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atenção: este capítulo contém menções a assuntos que podem ser gatilhos, se não se sentir confortável, não leia! saúde mental em primeiro lugar.
× × ×
Uma hora ou outra, nós vamos começar a nos sentir sufocados, e muitas vezes nem sabemos o porquê disso até parar para analisar: quando você prende muito as coisas, elas tendem a se acumular, e nada nesse mundo tem um espaço infinitamente grande para conseguir caber quaisquer coisas sem que uma hora esse espaço fique cheio, isso vale também para nós, reles humanos suscetíveis a corrupção; é muito fácil simplesmente estourar, pois não há, de forma alguma, algo que possa ser guardado por tanto tempo sem que lhe incomode alguma hora.
E eu estava prestes a explodir.
Eu sabia que não podia fazer muito a respeito de Jimin e sua decisão de se resguardar, e era justamente por isso que eu estava tão nervoso, estava de mãos atadas vendo a pessoa que gosto estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe, porque sim, depois de muito tempo refletindo, eu soube que gostava de Park, não uma paixão avassaladora, modestamente falando, nem mesmo um amor, mas é, eu gostava dele.
Enquanto Jimin não desse um sinal verde, eu não poderia fazer nada.
— Deixa eu ver se entendi, — Wooyoung exclamou enquanto bebia seu café em minha frente sendo agraciado pela luminosidade do sol da tarde já laranja. Ele ainda se parecia tanto com Jimin, mas eu o via com outros olhos naquele momento, ele era um amigo, um amigo confiável e que aceitou tomar um café comigo enquanto ouvia a fanfiction da minha vida. — vocês saíram para um encontro super clichê de peguetes recentes, quase se beijaram nesse encontro, então você foi com seu amigo para a Oásis e encontrou ele com outro amigo, daí vocês se pegaram na frente de todo mundo porém ele simplesmente foi embora depois?
— Exatamente. — falei, passando meus dedos por meu cabelo enquanto arregaçava as mangas da minha blusa social, agoniado. — Eu juro que tento entendê-lo, dar o espaço dele, claro que sei que estou sendo egoísta demais por estar quase morrendo de ansiedade por algo que nem sei se vai realmente rolar, e claro que eu sei que ele quer porque ele fica tão hipnotizado quanto eu, ele também toma iniciativas, mas depois foge, e eu nunca vou mesmo entender isso, parece que…
— Jungkook, calma! — Woo quase gritou, me fazendo respirar fundo percebendo a falta de ar que sentia. — Para tudo tem uma explicação, pode não ser plausível para você, mas para ele é, tão plausível que faz ele fugir do que ele quer, então por favor, dê tempo ao tempo.
— Mas… — choraminguei frustrado. — Eu quero tanto ficar com ele Woo, ele me faz tão bem, eu esqueço que o mundo existe quando estou com ele, tudo fica tão quieto, tão relaxado, tão em paz. Parece que vou explodir, mas é de uma maneira boa.
— Tem certeza que você não está amando esse garoto? — Young perguntou divertido.
— Amor é uma palavra muito forte, prefiro não usá-la. — falei, suspirando.
— Paixão, então?
— Eu nunca sei o que é estar apaixonado, não sei qual a diferença entre este e amar, embora amar seja forte, se apaixonar é tão forte quanto. Precisamos tomar cuidado com sentimentos fortes.
— Precisamos sim, Jungkook, mas cuidado é diferente de medo. Você precisa ter cuidado ao manuseá-lo, mas não pode temê-lo. — o outro em minha frente disse enquanto terminava seu café. — Você quer ficar com ele, certo? — assenti. — Você quer namorar com ele, é isso?
— Bem… Eu não sei. — suspirei, brincando com alguns guardanapos que estavam despojados ali na mesa. — Não sei se estou pronto para namorar agora.
— Então como quer algum retorno dele se nem mesmo você sabe o que quer? — perguntou, me fazendo fechar os olhos e abaixar a cabeça, concordando internamente com aquilo.
Se caso Jimin cedesse, o que aconteceria depois?
— Você demonstra ter desejos por ele e ele já sabe disso, mas o que mais ele sabe? Ele sabe das suas reais intenções? Ele sabe que você gosta dele? E você, sabe o que fará quando ele finalmente te deixar entrar na vida dele? Sabe o que quer? — Woo perguntou tendo um aceno negativo como resposta para todas aquelas perguntas. — Então decida a sua vida primeiro, depois o procure.
E mais uma vez, Wooyoung me deixou mergulhado em pensamentos. Afinal, o que eu queria?
— Eu só fico confuso com todas essas fugas dele. Queria não pensar nisso, queria realmente deixar para lá, mas não consigo. — suspirei, vendo Woo franzir a testa e encarar o nada por alguns segundos.
— Jungkook, você já parou para pensar se ele sofreu algo em outros relacionamentos e por isso parece ter tanto medo de te dar uma oportunidade?
— Sofreu algo? Como assim?
— Olha, eu realmente não sei se minha indagação está certa, mas tudo o que me contou sobre ele até agora me faz pensar que ele pode ter sofrido algum relacionamento abusivo ao ponto de estagná-lo. Isso é bem sério e delicado, Gguk, então por favor, se isso ou algo parecido aconteceu, tenha paciência com ele. — o outro disse, me fazendo respirar de forma desregulada, mal conseguindo conceber que Jimin pudesse ter sofrido algo como um relacionamento abusivo.
Será?
—— after a while ——
Saí da minha sala no intuito de seguir até o banheiro. Hoseok havia dito que eu poderia colocar um banheiro na minha sala, mas achei desnecessário, não ia cair minhas pernas andar até um dos banheiros de funcionáries. Como a Persona era uma empresa grande, seu quadro de funcionáries era tão grande quanto, então havia um corredor exclusivo para os banheiros que eram unisex, ou seja, continham cabines individuais em um mesmo espaço, sem divisões de gêneros, todos com adaptações para pessoas com necessidades especiais, além de um fraldário.
Prezávamos pelo conforto de todes que trabalhavam ali.
Caminhando até um dos banheiros enquanto mexia no celular, mal percebi quando esbarrei no ombro de alguém.
— Opa, me desculpa. — falei enquanto levantava os olhos e encarava a pessoa qual esbarrei, arregalando os olhos quando vi Jimin ali. Será que os deuses faziam a gente se ver o tempo todo porque queria me torturar ou o que? — Ah, oi Jimin.
— Oi Jungkook. — ele falou baixo, um pouco acanhado, me fazendo levantar as sobrancelhas.
— O que faz por aqui?
— O pessoal do design me chamou porque algumas capas para o livro estão prontas e eles queriam que eu desse uma olhada. — ele falou enquanto colocava as mãos nos bolsos traseiros de sua calça jeans clara, só aí consegui reparar em suas roupas simples, nada além do jeans, uma blusa preta e um tênis branco, roupas essas que o deixavam tão glorioso como todas as outras que o mesmo já usou.
— Ah, sim, me disseram que haviam terminado. Eu particularmente gostei de todas, vai ser difícil escolher uma para o lançamento. — disse orgulhoso da equipe que tive o prazer de contratar.
— Sim, eu estou a horas tentando escolher uma. — Jimin riu enquanto trocava o peso do seu corpo de perna, balançando-se vagarosamente, parecia ansioso.
— Você está bem? Parece nervoso. — perguntei preocupado, vendo seus lábios se abrindo algumas vezes na tentativa de expor seus pensamentos.
— Estou bem, só um pouco ansioso para o lançamento. — ele falou sorrindo tentando me convencer sem sucesso, mas não questionei mais.
— Jimin, eu posso falar com você? — perguntei um pouco mais baixo, chegando perto do corpo do menor, vendo o mesmo tensionar seus músculos.
— Jungkook, se for algo sobre aquele dia na Oásis, eu não quero falar sobre isso, não agora. — suspirou e se encostou na parede ao seu lado enquanto olhava para trás, vendo o corredor vazio. Só tinha eu e ele ali. — Eu ando muito confuso, então não me questione sobre nada agora, por favor.
— Eu entendo, nem quero te forçar a nada, só fiquei confuso porque, poxa, você saiu de lá correndo sem falar nada, eu realmente não entendi aquilo. — falei baixando a guarda, encostando na parede assim como Jimin estava.
— Você lembra do que fizemos, né? Por que acha que fui embora logo depois?
— Sim Jimin, eu lembro do que fizemos, e lembro que você parecia querer tanto aquilo quanto eu, foi você quem tomou a atitude e depois saiu correndo como se tivesse acabado de assaltar um banco. — falei baixo, mas minha voz já demonstrava leve alteração.
— Sim, eu corri, não nego isso, mas entenda o meu lado, Jungkook, por favor. Eu não consigo ficar perto de você sem querer te beijar, — Park falava quase sussurrado, como se estivesse segredando algo, algo que ele mesmo não queria falar. — mas eu não posso, não posso sentir isso, não posso fazer isso.
— Jimin, você já falou isso para mim e eu já entendi, mas você também consegue entender o meu lado? Consegue entender que você nunca fala exatamente o porquê de não poder fazer isso, mas faz quando está perto de mim e depois foge dizendo novamente que não pode fazer o que já fez? Consegue compreender o quão confuso eu fico? — falei chegando perto do mesmo sem me dar conta, mas me repreendendo por um momento ter esquecido das palavras de Wooyoung me dizendo para eu ser paciente. Vi sua cabeça abaixar e o mesmo suspirar antes de negar.
— Aqui não é lugar para se discutir algo assim. — falou.
— Está fugindo do assunto?
— Estou. — disse, apenas.
Ficamos em silêncio enquanto nossos olhares estavam colados, parecíamos querer decifrar a mente um do outro e eu me odiei por ainda assim querer a presença dele perto de mim.
— Acho que não estamos tentando o suficiente. — falei baixo.
— Como assim?
— Nós decidimos ser amigos, certo? Mas sempre que nos vemos, a gente se beija ou quase se beija, parece que não tentamos reprimir nada e acho que é isso o que está acontecendo. — falei enquanto passava minha mão pelo meu cabelo. — Devemos tentar mais.
— Acha que devemos continuar tentando ser amigos e reprimir isso tudo? — Park perguntou enquanto se desencostava da parede.
— Bom, eu ainda quero ser seu amigo, independente do desejo. Fala sério, Jimin, nós somos seres racionais, podemos controlar nossos atos, é só não nos beijarmos mais e isso logo some. — discursei com convicção querendo acreditar nas minhas próprias palavras.
— Você tem razão. Claro, você tem toda a razão. Vamos fazer assim, não vai ser difícil, como você disse: nós temos controle sob nossos atos. Vai dar certo. — Jimin se pronunciou com mais convicção ainda, me fazendo afirmar com a cabeça.
— Ok, então faremos isso. — falei, estendendo a mão direita para ele. — Bons amigos?
— Bons amigos. — falou firme apertando minha mão de volta.
— E aí, Chim! — ouvi uma voz atrás de Jimin e olhei para o início do corredor, vendo Hoseok se aproximando. — O que estão fazendo aqui?
— Só conversando. Como vai, Hope? — Jimin falou, me deixando confuso.
— Espera, Chim e Hope? Quando vocês construíram essa intimidade toda que eu não vi? — perguntei encabulado, vendo Hoseok revirar os olhos.
— Nós somos amigões agora, pode parar de ciúme. — o mesmo disse se virando para Jimin. — Ele é tão egoísta, me quer só para si.
— Ah, pronto. — falei, cruzando os braços.
— Ah! Ainda bem que encontrei vocês juntos, já mato dois coelhos com uma cajadada só. — Hobi falou animado. — Eu e o Yoongi vamos fazer um almoço lá em casa, já chamei o Taehyung e queria chamar vocês dois. Bora?
— E vamos comemorar o que? — perguntei enquanto olhava o relógio, vendo que já estava quase no final do expediente.
— Comemorar o fato de sentirmos fome. — o de cabelo castanho disse fazendo Jimin rir, colocando a mão em sua boca. — O Yoongi está acompanhando o Master Chef Korea e agora quer matar todo mundo envenenado. Vai ser divertido.
— Eu vou, é só me mandar seu endereço. — Park pronunciou enquanto observava Jung abrir aquele sorrisão típico dele.
— Ótimo, te mando a localização depois, mas é amanhã, pode aparecer por lá às 13h. — finalizou, olhando para mim. — Você vai também, né, seu miserável?
— Vou, Hobi, eu vou. — falei suspirando. Meu melhor amigo era inacreditável.
— Beleza, te vejo lá. Chim, vem cá rapidão, quero falar com você. — meu amigo se virou para o mais baixo, colocando os braços sobre o ombro dele e o puxando para fora do corredor, me deixando ali.
Agora eles são amigos. Estou feito.
—— after a while ——
Eu posso me considerar um cara forte, não fisicamente, embora meu tempo dedicado à academia tenha me dado bons músculos, mas eu estava falando de forte no sentido psicológico. Ou talvez eu só esteja me enganando.
Veja bem: após a conversa com Jimin, nós realmente estávamos agindo como amigos, visto que sempre encontrávamos coisas em comum nas nossas conversas, desde nosso fascínio pela série Lúcifer, nosso gosto exótico por coisas salgadas, nossa vontade de visitar cada museu da Europa, nosso tesão mútuo pelo Jon Snow, a paranoia de sempre deixar o volume da televisão em números pares, até a mania besta de dormir pelado porque gostamos de deixar as partes livres pelo menos nesse momento do dia. Saíamos juntos sempre que possível, seja com os outros meninos ou só nós dois, a companhia dele era realmente prazerosa e eu estava gostando muito de tê-lo daquela forma.
Eu tentava não pensar em nada sexual quando estava perto de Jimin, até porque era óbvio que isso me levaria a loucura como sempre levava. Eu me controlava o máximo possível porque, merda, eu queria muito manter Jimin por perto, muito mesmo, ele era uma pessoa incrível, me fazia rir apenas por ouvir sua gargalhada, tínhamos as melhores conversas e nos divertíamos com poucas coisas, tipo quando a entrega do iFood demorou mais de 3 horas e no final acabamos tendo que fritar Nuggets congelados porque estávamos com preguiça de ir comprar algo decente.
Eu estava sendo forte, menos nos momentos onde minha mente me traia e, sem querer, reparava demais no rosto de Park, observando como ele era absurdamente lindo, ou em seu corpo que quase flutuava quando andava, ou a forma explicitamente sexy que ele se esticava no sofá para pegar o controle remoto da TV que estava na mesa de centro na sala de Yoongi, este último que estava em sua cozinha preparando mais um dos seus almoços.
Era domingo à tarde, estávamos os quatro — Jimin, Hoseok, Taehyung e eu — na casa de Yoongi esperando o mesmo finalizar seu maravilhoso prato, prato esse que nem o nome eu sabia pronunciar, mas era algo em italiano. Estava sentado no sofá enquanto observava Jimin passar vários filmes na Netflix, sem ter interesse em nenhum em específico.
— Netflix, amada, precisa catalogar mais alguns filmes. — ouvi o mesmo dizer, me fazendo rir da sua impaciência.
— Coloca os episódios de Um Maluco no Pedaço logo, não aguento mais ver você sendo indeciso. — Taehyung falou enquanto se sentava no outro sofá.
— Coloca aí que eu vou na cozinha. — vi Park jogar o controle em Taehyung enquanto se levantava, indo em direção ao balcão que separava os cômodos.
Eu tentei não segui-lo com o olhar, mas naquele dia estava me sentindo tão exausto que acabei não conseguindo evitar, observando seus pés caminhando pelo chão limpo até se apoiar no balcão, inclinando seu corpo para frente enquanto falava com Yoongi lá dentro. Suspirei baixo encarando o corpo curvilíneo de Jimin, observando como aquele short preto que ia até o meio de suas coxas não estava fazendo bem ao meu psicológico. Nós cinco estávamos realmente próximos, próximos o suficiente para Jimin andar com roupas confortáveis para lá e para cá, e só os deuses sabiam como eu tentava não olhar, mas era impossível.
— Se vocês estão tentando parecerem amigos, acho melhor você parar de secá-lo como se quisesse o comer vivo. — me assustei com a fala de Taehyung que eu nem percebi estar do meu lado. — Fala sério, Kook, você acha que vai continuar com isso por muito tempo?
— Eu não tenho muito o que fazer, Tae. Eu gosto muito da companhia do Jimin, e mesmo o desejando, ainda prefiro o ter assim do que não o ter de forma alguma. — falei, suspirando em seguida, ouvindo ao fundo a risada do de cabelo preto ecoando pelo cômodo.
Observei Taehyung suspirar, antes de olhar para Jimin e se aproximar de mim.
— Olha, eu sei que pode parecer confuso, mas eu conheço o Jimin e sei que o motivo pelo qual ele não se entrega e realmente plausível, pelo menos para ele e para mim. Eu não posso te falar qual é, até porque isso é algo particular e quem deve te dizer é ele e unicamente ele. — Tae explicou, me fazendo concordar com a cabeça, entendendo o seu ponto e realmente suspeitando do que Wooyoung já havia me dito. — Sei que é difícil gostar de alguém que não pode ter, mas pensa pelo lado positivo: você sabe que o Jimin te deseja, vocês já tiveram momentos bons juntos e ele aceitou essa amizade mesmo com tudo o que vocês dois passaram. Isso não quer dizer nada para você?
Encarei os olhos profundos de Kim, vendo o mesmo mexer as sobrancelhas, como se deixasse eu tirar as minhas próprias conclusões de suas palavras.
— Se quer uma dica, converse com ele sobre o que você está sentindo.
— Eu já fiz isso, Tae.
— Não, você disse que o deseja, que quer beijá-lo e isso ele já está careca de saber. Estou falando para você expor seus sentimentos, sem medo, sem apreensão, sem criar expectativas, apenas coloque tudo para fora. Diga em voz alta para ele o que sente, assim as coisas vão parecer mais vivas para ambos.
— E se ele me rejeitar?
— Não pense nisso, não espere por respostas, apenas se exponha e depois veja no que vai dar. Ouça o que te digo, Kook. — o de cabelo vermelho desbotado suspendeu suas pernas até o sofá, se arrumando para manter-se confortável. — Você é uma pessoa legal, o Jimin é uma pessoa legal, duas pessoas legais fazem filhos mais legais ainda.
Ri de sua fala.
— Mas a gente não pode fazer filhos biológicos juntos, Tae.
— Você não entendeu a metáfora, seu lerdo? — balancei a cabeça em negação. — Quero dizer que o fato de vocês dois serem pessoas legais podem se dar bem ao ponto de transformar situações em coisas boas, ou seja, o que vier de vocês dois será algo bom. Eu sinto que vocês dois estão predestinados a serem felizes individualmente, então juntos só somará essa felicidade. E por último, mas não menos importante: não force nada, não aceite as coisas só porque “é o que tem para hoje”, aquilo que não vem naturalmente, não dura.
Sorri com sua fala, vendo Taehyung sorrir abertamente enquanto empurrava meu ombro com o seu, me fazendo soltar uma gargalhada.
— Ei, crianças. O almoço está servido. — ouvi Hoseok chamar, me fazendo correr para uma das cadeiras e me sentar ali. — Vai lavar a mão, seu porquinho.
Após um tempo, já estávamos na metade do almoço, o cômodo barulhento pela conversa que nós cinco mantinhamos, não calando a boca nem para mastigar. Era assunto atrás de assunto e todo aquele ritmo às vezes me deixava perdido, mas ainda sim era ótimo, saber que eu tinha amigos tão animados e contagiantes me deixava extremamente feliz.
— Mas todos os tipos de estereótipos são ridículos porque eles não vêm de uma regra natural e sim de algo que os próprios seres humanos inventam. — Taehyung diz enquanto bebia seu suco.
— Sim, eu mesmo acho patético, por exemplo, colocarem sempre o passivo como submisso. — Jimin se pronunciou, me fazendo prestar um pouco mais de atenção na conversa.
— Também acho isso, estereotipação fodida, oprime muita gente. — foi a vez de Yoongi se pronunciar.
— Então você é dominador, Chim? — Hobi perguntou, fazendo todos os olhares irem para o de cabelo preto.
— Hum, eu não sei, nunca parei para me analisar, mas acho que sim. — Jimin disse enquanto comia um pouco de arroz.
— Mas não tem graça alguma perguntar para a própria pessoa o que ela acha de si mesma, é difícil fazer uma auto análise. Precisamos perguntar para alguém que já tenha ficado com o Jimin. — e assim que a fala de Taehyung foi finalizada, quatro pares de olhos foram direcionados a mim. Observei Kim murmurar um “desculpa”, mas continuou me encarando como se esperasse alguma reação vinda de mim.
— Jungkook, o Jimin é dominador? — Hobi perguntou enquanto mantinha seus olhos secando a minha face, me fazendo engolir o pedaço de cenoura mal mastigada com dificuldades.
— B-bom, ele… — olhei para Jimin que mantinha seu olhar intenso em minha direção. Meus olhos quase conversavam com os seus, em uma pergunta telepática, queria saber se eu poderia falar algo daquele tipo para os outros, e assim que recebi um pequeno sorriso da parte do outro e um acenar de cabeça, continuei. — Ele é a pessoa mais dominadora que já vi na vida.
Um coro de “hum” maliciosos foi soado e Jimin teve um ataque de risos, quase se engasgando com a comida.
— Ou talvez você seja submisso demais, Gguk. — Yoongi falou enquanto bebia seu suco.
— Não acho que o Jungkook seja submisso. — Jung se pronunciou.
— É porque ele não é, — Jimin falou, fazendo todos os olhos irem em direção a ele, inclusive o meu. — só me deixou comandar tudo.
— Comandar tudo? Tipo, até as posições e ritmos? — Tae perguntou se mostrando extremamente curioso.
— Digamos que foi uma conversa onde a palavra final era a minha. Não é, Jungkook? — e todos os olhos se voltaram para mim enquanto eu ainda encarava Jimin, sentindo meu corpo começar a queimar, mas não de vergonha e sim de excitação, pois lembrar daqueles momentos me deixava quase explosivo.
— Eu não poderia discordar do Jimin naquela hora, tudo o que ele fazia era extremamente bom, eu seria louco se não o obedecesse. — suspirei, ainda olhando seus olhos de uma forma intensa. — Jimin sabe bem o que faz.
Um silêncio foi instalado na mesa enquanto eu e Park estávamos em uma dança de olhares, sendo impossível desgrudar um do outro enquanto as cenas daquela noite inundavam minhas lembranças, me fazendo arrepiar e me trazendo um êxtase quase brutal.
— Está sentindo esse cheiro? — Yoongi perguntou baixo.
— Que cheiro? — ouvi Hobi perguntar, tendo minha visão periférica captando quando o mesmo colocou o nariz para cima, tentando cheirar o ar e entender o que Yoongi tava falando.
— Cheiro de tesão. — o Kim se pronunciou.
— Ah não, na frente da minha salada, não. — Hobi quase gritou, batendo o garfo no prato, tentando chamar nossa atenção. — Vamos mudar de assunto.
E eles mudaram, embarcando em um assunto que não me interessei muito em saber, estava ocupado observando os olhos brilhantes de Jimin que estavam colados aos meus, tão intensamente que era capaz de derreter qualquer aço. Tentamos socializar com os outros meninos, mas estava claro como aquela conversa havia nos afetado, só não sabia se era de uma maneira boa.
Porque quando eu pensava no que estava vivendo, eu não negava meu desejo por Jimin, nem nos meus maiores pesadelos eu teria a indecência de negar algo do tipo, mas parecia que eu era o único ainda cheio desse desejo, visto que Jimin sempre agia normalmente comigo, como um amigo de verdade, e não que eu não agisse assim com ele, mas acho que às vezes eu era óbvio demais quando ficava hipnotizado, olhando sua face enquanto o mesmo contava como havia sido o seu dia.
Muitas vezes eu pensei ser o único ainda preso àquele sentimento, o único que estava com dificuldades de superar o que tivemos, mas naquele momento, com Jimin me encarando diversas vezes, seus olhos transbordando excitação me fizeram perceber que eu não era o único, o que me deixou mais apavorado ainda.
Quando somos os únicos que sentem aquilo, fica mais fácil lidar, porque não vamos precisar pensar nos sentimentos da outra pessoa, apenas nos nossos, mas quando o sentimento é mútuo, é pior, não podemos fazer nada sobre aquilo, cresce uma dor no seu peito tão forte que supera a dor de não ser correspondido. A dor da incapacidade é uma das mais destruidoras, e eu não queria passar por aquilo, não quando as coisas poderiam ficar mais esclarecidas.
Pensava sobre a conversa que tive com Taehyung e com Wooyoung, sobre tudo o que estávamos fazendo. Eu não queria ter a amizade de Jimin por opção, como se fosse um prêmio de consolação. Não, ele não merecia que eu pensasse dessa forma, nem eu queria tê-lo apenas daquele jeito. Precisava ser franco com ele, totalmente franco pelo menos uma vez na vida, sem criar expectativas, sem pensar na resposta que receberei depois daquilo; eu só precisava pôr tudo para fora antes que explodisse.
E eu faria mais cedo ou mais tarde — mais cedo, se possível.
• • •
IRRA
como os lolanjos estão? espero que todo mundo esteja bem, porque eu mesma estou na merda.
mentira, não to tão na merda assim, mas to beeeeem coisada, essa quarentena ta acabando com todas as definições de tédio que existem, porque nunca me senti tão entendiada en toda a minha vidinha de 21 anos.
enfim, crises a parte, o que vocês acharam do capítulo?
talvez agora alguns já tenham se ligado em algumas coisas, mas não vou falar nada por enquanto, deixarei a pulguinha perturbando as orelhinhas de vocês hihi
queria avisar que o próximo capítulo é um divisor de águas pra fanfic, vai ser intenso e esclarecedor, então esperem ansiosamente por ele, okay?
também quero lembra-les que, como deixei na sinopse e nas notas, essa história terá menção a coisas que podem ser gatilhos pra vocês, então estejam cientes disso, porém avisarei SEMPRE que tiver algo desse tipo assim como fiz nesse capítulo, então fiquem tranquiles.
não vou militar hoje gente, já to muito exausta de tudo, milito todo dia lá no meu twitter (yiwangji) e não é novidade que o presidente é um asno, então não tenho o que dizer, se quiserem me ver tacar a marimba nesse imbecil, me sigam lá.
é isso galero, me desculpem qualquer erro que encontrarem e qualquer crítica sobre qualquer coisa do capítulo ou da história até aqui, é só me falarem, sou toda ouvidos, podem me mandar mensagem ou me chamar no twitter.
feliz dia das mães pra todas nós que somos mães do melequento do jungkook, lavem as mãos, fiquem em casa quem puder, quem não puder usem máscaras e álcool gel, mewgulf namora e o novo album do baekhyun vai ser lendário !
beijos *:
lola.
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