-21-

Ajudei Jennie a arrumar suas coisas para sairmos dali. Já encontrei a minha próxima vítima... Kim Haeun, você acabou de entrar no meu Death Note. Será que toda a família da Jennie é filha da puta?

— Você tem alguém da sua família pra ficar? Talvez seus avós — perguntei enquanto colocava suas maquiagens em uma bolsa própria para isso.

— Não. Eu não tenho ninguém. Vou ficar na casa da Jisoo. Acabei de mandar mensagem pra ela e a mãe dela deixou.

— Você pode ficar no meu apartamento. Eu não me importaria de ter um pouco de cor naquele lugar — ela me encarou com o cenho franzido, demonstrando confusão pelo o que falei. — O que foi?

— Cor?

— Sim. Você coloriu a minha vida no momento em que você foi tirar satisfação comigo porque eu ficava te secando de longe — ela riu enquanto balança a cabeça, voltando a se concentrar em suas roupas.

— Não precisa fazer isso. Não quero arranjar problemas pra você. Você sabe que se o Kai descobrir...

— Foda-se o Kai — cortei sua fala enquanto me aproximava dela. Não demorou para que ficássemos frente à frente, em silêncio enquanto nos encarávamos olho no olho, observando os brilhos que consumia o seu olhar de gato, tendo um relance quando ela o mirou para os meus lábios carnudos, fazendo-me ficar um pouco nervosa com isso. — Se ele tentar alguma coisa contra você, eu mato ele.

— Por que você fala tanto em morte?

— É o meu jeito de demonstrar o amor que eu sinto por você. Falar que eu irei matar todos que te fizerem mal, já virou rotina — disse, com a voz mais grossa e baixa do que normal, enquanto percebia seu olhar triângulo em mim.

— Se você me ama, por que transou comigo sem camisinha?

— Porque você me obrigou, lembra? Você tecnicamente me ameaçou, Jen. E, eu quero que saiba que eu não irei te abandonar se você engravidar. Se me quiser longe de você, tudo bem, eu fico. Mas... longe do meu filho eu não vou ficar. Irei te ajudar em tudo que precisar, não irei te abandonar, fique tranquila, Jen...

— Eu ainda não entendo o motivo de todos terem medo de você.

— Eles não estão acostumados em ver alguém com a postura e o semblante tão confiante como eu. Desde criança eu sou assim, nunca tive medo de encarar seriamente pra alguém, mesmo sabendo que eu poderia apanhar feio com isso.

— Você é bem... — a palavra pareceu fugir do seu vocabulário.

— Idiota?

— Perfeita... — suas pupilas dilataram, e quando percebi, seus lábios estavam nos meus, juntando-os em um beijo demorado e cheio de carícias e respeito. Jennie estava na ponta do pé, segurando levemente os seus próprios dedos da mão, enquanto eu acariciava sua bochecha com o meu polegar, apenas aproveitando aquele rápido e simples beijo, sem aprofunda-lo em momento algum, deixando que ele continuasse apenas em um selinho demorado e repleto de paixão por ambas as partes.

— Continue me beijando repentinamente e eu vou achar que está apaixonada por mim — sussurrei próximo aos seus lábios assim que nos afastamos um pouco.

— E se eu estiver?

— A gente casa.

— Idiota — ela riu enquanto voltava a arrumar as suas malas.

***

— Jen — ela me olhou assim que entrou no carro. Ainda estávamos do lado de fora de sua antiga casa. Eu estava com as minhas mãos sobre a minha coxa, olhando atentamente para a garota, que segurava seu choro como se sua vida dependesse daquilo —, tem ginecologista livre hoje?

— Não. Eles só trabalham de segunda à sexta.

Pensei em algo para que ela não engravidasse, porém estava difícil. Tudo o que eu pensava, tinha haver com aborto, e aborto não é uma boa. Eu sou contra o aborto, não é justo você acabar com uma vida da noite para o dia. Anticoncepcional é uma coisa, agora o aborto é outra completamente diferente.

— Pílula do dia seguinte. Vamos passar em uma farmácia e comprar pra...

— Eu sou alérgica — ela me cortou no meio da minha fala, mirando para a estrada meio molhada por conta da neve que estava derretendo aos poucos.

— Como existe alguém alérgica a pílula do dia seguinte? Ela não é a mesma coisa de anticoncepcional?

— Não. Não é a mesma coisa. Você deve ter faltado na aula de educação sexual e ciências. Ou melhor, você estudou ciências mesmo, Lisa? — ela perguntou, cinicamente, enquanto cruzava os braços e me olhava novamente.

— Calma. Eu não sabia que era possível alguém ser alérgica a pílula do dia seguinte.

— Do mesmo jeito que existem pessoas que são alérgicas a lactose, existem pessoas que são alérgicas a pílula do dia seguinte.

— Podemos ir ao ginecologista amanhã.

— Não dá. A agenda deles estão cheias.

— Como você sabe?

— A semana passada eu fui marcar um horário e só tinha pra segunda-feira que vem.

— Então vai segunda-feira e peça a receita do anticoncepcional — dei de ombros e ela bufou, enquanto revirava os olhos, demonstrando estar nervosa comigo.

— Você é burra, garota? — ela perguntou, em um volume um pouco alto. — Provavelmente vai ser muito tarde pra isso, porra.

Eu estava assustada em ver Jennie tão irritada, tanto que a garota se desculpou ao gritar comigo.

— Demora de cinco a sete dias pra que todos os processos sejam feitos e eu engravide. Soma pra saber quando é daqui a sete dias.

— Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, do... — contei nos dedos, logo levando o meu olhar pra ela. — Olha, talvez possa ter um atraso e você não engravide.

— Lisa, eu acho que você não tá entendendo muito bem. Eu posso ter muitos problemas nessa gravidez. Como por exemplo: pré-eclâmpsia ou até mesmo diabetes gestacional. É por isso que eu estou nesse estado.

— O que seria isso? — perguntei, vendo ela suspirar pesadamente enquanto buscava paciência para me explicar.

— Vou resumir o que elas podem me causar, tô sem paciência pra explicar — assenti enquanto olhava para ela atentamente. — A pré-eclâmpsia pode me causar: problemas na visão, inchaço repentino, dor abdominal superior, entre mais outras coisas que eu esqueci — ela contou nos dedos enquanto me encarava nos olhos. — Resumindo: ela pode afetar vários órgãos, principalmente, o meu fígado.

— E a outra?

— Não precisa se preocupar. As chances de eu ter diabetes gestacional é muito baixa. Agora pré-eclâmpsia... eu já não digo o mesmo — ela baixou o olhar e mirou suas mãos, brincando uma com outra. — Como essa pode ser a minha primeira gravidez, eu tenho muito risco de ter pré-eclâmpsia.

— É muito grave? Você corre risco de morte?

— Sim e não. É bem grave na verdade, porém eu não corro risco de morte. Mas, se eu não procurar ajuda pra lidar com isso, eu posso ter danos fatais nos meus órgãos e na minha saúde. Mas fique tranquila, se eu procurar ajuda, isso não vai afetar a saúde do bebê.

— Menos mal. Porém... você vai sofrer, né?

— Bem provavelmente que sim.

— Já pensou em aborto?

— Já e não irei fazer isso. Além de trazer mais riscos para a minha próxima gravidez, ainda é crime e assassinato, apesar de tudo.

— Que bom que não vai fazer isso. Eu sou contra o aborto.

— Eu também sou.

Sou contra assassinato de crianças, agora de pessoas vagabundas, eu quero mesmo é que queime nas chamas do inferno.

***

Ajudei Jennie a arrumar o quarto de hóspedes para que ela pudesse ficar. A garota foi tomar um banho quente, e enquanto isso, eu fui fazer uma ligação para a minha irmã.

Entrei no meu quarto e disquei o número dela, não me surpreendendo quando ela atendeu e eu já pude ouvir Bambam gritando por conta de um jogo qualquer.

— Do que precisa, nong?

— Fez o que te pedi?

— Com certeza. Provavelmente, amanhã não terá aula e a escola será interditada — sorri ao ouvi-la.

— Deixou rastros? Alguém viu o seu rosto?

— Não e não. Não tiramos a máscara e também não deixei rastros. Queimei tudo o que poderia ser uma pista, usei luvas na hora de matar e saí enquanto todos estavam tirando suas máscaras.

— Boa, garota! Espera. Você queimou?

— Sim. Eu queimei lá no galpão, relaxa.

— Ah, tá. Menos mal — suspirei aliviada. — Alguém viu vocês indo até o galpão ou tirando as fantasias?

— Não, chefa. Você sabe que eu somos especialistas nisso. Tiramos as nossas fantasias em uma das cabines do banheiro feminino, onde não tem câmeras, colocamos na mochila e pulamos a janela. E antes que pergunte, não. Não tinha câmera atrás da escola. Eu e Bambam revisamos tudo antes de executar o plano.

— Vocês estavam fantasiados do quê?

— De pânico. Fomos assim porque não mostrava se era uma mulher ou um homem.

— Vocês foram bem mais inteligentes do que eu pensei. Com a máscara realmente não deu pra ver vocês.

— Óbvio que foi inteligente, eu que tive a ideia.

— Minnie, onde vocês compraram? Você esqueceu desse detalhe, inteligente.

— Lalisa, há cinco anos atrás, eu comprei quase uma loja inteira de fantasias de terror pra vender, lembra?

— Sim. Você se apegou e não vendeu nenhuma das fantasias.

— Pensa um pouco.

— Ah, tá. Aquela loja fechou, né?

— Exatamente.

— Ok. Vocês merecem os meus parabéns. Tenho mais uma missão pra vocês.

— LISAAA, CADÊ O MEU CELULAR? — Jennie me gritou da sala, assustei-me e acabei dando um grito meio baixo.

— Conversamos depois. Tchau, phi.

— Espera. Eu quero saber quem é essa-

Desliguei antes que ela terminasse a frase.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top