O Baile das Famílias I


POV NARRADOR

O baile das famílias era um evento tradicional da Seleção. Além de permitir às selecionadas um encontro com suas famílias, era a primeira chance do príncipe conhecer os familiares de sua futura esposa, mesmo que ainda não a tivesse escolhido. Por isso, o palácio inteiro era mobilizado, a fim de proporcionar a todos a melhor das acolhidas. Naquela ocasião, Salão de Bailes estava ornamentado ricamente com flores, jarros e faixas de tecido, e havia guardas posicionados estrategicamente em vários locais para garantir a segurança de todos; os três tronos da família real estavam posicionados em uma seção mais alta do piso, na parte mais interior do salão, e havia mesas com petiscos e garçons com bebidas por todo lado. O rei, a rainha e o príncipe de Illéa estavam de pé diante de seus tronos, sorrindo educadamente enquanto os familiares de cada selecionada se aproximavam, caminhando sobre um tapete vermelho, e faziam reverências. Aos poucos, as famílias das quinze garotas restantes na Seleção ocupavam o salão, conversando entre si enquanto a música preenchia suavemente o recinto.

Quando todos já haviam entrado e saudado a realeza, os guardas posicionados ao lado de outra entrada para o salão soaram suas cornetas, enquanto as portas pelas quais as famílias haviam entrado eram fechadas. Imediatamente, as conversas cessaram, e os guardas com as cornetas abriram as portas. Em seguida, Gavril Fadaye, apresentador do Jornal Oficial, pôs-se ao lado dos degraus que levavam à porta aberta.

"Vossas Majestades, Sua Alteza, senhoras e senhores, boa noite! Tenho a honra de anunciar agora a entrada das selecionadas!"

Uma nova música começou a tocar, e, uma a uma, as participantes da Seleção começaram a surgir pela porta, tendo seus nomes anunciados pelo apresentador. Cada garota fazia uma reverência, descia pelos degraus acompanhada por seu guarda pessoal e seguia para encontrar sua família tentando, visivelmente, conter a emoção. Cada reencontro era registrado por inúmeras câmeras, e a cerimônia toda era acompanhada pela mídia.

Ainda de pé diante de seu trono, o príncipe Arthur observava a entrada de suas selecionadas de forma distraída. Para um observador distraído, ele poderia parecer animado enquanto observava as quinze famílias reunidas no grande salão, mas bastava analisar um pouco mais para ver a ruga de preocupação entre suas sobrancelhas.

Quando apenas catorze garotas tiveram seus nomes anunciados, Gavril lançou uma olha dela para os guardas da porta, que responderam com um leve balançar de cabeça. A garota ainda não estava lá. Atrasada.

Gavril olhou para o príncipe, que parecia absorto demais com os reencontros calorosos das selecionadas com suas famílias. Absorto demais até para notar que, levemente afastadas da multidão, havia três mulheres observando o salão como se buscassem algo. A mais velha, que parecia ser a mãe das outras duas, tinha um olhar duro no rosto e segurava um leque verde-escuro que combinava com seu vestido de seda drapeado e com detalhes de renda pretos. Um desconhecido poderia pensar que seu olhar era preocupado, mas a selecionada faltosa, que conhecia bem todos os olhares daquela mulher, saberia dizer que ela estava, na verdade, com muita raiva.

Esta selecionada, por sinal, era Lillian Vidya Donnelly e se encontrava agora na saída de seu quarto, ao lado de seu guarda pessoal, Thomas Martin, enquanto suas três criadas conferiam se seu belo vestido de baile estava ajustado à perfeição. Aliás, fora o vestido a causa de seu atraso: além de ter decidido usá-lo nos últimos minutos, na pressa para vesti-lo, acabara rompendo uma costura delicada no busto e suas criadas tiveram que consertá-lo às pressas.

"Senhorita!", disse a criada mais nova, Julie. "Não pode ir usando esses sapatos! Vão estragar seu visual!"

"Está tudo bem! Ninguém vai vê-los", respondeu Lillian.

"Não! A senhorita usará uma coisa nova!" E correu para o closet. Voltou trazendo um par de sandálias prateadas com saltos finos e de aparência metálica, com pedras incrustradas nas laterais e nas delicadas faixas frontais. A criada, então, abaixou-se e calçou a selecionada rapidamente. "Agora está pronta, senhorita!"

"Obrigada. Muito obrigada a todas vocês", disse a garota, sorrindo.

"Vamos, senhorita", chamou Thomas, estendendo o braço.

Lillian pôs a mão no antebraço do guarda e caminhou ao lado dele pelo corredor enquanto tentava conter a ansiedade dentro de si. Seu coração batia feito louco contra suas costelas, e a ideia de aparecer com aquele vestido e chamar tanta atenção em um baile real agora não parecia nada interessante. Ela torcia para não estar atrasada.

"Tomas, que horas são?"

"Hm... São sete e dez, senhorita", o guarda respondeu após conferir seu relógio de pulso.

"Ah, não! Nós estamos tão atrasados! Vamos, Thomas, mais rápido!"

Selecionada e guarda correram pelos corredores tão rapidamente quanto o vestido daquela permitia. Desceram as escadas fazendo barulho e chegaram à porta do salão em dois minutos, ofegando, no exato momento em que os guardas se preparavam para fechá-la. Lillian, então, respirou fundo e deu um passo à frente, entrando no salão com Thomas ao seu lado.

Alguns minutos antes disso, quando o relógio ainda marcava sete e nove da noite, o príncipe Arthur parecera finalmente notar que havia algo estranho. Havia procurado com o olhar a presença de uma garota em especial, mas – para sua surpresa – descobrira que ela não se encontrava ali. Isso o preocupara, e, olhando para Gavril, que parecia não saber o que fazer, começou a sentir um aperto angustiado e temeroso no peito. Olhou novamente para o salão em busca de outra garota em particular e a encontrou fitando-o com uma expressão curiosa no rosto.

Você fez alguma coisa?, ele perguntou com um olhar acusador.

Eu não arriscaria o meu pescoço desse jeito, idiota, ela pareceu responder, erguendo uma sobrancelha de forma irônica.

Arthur, então, foi surpreendido, assim como todos no salão, por um novo toque de corneta, que fez todos silenciarem.

"E, por último, senhoras e senhores", exclamou Gavril – parecendo mil vezes aliviado, "anuncio a senhorita Lillian Donnelly, de Angeles!"

O príncipe Arthur voltou rapidamente o olhar para a porta e foi agraciado com uma visão que nublou todos os seus sentidos. Parada no topo da escada estava a garota que, sem sombra de dúvidas, era a mais esplêndida daquele salão. Ela usava um vestido azul-escuro que realçava sua pele alva e tinha seus cabelos escuros presos em um penteado que deixava algumas mechas soltas pairando sobre seu busto, que era ressaltado por uma faixa de tecido semitransparente cintilante.

Lillian sentia que seu coração iria saltar de seu peito a qualquer momento. Ela não estava preparada para receber tantos olhares sobre si, e só percebera isso ao entrar naquele salão. No entanto, não permitiu que seu sorriso fraquejasse, precisava manter a pose naquela noite, mesmo que fosse difícil com sua madrasta e suas irmãs postiças lhe observando naquele momento.

Uma movimentação à esquerda atraiu os olhos de Lillian com a força de mil ímãs, e imediatamente a garota se viu presa no olhar do príncipe, que, mesmo à distância, era capaz de fazer seus joelhos vacilarem. Lillian tentou fervorosamente lembrar a si mesma do que o príncipe havia feito, a fim de quebrar o feitiço que aquelas orbes verdes lhe lançavam toda vez que os fitava. No entanto, era uma tarefa hercúlea desviar a imagem da beleza imponente daquele homem.

Thomas, talvez percebendo que sua senhorita não era capaz de se mover sozinha, cutucou Lillian discretamente com o cotovelo, depois deu um passo à frente, sendo automaticamente seguido pela garota. Enquanto a guiava escada abaixo, percebeu que o príncipe aproximava-se quase como se estivesse hipnotizado, e teve que se esforçar para não se permitir sorrir da cena. Ao seu lado, Lillian respirava com dificuldade, seguindo os movimentos do príncipe com o olhar enquanto os súditos faziam reverências e abriam espaço para que Sua Alteza passasse.

Quando chegaram ao último degrau, o príncipe já estava a aguardando. Lillian fez, então, uma reverência profunda, tentando dar a si mesma tempo de se recompor, depois pôs-se ereta novamente.

Tal como noites atrás, o príncipe sorria de forma sedutora enquanto fitava a garota à sua frente com seus olhos claros como uma manhã de verão. No entanto, qualquer um poderia perceber que havia uma aura diferente ao redor do casal, era como se estivessem em um mundo próprio, alheios aos inúmeros olhos sobre si.

Com um floreio, o príncipe estendeu a mão diante do corpo.

"Olá, senhorita. Será que me daria a honra desta dança?", disse ele.

Lillian foi incapaz de não reagir ao reconhecer aquelas palavras e engoliu em seco. Sua voz parecia ter sumido de repente, mas ela obrigou-se a responder. Afinal, não se podia recusar um pedido daquele homem.

"Sim, Alteza", Lillian respondeu, aceitando a mão do príncipe.

E então, como se estivesse apenas aguardando a deixa, a orquestra começou a tocar outra música, enquanto o príncipe e a selecionada caminhavam para o centro do salão e começavam a valsar.


HELLO!!!

Voltei levemente atrasada, mas VOLTEIIII

TO VIVA

TO BEM

TO DE BOA NA LAGOA

(Só que NÃO, né. Escola aí e tals...)

Enfim, eu resolvi separar esse capítulo do baile em vários, porque ELE É ENORME. Gente, eu sabia que ia ser grande, mas superou minhas expectativas. E precisei mudar o ponto de vista por causa da limitação de visão que um só personagem teria.

ESPERO QUE NÃO SE INCOMODEM COM ESSA LEVE MUDANÇA.

Prometo voltar com a LILY assim que acabar o baile!

BEIJOOOS *3*

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