Azmodan: O senhor do Pecado

Confesso que aquela hora eu tremi na base, nunca estive na presença de um demônio tão poderoso.
O monstro devia medir uns vinte metros de altura, equivalente a um edifício de oito andares, uma verdadeira aberração do inferno.

Mesmo com medo, percebi pelas suas características que se tratava uma criatura chamada Azmodan, um dos líderes do submundo.
Gabriel chegou a me contar sobre ele e como agia com seus inimigos.

No entanto eu estava sozinho diante dele, onde me olhava de cima, como se eu fosse um inseto.
Olhei para o alto e disse:

- Deixe-me passar! Eu quero derrotar o seu mestre!
- Aqui é o fim da linha pra você, humano!
- Meu nome é Ryan Smith, e...
- Eu sei quem é você, mas isso não muda nada! Ninguém chegará perto do senhor Lúcifer!
- Então serei obrigado a matá-lo também!
- Acho que você ainda não entendeu o recado!

Azmodan deu um soco no chão, causando um terremoto, onde parte do solo se abriu aos meus pés.
Por muito pouco não caio sobre uma correnteza de lava fervente, pois consegui me segurar numa pedra a tempo.

Assim que voltei a superfície, ele ainda estava no mesmo lugar, e me observava como um predador querendo devorar a presa.
Ele era assustador, possuía vários olhos e suas patas lembravam uma aranha gigante.
Eu me sentia uma formiga comparado aquele demônio.

Peguei meu fuzil tático e recarregando minha arma, apontei ao monstro e falei:

- Vou pedir pela última vez que se afaste do portão de entrada!
- Você é muito teimoso Ryan! Está começando a me irritar!
- Essas balas não são pra você, apesar de merece-lâs!
- Pode atirar o quanto quiser, nenhuma arma de fogo é capaz de me atingir!

Naquele momento percebi que Azmodan não tinha idéia que eu estava com as munições sagradas, e eu resolvi usar isso ao meu favor.
Comecei a atormentar aquele demônio com minhas palavras.

- Se eu quiser acabo com você agora mesmo!
- Está blefando! - Disse ele
- Uma única bala do meu fuzil será capaz de te mandar pelos ares!
- Então por que não atira de uma vez?
- Estou sem pressa, quero vê-lo sofrer antes de matá-lo!

No entanto ao tentar ser mais esperto que Azmodan, cometi um erro terrível ao subestimar aquele monstro.
Realmente eu tinha o poder de exterminá-lo, porém o seu terror psicólogico invadiu a minha mente de uma forma avassaladora.

Ele olhou bem para mim, quase me deixando paralisado.

- Quero que você preste atenção em uma coisa Ryan!
- O que?
- Observe atrás de mim o que vai acontecer se você insistir nessa história em derrotar Lúcifer!
- Eu não tenho medo de nada!
- Então veja com seus próprios olhos o futuro da sua família...

Quando olhei atrás dele, vi a imagem da minha esposa Sherry e minha filha Sara, enforcadas numa árvore alta de galhos longos.
Elas estavam mortas, com os pescoços quebrados.

Na mesma hora eu me ajoelhei no chão, em estado de choque. Para piorar a situação, ouvi um choro de bebê, atrás de algumas pedras.
Imediatamente tentei ir até lá, mas uma força sobrenatural me impedia de dar mais um passo.

Avistei logo a frente, uma criatura bizarra de costas com chifres, pegando o meu filho e levando a criança para a escuridão da floresta.
Certamente aquele ser era Lúcifer e usava a minha família para me atingir.

- Naaaaaaaaooooo!! Já chegaaaa!! - Gritei aos prantos, dando socos na terra

Azmodan deu uma terrível gargalhada ao ver meu sofrimento e comentou:

- Vocês humanos são patéticos!
- Façam o que quiser comigo, mas deixem minha família em paz!
- O senhor Lúcifer não costuma negociar e muito menos obedecer!
- O que você quer?!
- Quero a sua alma, Ryan Smith!
- O que?!
- Ter uma alma como a sua no Reino do inferno é como um troféu para nós!
- Isso jamais vou permitir!
- Então prepare-se para as consequências!

Eu já estava ficando tão transtornado com as ameaças de Azmodan que já não conseguia discernir a ilusão com a realidade.
Aquele demônio perverso tinha o poder de convencimento que deixava qualquer um a beira da loucura.

- Por favor eu imploro! Não matem minha família!
- Então aceite o seu destino, Ryan!
- Meu destino?
- Junte-se a nós! Tenho certeza que o senhor Lúcifer ficará feliz com a sua decisão!
- Mas e minha esposa e a minha filha?
- Eles ficarão bem, não se preocupe.

Por um momento de lucidez, comecei a perceber o terrível erro que estava prestes a cometer.
Me levantei do chão, ficando novamente de pé e disse:

- Podem me matar se quiser, mas nunca vou me unir a seres desprezíveis como vocês!
- Você está confuso, Ryan! Deixe-me ajudá-lo!
- Fica longe de mim seu monstro! Eu vou acabar com tudo isso!
- Você não faz idéia com quem está lidando!
- Você é só outro capacho de Lúcifer assim como o Bill!
- Eu não queria fazer isso, mas não me deixa outra escolha...

Antes que eu pudesse atirar contra ele, uma força maligna arranca a arma de minhas mãos repentinamente, onde fui lançado contra uma árvore alta.
Eu não conseguia mover nem um músculo, fiquei grudado no tronco de cabeça para baixo.

Azmodan se aproximou de mim com seus passos pesados e falou com sua voz grossa:

- Você se lembra do padre Michael?
- Sim, por que?!
- Certamente você se recorda como ele foi morto naquela igreja!

Na mesma hora veio a imagem do estado do corpo do padre, a pele do seu rosto foi arrancada brutalmente e o pescoço cortado.

- O que você quer dizer com isso?! - Indaguei
- Ele também recusou se unir ao Diabo, mas felizmente tivemos demônios para fazer o serviço sujo!
- Me solta daqui seu desgraçado!
- Agora você vai sentir na pele o que é estar contra o rei do inferno!

Eu não tinha noção qual era o plano maléfico que aquele monstro tinha contra mim.
No entanto, para a minha surpresa, surgiu um casal de adolescentes de mãos dadas e exaustos de tanto chorar.

A aparência daqueles jovens era deprimente, estavam semi nus, com as vestes rasgadas, feridas espalhadas pelo corpo e os olhares profundos e vazios, como se estivessem mortos por dentro.

Ao ligar os fatos, percebi que eram os mesmos garotos que eu salvei do demônio na caverna.

- Eu exijo que você os liberte, Azmodan!
- Por que eu faria isso?
- Eles são apenas crianças!
- Ambos já tem 17 anos e roubaram a sua moto, no momento em que você salvou a vida deles!
- Eles estavam desesperados!
- Por que tem compaixão por essas almas já condenadas por Lúcifer?
- O que?!
- Sim, eles são nossos escravos e farão tudo o que eu mandar!

O rapaz chorando pegou uma faca do seu bolso e olhou pra mim, dizendo:

- Me desculpa moço, eu não tenho outra escolha!
- Não precisa fazer isso garoto!
- Se eu não te matar, quem morre somos nós!
- Confie em mim, ele está te manipulando!
- Me perdoe por roubar sua moto!
- Está tudo bem! Agora me escute...
- NÃO! Eu tenho que salvar a mim e a minha namorada! Sinto muito senhor Ryan!

O adolescente se aproximou de mim com as mãos trêmulas, segurando a faca.
Era nítido que ele nunca havia matado ninguém, o seu nervosismo era muito claro. Porém, ele encostou a lâmina em meu rosto, provocando um pequeno corte superficial, mas que ardeu muito.

Inesperadamente ele soltou a faca no chão e gritou com as mãos na cabeça:

- EU NÃO CONSIGO FAZER ISSO! EU SOU UM COVARDE!

Quando a menina tentou chegar perto dele, Azmodan crava uma de suas garras nas costas do jovem e o engole vivo, devorando a alma daquele garoto.
O demônio ria, enquanto o sangue escorria por suas mandíbulas.

A minha revolta era grande, mas não podia fazer nada enquanto estivesse preso.

A garota estava em choque, ela olhava abismada para aquele ser gigantesco diante dela, que ao perceber o olhar dela, Azmodan ordenou:

- Agora é a sua vez!
- Por favor, eu não posso!
- Mate Ryan Smith com a faca, ou eu vou devorar a sua carne!
- Eu te imploro que não me machuque senhor!
- É a sua última chance! Estou começando a perder a paciência com você, humana! - Afirmou o demônio

Preocupado com o destino quase certo daquela menina, resolvi me meter na conversa e falei:

- Faça o que deve ser feito...
- Britney!
- Ok, Britney! Se aproxime mais, quero te pedir uma coisa!

A jovem aos prantos se aproximou de mim e eu disse com a voz baixa:

- Atrás de você no lado esquerdo está o meu fuzil, que ele arrancou de mim, está vendo?
- Sim, estou.
- Quero que você pegue a arma e atire contra ele!
- Mas ele é muito grande e poderoso.
- Não importa! Faça o que eu disse e salvará nós dois.
- E se eu não conseguir?
- Então morrerá tentando.

A adolescente se levantou toda trêmula, assim como seu ex-namorado e procurava pelo fuzil.

Azmodan observando os passos dela, desconfiou e disse nervoso:

- O que está fazendo?! Mate ele logo!
- Estou procurando a faca!
- Ache logo e acaba com isso de uma vez por todas!
- Pode deixar... Maldito!

Ela foi ágil e pegando minha arma, disparou contra o braço da criatura, que arrancou na hora, caindo no lago de fogo.
O monstro gritava de dor, onde eu consegui me mover novamente, graças a garota.

Dei um forte abraço em Britney e perguntei:

- Você está bem?!
- Sim, obrigada! O senhor é um herói!
- Você é a heroína da história, meus parabéns!

Azmodan ao ver a nossa alegria, mesmo ferido, disse:

- Que cena comovente!
- Você perdeu, demônio! - Afirmei
- Impressionante! Nunca pensei que realmente as Balas de Deus realmente existissem!
- Sim, elas existem e tenho muita munição ainda!
- Você pode ter ganhado a batalha, Ryan! Mas jamais ganhará a guerra!
- Do que você está falando?!
- Quero dizer que mesmo com essas balas sagradas, não será capaz de derrotar o senhor Lúcifer!
- Isso é o que você acha!
- Você não tem idéia da dimensão do poder que ele tem!
- É o fim Azmodan!
- Pode ter me derrotado, Ryan Smith! Mas não irei sozinho...

Inesperadamente, mãos surgem de baixo da terra e agarram a pobre menina.
Britney tentava escapar, mas aqueles braços esqueléticos com garras, levaram ela para as profundezas, antes mesmo que eu pudesse salvá-la.

O demônio supremo acabou fugindo feito um covarde no meio do inferno, porém gravemente ferido, ele não ia sobreviver por muito tempo.

Pode correr, mas não se esconder, Azmodan! - Pensei sozinho

Sem pensar duas vezes, abri o enorme portão de entrada do templo maldito, e avistei as intermináveis escadas que davam acesso á torre.
Era lá que estava Lúcifer, e era lá que eu teria a minha tão esperada vingança.

Peguei minha Calibre 12, carreguei ela até os dentes com as munições mágicas e comecei a subir os milhares de degraus, que me levaria ao Diabo.

Enquanto eu avançava, meu coração disparava, não estava acreditando que finalmente ficaria cara a cara com o maldito Lúcifer.

No meio do caminho, pequenos demônios tentavam me impedir de chegar ao topo, mas eu os exterminava facilmente com a 9mm.
Nada poderia me deter naquele momento, esperei por isso a vida toda, onde eu prometia justiça a humanidades, custe o que custasse.

Ao chegar no último andar da torre, me deparei com uma porta vermelha de ferro, com uma maçaneta de esqueleto.
Assim que adentrei ao local, um arrepio percorreu o meu corpo, onde tudo estava escuro.

Lá de cima poderia ouvir os gritos dos condenados, queimando no lago de fogo.
Observando melhor o enorme salão, avistei alguém de costas para a janela e armado com a espada de Gabriel.

Antes que eu dissesse alguma coisa, a pessoa disse:

- Achei que não fosse conseguir, Ryan Smith!
- Essa voz... Não pode ser quem estou pensando!
- Finalmente te encontrei. Prazer, Lúcifer!

A identidade dele me surpreendeu, o desgraçado sempre esteve perto de mim e eu nunca percebi.

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