Capítulo 04 | Prólogo.

Safira.

Ainda sou pequena e estou junto com minha mãe, andando debaixo desse sol quente, subindo e descendo dunas de areia.
A minha mãe está muito estranha. Paro, coloco minhas duas mãos sobre meu joelho e exclamo:

— Mãe, não aguento mais, preciso de água. — digo a minha mãe.

— Não. Aguente mais um pouco, já estamos chegando! — diz minha mãe.

— Essa Shayla está me dando mais calor! — digo com minha mãe pegando no meu antebraço e me puxando.

Já tínhamos percorrido mais de cinco quilômetros e nada de chegar. A minha volta, só tem areia e mais areia, nem sinal de água tem.
Eu, por ser uma criança de 10 anos, começo a ter alucinações. Eu vejo uma comitiva vindo em nossa direção, já não sei mais se é alucinação ou não, só sei que cada vez vai chegando mais perto. A alguns metros de distância, dá para ver que é um dos homens mais famosos e ricos dos Emirados Árabes, perdendo apenas para a família real.
O que estou vendo não é alucinação. Confesso que estou com medo, pois ele é um comerciante de pessoas, mas seu olhar me atrai de uma forma descontrolada.

- Mãe, o que estamos fazendo aqui? - pergunto, olhando para os olhos de Samir e descendo o olho, dando para perceber um volume sob sua Abaya.

- Nada. Fica quieta! - exclama minha mãe, apertando meu braço.

- Você tá me machucando - digo, tentando me soltar.

- Aqui está ela, agora faça sua parte. - diz minha mãe, empurrando-me para Samir e me fazendo tropeçar.

Olho para Samir Youssef e vejo ele levantar sua mão, dando um sinal para que seus dois amigos me pegassem.
Começo a me debater para tentar fugir, mas sei que estou fazendo isso à toa.

- Sra. Hana, não se preocupe, pois nosso trato já está sendo feito! - exclama Samir, passando a mão em sua barba.

- O que vocês vão fazer? - pergunto já pensando em inúmeras coisas.

A minha mãe dá uma gargalhada e vira as costas para mim. Está sendo um dos piores momentos da vida, pois não tenho o que fazer. Começo a chorar, implorando para minha mãe, mas o máximo que ela faz é virar e acenar para mim...
Samir Youssef pega minhas duas mãos, prende-as com um pedaço de corda e me puxa. Tento diminuir meu passo, mas Samir manda eu agilizar.

- Estou com sede, não consigo mais andar, estou fraca! - digo a ele, caindo no chão.

- Você quer água, né? Aqui está! - exclama Samir para mim, pegando a bolsa de água e jogando na área do deserto.
Estico meu braço, mas ele não alcança. Samir chega perto de mim e murmura:

- Quer água ainda?

- Seu imbecil, você é a verdadeira cobra naja do deserto! - exclamo cuspindo em sua cara.

- Sua filha da puta! - grita Samir, dando-me um tapa, fazendo com que eu desmaie.

Samir Youssef e sua comitiva percorrem o deserto todo comigo desmaiada até chegarmos a um oásis , em Catar.

Quando acordo, percebo que estou deitada em uma cama, com minhas mãos amarradas na cabeceira. Como estou com um pedaço de pano amarado em meu rosto, não consigo identificar quem está falando. A pessoa liga a televisão do quarto e aumenta no último volume, parecendo que é para eu escutar a reportagem.

- Nessa tarde de segunda-feira, um homem foi morto a tiros. A denúncia é feita por Hana, a mulher da vítima. Vamos até o local do assassinato com o repórter Omar para saber melhor o que aconteceu. - escuto a jornalista falar, fazendo-me ficar aterrorizada com que aconteceu.

- Boa noite, Fátima! Estamos aqui agora, na frente da casa da vítima. Segundo sua esposa, o Sr. Jamal resolveu ficar em casa, pois não queria levar sua filha à casa dos parentes de Hana. Então, acabou que sua mulher levou. Quando ela chegou em casa, se deparou com seu marido morto a tiros. Esse foi o depoimento de sua esposa. As autoridades irão investigar mais o que aconteceu.

Depois de escutar, a pessoa que está aqui junto comigo desliga a televisão e deita na cama junto comigo. A saliva desce com muita dificuldade pelas minhas glândulas.
A partir daí, começo a perceber que fui trocada por dinheiro para matarem meu pai. Só porque minha mãe não quis se casar com meu pai há alguns anos atrás, ela resolveu se vingar.

A pessoa começa a tirar o pano do meu rosto de uma forma bem suave e a assobiar. Quando ele tira, dou de cara com Samir. Ele começa a conversar
comigo, tentando me tranquilizar, mas não dou atenção. Ele fala tudo o que acontece em sua casa, uma das coisas é:

- Não adianta você fugir, pois irão ter pessoas por todos os lados nessa casa! Iria te vender como as outras mulheres, porém, achei você muito bonita, principalmente, quando você está estressada. Estou imaginando você cavalgando em cima de mim. E por último, irei te soltar, mas se não ficar comportada, você irá ter o mesmo destino de seu pai! - diz ele se levantando da cama e me desamarrando.

Percebo que não tenho o que fazer, a não ser respeitar Samir.
Como já são por volta das 10 horas da noite, ele me chama para jantar. Claro que não posso negar por dois motivos: o primeiro, é que não vou ficar com fome; o seguindo, é que tenho que me acostumar com esse monstro.

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