o n e
Acordei no meio da noite, como de costume.
Tentei não me mover muito para não acordar meu parceiro que estava dormindo ao meu lado.
Abri os olhos, não demorando muito para que o sono dissipasse do meu corpo, porque além de ter um sono leve, esses movimentos já estavam predestinados.
Eu era uma homem saideiro, pegava algumas pessoas, dormia com outras e só, não passava disso, nunca quis um relacionamento duradouro — e reparem, duradouro para mim significava estar mais de uma noite com a mesma pessoa.
Eu tinha alguns problemas para lidar com sentimentos, então sempre os evitava para não causar mais confusão. Fala sério, era muito mais fácil quando você apenas não se envolvia demais, nunca precisei passar por situações onde precisava dizer as pessoas que não as correspondia, todos já sabiam, mesmo que em algumas vezes eu tenha encontrado por acaso as pessoas com quem passei a noite e elas quisessem repetir, eu sempre negava educadamente.
Algumas eram um pouco mais assustadoras, diziam que haviam se encantado por mim, então eu ria e negava novamente, como sempre, porque isso não fazia sentido algum, ninguém se apaixona por alguém em apenas uma noite.
Sinto meu corpo um pouco pesado, talvez porque eu tenha me cansado bastante naquela noite em especial, e lembrando dos momentos, sorri.
Virei para o lado, apenas para dar uma olhada no meu parceiro, mas acabo por encontrar a cama vazia.
Espera...
O que?
A cama está vazia?
Ele foi embora antes de mim?
Mas quem vai embora primeiro sou eu! Sempre foi assim.
Fico atordoado ao me encontrar sozinho; isso nunca havia acontecido comigo, muito pelo contrário, às vezes eu ficava preso nos braços da pessoa porque ela dormia agarrada a mim e eu precisava sair sem acordá-la.
Não que eu fosse um cafajeste que usa as pessoas e depois as deixa por lá, a questão é que você não deve esperar muito de alguém que encontra em uma boate, por mais luxuosa que essa seja. É apenas uma rotina noturna de pessoas que se cansam de seus trabalhos e vão beber até acabar na cama de um motel apenas com flashes de lembranças da noite.
Continuo olhando para o espaço vazio não acreditando naquilo que estava diante dos meus olhos, ou deveria estar. Como ele foi embora antes de mim? Isso não poderia estar acontecendo.
O papel de ir embora antes era meu, sou eu quem deixa as pessoas, sou eu quem desapega e deixa a noite sendo apenas uma mera ocasião única e especial, porque noites comigo sempre são especiais demais para serem repetidas. Eu levo até um post-it e uma caneta no bolso para deixar a mesma mensagem nele:
"A noite foi incrível,
mas o dia será melhor ainda.
Beijos, Jeon."
Olho em cima da mesa de cabeceira, onde eu normalmente deixo meus post-its colados, e encontro o mesmo vazio. Eu ao menos tenho o cuidado de deixar uma mensagem final para a pessoa, partilhamos de uma noite significativa, de qualquer das formas, e esse insensível não deixou nada.
Pelo menos me importo com as pessoas.
Tiro o lençol de cima do meu corpo, vendo que ele arrumou um pouco o quarto. As roupas que antes deixamos espalhadas pelo caminho não se encontravam mais lá, muito menos as embalagens de camisinha, que presumi estarem na lixeira do banheiro. Ele arrumou o quarto inteiro e eu nem sequer acordei? Puta merda, eu estava sedado, só pode. Você é uma mula, Jungkook.
Sento-me na cama, olhando o quarto que não pude reparar quando entrei, como se eu não o conhecesse de outras noites, visto que sempre alugava o mesmo quarto no mesmo luxuoso hotel. Eu já havia estado ali antes, mas aquilo parecia diferente, me sentia um pouco sozinho, talvez porque, dessa vez, eu fui aquele que foi deixado dormindo depois de uma noite prazerosa.
Tento inutilmente não me abalar com essa questão enquanto rolo meu olhos pelo quarto, procurando minhas roupas, as encontrando devidamente dobradas em cima de um sofá, perto da grande janela. Ao menos ele sabe que não se dobra um blazer, deixando o mesmo estendido no braço do sofá.
Coloco meus pés no tapete felpudo e levanto-me, percebendo minha nudez apenas porque o vento gelado chocou-se contra a minha pele, me causando um arrepio grotesco e dolorido.
Será que é assim que as pessoas se sentem após serem deixadas por mim?
Não, elas sabem que serão deixadas, talvez eu esteja assim porque tive meu ritual quebrado por um cara que nem o nome eu sabia. Outra coisa estúpida que acabei por perceber era que eu não me importei em saber o nome dele, o que era estranho, pois sempre me preocupei com isso. Nunca levei alguém para a cama antes de ter o mínimo de diálogo com elu, mesmo que partilhássemos de algo íntimo por apenas uma noite, ainda sim era alguém ali, alguém que tinha características, alguém que tinha uma história provavelmente interessante e que era digna da minha atenção.
Talvez seja por isso que eu não gostava de me prender a alguém. A agonia de saber que você está junto de uma única pessoa quando poderia estar conhecendo outras milhares fazia meu corpo tremer, parecia uma vida angustiante, e eu não queria viver assim.
Mas as coisas na noite anterior aconteceram tão rápido. Eu não bebi muito, então sei que os flashes de lembranças que eu tinha foi porque tudo realmente aconteceu em um flash. Eu estava no bar como sempre, procurando pela pessoa da noite enquanto ele estava na pista de dança. Olhei para seu corpo — e que corpo! —, escolhendo o mesmo para ser o felizardo, mas reparei que ele já havia me escolhido antes, já que senti seus olhos em mim e a insinuação gratuita que o mesmo fazia enquanto dançava, nada exagerado, apenas seus olhos ficando presos por um longo tempo em mim já dizia bastante coisa das suas intenções.
Deixei o copo de whisky vazio no balcão e andei até o corpo poucos centímetros mais baixo que o meu, tendo o mesmo se virando de costas para mim, mas não levei como uma rejeição e sim um convite para enroscar minhas mãos em sua cintura, até porque o mesmo me olhava por cima do ombro e sorria, esperando por um ato meu.
Não precisou de muito tempo para conseguirmos uma conexão mútua, nossos corpos se moviam em sintonia e isso era estranho, já que eu precisava de diálogos para me conectar a alguém, e nós não havíamos trocado uma palavra sequer. Ficamos nisso por bastante tempo, e nunca cansava porque a energia que perpetuava de um corpo para o outro já bastava, era tudo o que precisávamos.
Certa hora, meu parceiro apenas virou-se de frente para mim e, diferente das outras vezes que fez isso, o mesmo não apenas colou suas mãos em minha nuca e sua pélvis na minha, como levou seus dedos ao meu cabelo e um belo puxão foi plantado ali, me fazendo grunhir em apreciação. Seu sorriso foi a última coisa que vi quando a segunda coisa estranha da noite aconteceu: ele me beijou.
Já não bastava toda a intimidade que adquirimos sem trocar qualquer palavra, algo muito estranho para mim, ele ainda me beija, ele tomou a atitude que eu tomava, era eu quem sempre beijava primeiro.
Não entendia de onde vinha toda aquela dominação, na hora eu realmente não me importei, estava extasiado, mas nesse momento em que estava parado em frente à janela olhando o céu escuro com pequenos brilhantes espalhados, me senti incomodado.
Aquela noite havia sido mais estranha do que imaginei.
Voltei a recordar do acontecido de horas atrás, tentando recapitular toda a burrada que eu havia me metido, lembrando de como o beijo daquele desconhecido era gostoso a níveis inimagináveis. Nunca fui capaz de sentir o calor que senti com apenas um beijo, e a força que eu usava para apertar sua cintura nunca parecia suficiente para aliviar o tesão que estava sentindo.
E foi apenas o primeiro beijo.
Em um desconhecido.
Eu sempre prezei pelo bem-estar des mis parceires, logo não fazia nada além de beijá-les em público, apenas para expressar aonde eu queria chegar com elus, mas naquele momento em específico, eu estava pouco me fodendo para as pessoas em volta. Eu não ligava se estávamos fazendo uma cena digna de uma preliminar pornográfica, nem me importei se as pessoas presenciavam aquilo, eu só queria continuar beijando aquela boca, passando a mão por aquele corpo até sentir meu corpo inteiro ficar com câimbras causadas pelos arrepios descomunais.
Eu não sabia se meu peito doía porque o coração batia muito forte ou se era apenas o pulmão se contorcendo em busca de ar. Também não me importei com a quantidade de saliva que ocasionou nas bocas de ambos extremamente molhadas.
Eu não me importava, e o desconhecido também não, pelo visto.
Ele não se importou quando desci meu rosto para seu pescoço e chupei sem dó. E então, estamos aqui seguindo para a terceira coisa estranha que aconteceu: eu o marquei sem perguntar se poderia.
Eu nunca faço isso, definitivamente. Como eu disse, sempre preservei o bem-estar des mis parceires, e nunca fazia algo que pudesse es incomodar. Talvez na hora eu não tenha percebido o que fiz porque a reação do desconhecido foi gemer um tanto alto e fechar mais ainda seus dedos em meu cabelo.
Como isso é possível? Foi apenas um beijo, e mesmo que tenha sido um dos melhores beijos que já dei — sendo bem modesto, claro, eu sabia que aquele foi o melhor beijo da minha vida —, não justifica eu me descontrolar daquela maneira e esquecer completamente das regras que eu mesmo criei. Não fazia sentido.
Voltando a me martirizar com as lembranças, lembro de como a bunda dele era gostosa de apertar, mesmo por cima da calça jeans ou por cima da cueca — já que tive a audaciosa atitude de colocar minha mão por dentro da calça dele só para apertar suas nádegas enquanto ainda chupava seu pescoço.
Porra, será que eu não poderia esperar chegar ao hotel? Porque estava claramente evidente que transaríamos, mas eu parecia um esfomeado que não podia deixar o almoço para a janta. Talvez o cara tenha pensado que eu era um virjão que estava frequentando a boate pela primeira vez, tamanha sede que eu tinha dele.
Não, com certeza ele dissipou essa dúvida quando transamos, eu não fodo como um virjão, disso eu tenho certeza.
E como se já não bastasse todas as estranhices que estavam acontecendo, a quarta foi essa:
"Vamos para um lugar mais reservado?"
E o que tem de estranho nessa fala? E que não fui eu quem disse e sim ele.
Isso mesmo. Novamente, a atitude que antes era tomada por mim, ele a tomou.
E novamente, eu não me importei na hora.
É sério, eu estava realmente sóbrio? Eu só lembro de ter tomado um único copo de whisky, e isso não deixa ninguém bêbado, nem idiota do jeito que eu estava. Será que alguém colocou alguma substância nesse copo? Se isso aconteceu, eu deveria estar sentindo algum efeito colateral que essas drogas alucinógenas causam.
Tateei o meu corpo ainda nu, tentando encontrar algo de estranho. Algumas manchas, uma perna quebrada, um tufo de cabelo arrancado. Nada. Estava tudo em perfeita ordem — tirando alguns chupões espalhados pela minha pele, mas isso era o de menos —, nem de ressaca eu estava, claro, quem ficaria de ressaca tomando um único copo de whisky? É até ofensivo ir em uma boate luxuosa como a Oásis e tomar só um copo de bebida.
E depois daquela fala, que foi um tanto sussurrada, as únicas vezes que ouvi sua voz novamente foram enquanto gemia para mim e falava algumas putarias excitantes, já no quarto do hotel que era praticamente do lado da boate. Na minha cabeça, era estratégico, a boate era conhecida, seus clientes eram fiéis, e o hotel lucrava por ser ao lado, era a parceria perfeita.
Eu conhecia o dono da Oásis. Os anos em que frequentei aquele lugar me fizeram quase um membro VIP, conhecedor da mente por trás daquele estabelecimento que me causou tantas noites felizes — e estranhas, até então. Kim Seokjin o nome, grande homem.
Era isso. Uma noite estranhamente deliciosa com um desconhecido igualmente delicioso me fez refletir em pé por algumas horas dentro daquele quarto, tentando entender o sentido daquilo tudo ter acontecendo.
E se já não bastasse todas aquelas coisas estranhas que aquele homem de cabelo preto me proporcionou em apenas uma noite, a coisa mais estranha só foi percebida por mim quando eu já estava devidamente vestido, enquanto arrumava meu cabelo com desejo de me despir de novo, mas não sozinho:
Eu queria repetir aquela noite.
• • •
eaeeeee
então, esse foi o primeiro cap. já peço paciência com o jungkook porque até eu ria enquanto escrevia as coisas que ele falava.
peço encarecidamente que vocês me ajudem a divulgar, eu não sou muito conhecida aqui no wtt, apenas minhas fics (que nem são tão conhecidas assim, eu acho), então quase ninguém saberá da oásis. POR FAVOR, DIVULGUEM NO TWITTER, NO SQUAD, NO GRUPO DA SALA E ATÉ NO DA FAMÍLIA !!!1!
sei que vocês não perdem tempo, então se alguém já quiser deixar alguma teoria por aqui, eu vou amar ler.
é isto, desculpem-me qualquer erro. qualquer coisa que eu precisar falar, vou comentar aqui no próprio feed do wattpad, então me sigam se quiserem ((((:
beijos *:
lola.
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