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Eu nunca me senti tão agitado, pelo menos não dentro do meu próprio apartamento, onde deveria ser um lugar de descanso e aconchego.

De alguma forma muito esquisita, eu sentia frio. E não era um frio climático pois estávamos bem na primavera, a temperatura se mantinha amena. O frio que eu sentia vinha de dentro para fora, como se eu fosse o único gerador dele, como se eu precisasse ser aquecido, como se o frio viesse do vazio de algo.

Lugares abertos e vazios tendem a ser mais propícios a receberem correntes de ar, e assim, transformam-se em lugares gelados. Parecia que eu era um lugar vazio, onde se mantinha presente um vento de frio cortante, incômodo. Mas por que eu estava sentindo isso?

Ainda era uma sensação nova demais, assustadora demais. Claro que sabia que uma hora ou outra eu sentiria coisas inéditas, a vida é feita de descobertas, mas por que eu estava sentindo aquilo naquele momento? O que causou esse frio?

Deitado no enorme sofá despejado no meio da minha sala com uma garrafa quase inteira de soju numa mão — nem sabia por que tinha aberto aquela garrafa, não tinha o costume de beber aquilo, mantinha na geladeira porque Hoseok se achava no direito de encher a cara sempre que vinha aqui — enquanto a TV ligada transmitia algum episódio gravado de Game of Thrones, eu pensava sobre os últimos acontecimentos recentes.

Eu estava encantado por Park Jimin e seria muito estúpido da minha parte se negasse isso, mas ainda era meio novo para mim, ainda era uma incógnita, porque não entendia o motivo de ser justo ele o cara que me fisgou dessa forma, muito menos entendi como aconteceu, só aconteceu.

É assim que a gente se apaixona?

Não que esteja cogitando estar apaixonado — nem descartando também —, mas acho que paixão, mesmo sendo menos nobre que o amor, ainda é forte demais, e eu ainda estava confuso o suficiente para não denominar nada, não querer colocar os pingos nos i’s porque nem sabia se aquilo realmente era um i.

Mas sinceramente, por que a gente tem essa necessidade de denominar as coisas? Nem tudo o que sentimos precisa ser reconhecido, nós temos essa mania de querer dar passos dentro do conhecido porque tem medo de dar passos no escuro, mal sabemos que a vida em si já é uma escuridão. Você acorda sem saber o que acontecerá no segundo seguinte, e nem temos como parar isso porque é automático, faz parte da vivência, da respiração, faz parte dos singelos momentos do destino. Temos mais medo das nossas próprias decisões do que o que não podemos decidir, talvez porque nossas decisões fomos nós que tomamos, então se der errado, nos culparemos por aquilo, o que é mais doloroso do que culpar o destino por colocar situações inesperadas.

O peso da culpa é enorme.

Eu poderia não saber o que essa mistura de sensações era, mas eu sabia que me sentia bem quando Jimin estava por perto, eu queria que ele estivesse por perto. Eu sabia que poderia estar cometendo um erro já que ele deixou bem claro que não tínhamos como dar certo, mas por que eu sentia que ele se esforçava muito para não se deixar entregar? Não fazia sentido ele mesmo ter que se controlar.

Eu sentia quando ele ficava tenso quando eu estava por perto, sentia seus olhos queimando minhas costas, percebia suas movimentações de pernas sempre quando estávamos a sós, já o peguei diversas vezes encarando meus lábios e todas às vezes que ele suspirou fortemente quando tocava minhas mãos.

Isso tudo não poderia ser obra da minha cabeça.

Seu sorriso era genuíno, seu tom de voz era calmo, seus olhos transmitiam uma fluidez de sentimentos palpáveis, eles brilhavam, assim como brilharam na noite em que ficamos juntos.

Isso tudo era uma coincidência?

Tomado pela vontade gigantesca de estar perto dele, peguei meu celular em cima da mesinha de vidro central e abri os contatos, encontrando seu número e discando, esperando que não fosse me arrepender do que estava fazendo.

Após cinco toques, eu já estava disposto a desligar, isso porque achava que ele estava me evitando, ou porque dava tempo de desistir disso tudo e apenas dizer que liguei para perguntar algo do trabalho, mas sua voz do outro lado da linha me desestabilizou por uns segundos, então todas as desculpas que inventei sumiram.

Alô? — houve um silêncio de minha parte. — Jeon? Está tudo bem?

— Como sabe que sou eu? — perguntei de supetão.

Você pediu para sua secretária me dar seu número caso precise te ligar, lembra?

— Ah, claro, lembro sim. — falei suspirando, eu era um idiota mesmo.

Está precisando de algo? — perguntou de maneira quase profissional.

— Não, bem… Na verdade, estou sim. — ouvia do outro lado da linha sua respiração tranquila e alguns sons abafados do ambiente onde ele se encontrava, não era nada barulhento, era como se ele estivesse mexendo em algo. — Bom, lembra quando decidimos ser bons amigos?

Ouvi uma fraca risada soprada do outro lado da linha, conseguindo visualizar seu sorriso.

Lembro sim, o que tem?

— Eu estava pensando… Por que não fazemos algo como bons amigos que somos? — perguntei com os olhos espremidos, morto de vergonha e mais tenso ainda por esperar os mais variados não’s que eu poderia receber.

E o que sugere?

— Eu ainda não parei para pensar nisso. — ri um pouco, ouvindo o outro me acompanhar. Pensei um pouco, olhando para a televisão ligada enquanto Jon Snow dava seu ar da graça. — Por que não vamos ao cinema?

Ahn… Jungkook, você pode esperar um minuto? É que eu acabei de sair do banho e estou só de toalha. Vou me vestir rapidinho. — ouvi o mesmo pronunciar, me fazendo sorrir involuntariamente.

— Só de toalha, é? — pronunciei, me socando depois por não conseguir manter a língua dentro da boca.

Jimin gargalhou, me fazendo suspirar um pouco aliviado por ele ter levado na esportiva.

É, só de toalha. Já volto. — ouvi um som abafado e depois passos, como se ele estivesse andando pelo cômodo. Me mantive prestando atenção nos sons provenientes do ambiente, o que me acalmava, de certa forma. Era como se o mesmo estivesse ali, presente em minha sala. — Oi, voltei. Ahn… Você tinha f-

Sua voz foi cortada pelo som alto da minha televisão quando uma cena de sexo começou a passar. Tomei um susto e procurei pelo controle, não o encontrando em lugar algum. Quanto mais eu procurava, mais a mulher gritava e eu já estava ficando agoniado.

Merda de Game of Thrones. Merda de Theon Greyjoy que só sabe trepar.

Achei o controle embaixo de algumas almofadas jogadas no tapete ao pé do sofá e desliguei a TV rapidamente, respirando fundo pelo susto e nervosismo.

O que você estava assistindo? — Jimin perguntou receoso, com o tom meio baixo, parecia com medo da resposta.

— Era Game of Thrones. — falei esbaforido, jogando o controle no sofá e passando minha mão pela testa levemente suada.

Ah, tá explicado. — Jimin gargalhou, me levando a gargalhar junto enquanto me jogava no sofá, fechando os olhos e relaxando ao som alegre que provinha do outro lado da linha. — Bom, você tinha falado algo sobre cinema.

— Ah, sim, eu sugeri que fossemos ao cinema para, sabe, conversar, passar um tempo juntos… Como bons amigos. — falei, tentando não gaguejar de nervosismo, percebendo o quão idiota eu era de ter minhas pernas bambeando só de ouvir sua respiração através da ligação.

Seria uma boa. Como bons amigos, certo?

— Certo. — tentei manter minha voz instável para não transparecer o misto de felicidade e excitação que estava sentindo naquele momento. — Vou procurar um filme bom que esteja passando e uma seção, então te mando o dia e o horário por mensagem. Ok?

Claro, sem problemas. — falou simples, se despedindo e desligando, me fazendo ficar um bom tempo com o celular no ouvido, estupefato com os últimos minutos.

Quer dizer, eu nem cogitava que ele aceitasse, mas agora ele aceitou e nós vamos ao cinema juntos.

Caralho.

E eu nem tenho look para esse evento.

—— after a while ——

UAU.

Eu estava muito nervoso.

UAU.

Achei que o dia nunca chegaria.

UAU.

Estava tão nervoso que acordei sem querer as seis horas da manhã e não consegui mais dormir.

E por último: UAU.

Achei que Park Jimin não poderia superar sua própria beleza, mas ele sempre supera.

E eu estava estático vendo-o se aproximar como se o caminho fosse uma passarela e ele o modelo principal da noite. O mundo se calava quando Park aparecia, porque ninguém ousaria tirar as atenções dele, ninguém conseguia tirar as atenções dele. E ele nem estava extravagante, apenas trajava um jeans rasgado, um casaco grande de tricô preto com detalhes em rosa e branco, com seu pé sendo moldado pelo Vans branco.

Parecia que era na simplicidade que ele se destacava, porque nada chamava mais atenção do que seu sorriso ao me encontrar parado na entrada do cinema. E quando eu digo parado, quero dizer estático, como uma estátua em um museu, porque não conseguia mover um músculo sequer, hipnotizado por Jimin. Afrodite estava inspirada quando moldou cada traço dele.

O vi parar em minha frente enquanto mantinha um sorriso simpático em seus lábios. Ficamos nos encarando um pouco, até que o vi sorrir mais ainda, abaixar a cabeça e levar sua mão quase tampada pela manga do casaco aos lábios.

— Oi. — ele disse, me olhando novamente, me fazendo reparar em suas bochechas levemente coradas.

— Oi. — falei meio sem fôlego, percebendo ali que eu havia prendido a respiração, não sei exatamente quando. — Eu já comprei os ingressos.

— Achei que fossemos rachar a conta.

— Fui eu que te chamei para sair, o mínimo que posso fazer é pagar os ingressos. — pisquei um olho, vendo Jimin erguer as sobrancelhas, abrindo um sorrisinho de lado.

— Ok, então. — vi o mesmo pegar em minha mão e me puxar para a lanchonete do cinema. — Mas a pipoca é por minha conta.

Sorri, encantado.

—— after a while ——

— Como diabos alguém pôde dizer que esse filme foi ruim? — falei indignado enquanto saia da sala de cinema. — Claramente pessoas sem senso crítico.

— Sim! Adoram implicar com as personagens femininas desse mundo de heróis quando elas não são sexualizadas. Sinceramente, amei o filme, do início ao fim. — Jimin disse, bebendo o último gole de refrigerante da latinha antes de jogá-la fora na lixeira que havia no caminho. — Capitã Marvel, conte comigo para tudo.

Rimos juntos enquanto caminhávamos para a praça de alimentação.

— O que quer comer? — perguntei, observando todos os restaurantes que havia por ali. Era sexta-feira, então o shopping estava movimentado, mas não tanto quanto ficava nos finais de semana.

— Eu gosto de comer em um lugar, mas não sei se você iria gostar da comida de lá. — Jimin disse enquanto caminhava ao meu lado, meio receoso.

— E que tipo de comida eles fazem?

— São pizzas, mas não pizzas comuns. — o mais baixo sorriu, olhando em minha direção. — São pizzas veganas.

— Fala sério que você também gosta de pizza vegana? — perguntei, embasbacado.

— Claro que eu gosto, elas são deliciosas. — Jimin disse sorridente, parecia tão eufórico quanto eu por encontrar alguém que também gostasse de pizzas veganas. — Vem, vamos comer lá.

Fui puxado pela mão até um dos restaurantes da praça de alimentação. Havia uma placa vermelha escrito “Las Vegans”, e seu interior parecia um cassino chique, tendo algumas máquinas caça-níqueis e mesas que lembravam as de jogos adornando todo o local. Sentamos em uma mesa e um garçom logo veio anotar o pedido.

— Posso pedir uma pizza que eu sempre peço aqui? Eu gosto muito dela e adoraria que você provasse. — Jimin perguntou com seus olhinhos brilhantes, quase em súplica. Ri de sua feição e concordei com a cabeça.

Ele me mostrou os ingredientes perguntando se eu tinha alergia a algum deles, e quando neguei, o mesmo pediu a tal pizza com massa de couve-flor e recheio de cogumelos e tomate-cereja. Só a menção dos ingredientes fez minha barriga roncar, como se eu não tivesse comido dois potes enormes de pipoca dentro da sala de cinema, pois Jimin ficou tão entretido com o filme que acabou me dando a pipoca dele.

— Você fica diferente sem o terno caro e a gravata. — Park pronunciou quando o garçom saiu de perto da mesa.

“Como se ele nunca tivesse me visto sem roupa.”

— E isso é bom?

— Claro, você combina com roupas mais descontraídas. — o mesmo pronunciou, me fazendo observar minha escolha da noite, nada muito exagerado, apenas uma calça jeans escura e uma blusa de manga branca. — Na verdade, eu prefiro você assim do que com roupa social.

Sorri abertamente, sentindo minhas bochechas queimarem. “Puta que pariu, eu vou ficar rosa.”

— Você também está um pouco diferente, nas últimas vezes que te vi, você estava com blusas de seda e jaquetas de couro. — mencionei, observando que o mesmo também mirou suas roupas.

— Eu também gosto de roupas um pouco mais descontraídas, são mais confortáveis.

— E também combinam com você, embora eu não saiba o que combina mais, porque para mim você combina com todas as roupas que já te vi usando. — falei sincero, vendo Jimin abrir um enorme sorriso, fechando os olhos e abaixando a cabeça.

E como em um passe de mágica, minha mente viajou até o fatídico dia em que conheci Park Jimin, quando eu não sabia sobre sua identidade, mas mesmo assim havia me encantado igualmente. Mesmo sendo as mesmas pessoas, sua aura modificava conforme o ambiente, pois eu lembro bem que meus elogios não o deixava envergonhado e sim com um sorriso sedutor, pedindo para que eu o elogiasse mais, e todas as séries de vezes que o elogiei, ele me lançava um olhar quase felino, cheio de tesão, da forma mais sexy que eu já vi.

Em hipótese alguma eu acharia que aquele homem daquela noite poderia ser o mesmo homem que estava sentado em minha frente fazendo barquinhos de papel com os guardanapos da mesa. Embora Jimin tenha naturalmente uma essência sedutora, ele se transforma quando precisa, e naquele momento, ele parecia o Jimin simpático, que se envergonhava quando elogiávamos a sua roupa.

E aí é que está, eu não sei dizer qual versão do Jimin era a minha favorita. A um tempo atrás, eu diria que era a versão do Jimin dissimuladamente sexy, pois achava que queria apenas repetir o sexo incrível que tivemos, mas agora, eu quero mantê-lo por perto, nem que seja apenas para olhá-lo enquanto o mesmo lia o cardápio e tentava memorizar os ingredientes das pizzas para fazer depois.

— Você já comeu pizza com massa de beringela? — perguntei de repente, tendo sua atenção para mim. Seus olhos curiosos e levemente arregalados enquanto prestava atenção em minhas palavras era uma das coisas mais fofas que já pude presenciar.

É, eu não sei mesmo qual a minha versão favorita de Park Jimin.

— Já sim. O meu amigo Taehyung, que me mostrou essas pizzas veganas, preparou uma de beringela com recheio de abóbora. É muito boa. — Jimin disse enquanto brincava com um fio solto de seu casaco.

— Mas você não provou a minha pizza de beringela. — falei, convencido, tirando uma risada de Jimin. — Qualquer dia desses eu faço para você.

— Está me chamando para um novo encontro? — sua sobrancelha arqueou, me olhando levemente desconfiado.

— Isso aqui é um encontro? — perguntei no mesmo tom desconfiado que ele usou.

— Um encontro de bons amigos. — sua resposta me fez gargalhar, só não sabia se era de nervosismo ou não. — Eu vou cobrar por essa pizza, ok? — disse, me fazendo assentir, ainda sorrindo.

O garçom apareceu logo depois com nossa pizza em mãos. Depositou-a em nossa frente, me fazendo salivar pelo cheiro maravilhoso que ela exalava. As bebidas foram postas logo depois e, assim, começamos a comer.

Eu conseguia sentir um leve gosto da cebola, com uma pitada de pimenta do reino e manjericão que dava um gosto diferente para os cogumelos. Era realmente uma pizza muito gostosa e precisava agradecer Jimin por ter me mostrado aquele lugar.

Quando o observei, ele estava com as bochechas cheias enquanto mantinha o último pedaço de pizza nos dedos, bebendo um pouco de seu suco. Sorri com a cena, sem um motivo aparente, apenas estava extremamente confortável com o momento, com a companhia, com o ambiente. Aquilo ia ficar na minha cabeça por muito tempo, eu tinha certeza disso.

Após uma pequena briga em frente ao caixa para decidir quem pagaria a conta, decidimos rachar a mesma, caminhando para fora do restaurante.

— Você veio de carro? O meu está lá no estacionamento, eu te levo em casa se precisar. — falei, já com minhas chaves em mãos.

— Não precisa, Jungkook, eu pego um Uber. Meu carro está na oficina, por isso não vim com ele. — Jimin pronunciou, já procurando no celular o aplicativo.

— Não mesmo, eu vou te levar, não tem problema nenhum. — pronunciei, andando até o elevador que levaria ao subsolo, onde se localizava o estacionamento.

— É sério, não precisa, está tudo bem. — Park repetiu, me fazendo tomar seu celular de sua mão, esticando meu braço até o alto para que ele não conseguisse alcançar. — Ei, meu celular!

— Negativo, Park Jimin, eu te levarei. — andei em direção a área dos elevadores, sentindo Jimin puxar meu outro braço, o que estava segurando a chave do carro.

— Devolva meu celular, Jeon Jungkook. — ele falou entredentes enquanto eu esperava o elevador.

— Só devolverei se você me deixar te levar para casa, não faz sentido te deixar ir embora sozinho. — falei, andando para o elevador assim que o mesmo abriu a porta. Parei no meio da entrada quando senti Jimin puxar meu braço, não me deixando entrar.

Puxei com força o mesmo para dentro, vendo ele puxar meu braço de volta. Ficamos nesse jogo de puxa-puxa, até que com um solavanco, agarrei seu pulso e o puxei para perto, entrando os dois no elevador, sentindo minhas costas baterem no espelho, observando a porta se fechando. Senti um peso em meu peito, vendo que Jimin estava bem próximo do meu corpo, quase pressionando o mesmo contra o espelho, o puxão o fez se grudar a mim sem querer.

Ai meu pai, de novo nessa situação. Me sinto em uma série tailandesa de Boys Love.

O mesmo estava com seus olhos arregalados enquanto suas mãos estavam espalmadas acima dos meus ombros, encostadas no espelho. Já as minhas estavam em seu quadril, o segurando, sentia meus dedos apertando levemente sua pele, observando como Jimin estava ofegante, não sei se foi pelo esforço de ficar me puxando ou pela proximidade de nossos corpos. Sentia a quentura de sua pele sob meus dedos, exalando do casaco de tricô enquanto eu mesmo sentia minhas têmporas levemente úmidas, cogitava que nossas roupas pegassem fogo — e como eu ansiava estar sem roupa, com o corpo de Jimin colado ao meu daquela forma.

Ofeguei quando vi Park encarar meus lábios, como no dia do escritório, conseguindo exalar a mesma aura sexy e luxuosa que eu conhecia do mesmo. Suas pálpebras levemente caídas transformava sua expressão, mostrando seu desejo palpável. Eu não estava diferente, meus lábios secos necessitavam dos macios do menor, então olhei para sua boca, vendo como ela parecia tão chamativa, tão convidativa, tão gostosa.

Sentia seu rosto cada vez mais próximo, nossos narizes já se tocando e a sede um do outro aumentando. Meus olhos já estavam fechados e eu já podia sentir a carne macia dos lábios de Jimin raspando nos meus, até que ouvi um barulho proveniente do elevador, seguido de um susto vindo do menor em meus braços, logo depois percebendo seu afastamento. Abri os olhos de supetão, vendo as portas do elevador se abrindo e um homem parado do outro lado. Olhei através do mesmo e pude observar que já estávamos no subsolo, percebendo que aquele homem provavelmente chamou o elevador enquanto estávamos lá dentro.

Olhei para Jimin, vendo seus olhos direcionados para suas mãos entrelaçadas na frente de seu corpo, suas bochechas extremamente vermelhas e seu peito subindo e descendo rapidamente, quase sem fôlego. Peguei em sua mão, dando boa noite para o homem que entrava no elevador, carregando Park para fora dali, olhando em volta até avistar meu carro. Olhei para minhas mãos, vendo que a chave e o celular de Jimin estavam em uma única mão, enquanto a outra estava segurando delicadamente os dedos pequenos do menor ao meu lado.

Andei até meu carro, destrancando-o, vendo Jimin se soltar de minha mão e caminhar até o lado do passageiro em silêncio. Após entrarmos, colocarmos o cinto e eu acertar a direção do retrovisor, sai do estacionamento, perguntando a Jimin seu endereço. Era a uns dez minutos do shopping e rota para o meu apartamento, então foi fácil me encontrar.

Enquanto estávamos dentro do carro, um silêncio estranho se mantinha presente, me incomodando bastante. Era uma aura diferente da que tínhamos enquanto estávamos no shopping, tudo por causa do momento do elevador. Eu não sabia o que pensar, não foi algo que simplesmente decidimos fazer, só aconteceu, foi automático, porque sempre nos atraíamos um pelo outro quando estamos perto demais, mas, de certa forma, eu me culpava pelo ocorrido e queria acabar com aquele silêncio.

— Olha Jimin, — falei, vendo o mesmo desviar a atenção da janela, colocando os olhos em mim enquanto eu engolia em seco. — me desculpa pelo que aconteceu no elevador, eu deveria ter me segurado.

— Está tudo bem, Jungkook, não foi sua culpa, só… Aconteceu. — ele falou cuidadoso. — Eu também cooperei, já que não me afastei.

— Mas eu sinto que é culpa minha. Você me disse que nunca rolaria nada de novo, e eu entendo, juro que entendo, nem quero forçar nada, só quero que mantenhamos essa amizade porque gosto de você, como pessoa, no caso, não um gostar tipo gostar mesmo, de verdade. Gosto da amizade que temos. — falei meio atrapalhado, com medo dele pensar outras coisas.

— Eu entendo, de verdade Jungkook, também gosto da sua amizade, e novamente, não foi sua culpa, foi um… — Jimin fez um súbito silêncio, suspirando, antes de continuar. — Momento de fraqueza. A atitude partiu de nós dois, então não se culpe.

Fiquei um tempo sem falar nada, apenas assimilando suas palavras, até que ouvi um novo suspiro vindo do menor ao meu lado.

— Nós não precisamos fingir que nada aconteceu entre nós, ok? Sabemos que algo aconteceu naquela noite e sabemos que há uma atração mútua, mas é só tentar controlá-la que tudo ficará bem. Quer dizer, nossa vontade de sermos amigos é maior que isso, né? — Park pronunciou, me fazendo olhá-lo quando parei em um sinal vermelho. Seu rosto sendo iluminado pela luz avermelhada o deixava extremamente bonito, o que me fez suspirar, refletindo em suas palavras.

— E se não conseguirmos controlar? — perguntei sincero, vendo o mesmo suspirar, inclinando levemente a cabeça enquanto analisava cada parte do meu rosto.

— Precisamos conseguir. — falou quase em um sussurro, parecia ser doloroso falar aquilo, visto que o mesmo apertou os olhos e desviou seu rosto para a janela, logo sendo iluminado por uma luz verde, me fazendo seguir o caminho até a próxima quadra que correspondia ao seu apartamento.

Desliguei o carro e abri a porta, vendo Jimin saindo do mesmo. Parei em sua frente enquanto o mesmo conferia se suas coisas estavam em seus bolsos, visto que eu já havia devolvido o seu celular. Olhou para mim e ficou me encarando por um tempo, me deixando hipnotizado pela milésima vez só naquela noite.

— Foi bom passar um tempo com você. — Park disse enquanto colocava o peso do corpo na outra perna, depositando suas mãos nos bolsos traseiros.

— Para mim também foi. — falei baixo.

— Você ficará me devendo aquela pizza de beringela. — o mais baixo falou enquanto sorria e tirava os fios de cabelo que foram para os seus olhos com o vento que bateu.

— Você precisará me visitar para que eu faça. — expus, vendo seu sorriso se abrir mais e balançar a cabeça em negação.

— Vou pensar no seu caso. — o mesmo disse, me fazendo rir nasalado, observando seu corpo se balançar em nervosismo. — Bom, é melhor você ir, já está esfriando e você está com essa blusa fina. Deveria ter levado um casaco.

— Está bem, mãe, já estou indo. — falei, tirando uma gargalhada do menor, que negou novamente com a cabeça e, no segundo seguinte, tinha seus braços envolta do meu pescoço em um abraço confortável.

Fiquei estático por um tempo até enlaçar sua cintura, o apertando em meus braços. Um vento levemente gelado bateu contra nossos corpos, percebendo Jimin se arrepiar de frio, então aconcheguei mais ainda seu corpo em meu abraço, ouvindo o mesmo suspirar e esconder seu rosto na altura do meu pescoço, o cheiro de seu cabelo impregnando meu olfato. Seus dedos foram levados até meu cabelo, massageando os fios, me fazendo fechar os olhos e mergulhar meu rosto no mar escuro de seu cabelo, querendo me perder no calor de seu corpo e na maciez de seus dedos enquanto o mesmo ainda fazia um singelo carinho no meu cabelo.

Eu não queria soltá-lo, não queria mesmo sair daquele conforto.

— Jungkook, eu preciso subir. — Jimin sussurrou perto do meu ouvido, fazendo meu corpo se arrepiar fortemente, prensando mais ainda meus braços em sua volta.

— Só mais um pouco, por favor. — sussurrei de volta enquanto movia meu nariz pela lateral de sua cabeça, próximo da cartilagem de sua orelha. Não consegui conter a vontade de dar um leve selar no local, percebendo como o corpo de Jimin tensionou e suas mãos se moveram para meus ombros.

— Jungkook… — sua respiração resfolegada batendo em meu pescoço só me fazia segurá-lo com mais vontade, percebendo seus dedos se apertando e se movendo do meu ombro para minha nuca.

— Eu não sei se consigo controlar, Jimin. — falei enquanto apoiava minhas costas no carro, trazendo o menor comigo.

Seu peito subia e descia enquanto se mantinha grudado a mim. A gola de seu casaco caindo de seu ombro, revelando sua clavícula ossuda e límpida, tão chamativa. Desci meu nariz por trás de sua orelha, levando-o até seu pescoço, sentindo a fragrância de seu perfume, algo como um floral silvestre, não era doce, mas era suave, com um toque excêntrico, um perfume criado para Park Jimin usar. Minhas mãos escorregaram por suas costas, parando em seu quadril, quase perto de suas nádegas, sentindo os lábios de Jimin roçarem por meu pescoço, depositando um selar quase imperceptível em minha pele.

Apertei os dentes em meu lábio inferior, tentando controlar a vontade de jogar Park dentro daquele carro e foder com ele até perdemos a consciência por pura exaustão.

Desci minhas mãos até a mesma se infiltrar por baixo do casaco do outro, não resistindo a vontade de apertar seu quadril da forma que fiz quando o mesmo me fez ver estrelas a uns dias atrás. Senti o corpo do de cabelo preto pular levemente com o ato, esfregando minha semi ereção em sua coxa, ereção essa que eu nem tinha me ligado que estava ali. Acredito que Jimin tenha sentido a mesma, pois suas mãos foram em direção ao meu rosto, pousando em minhas bochechas enquanto seu rosto se desgrudava do meu pescoço e seus olhos se cruzavam com os meus, sentindo novamente aquele desejo crescente e palpável resplandecer dali.

Jimin engoliu em seco antes de dizer:

— Não podemos tornar isso mais difícil do que já é. — Park pronunciou calmamente, pouco se importando de mostrar o quanto ele queria continuar.

— Eu não entendo por que não podemos fazer nada. — levei minha mão até seu rosto, fazendo um leve carinho com o polegar em sua bochecha, vendo Jimin inclinar sua cabeça, apoiando a mesma em minha mão enquanto recebia muito bem o carinho. — Você quer Jimin, eu sei que também quer ficar comigo. — sussurrei, movendo meu rosto em direção ao seu, vendo o mais baixo juntar as sobrancelhas e morder o lábio inferior, como se estivesse se forçando a algo.

Meus lábios, tão próximos dos seus, foram desviados quando o mesmo virou o rosto, fazendo meu beijo acertar em sua bochecha. Suspirei pela rejeição, pressionando meus lábios em sua pele quente, me separando com um estalo alto.

— Eu queria te entender, Jimin, juro que queria. — pronunciei, passando meu nariz por sua bochecha.

— Quando for a hora, eu te explico, — Jimin pronunciou, novamente levando minha cabeça para longe de seu rosto, me fazendo olhá-lo nos olhos. — mas eu preciso que você controle um pouco isso tudo, e eu farei o mesmo. 

— É porque eu sou editor-chefe da Persona? Se você estiver achando que as pessoas vão falar algo ruim de você, não se preocupe. Ninguém da empresa, ou pelo menos da minha equipe se submete a falar coisas desse tipo, somos todos uma família, não há nada que eles possam pensar de mim ou de você.

— Não, não é por isso, eu sei que eles são uns amores, me trataram super bem desde o primeiro contato que tive com a empresa. É que… — o mesmo suspirou, fechando seus olhos e logo os abrindo, me fazendo perceber um brilho diferente neles, como se suas lágrimas estivessem prestes a sair. Havia algo ali, algo que me preocupou muito. — É algo meu, sobre a minha vida. Eu não posso contar agora, mas algum dia eu conto, te prometo.

Suspirei, olhando a imensidão escura e brilhante que existia nos olhos de Jimin, me fazendo questionar se era o mar refletindo um céu noturno, ou se era o próprio céu.

Sua expressão séria parecia implorar por uma resposta, então suspirei novamente, assentindo, vendo seu peito descer por estar prendendo a respiração.

— Obrigado. — o mesmo disse, se aproximando para beijar a minha testa em um beijo longo que me fez apertar os olhos, pois estranhamente, meu peito começou a doer. — Acho melhor eu subir.

— Tudo bem, eu também preciso ir embora. — suspirei pela terceira vez, sentindo Jimin se afastar lentamente, arrastando sua mão por meus ombros e peitoral, até desligar seus dedos do meu corpo.

— Bom, então estou indo. Me avisa quando chegar em casa. — Park pronunciou enquanto se afastava com suas mãos nos bolsos traseiros.

— Aviso sim. — falei, sorrindo levemente. — Até qualquer dia.

— Até. — vi seu sorriso se abrir e ele se afastar mais, se virando e andando até o portão de grade que foi aberto pelo porteiro.

Fiquei ali parado até ver sua silhueta sumir pela portaria, suspirando quando joguei a cabeça para trás, passando as mãos pelo rosto, tentando assimilar o que aconteceu.

Parecia que quanto mais tempo eu passava perto de Jimin, mais hipnotizado eu ficava, e mais sedento dele também. E eu estava tão frustrado, me sentia rejeitado, mesmo claramente percebendo que o mesmo me correspondia tanto quanto eu o correspondia. Mas se o desejo era mútuo, nada me vinha a cabeça de possibilidades que pudesse fazê-lo se negar àquilo.

Mas quem era eu para querer julgar as decisões dos outros? Eu não sei o que se passou com ele, nem sei a importância de seus motivos para o mesmo se negar a ter algo comigo, então o que posso fazer a não ser aceitar? Eu já havia decidido que, independente de qualquer coisa, a presença dele já era tudo o que eu precisava ter. Não importava se eu poderia tocá-lo ou não, existiam coisas mais importantes em jogo.

Eu só queria ele por perto, apenas isso, e enquanto o tiver assim, então está tudo bem.

Está tudo bem.

• • •

não me matem, okay?

eu sei que demorei pra atualizar, e eu vou ser sincera: não tenho motivos que podem ser plausíveis pra todos vocês. desde o início do mês eu me sentia meio estranha e por algum motivo não sentia vontade de fazer coisas normais que eu fazia diariamente. visto tudo o que já vivi na minha vida, sabendo bem o histórico de coisas que já senti e como elas acabavam, comecei a focar em outras coisas pra tentar melhorar, seja lá o que estava começando a acontecer (na verdade eu sabia, mas acho que não convêm expor).

sei que muitas pessoas podem se identificar com esses sentimentos estranhos que vem de forma aleatória e nos atingem sem aviso prévio, então sei que vai ter gente aqui que entenderá a minha situação, e pra aqueles que não entenderam, está tudo bem também, é difícil de entender mesmo. se quiserem que eu tente explicar melhor isso tudo, podem me chamar, eu estou disposta a explicar tudo.

o importante é que agora eu acho que to começando a melhorar e por isso atualizei pra vocês, mas eu decidi que oásis não terá mais dias certos pra ser atualizada, justamente pra não deixar vocês na expectativa de atualização. espero mesmo que entendam.

agora falando sobre a fic, a roupa do jimin é aquela do photoshoot de you never walk alone mesmo ta galero? eu amo essa roupinha e precisei colocar. outra coisa também é que esse restaurante las vegans realmente existe, ele é de algum lugar daqui do rio de janeiro, achei por acaso no google maps e amei o nome, decidi usar pra fazer conceito k

repetindo: tenham paciência com os personagens, okay? sei que é difícil entender algumas coisas, mas pra tudo há uma explicação e tudo vai ser esclarecido no decorrer dos capítulos, então se envolvam com a história mas sem julgar de maneira errônea. foi difícil criar a história envolvendo o jimin e mais difícil ainda narrar todos os pensamentos do jungkook com precisão pra passar exatamente o que eu queria.

e bem, no final das contas, eu sempre coloco referências de coisas que gosto, como todas as citações de game of thrones, o fato deles terem ido assistir capitã marvel (porque sim gente, essa fic já foi escrita a tanto tempo que esse capítulo foi projetado na época de lançamento desse filme) e o jungkook achando que ta numa série tailandesa de boys love porque hmkk precisei colocar já que fui cadelizada por essas séries e viciei muito.

então é isso, qualquer coisa podem me mandar uma mensagem aqui no wattpad ou me chamar na dm do meu twitter yiwangji. desculpem qualquer erro.

beijos *:

lola.

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