A Verdade


(A música do capítulo é "I can't fight this feeling" - Captain Dipper and The Strawberry Girl (cover)). Deem play quando surgir um ♥-♥ no meio do texto kkkkkkk (se quiserem ter a experiência completa que eu imaginei, claro ><) 

Boa leitura! ♥


Eu achava que Layla era irritante e dissimulada. Talvez um pouco perigosa. Até mesmo maquiavélica. Mas nunca sequer cogitei que fosse parte do grupo de rebeldes que queria derrubar a realeza.

Quer dizer, ela parecia ser só uma garotinha mimada!

Meus ouvidos zumbiam, o silêncio se instara no quarto pesadamente. Eu mal ousava respirar.

Olhei para Arthur, que me encarava, obviamente aguardando uma reação, e engoli em seco. Por que ele não tinha expulsado ela do palácio ainda, se sabia daquilo? Como ele tinha descoberto? Era por isso que ele agia como se estivesse... espera. Ela tinha algo a ver com os atentados dentro do palácio? O sangue escorreu para longe do meu rosto enquanto minha mente se enchia de hipóteses. Antes que eu abrisse a boca para começar a despejá-las, Arthur voltou a falar.

"Antes que você comece as perguntas: por favor, me desculpe."

"Desculpar por...?", indaguei, receosa.

"Saber disso pode colocar sua vida em risco, mas eu não conseguia mais esconder tudo de você. Todas as minhas ações no palácio são orquestradas e calculadas. Um passo em falso e o inferno abrirá suas portas aqui", ele disse enquanto sentava-se na cadeira ao meu lado. Sua postura estava tensa, e seu rosto, sério. Ver aquela expressão fez com que meu nervosismo aumentasse e meu coração acelerasse dolorosamente.

"Tudo bem. Mas, por favor, fale logo. Essa tensão está me matando!"

"Certo, certo... então... vamos começar pelo baile de seleção. Você estava lá, não é?", ele olhou para mim, e eu assenti. "Layla... ela teve uma atitude incomum desde o começo. Veio diretamente até mim para a segunda dança e praticamente exigiu que conversássemos à sós. Disse que... tinha algo interessante para me dizer."

Ergui uma sobrancelha.

"Eu quis dizer 'do meu interesse'", ele ressaltou.

"Eu não disse nada!" ergui os dedos das mãos em rendimento.

"Enfim", Arthur prosseguiu após me lançar uma olhadela desconfiada. "ela me levou até o exato lugar onde eu te vi chorando depois, a varanda, e lá me apontou alguns guardas. Apontou os dois que estavam ao lado da porta, um dos que estava ao lado dos meus pais e alguns outros que estavam espalhados pelo salão, chamando-os pelo nome. A princípio eu não entendi o que ela estava fazendo, mas, depois de indicá-los, Layla sorriu para mim e disse 'eles são todos rebeldes'."

Engoli em seco, sentindo que meu estômago se revirava desconfortavelmente. Estava cada vez mais aterrorizada.

"Eu quase gritei. Mas antes mesmo que ela dissesse, eu já havia entendido tudo. Layla também era um deles, e bastava um movimento seu para que um ataque fosse iniciado. Bem ali. E meus pais seriam os primeiros alvos."

Após um segundo de silêncio, Arthur prosseguiu.

"Depois disso, ela começou a fazer suas exigências. Queria ser uma das selecionadas, e queria minha total cooperação, o que significava que ela deveria ser minha favorita durante todo o concurso e que eu teria que manter segredo absoluto sobre o que eu sabia. Caso contrário, os guardas infiltrados iniciariam um golpe de estado imediatamente, matando meus pais e todos os outros do palácio que se recusassem a se curvar diante deles."

"Arthur!", ofeguei horrorizada.

"Esta deveria ser a seleção mais rápida da história, eu devia ter antecipado todos os bailes, para que acabasse logo e como Layla queira. Mas tudo mudou assim que...", ele hesitou por um segundo, depois ergueu os olhos para mim. "assim que eu dancei com você sem música alguma no meio da biblioteca naquela noite, Vidya."

♥-♥

Eu estava com muita ansiedade acumulada, mas, no momento em que ele disse aquilo, meu coração deu um salto mortal e voltou a bater acelerado por um motivo completamente diferente. Arthur estendeu uma mão, e tocou meus dedos com delicadeza, como se eu pudesse quebrar. Então deslizou sua mão sob a minha e, com gestos suaves, levou meus dedos até seus lábios.

Subitamente, a gravidade parecia ter desaparecido do quarto.

Arthur ergueu os olhos para encontrar os meus, e novamente eu senti como se fosse sugada para outro lugar, para uma lembrança que eu não visitava há muito tempo. Uma memória que eu deveria alcançar... Então eu notei uma pequena falha na maquiagem de Arthur: em seu nariz, algumas sardas estavam visíveis.

Foi então que eu lembrei.

Aquele dia na Noruécia. O garotinho que havia brincado comigo e se recusado a dizer o nome, por ser proibido... Arthur.

"É você", sussurrei, incrédula. "O garotinho na Noruécia! Como eu não tinha notado?!"

"Então você enfim lembrou". Arthur sorriu enquanto afastava os lábios da minha mão com um sorriso brincalhão.

"Você lembrava! Por que não me falou antes?", exigi, incapaz de conter um sorriso.

"Não sei", ele riu. "Seus olhos eram ambos azuis na época, não?"

"Lentes. E você disse que era dois anos mais velho que eu!"

"Eu estava tentando parecer legal." Ele deu de ombros.

"Eu não acredito!" Ri, sendo acompanhada por ele. "E doze anos depois eu estou aqui, participando da Seleção daquele garotinho! Não é loucura?"

"Eu prefiro outro adjetivo", Arthur falou, aproximando-se de mim lentamente. Quando nossos rostos estavam a apenas alguns centímetros de distância, ele afastou uma mecha do meu cabelo e sussurrou "Eu prefiro chamar de destino".

Unimos nossos lábios com urgência, o que fez com que um leve gemido de dor me escapasse. Arthur, então, mudou para uma carícia leve, salpicando beijos em meus lábios e fazendo com que eu me sentisse adorada. Uma descarga de calor e energia percorreu meu corpo, e eu desejei poder mexer os braços livremente para acariciar o rosto e os cabelos do príncipe, mas tive que me contentar com acariciar os dedos de sua mão que ainda estava unida à minha.

Cedo demais, Arthur se afastou. Fitamos os olhos um do outro pelo que poderiam ser segundos ou horas, até que alguém bateu à porta.

"Entre!", Arthur disse.

"Perdão pela interrupção, Alteza", um guarda disse, fazendo uma reverência ao entrar no quarto. "Sua Majestade solicita sua presença em seu escritório."

"Obrigado, soldado Allison", Arthur falou. "Está dispensado."

O guarda saiu da sala com outra reverência, fechando a porta. Ele me parecia familiar, mas eu não conseguia dizer onde o vira antes.

"Vidya", Arthur sussurrou. "você precisa tomar cuidado com esse guarda, principalmente."

"Por quê?", indaguei, também aos sussurros.

"Ele é irmão da Layla."

Depois de se despedir de mim com um beijo rápido, Arthur saiu do quarto, deixando-me na companhia das minhas criadas e de todas as informações que agora dançavam em minha mente. Agora, aquela Seleção parecia ser muito mais perigosa e arriscada do que um simples concurso para a escolha de uma esposa. 

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