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Após a conversa que tive com Lalisa, fiquei paralisada no mesmo local em que conversamos, apenas raciocinando o que tinha acabado de acontecer.
Como aquela garota sabe o meu nome inteiro? Eu sou conhecida como Jennie Kim, somente.
Avistei minhas duas melhores amigas chegando na entrada da escola com suas bicicletas. Ambas estacionaram suas bicicletas uma do lado da outra e, por fim, caminharam sorridentes até mim e de mãos dadas.
— Bom dia, Nini! — desejou Jisoo enquanto colocava sua mão no bolso do seu moletom, levando a mão de Rosé junto.
— Que cara é essa, amiga? — perguntou Rosé enquanto mudava seu semblante alegre para preocupado, sendo acompanhada por Jisoo.
— Eu acabei de falar com a Lalisa — ambas arregalaram os olhos. — Ela disse com as próprias palavras que realmente é uma assassina.
— É melhor a gente ficar longe dela, nesse caso. O que eu mais quero é distância desse tipo de gente, Nini — Jisoo disse e Rosé assentiu.
Jisoo estava usando um moletom rosa-claro, ele tinha "Hello Kitty" escrito no centro da roupa; na parte de baixo, ela estava vestindo as mesmas roupas que eu: uma saia curta na cor preta e uma meia preta um pouco acima do joelho. Seus pés estavam usando um tênis preto, sem nenhum detalhe, apenas um sapato casualmente bonito e charmoso.
Rosé estava usando um moletom verde-escuro da marca New York Yankees que, no centro, estava escrito "New York" na cor branca e em uma fonte chamativa; suas pernas estavam cobertas por uma calça cargo branca, e seus pés estavam calçando o mesmo tênis branco e verde de sempre.
— Vamos pra aula? — perguntei e o casal assentiu.
Rosé e Jisoo namoram há dois anos. Somos amigas há quatro anos, ou seja, nada mudou entre nós, tirando a parte em que eu tenho que aguentar as duas se comerem na minha frente, continua tudo do mesmo jeito.
Começamos a caminhar em direção a escola, conversando sobre coisas aleatórias que, se algum estranho escutasse sobre o que conversávamos, nós iriamos ser presas. processadas e ainda mortas.
— Eu tenho aula de história agora — disse assim que adentramos no colégio.
— A nossa primeira aula é livre. Bye, bye, Nini — disse Jisoo enquanto fazia seu drama. Rosé e eu nos entre-olhamos e rimos da morena viciada em Hello Kitty.
— Tchau, Hello Kitty — abracei a minha amiga que fingia estar chorando. — Tchau, sapatão — acenei para Rosé que me retribuiu o aceno.
Afastei-me delas, indo em direção ao meu armário para pegar o meu material da aula de história. Após isso, caminhei até a sala de aula com meus livros e cadernos na mão.
Eu atravessava o corredor movimentado da escola quando avistei o Kai — o meu namorado — parado perto da minha sala de aula e de braços cruzados. Meu coração deu um salto de alegria ao vê-lo ali, porém, ao me aproximar, notei a expressão confusa em seu rosto.
— Oi, amor — cumprimentei-o sorrindo ao me aproximar dele, sentindo um leve aperto no peito diante da expressão intrigada do mesmo. — O que foi?
Kai me olhou com um misto de curiosidade e cautela e disse:
— Vi você conversando com a garota estranha agora há pouco. O que ela queria?
Senti um arrepio ao ouvir aquilo. Eu sabia imediatamente de quem Kai estava falando, mas não quero preocupa-lo com o que Lalisa disse para mim.
— Ah, ela só precisava de informações sobre a aula.
— Amor, ela parecia... sei lá, meio obcecada. O olhar dela pra você estava sedento. Você a conhece?
Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas.
— É... Ela... ela é só uma colega nova. Não se preocupe com isso, tá bom?
Kai me estudou por um momento, claramente não convencido com a minha explicação, mas assentiu mesmo assim.
— Tudo bem. Eu confio em você — ele descruzou os braços.
Abracei ele, grata pela a sua confiança.
Despedi-me dele e adentrei na sala de aula, encontrando Lalisa sentada justamente na mesa em que eu me sento. Bufei e revirei os olhos antes de me aproximar da garota que estava concentrada em algum livro que lia.
— O que você tá fazendo aqui? — perguntei assim que cheguei perto da mesa.
Seu olhar frio e morto caiu sob mim, me causando um leve arrepio de medo e nervosismo, trazendo consigo a falta de confiança que me deixou sem forças para encara-la firmemente.
— Estudando?!
— Você não fazia história neste horário, até onde eu sei.
— Agora eu faço.
— De qualquer forma, pode trocar de lugar, ok? — dei-lhe um rápido sorriso singelo e cínico antes de me sentar no canto da parede.
A mesa era de duplas, cada uma tinha duas cadeiras. Se ela ficasse aqui, eu teria que fazer todos os trabalhos e provas em duplas com ela.
— Só tem esse lugar aqui, Kim. Infelizmente, terei que ficar do lado de uma pessoa — ela respondeu enquanto voltava a se concentrar em seu livro.
— Não é como se eu também gostasse de ficar do seu lado. Vamos fazer assim, eu não falo com você e você não fala comigo. Fechado? — estendi minha mão. A garota encarou-a e logo voltou a atenção para o seu livro, deixando-me no vácuo e sem respostas.
Bufei e tombei minha cabeça para trás, encostando-a na parede e encarando a garota. Meu corpo estava virado para a Lalisa, ou seja, eu conseguia ver perfeitamente seu rosto bem desenhado e seus traços asiáticos.
***
São duas aulas seguidas de história, e nada me tira da cabeça que tenho uma assassina sentada ao meu lado.
Lalisa estava concentrada em seu caderno, rabiscando algumas anotações enquanto a aula transcorria. Eu também me ocupava com minhas próprias tarefas da aula. Num movimento descuidado, Lalisa ergueu rapidamente o caderno, deixando à mostra sua capa peculiar. Eu não pude evitar de ver o nome 'Death Note' na capa.
Meus olhos se arregalaram diante da descoberta. Antes que eu pudesse disfarçar, Lalisa fixou seu olhar em mim com uma expressão perturbadora, mantendo um tom tranquilo, quase gélido, enquanto dizia:
— É pra escrever o nome de todos que machucarem você — ela continuou mantendo sua expressão séria e fria, um tom quase psicótico em sua voz.
Engoli em seco, surpresa com a situação. Eu não sabia se deveria acreditar nas palavras dela ou se era apenas uma brincadeira estranha. Mas algo na intensidade do olhar dela me fez estremecer.
Antes que eu pudesse formular uma resposta, o professor começou a explicação da atividade, e a sala de aula retomou seu rumo normal, mas eu não conseguia tirar da mente aquela troca de olhares perturbadora com Lalisa e o caderno misterioso em suas mãos.
***
Depois de quase duas horas, a aula de história finalmente acabou e agora é hora do lanche.
Arrumei meu material e preparei-me para ir até a cantina me encontrar com as minhas amigas.
Eu sentia o meu coração acelerado enquanto me aproximava de Jisoo e Rosé, que se encontravam sentadas na cantina. Eu precisava contar a elas o que tinha acontecido na sala de aula com Lalisa e o seu caderno amedrontador e suspeito.
— Meninas — sentei-me no banco em frente as duas e coloquei a minha bandeija de comida sobre a mesa —, preciso contar algo que acabou de acontecer... — disse, com a voz um pouco trêmula.
Jisoo e Rosé me olharam, percebendo imediatamente que algo estava errado comigo. Eu tinha minhas mãos tremendo e um semblante medroso junto a mim.
— O que foi, Jennie? Você parece nervosa — disse Rosé, com uma expressão preocupada.
Respirando fundo, eu descrevi a situação na sala de aula, como vi o caderno de Lalisa, percebi que era um Death Note e como ela me encarou, fazendo aquela afirmação perturbadora sobre escrever o nome de quem me machucassem.
Jisoo e Rosé ficaram chocadas.
— O quê? Um Death Note? Isso é sério? — perguntou Jisoo, com os olhos arregalados.
Assenti, tentando acalmar os meus nervos.
— Sim, foi assustador. Não sei se ela estava brincando ou falando sério, mas aquilo me deixou bastante apreensiva.
Rosé colocou a mão sobre minha que estava largada na mesa.
— Vamos lidar com isso juntas. Precisamos pensar em como abordar Lalisa ou até mesmo contar para um adulto sobre isso.
Nós três trocamos olhares preocupados, começando a planejar como iríamos lidar com a situação delicada que eu tinha acabado de descobrir.
Enquanto isso, eu sentia um olhar em mim... O olhar da Lalisa me encarava lá do outro lado da sala. Ela nem se quer disfarçou quando eu olhei para ela.
Aquela garota é uma verdadeira psicopata.
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