bambam disse enquanto observava o quadro.

— Vamos pro que interessa — Minnie se sentou corretamente, inclinando seu tronco para frente, enquanto deixava suas pernas afastadas uma da outra, entrelaçando suas mãos no meio delas. — Quem vamos matar dessa vez?

— Jeon Somi — Jungkook me olhou com os olhos arregalados, porém logo suspirou tranquilamente enquanto sorria.

— Que susto! Pensei que era eu — ele disse e nós rimos.

— Lisa, temos que esperar um pouco, não acha? Tipo, acabamos de matar duas pessoas seguidas, na mesma semana. Não acha que vão desconfiar?

— O Bambam tem razão. Temos que armar outro plano. Talvez... fazer ela se suicidar? — Minnie sugeriu enquanto cruzava suas pernas e encostava suas costas no sofá, cruzando os braços também.

— E se... Lisa, eu tive uma ideia — Jungkook disse e todos nós prestamos atenção nele. — E se a gente ameaçasse a Jennie?   

— Como assim? — cruzei meus braços, levando a minha mão direita até o meu queixo e encarando o garoto com o cenho franzido.

— Quando a gente tava vindo pra cá, você comentou sobre a puta da mãe da Jennie, certo? — assenti. — E se a gente "sequestrar" — ele fez aspas — a Kim Haeun e deixar um bilhete ameaçando a Jennie? Se a gente fizer isso, você poderá se unir junto com a polícia e ajudar a procurar os responsáveis. Assim, você não será uma suspeita.

— Jk, não faz sentindo — Bambam disse.

— Faz sim. Se não deixarmos rastros, eu acho que conseguimos matar a Kim Haeun e não ser pegos — Minnie se levantou e foi até o quadro que estava pregado na parede. — Vejamos — ela pegou uma caneta vermelha e segurou ela perto de seus lábios, que estavam pintados por um batom vermelho-claro. Logo ela começou a traçar uma linha entre todas as fotos. — Sequestraremos a Kim Haeun, manteremos ela em cativeiro por um tempo, após isso, mataremos ela.

— Não. Vamos sequestrar o namoradinho dela antes de mata-la. Vamos torturar os dois e depois mata-los.

— Ok, chefa — Minnie anotou algo em qualquer post-it que ela encontrou, e colou entre a foto do casal. — Eu tenho um plano, mas vou precisar da sua ajuda, Lisa. 

— Qual é o plano?

— A Jennie tem a chave da casa dela?

— Eu não sei. Ela deve ter deixado pra trás, mas por quê?

— Iremos invadi-la pela madrugada e sequestrar-la enquanto ela estiver dormindo.

— Motivo?

— De noite é melhor. Quase ninguém consegue nos ver e a maioria das pessoas estarão dormindo. Ela mora sozinha?

— Eu não sei. Não sei se ela mora com o namorado ou não — dei de ombros e a Minnie bufou.

— Você não serve pra nada mesmo. Eu vou investigar sobre a rotina dela sozinha mesmo.

— Lisa, por que você quer matar a mãe da Jennie? — Bambam perguntou com o cenho franzido, fazendo todos me olharam atentamente.

— Digamos que... Aquela vagabunda é igual o pai da Jennie. Uma filha da puta do caralho. E aquele namoradinho dela tentou me dar um soco.

— A Kim Haeun estupra a Jennie?

— Não, Jungkook.

— O que ela fez pra você querer matar ela? — Minnie cruzou os braços.

— Tomou o último anticoncepcional da Jennie.

— E o que tem? — Bambam perguntou, dando de ombros.

— A Jennie pode estar grávida com 17 anos.

— O mês que vem ela faz 18 anos — Jungkook disse e meus irmãos assentiram.

Todos nós sabemos demais da vida da Jennie. Eu venho matando pessoas que fazem mal para ela desde que eu a conheci, mas sempre foi fazendo a pessoa se suicidar, eu nunca sujei e nem vou sujar minhas mãos para matar alguém. Na base da chantagem, nós conseguimos fazer qualquer pessoa de mal-caráter se matar num piscar de olhos.

— Ela é muito nova pra ser mãe — disse.

— Calma aí. Ela namora com o Kai, né?

— A Jennie não transou com o Kai, Minnie.

— Menos mal. Imagina só: a Jennie e o Kai tendo um filho. Coitada da criança — ela disse rindo, porém logo fechou a cara e me olhou com o cenho franzido. — Se não foi com o Kai, com quem a Jennie transou, então?

— Comigo.

Bambam arregalou os olhos e ficou boquiaberto, enquanto me encarava, surpreso. Jungkook se engasgou com a água e cuspiu na Minnie, o que fez a garota entreabrir a boca e fechar os olhos. Eu e Bambam seguramos o riso quando isso aconteceu.

— Jeon Jungkook... eu não acredito que você fez isso — o garoto estava paralisado, sem acreditar no que havia feito. — Acho que dá pra adicionar mais uma foto nessa merda de quadro, né? — ela sorriu, sínica, para o Kookie, o que fez o garoto engolir seco. — Eu vou te matar, Jeon... É melhor você correr — ela pegou uma tesoura e encarou Jungkook por cima do ombro.

Em menos de três segundos, ambos estavam correndo pelo o balcão. Só conseguíamos ouvir os gritos do Jungkook pedindo socorro.

— Como vai a vida? — Bambam perguntou, mudando o assunto completamente.

— Vai bem.

— Mamãe, né? — seus lábios se formaram em um sorriso singelo, enquanto ele semicerrava os olhos, fazendo-me sorrir de orelha a orelha. — Eu vou ser tio?

— Não é nada certo ainda. Se quiser se iludir, se iluda, mas depois não vem dizer que eu não avisei.

— Claro, mamãe.

— Me chama de mamãe de novo e eu te mato — num ato repentino, eu segurei com força o seu pescoço, fazendo ele murchar o sorriso e engolir seco.

Meu celular começou a tocar em cima da mesa, percebi que era a Jennie e logo soltei o garoto e peguei o meu celular.

— Tchau, Kunpimook — o olhei por cima do ombro, vendo que o garoto ainda tinha uma expressão pálida. Sorri e saí do local, indo até o meu carro.

Passei no meio do galpão e percebi que Minnie estava em cima do Jungkook, enforcando o garoto. Até pensei em ajudar, mas ele já é grandinho.

— Se forem se comer, usem camisinha — gritei enquanto saía do local.

— Eu vou comer outra coisa hoje à noite, já o Jungkook, eu não tenho certeza — Minnie gritou, ameaçando o garoto.

— FALA PRA MIYEON SE PREPARAR PORQUE ELA VAI VOLTAR PRA CASA MANCA, ENTÃO — gritei, já do lado de fora do galpão.

— CALA A BOCA, SUA PUTA — ela gritou muito alto, fazendo-me rir enquanto abria a porta do meu veículo.

Entrei dentro do carro e atendi a ligação da Jennie, escutando Rosé e Jisoo discutirem sobre Hello Kitty e Picachu.

— O Picachu é muito melhor que a Hello Kitty — Rosé disse.

— Mentira. Cala a sua boca, Roseanne — Jisoo gritou e eu dei uma leve risada.

Franzi o cenho enquanto escutava Jennie dar uma bronca nelas.

— Está tudo bem? — perguntei.

— Sim. Só liguei pra te avisar que vou demorar pra ir embora.

— Por quê?

— Estamos... numa festa.

— Ah, ok. Eu espero você, não tem problema.

— Tá bom. Tchau, Lis — ela desligou, permitindo-me soltar um longo suspiro, enquanto batia o celular, levemente, na minha mão. Taquei-o no outro banco e liguei o carro.

Assim que liguei o rádio, automaticamente já conectou com o Bluetooth do meu celular, começando a tocar "Daddy Issues" logo em seguida. Coloquei o cinto e destravei o freio de mão, observando a mensagem que Jennie tinha mandado, dizendo que iria voltar com a mãe da Jisoo e eu não precisava me preocupar.

Apenas ignorei e comecei a dirigir em direção ao cemitério. Hoje é aniversário da minha mãe e, bom, eu sempre vou lá deixar um buquê com as flores preferidas dela. Meus irmãos não sabem que eu a visito, e pretendo esconder deles até eu morrer.

Passei em uma floricultura e comprei um buquê de rosas perfumadas. Não demorou muito para que eu chegasse até o cemitério. Saí do carro com o buquê em mãos, caminhando até o túmulo da minha mãe.

— Oi, mamãe... Feliz aniversário — sussurrei assim que fiquei em frente ao túmulo, tendo meus cabelos voando por conta do vento gélido, que balançava as árvores e causava arrepios no meu corpo. — Eu trouxe um presente. Suas flores favoritas — agachei-me e coloquei o buquê ao lado do seu túmulo, continuando naquela posição, encarando sua foto. — Eu sinto sua falta... — lágrimas escorreram dos meus olhos, me tornando frágil e emotiva. O vento frio secava a água que traçava um caminho pela as minhas bochechas. — Me desculpa por ter nascido... Se eu não tivesse nascido, talvez você estivesse aqui, dando o amor que os meus irmãos precisaram desde que nasceram — fiquei em silêncio. — Lembra da Jennie? Aquela garota que eu sempre falava pra você quando eu vinha visitar a senhora? Então, ela vai ser mãe... e eu também. Você vai ser vovó, mamãe... Na verdade, não é certeza de que ela esteja grávida, mas eu já tô me iludindo muito — a minha risada se misturou com as lágrimas, fazendo a dor tomar conta de uma grande parte do meu peito. — Eu queria que você estivesse aqui... pra que eu pudesse te contar sobre a Jennie, quando você penteasse o meu cabelo, rindo das minhas piadas sem graça. Me desculpa... Eu sei que sempre peço isso quando venho te visitar, mas eu nunca vou me perdoar por ter feito você morrer, mamãe... Eu te amo, tá bom? — com um silêncio sendo a resposta mais sincera que eu já recebi, me levantei e mirei meu olhar para uma família, que estava chorando enquanto enterrava alguém.

Aproximei-me do local, e avistei o corpo da Nayeon. Algo ruim consumiu o meu peito quando eu vi toda a família dela chorando. Eu já havia sentido a dor deles... Ver aquilo, só me fez repensar: eu vou ser mãe, não posso continuar matando pessoas só porque fizeram mal a Jennie.

***

Já estava de noite, quando a campainha tocou. Com certeza era a Jennie, já que o porteiro não avisou que tinha alguém subindo.

Levantei-me para abrir a porta, logo podendo ver uma garota sorridente entrar dentro do apartamento, com uma certa dificuldade em andar numa única direção. Fechei a porta e encarei a garota que estava tirando seus sapatos, ela estava diferente. Sua postura estava diferente.

— Me desculpa... Eu não resisti e tive que beber um pouco. Sabe, só pra esfriar a cabeça — sua voz saiu confusa, arrastada, desarticulada, e bem mais alta do que o normal. — Você não tá brava comigo, né, Lis? — ela virou para mim, caindo em meus braços logo em seguida, desmaiando por conta da tontura que ela sentiu ao fazer aquele movimento bruto.

Eu estava em choque, porém consegui arranjar forças o suficiente para leva-la até o sofá. O corpo dela estava todo mole, a risada em sua fala era contínua. Ela estava completamente embriagada.

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