Um plano Perfeito

Travis não podia me dar uma notícia daquelas em melhor hora, prestes a chegar no nosso destino, ele acabou me revelando que o avião estava sendo monitorado pelo bandido do Jason e seus homens, ou seja, ele saberia exatamente o local onde nós íamos aterrissar, dessa forma a gente ia morrer antes mesmo de pisar em terras britânicas.

- Você também sabia disso tenente?! - Perguntei nervoso ao militar
- Descobri só agora Ryan! Não faria sentido eu esconder isso, sabendo que estou pilotando meu próprio avião!
- Então me explique como foi que isso aconteceu!
- Provavelmente Jason antes de fugir da Área 51, passou em minha base e implantou um sistema de rastreamento mega avançado, planejado por aqueles cientistas insanos, dentro do controle da aeronave!
- Como tem certeza?!
- Por que ele fez a mesma coisa com o coitado do Jonathan!
- Não tem como destruir esse negócio?! - Perguntei com a voz alterada
- Infelizmente não, pois eles misturaram essa tecnologia com o sistema de segurança do avião, ele sempre saberá onde estamos e desta vez acho que será o nosso fim!

Judy olhava pra nós dois de olhos arregalados e boca aberta, por um momento eu havia esquecido que a pobre criança estava conosco todo esse tempo.

Passei a mão em seus cabelinhos loiros e disse:

- Vá descansar um pouco Judy!
- Não! Eu quero ajudar tio Ryan!
- Obrigado, mas deixe isso para nós adultos, princesa!
- Mas...
- Sem teimar, qualquer coisa eu te chamo!

A menina saiu com certo aborrecimento, eu não podia deixar que ela se envolvesse mais ainda nessa história, quanto menos ela soubesse, melhor seria pra sua segurança.
Assim que ela se retirou, Travis olhou pra mim assustado e perguntou:

- O que vamos fazer?!
- Vamos fazer o que tanto Jason deseja, nós vamos morrer!
- Você ficou louco?! Se entregar para a morte dessa maneira...
- Tenha calma tenente, eu não quis dizer que iremos morrer de verdade! Tenho um plano que deixará eles pensando que estamos mortos!
- Qual o plano Ryan?!

Comecei a observar o interior do avião e após verificar as bagagens do compartimento, perguntei:

- Você tem paraquedas?
- Tenho, mas só tem dois!
- Excelente!

Expliquei ao militar que nós íamos saltar da aeronave em movimento e devido ter somente dois paraquedas, eu ia com Judy e ele com Gabriel, assim seria melhor para não levantar suspeitas.

- E o avião?!
- Confie em mim, mas antes vamos acordar o Gabriel, ele já dormiu demais!

Assim que abri a porta traseira, Judy estava sentada de frente pra mim, de olhos bem abertos, como se esperasse ansiosa por alguma notícia.

- Já chegamos? - Perguntou ela
- Ainda não, chame o Arcanjo, precisamos falar com ele!

Quando Judy começou a tocar nele para ser despertado, misteriosamente Gabriel começou a falar sozinho entre frases inexplicáveis:

- Eles não podem saber a verdade.... A culpa é minha...

A criança olhou pra mim sem entender o que estava acontecendo, e mesmo curioso para saber o que significava aquilo tudo, resolvi acordá-lo de vez, antes que dissesse algo que assustaria a pequena criança.

Peguei minha 9mm e dei um tiro no teto, fazendo ele se levantar imediatamente com os olhos avermelhados de tanto dormir.

- O que aconteceu?! - Perguntou ele ainda desorientado pelo barulho do revólver.
- Desculpe te assustar parceiro, mas não tive escolha, já que você falava sozinho enquanto dormia no colchonete!
- Eu?! O que estava dizendo?!
- Deixa pra lá! Te acordei por que chegou o fim da linha pra gente!
- Nós vamos morrer?!
- Não exatamente! Mas se tudo der certo, Jason terá o que sempre quis, a minha cabeça!
- Como pode dizer isso Ryan?
- Fica tranquilo Arcanjo, a vingança é um prato que se come frio!

Ao explicar o meu plano para Gabriel, ele concordou comigo e disse:

- Agora entendi! Dessa forma estaremos livres para procurar a Pólvora Pura!
- E acabar com o Jason!

Pouco antes da chegada, Travis acionou o piloto automático do avião e começou a se preparar para saltar junto com Gabriel.
Eu vestia os equipamentos de segurança necessários em Judy, enquanto ela parecia estar feliz com a situação.

- Do que está rindo pirralha? - Perguntou o tenente
- Eu nunca saltei de paraquedas, deve ser o máximo!
- Se chegarmos vivos no chão, certamente será o máximo!
- O que?!
- Nada princesa, não ligue para o que esse malvado diz! - Falou o Arcanjo guardando sua espada

Faltando apenas alguns minutos, olhei para o militar e disse:

- Já sabe o que fazer!

Travis retornou ao comando da aeronave e redirecionou o avião para uma montanha, próximo a floresta.

- Isso é muita loucura! - Comentou ele
- Em tempos difíceis, temos que tomar decisões impossíveis! - Afirmei

Assim que a aeronave perdia altitude, eu e meus amigos saltamos de paraquedas ao mesmo tempo.

A velocidade da nossa queda foi tão grande que nem consegui visualizar o avião se chocando contra a montanha, mas pude ouvir o barulho da enorme explosão, onde uma cortina de fogo se formou nas nuvens escuras.

Acionei o paraquedas e a gente caía lentamente no meio da floresta fechada. Só então pude ver com maior clareza a fumaça preta misturada com as chamas.

O avião estava completamente destruído, mas o meu plano de ser dado como morto ainda não havia terminado. Jason não ia se convencer apenas com esse acidente, ele era inteligente demais pra cair nessa.

O pouso foi um pouco desastroso, devido às árvores altas de Chernobyl. Mas ao chegarmos em solo britânico, agradeci a Deus por ainda estar vivo junto com Judy.

Não demorou muito para que o tenente e Gabriel surgissem atrás de nós, onde Travis estava com um corte superficial no rosto.

- É a última vez que salto com Gabriel de avião!
- Foi você que mandou eu puxar a cordinha do paraquedas!
- Sim seu idiota, mas tinha que ser na hora certa!

Confesso que ri dos dois, até Judy não aguentou aquela cena cômica.

No entanto, logo após o incidente, começamos a caminhar em direção ao avião destruído.
A floresta de Chernobyl era impressionante, as árvores eram imensas e uma sensação de terror tomava conta de todos.

- Você tinha razão Travis, o ar parece mais puro desde a última vez que estive aqui!
- Como eu te disse, aqui já não existe mais radiação, ninguém consegue explicar o motivo!
- Mesmo assim o clima tenso ainda é o mesmo!
- Algumas coisas nunca mudam Ryan!

Judy andava alegremente pelo local, se equilibrando em troncos caídos nas folhagens, era como se ela estivesse dando um passeio inocente pelo mundo e não vivesse de fato o real pós apocalíptico.

Até que inesperadamente, ela olhou para trás sorridente e disse:

- Depois quero andar na roda gigante tio Ryan!
- Estamos em missão princesa, além disso o parque daqui está desativado há milhares de anos!
- Por favorzinho! - Falou ela pegando em minha mão com aquela carinha que convencia qualquer um.
- Tudo bem, depois que a gente resolver esse assunto do avião, nós damos uma passada no parque!
- Ebaaaa!

Ver a felicidade daquela criança no meio daquele inferno, não tinha preço.
Acho que era mais do que justo dar um pouco de alegria a uma pobre criança, vítima das maldades desse mundo.
O sorriso de Judy me lembrava o de Sara, onde meu coração ficava apertado só de imaginar que talvez aqueles malditos mercenários tivessem feito algo ruim para ela.

- Como essa garotinha sabia do parque de diversões?! - Perguntou o militar desconfiado
- Além daquele? - Afirmou Gabriel apontando para a copa das árvores, onde era possível avistar a roda gigante enferrujada entre os galhos
- Acho que você bebeu além da conta Travis! - comentei brincando com a situação
- Foi quando ele bateu a cabeça ao saltar de paraquedas! - Finalizou o Arcanjo rindo do amigo

O tenente se aborreceu e observando a criança caminhando alegremente, ele disse:

- Essa pirralha não me engana! Tem alguma coisa errada com ela, só não sei explicar!
- Acho que você a ama, mas não consegue admitir! - Disse Gabriel
- Não seja ridículo!

Já bem próximos ao local, fomos surpreendidos por barulhos de motocicletas chegando ao nosso encontro.

Judy olhou apavorada para trás, onde Travis a levou para trás de uma árvore alta.
Eu e Gabriel também nos escondemos em uns arbustos secos, cheios de espinhos.
O perigo era grande, pois provavelmente se tratavam de mercenários a mando de Jason.

Minhas suspeitas se confirmaram ao surgirem quatro deles, pilotando três motos de trilha e armados com pistolas automáticas, levantadas para o alto, como se fosse um troféu, típico comportamento de bandidos.
Eles desceram das motos, olhando atenciosamente os destroços do avião, onde um deles disse:

- Parece que seremos os ganhadores de 1 bilhão de dólares!
- Nem me fale! O senhor Jason nem precisou matar aquele idiota do Ryan!

Olhei bem para Travis, onde ele entendeu o recado na mesma hora.
Sacamos nossas armas e fuzilamos aqueles vermes sem piedade, antes mesmo que eles pudessem reagir. Foram mais de 300 balas usadas nessa chacina, a até hoje não me arrependo de nenhum disparo.

Quando nos aproximamos dos corpos, um deles ainda respirava com os olhos abertos.
O militar observou o homem todo perfurado, jorrando sangue pela boca, e disse:

- Mande um abraço pro Lúcifer!

Travis pegou sua 380 e explodiu a cabeça do mercenário, espalhando seus miolos pelo chão.

Espalhamos os cadáveres pelo local, dois ao lado de uma das asas do avião, um sobre a turbina e o outro jogamos no interior da cabine.
Por sorte, numa das motos havia um galão de querosene amarrado no banco da garupa.

O Arcanjo me ajudou a molhar os corpos com o líquido inflamável e em seguida peguei o isqueiro do bolso, onde taquei fogo naqueles assassinos até ficarem carbonizados.
O meu plano era pesado e cruel, mas era a única forma que encontrei para que Jason deixasse de me procurar para sempre.

- Estamos oficialmente mortos? - Perguntou Judy assustada
- Ainda não! Falta uma coisa...

Peguei minha jaqueta de couro e joguei ao lado das ferragens, contendo até mesmo o meu distintivo da FBI, que eu ainda carregava comigo, mesmo tendo sido expulso da corporação.

O tenente retirou sua farda do exército e ao tentar lançar sobre o fogo, eu não permiti e disse:

- Não! Já foram feitos sacrifícios demais nesse plano!
- Mas Jason pode suspeitar!
- Ele não se importa com o restante de vocês! Aqui já tem provas o suficiente para simular nossas mortes!

Antes que mais mercenários aparecessem, montamos sobre as motocicletas deles e partimos rumo ao parque abandonado.

Naquele exato momento, eu e meus amigos deixamos de existir, combinamos que até o fim da missão, jamais revelaríamos nossa identidade.
Mesmo sabendo que pra mim seria mais difícil, pois o meu rosto estava estampado em vários cartazes de recompensas, promovido pelo maldito do Jason.

As motos daqueles bandidos corria muito, há tempos não pilotava uma máquina daquelas, o vento forte batendo em mim e a sensação de estar livre, me deixava em perfeito estado de alegria.

Mas eu não acelerava o máximo, já que Judy ia comigo, grudada na minha cintura feito uma macaquinha.
Provavelmente ela nunca havia andado de moto em sua vida.

Travis aproveitando que a estrada estava deserta e sem perigo, ele avançou um pouco mais sobre nós e começou a empinar no meio do caminho, se exibindo com manobras radicais.
Gabriel apenas balançava a cabeça, não aprovando o comportamento do amigo, enquanto Judy apontava para ele, impressionada com o tenente.

- Você não está em um circo! - Comentei brincando
- Bem melhor que aquele parque idiota que estamos indo!

Em menos de meia hora de viagem, chegamos ao local.
Assim que descemos, Judy correu rapidamente em direção a roda-gigante, nunca tinha visto ela tão feliz como aquele dia.

- Lembre-se que não podemos demorar Ryan. - Disse Gabriel
- Não se preocupe, será um passeio rápido, além disso ela merece.
- Tenho que concordar com você. - Falou o Arcanjo contemplando a alegria da menina ao longe

Porém, o que eu vi nesse parque de diversões, foi só o começo de um grande pesadelo...

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