Capítulo Trinta e Seis

Marcos Dawson Robinson:

Vejo a ambulância se afastar e dá um aperto no peito, sabendo que um Eduardo inconsciente está ali dentro.

— Vamos, vou levá-lo até o hospital! — Gisele falou, pegando no meu ombro. — Alice, vá para casa com seus irmãos. Qualquer novidade, eu ligo para vocês. Só liguem para a polícia e para essa vadia!

Para comprovar que ainda estava bem, Samira riu.

— Que pena que não foi o Marcos que eu acertei — Samira falou, e Alice deu um soco na cara dela, que caiu no chão. — Sua vadia!

Alice subiu em cima dela e começou a socar a cara dela.

— Você é uma vagabunda. Se ele morrer, eu acabo com a sua raça — A cada palavra, um soco desferido na cara de Samira. — Você se acha a vilã, mas é só uma puta de quinta que não tem amor próprio

Gisele começou a me puxar enquanto a filha dela desfigurava a cara da vadia.

— Não é melhor tirá-la dali? — Perguntei. — Do jeito que esse povo é, vão colocar a culpa na Alice.

— Meus filhos sabem se cuidar e conhecem o limite entre socar alguém — Gisele falou. — Essa multidão não se mexe; todos trabalham para a agência.

— Por que trouxe dez pessoas que trabalham para você para cá? — Perguntei surpreso.

— Sabia que algo assim poderia acontecer e que Samira iria tentar alguma coisa — Gisele falou. — Mas acho que nem precisei, só a minha família era necessária.

— É só a sua família — falei, me virando e vi Alice cuspindo na cara de uma Samira inconsciente. — Vamos logo.

— Vamos — Gisele falou, destravando o meu carro e abrindo a porta. — Tem alguém que precisa de você agora

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O caminho até o hospital estava sendo percorrido em silêncio, e eu me sentia derrotado. Por alguma razão, senti que depois desse dia, mais uma mudança ocorreria na minha vida.

— Não fique assim — Gisele falou, olhando para a rua. — A culpa não é sua pelo que aquela vadia fez.

— Eu sei, mas se algo aconteceu com o Eduardo, vai ser minha culpa — falei, encostando a cabeça no vidro da janela. — Eu convenci você e sua família a me ajudar a derrotar a víbora da Lisa e trouxe ele pra cá.

— Marcos, você pediu a minha ajuda para salvar seu filho — Gisele falou. — Eduardo quis ajudar porque conhece aquela mulher. A culpa dele ter se machucado é toda da desequilibrada Samira.

— Mesmo assim, me sinto horrível! — falei. — E derrotado!

— Às vezes me sinto assim quando lembro da vida que dei aos meus filhos ao colocá-los na Agência Alves — Gisele falou se abrindo. — Sei o que você sente. Quando algo que você fez feriu outra pessoa. Mas não me deixo derrotar tão facilmente. Afinal, eles sempre precisam de mim, e nesse momento, Edu vai precisar de você!

E disso eu sabia. Edu vai precisar de mim, afinal, nada importa agora, exceto que Eduardo fique bem e tenha o meu apoio.

Chegamos ao hospital, e desci do carro quando Gisele foi estacioná-lo. Entrei na recepção, onde Edu estava sentado em uma cadeira. Me aproximei e me sentei ao lado dele. Como se soubesse que era eu, Eduardo deitou a cabeça no meu ombro, e fiz um cafuné em seus cabelos, mostrando que estaria ali ao lado dele, sendo seu apoio.

— Como ele está? — Perguntei baixinho.

— Quando a ambulância chegou aqui, o levaram para a sala de cirurgia — Edu falou. — Ele parecia tão sem vida, como se soubesse que iria morrer hoje!

Abracei-o e continuei a oferecer apoio.

— E a Samira? — Edu perguntou. — Chamaram a polícia?

— Acho que sim! — Falei. — Claro, depois da Alice arrebentar a cara dela e ela desmaiar!

— Ela mereceu, aquela víbora! — Edu falou. — Ela tem que pagar pelo que fez!

— Ela vai — Gisele falou, aparecendo ao meu lado e sentando-se. — Chamaram a polícia e contaram tudo, até sobre o roubo da sua família e da empresa, Alice disse que virá para cá, e já ligaram para o Miguel.

Edu nada disse, apenas assentiu com a cabeça.

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Ficamos ali esperando quando James e Carlos surgiram.

— O que vocês estão fazendo aqui? — James perguntou. — Aconteceu algo?

— Aconteceu algo — Falei e comecei a narrar os eventos de hoje até agora. — Estamos esperando algum sinal dele, ele vai ficar bem!

Carlos ficou pensativo e lançou um olhar para James, um olhar que parecia indicar algo urgente.

— James, melhor irmos — Carlos falou. — Vamos ver se conseguimos saber de algo.

Eles saíram, puxando meu irmão, e desapareceram da minha vista. Um tempo depois, Alice chegou com uma roupa diferente, uma calça jeans e uma camiseta verde. Eu me sentei ao lado dela, usando a mesma roupa, apenas com a cor da camiseta diferente, que era preta.

— Algum sinal? — Alice perguntou. — Miguel disse que vai chegar de madrugada, pois só tinha voo para hoje à noite.

— Ele está em cirurgia — Edu falou.

Ela se sentou, e Caio também, que estava bem quietinho. Senti que ele estava sofrendo, mas não demonstrava.

As horas foram passando, e mandei uma mensagem para Daphne pedindo para buscar os meninos na escola e expliquei o que aconteceu. Ela ficou em alerta e disse que cuidaria de tudo. Agradeci, e ela pediu para me dar alguma notícia quando souber de algo.

Quando vi, já era o fim da tarde, e não tínhamos nenhuma notícia sobre o estado de Eduardo. Estava ficando nervoso por não saber de nada.

Quando eu estava prestes a levantar para perguntar alguma coisa, vi meu irmão, Carlos, Daiane e Davi surgirem. Davi e Daiane tinham expressões cansadas e devastadas.

— Então, alguma notícia? — Edu perguntou, levantando.

Os outros três e eu fizemos o mesmo, e Daiane olhou para Davi, que falou:

— Conseguiram estabilizá-lo — Davi disse. — Mas ele teve um traumatismo craniano, e a forma como bateu a cabeça o deixou muito frágil, fazendo com que entrasse em coma.

— Existe a possibilidade de ele acordar? — Edu perguntou.

— É difícil de dizer! — Daiane respondeu. — Pode levar anos, só nos resta esperar que ele acorde.

Ela tinha um olhar de tristeza direcionado a Edu.

— Podemos vê-lo? — Alice perguntou, e sua voz parecia frágil.

— Um de cada vez! — Davi disse. — Quem quer ir primeiro?

Olhei para Edu.

— Vai você — Falei a ele. — Você é filho dele

— Ok, eu vou lá — Edu respondeu. — Vamos, Daiane!

Daiane virou-se, e Edu foi atrás dela. Os outros ficaram ali, até que Davi fosse chamado, e James e Carlos precisassem ir trocar de roupa, mas disseram que logo voltariam.

— Eu vou acabar com aquela vadia! — Alice falou, e sabia que se referia a Samira. — A surra que dei nela não foi o suficiente, e por culpa dela, Eduardo pode morrer!

— Ele vai acordar, acredite nisso — Falei. — Samira será presa e terá o que merece!

— Espero que sim! — Alice disse.

Fiquei ali esperando Edu voltar, e quando isso aconteceu, foi a vez dos outros irem. Eu sabia que a tempestade não estava longe de acabar tão cedo para nós. Digo isso porque, quando saímos do hospital, Edu recebeu uma mensagem de alguém que ele nunca queria ver nem pintado de ouro.

Li a mensagem ao lado dele.

"Pode nos encontrar amanhã? Quero parabenizá-lo pelo casamento e ter uma boa conversa com você e Marcos."

— Dener querendo falar comigo, isso é novidade — Falei. — O que você vai responder?

— Que não, quero distância dele — Edu respondeu. — Só quero saber do Eduardo no momento.

— Você está certo — Falei. — Agora, vamos para casa! Amanhã você volta, afinal, as crianças precisam de nós.

Eu sabia que tudo mudaria de vez.

Pensando nisso, enquanto voltávamos para casa, não pude evitar a sensação de que estávamos à beira de uma grande mudança em nossas vidas. A incerteza sobre o estado de Eduardo pairava sobre nós, mas também havia a sensação de que as sombras do passado estavam prestes a se manifestar de maneira inesperada. Dener, uma figura do nosso passado que preferiríamos esquecer, estava tentando se infiltrar em nossas vidas novamente.

No entanto, em meio a todas essas preocupações e desafios, uma coisa era certa: Eduardo precisava de nosso apoio, e nossa família precisava se unir. Estávamos prontos para enfrentar o que viesse, para proteger aqueles que amávamos e para garantir que a justiça fosse feita.

Enquanto o carro avançava pelas ruas, eu segurei a mão de Edu, e sabíamos que estávamos juntos nessa jornada, não importava o que o futuro nos reservasse. O que quer que acontecesse, nossa família estava mais unida do que nunca, e isso era uma força que poderia superar qualquer desafio que surgisse em nosso caminho.

E assim, com essa determinação e esperança, seguimos adiante, prontos para enfrentar o que o destino nos preparava. Sabíamos que o amor e a união de nossa família seriam nosso refúgio em meio à tempestade que se aproximava.

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Gostaram?

Até a próxima 😘



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