CAPÍTULO CINCO
Zach foi até porta da frente com passos leves e antes de sair, pegou um casaco que estava pendurado em um dos cabides dali. Ele sabia que iria estar fazendo frio do lado de fora, pois Bonwina era um local congelante principalmente de madrugada, só faltava nevar para piorar a situação.
Zach ao pisar na varada da frente, viu a silhueta de Henry Scott ainda na calçada, começando a andar rapidamente para direção direita da rua em passos um tanto rápidos. O moreno apressou o passo também, pois se não fosse depressa iria perdê-lo de vista e assim não conseguiria chegar a tempo de ver o que o professor estava aprontando em plena madrugada.
No começo, Zach não pensava em nada a não ser concluir seu objetivo e saber o que Henry iria fazer, mas depois de começar a andar por mais alguns minutos, tentando não ser notado, seus pensamentos começaram a criar paranoias. Primeiro ele pensou que, se Henry fosse mesmo uma pessoa perigosa, algo de ruim poderia acontecer a Malik se o outro soubesse que estava sendo seguido, segundo que, se a primeira opção não estivesse certa, aquilo estava tomando um rumo esquisito, estava perdendo tempo ao invés de estar dormindo para acordar cedo amanhã para seguir uma pessoa totalmente desconhecida que talvez não tivesse nada a esconder.
E a última coisa era que Zach começou a ficar com medo do que poderia acontecer em seguida. Porém, agora, não dava tempo de voltar atrás, teria que continuar com aquela perseguição até o fim. O pior era que não tinha ninguém na rua e o moreno estava tentando ficar o máximo de distância de Henry, tentando se esconder enquanto o seguia sem fazer qualquer barulho.
O professor andava devagar e despreocupado. Seus movimentos ainda eram suaves mesmo estando indo tão depressa. Zach quase não conseguia acompanhar e em menos de alguns minutos, já estava sem fôlego.
Em alguns minutos, já estavam quase no centro de Bonwina, o que não ficava muito longe da casa dos dois, porém, era mais distante do que o caminho que Noah e Zach faziam pra ir pra escola.
O moreno estava curioso e ainda havia bares abertos por perto, um pouco de movimentação para tirar um pouco suas ideias loucas de que era anormal que Henry Scott, um professor de História do ensino médio pudesse andar nas ruas depois das três da madrugada.
Zach fitava o de pele pálida de longe na mesma calçada e o viu virando em um beco rápido até demais. O moreno ergueu as sobrancelhas e isso fez com que apertasse o passo para chegar mais rápido e não perder a localização de seu vizinho estranho. Tinha em mente que alguma coisa errada iria acontecer essa noite e ele estaria lá para sanar suas dúvidas.
Assim que ele virou no beco, seus olhos encontraram a escuridão e no fundo do mesmo, uma placa piscando em neon, dizendo "EXIT", deveria ser a saída do clube fechado que ficava ao prédio ao lado. Zach levantou as sobrancelhas, totalmente atordoado.
Ele tinha certeza de que havia visto Henry Scott entrar naquele beco e de repente, o vizinho sumiu de sua vista. Seus pés se movimentaram para frente para pelo menos poder observar o local estreito. Sua mente estava confusa. Ele estreitou os olhos e não conseguiu ver nada, nenhum movimento estranho e nenhum barulho.
Zach suspirou completamente frustrado e quando iria se virar para desistir de completar seu objetivo, foi surpreendido por um braço forte o prendendo na parede de pressa e com um pouco de força.
─ Você está me seguindo? ─ foi a primeira pergunta que saiu dos lábios roxeados alheios.
O moreno segurou a respiração depois de sentir o cheiro de canela vindo do corpo alheio, quando seus olhos se encontraram com os esverdeados de Henry, uma sensação ruim passou por dentro de seu corpo e ele logo pensou no que sua mãe havia dito sobre as pessoas que estavam sendo completamente sugadas, ficando sem sangue algum em seu corpo.
Ele não sabia como responder àquela pergunta, Zach estava em estado de choque, não havia imagino que Henry tinha percebido que ele estava indo atrás e agora estava mais ferrado do que nunca.
─ Eu... Eu... Apenas tive vontade de sair pra correr um pouco, apenas isso, senh- Henry. ─ disse o moreno, era a única desculpa que estava em sua mente. ─ Quando vi você, pensei em vir trocar algumas palavras...
O rosto de Henry estava tão próximo do seu que ele podia sentir o frio que o corpo do outro emanava, mas não conseguiu sentir respiração nenhuma, parecia que o professor também estava prendendo. E prendia muito bem.
Ele parecia pensar se aceitava ou não as desculpas esfarrapadas de Zach enquanto olhava fixamente para seus olhos, frustrado, Henry se deu por vencido e se afastou do moreno, fazendo com que este franzisse a sobrancelha.
─ Não sabia que você corria de madrugada, Zach. ─ Henry disse olhando para o chão e soltando um sorriso meia boca, como se estivesse fingindo acreditar no que o moreno acabara de dizer. ─ Principalmente depois de três horas da manhã.
─ Ah, pois é. Faço isso praticamente todos os dias. ─ mentiu Zach coçando a nuca. Logo, olhou para o encaracolado. ─ E você, o que está fazendo aqui uma hora dessas?
─ Ah, sabe... Estou apenas indo beber. Tive um dia difícil e queria afogar as mágoas. ─ respondeu Henry parecendo ser sincero. Zach imediatamente teve curiosidade para saber o que podia ter causado um mal dia para o professor. O de olhos verdes continuou: ─ Bom, você gostaria de me acompanhar?
─ Eu... Eu não posso. Acabei de esquecer que... Que não coloquei comida pra minha gata. ─ Zach disse se afastando um pouco de Henry, tinha medo de ficar próximo de novo e quando tocasse nele, seu corpo se arrepiasse novamente.
─ Gata?! ─ Henry franziu o cenho. Scott definitivamente não se lembrava de ver nenhum gato da casa ao lado.
─ É... A... A Branquinha. ─ Zach forçou um sorriso e estava torcendo logo para que o professor caísse nessa e o deixasse ir embora. ─ Eu saí depressa hoje, esqueci que essa é a hora que ela come... Antes de eu caminhar, claro.
─ Bom, sua gata tem gostos bastantes peculiares, pelo visto. ─ comentou Henry desviando o olhar e abrindo um sorriso de canto. Zach sentia seu coração ficar acelerado cada vez mais que se aprofundava em suas mentiras.
─ Você também. ─ soltou ele sem querer baixinho, o que fez Henry o encarar profundamente com aqueles olhos verdes. Zach estremeceu. ─ Então eu já vou indo... Tenha uma ótima noite, Henry!
─ Pra você também, Zach. ─ respondeu o professor arrumando o cabelo encaracolado pra trás.
O moreno não demorou nem mais um segundo para virar as costas e sair em passos apressados pela calçada. A qualquer momento achava que seu coração ia pular pela boca e por todo o caminho de volta, teve a estranha sensação de que estava sendo observando, mas não parou para olhar para trás nenhuma hora.
Assim que chegou em casa, fechou a porta com rapidez e se sentiu completamente estúpido por inventar uma mentira esfarrapada daquelas sobre a gata que logo, logo poderia ser descoberta, pois sabia que sua mãe não fechava o bico com os vizinhos. Mas, tentou se acalmar o máximo que pode e subiu as escadas para voltar a dormir. Aliás, aquilo tudo não era mesmo da conta de Henry Scott.
Quando se deitou na cama, achou que iria dormir tão rápido como um anjo, só que, os olhos verdes de Henry, as mãos pálidas e o jeito como ele o prensou na parede surgiram na sua mente como uma explosão. E começou a se lembrar que ele estava usando uma camisa social preta com os primeiros botões abertos, junto com uma calça jeans definindo bem suas pernas.
Henry era um cara bem bonito... E seu professor. E da última vez que Zach achou um cara bonito, nada deu certo. Tudo começou a despencar quando soube que tinha sido traído. Dylan foi o único garoto que havia namorado sério e o único garoto que partiu seu coração em pedaços e depois disso, nunca mais teve algo tão profundo com ninguém. Decidiu que iria ficar só na dele, terminar a escola e seguir a vida entrando numa boa faculdade. Era essa a promessa que fez pra si mesmo. Mas, promessas eram feitas para serem quebradas.
Seus pensamentos não pararam de se voltar ao que Henry havia dito sobre beber para afogar as mágoas. Zach tinha certeza de que ele iria dar aula de História pra sua turma naquele mesmo dia e quem em sã consciência decidiria sair em pleno dia de semana para encher a cara sendo que iria acordar pra trabalhar às seis da manhã? O moreno não conseguia tirar da cabeça que havia algo de errado.
Ele estava ficando ainda mais paranoico e seus olhos não se fecharam hora nenhuma. Ele se virou para um lado e se virou para o outro mais de trinta vezes na cama e mesmo assim, o sono não veio em momento algum. Zach encarou o teto e assim que percebeu a pouca luz do Sol entrando pela sua janela, desistiu de tentar dormir e levantou da cama.
Seu relógio ainda dava cinco e cinquenta, ele tinha tempo de sobra para se arrumar, então fez tudo lentamente e quando terminou, foi aí que o cansaço chegou. Era previsível que isso iria acontecer, então desceu as escadas e preparou um café para tomar. Sua mãe desceu logo em seguida com uma expressão estranha no rosto.
─ O que deu em você, mocinho? ─ ela perguntou de um jeito brincalhão e bateu de leve nas costas de Zach que sorriu forçado. ─ Acordou primeiro que eu? Que milagre!
─ Perdi o sono durante a noite. ─ respondeu Zach se sentando na mesa e começando a tomar o café da caneca. ─ E agora parece que ele voltou com tudo.
─ O que houve, querido? ─ sua mãe mostrou um semblante preocupado, se aproximou vendo o rosto entristecido de seu filho. ─ Será que a insônia está voltando? Há meses que você não tem essas coisas e-
─ Não, mãe. Eu só estava agitado, foi só isso. ─ Zach escorou a cabeça com a mão enquanto segurava a caneca com a outra. ─ Você vai poder me dar carona hoje?
─ Me desculpa sobre isso, querido. Aconteceu mais uma emergência no hospital. ─ a mãe fala abrindo a geladeira e pegando uma maçã. ─ Tenho que chegar lá antes das seis e meia. E já estou atrasada!
─ Tudo bem, não faz mal. ─ disse o moreno dando de ombros. Pelo menos se ele caminhasse até a escola ao lado de Noah, seu ânimo iria voltar e o sono provavelmente desapareceria. ─ Pelo menos tome uma xícara de café... Comer frutas de manhã todos os dias não vão te sustentar, mãe.
─ Frutas são bem saudáveis e pode ficar tranquilo, lá no hospital tem café e rosquinhas. ─ ela riu passando a mão no topo da cabeça do filho. ─ Qualquer coisa, você liga pra mim. Ok?
─ Ok, mãe. Pode deixar. ─ respondeu e afirmou com a cabeça.
Trycia deu um beijo na cabeça do filho, caminhou até a sala para pegar sua bolsa e depois vestiu seu jaleco que estava pendurado no cabide. Depois disso, ela saiu comendo a maçã as pressas.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top