Capítulo Vinte e Três

Marcos Dawson:

Continuei analisando as informações que Gisele compartilhou comigo, e gradualmente, meu cérebro começou a compreender que Edu era, na verdade, apenas filho daquela cobra asquerosa.

Balancei a cabeça, sentindo uma onda de compaixão ao lidar com essa revelação. Embora isso pudesse aliviar um pouco o fardo de Edu, também o confrontaria com a terrível realidade de que a única pessoa com quem ele compartilhava laços de sangue havia tramado muito contra ele, causando seu sofrimento.

Lisa, de fato, revelou-se uma pessoa verdadeiramente perversa.

— O que isso pode me ajudar contra ela? — Perguntei.

— Dener tentará conseguir um advogado de prestígio para ajudar no caso, e possivelmente tentará difamá-lo perante o juiz. No entanto, há uma maneira de evitar que isso aconteça: entregaremos todas as provas no dia do tribunal e revelaremos o quanto Lisa é manipuladora. Já vi muitos como Dener Robinson; ele é orgulhoso e, ao descobrir esse fator, poderia virar as costas para ela.

— Mas haverá um porém? — Perguntei, e Gisele assentiu.

— Para te dar essa vantagem, você terá que encontrar o pai biológico do Edu, que poderá desmentir Lisa perante a lei e ser a melhor prova — Gisele falou, e eu caí para trás na cadeira. — Você teve sorte que minha filha e meu filho mais novos estão desocupados e concordaram em ajudar você!

Me sentei chocado na cadeira, olhando admirado para a mulher à minha frente. Ela estava me ajudando de maneira significativa a enfrentar essa tempestade.

— Quantos filhos você tem? — Perguntei.

— Quatro — Gisele falou. — Quando contei tudo para os mais novos, eles concordaram em ajudar imediatamente, e ambos já começaram a procurar na antiga cidade onde Lisa morava.

— Eles têm noção do tempo que têm até o dia do tribunal? — Perguntei, pois o prazo era curto, e tive a sorte de conseguir um advogado que é amigo do Caleb no Brasil. — Temos, no máximo, três meses!

Deixe-me explicar o motivo de termos apenas três meses. O tribunal da cidade está passando por uma reforma devido a um acidente com uma bola de demolição que estava no lugar errado, e alguns idiotas a acionaram, causando a demolição de todo o local.

Tivemos sorte de que não havia ninguém dentro do prédio naquele dia!

Portanto, com a situação do tribunal, precisamos nos apressar e reunir todas as provas e informações necessárias o mais rápido possível para estarmos preparados para o julgamento. Cada dia conta nessa corrida contra o tempo, e a ajuda da sua família será inestimável nesse processo.

Gisele assentiu com seriedade, consciente da urgência da situação. Estávamos unidos em nosso esforço para enfrentar Lisa e Dener Robinson e garantir que a justiça prevalecesse no tribunal.

— Já entreguei todas as informações que encontrei até agora para os meus filhos, Alice e Caio. A viagem será longa, pois ambos devem partir hoje de manhã da Irlanda e viajar até a Itália, que é o local de origem de Lisa. O pior é que eles só terão as informações que te passei, pois não temos o nome do pai biológico do Edu.

— Eles vão conseguir, afinal, você conseguiu me ajudar muito! — Falei. — Só tenho que esperar e me concentrar em ficar calmo por um tempo, pelo menos terei o Edu ao lado dessa vez.

Isso fez com que Gisele voltasse sua atenção para mim.

/////////////////

— Você presumiu corretamente, o teste deu positivo — Gisele falou. — Mas pela sua expressão e pela forma como acabou de falar, parece que a notícia te deixou feliz.

— Bem, digamos que minha vida está uma grande bagunça, e o Edu e eu nos aproximamos nos últimos dias — falei e me recostei ainda mais na cadeira. — Hoje mesmo, encontrei o Edu no hospital, e ele fez uma cena que me encheu de vergonha, mas também me deixou incrivelmente feliz.

— Continue, pois parece que vou atuar como sua psicóloga — Gisele falou. — Já mencionei que você deveria procurar ajuda para lidar com os problemas que tem dentro dessa mente!

— Eu sei, mas fui a um psicólogo recentemente e não consigo me concentrar em tudo o que Lisa faz para me atacar, ou pior, para prejudicar o próprio filho — Falei. — Foi mais fácil me abrir com você sobre o que estou guardando aqui dentro.

Ela suspirou, como se soubesse que eu provavelmente não iria atrás de um psicólogo e contar tudo o que penso e sinto.

— Você tem sorte de eu te entender! — Gisele falou. — Existem pessoas que não nascem com empatia, como a Lisa, que usam os outros sem se importar.

— Mas ela não tem nenhum remorso ou consciência pelo que faz com o próprio filho?

— Não, pessoas assim geralmente não têm — Gisele confirmou, abrindo uma gaveta da mesa e pegando um bloco de notas e uma caneta. — Pode começar a falar tudo!

— Então, há duas semanas, tive um sonho — falei, e Gisele sinalizou para continuar. — Nesse sonho, Mathhew estava um pouco mais velho, correndo atrás de três crianças, e eu estava sentado em uma mesa de piquenique. Um homem, cujo rosto não consegui ver, me abraçou e me puxou para o seu colo, e eu disse que o amava.

— Isso te trouxe alguma revelação? — Gisele perguntou. — É por isso que está me contando?

Assenti.

— Três dias atrás, tive o mesmo sonho novamente — Falei para ela. — Dessa vez, consegui ver o rosto do homem, e era o rosto do Edu, e isso me deixou feliz por ser ele de verdade.

Gisele colocou o bloquinho sobre a mesa e a caneta ao lado, usando uma expressão pensativa.

— Você já pensou que sua mente pode estar tentando determinar se o Edu terá um lugar na sua vida — Gisele falou. — Ver se há espaço para ele e se as crianças no sonho talvez sejam filhos futuros de vocês dois, Marcos. Isso é o que penso, mas acho que precisaria de alguém mais qualificado do que eu para fornecer uma resposta definitiva sobre o significado disso. Mas pelo que eu vi e você demonstrou já está vendo o Edu como a pessoa certa para você.

Assenti, reconhecendo que ela estava certa. Era um pensamento intrigante, e talvez houvesse um significado mais profundo por trás desses sonhos.

— Obrigado por me ouvir pelo menos — falei, notando que não havia nada no bloquinho de notas. — Por que você pegou isso se não o usou?

— Eu usei — Gisele falou, levantando a caneta. — Isso é um gravador, só que foi modificado!

— Sério! — falei, e ela abriu a gaveta e me deu outra caneta.

— Pode ficar com essa! — Gisele falou, piscando para mim. — Talvez seja útil em algum momento no futuro!

— Um dia vou querer conhecer essa agência! — Falei. — Obrigado por estar me ajudando!

— De nada! — Gisele falou. — Marcos, você vai conseguir se livrar dessa família que está em cima de você!

— É isso que eu espero — Falei, levantando-me da cadeira. — Melhor eu ir embora.

— Quer levar a pasta ou deixá-la comigo? — Gisele perguntou, levantando-se também.

— Deixe com você. Quando o advogado precisar dos papéis, venho buscá-los

********************************************************

Após me despedir de Gisele, desci para o primeiro andar e fui me despedir de Edson e Samuel, que disseram que iriam até minha casa no dia seguinte. Saí de sua casa e fui em direção ao meu carro, entrei e peguei o caminho de volta para minha casa para ver como meu filho estava com meu pai e minha melhor amiga.

Quarenta minutos depois, cheguei em casa e, no quintal da frente, vi Mathhew e Brian correndo atrás de Zeus, que pulava sobre o esguicho giratório do jardim. Sentados na porta de casa estavam meu pai e Daphne, observando-os. Desci do carro, e meu filho correu até mim ao lado do primo e do nosso cachorro.

— Papai! — Mat gritou. — Onde você foi?

Sorri para ele, afinal, ainda não podia contar a ele que teria um irmãozinho ou irmãzinha. Iria esperar um pouco, pois sabia que ele logo perguntaria de onde viria o bebê, assim como já perguntou de onde ele veio, para James e meu pai.

— Papai foi fazer algo de adulto — falei para ele. — E o que vocês estão fazendo? Além de estarem aumentando minha conta de água!

— Brincando com água — Brian falou. — Tia Daphne teve a ideia para refrescar eu e Mat, junto com o Zeus.

Olhei para Daphne, que só deu de ombros. Não sei por que ainda me surpreendo com o que ela faz!

— Pai, o senhor não disse nada contra isso? — Perguntei.

— Claro que não! — Papai falou. — Olhe a diversão deles, como eu poderia acabar com isso? Não sou um monstro!

Encarei ele, que deu de ombros, imitando o gesto de Daphne, e só permiti a mim mesmo revirar os olhos.

— Antes que eu me esqueça, Oliver disse que virá hoje à noite! — Falei, e meu pai sorriu. Mas estranhei, porque não era um sorriso normal, era um daqueles sorrisos que ele dá quando esconde algo de todos.

Sabia que ele estava escondendo algo, mas também sabia que ele não revelaria no momento.

— Agora vamos arrumar a casa para alguma visita! — Papai falou, levantando. — Temos que arrumar a festa de boas-vindas para o Zack!

Ele se virou e abriu a porta, entrando em casa, e chamou os meninos, que o seguiram, seguidos por Zeus.

— Ele nem perguntou sobre o exame — Falei. — Ele já sabe, maldito James.

— James contou para ele — Daphne falou, levantando. — Agora, vamos entrar e ajudar a escolher a decoração e a comida.

______________________________

Gostaram?

Até a próxima 😘

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top