Capítulo Treze

Marcos Dawson:

Corri como o Flash e, antes de Lisa se aproximar mais de Mathhew, me posicionei à frente do meu filhote e sobrinho, bem como de Samuel, o novo amigo deles.

— O que fazem aqui? — Falei com voz ríspida e senti os meninos abraçarem minha perna.

— Esse garoto? — Lisa perguntou, e a vi emocionada.

Vaca fingida!

— Ele não é nada seu, nem dele! — Falei e desvie o olhar do Edu. — Saiam daqui, ninguém quer você aqui!

Lisa negou com a cabeça rapidamente.

— ELE É MEU NETO! — Lisa falou gritando para mim, tentando se aproximar de Mat.

Os meninos começaram a chorar alto com o grito dessa desnaturada. Só vi o momento em que Gisele ficou à minha frente.

— Mulher, pode se controlar. Estamos em um lugar cheio de crianças! — Gisele falou. — Seu grito está assustando os pequenos e ainda mostra como você é emocionalmente desequilibrado!

— O garoto é meu neto! — Lisa falou. — Lembra o meu filho quando pequeno! Por favor, Marcos!

Aquilo já estava irritante. Essa mulher sempre me odiou e tentava me humilhar quando eu ia à casa dela com Edu. Agora, ela acha que pode me pedir algo, como ter meu filho ao lado da família de cobras dela, e nunca vou deixar isso acontecer.

—  Ele não é seu neto! —  Falei ríspido. —  Não sei porque se importa tanto com isso, afinal a senhora detesta a minha família, imagina o que iria fazer com meu filho nas suas mãos, ainda tramou contra o próprio filho.

A mulher à minha frente começou a chorar.

— Por favor! — Lisa pediu novamente.

Isso que me irritou mais ainda nem parecia a mulher que agora pouco tinha conseguido me humilhar numa reunião de negócios, falando pro meu padrasto que pensou ser meu namorado que transei com o filho dela.

—  Você acha, que esse teatro cola comigo? —  Perguntei friamente calmo. —  Lisa, você me maltratava sempre tentava me diminuir, afinal como você disse uma vez, não estou aos pés da sua preciosa família que é a mais comentada de New York! Então eu digo: não se rebaixe tanto.

Me virei de costas e olhei para Mathhew e Brian, que ainda choravam, e me agradeci por não ter xingado essa mulher na frente deles.

— Marcos! — Edu chamou, mas não olhei para ele. — Me deixe conhecê-lo, por favor?

— Eu já disse que ele não é seu filho! — Falei e estava à beira de explodir de raiva. — Nos deixem em paz. Vai cuidar do patrimônio do seu pai e da sua... tirei a sua mãe de perto de mim.

Peguei a mão dos meninos e comecei a me afastar dali. Em determinado momento, Zeus surgiu ao lado de Mathhew. Gisele veio atrás com Samuel, que me surpreendeu por não ter chorado uma única vez neste barraco da desequilibrada da Lisa.

— Que tal um sorvete para eles? — Gisele perguntou para mim. — Todos nós precisamos de um pouco!

Olhei para ela, que parecia me encarar como se entendesse o que eu precisava. Eu sabia que o sorvete iria acalmar os meninos e minha paciência.

Comida sempre ajuda!

— Acho uma boa ideia! — Falei para ela. — Vamos, tem uma sorveteria aqui perto!

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Quando já avistaram a sorveteria, os meninos pararam de chorar. Coloquei a guia na coleira de Zeus. Fiquei feliz por haver um espaço do lado de fora e não precisar deixar meu cachorro sozinho do lado de fora.

— Marcos, este lugar é lindo! — Gisele falou. — Ainda mais o lado de fora.

— O melhor sorvete da cidade vem daqui! — Falei para ela. — Vamos nos sentar.

Sentamos, e Zeus já deitou nos meus pés quando amarrei a guia na minha cadeira.

— Vovó, posso brincar nos brinquedos daqui? — Samuel perguntou a Gisele.

Ela olhou para um lado e viu os brinquedos ali e várias crianças brincando.

— Claro, pode ir lá! — Gisele falou. — Quer levar os seus amiguinhos?

Olhei para os meninos, que ainda pareciam um pouco assustados pelo que aconteceu.

— Vocês querem brincar com o Samuel? — Perguntei, e sem dizer nada, eles saíram e olhei os três irem.

Passaram alguns segundos em silêncio quando Gisele me chamou.

— Marcos, o que aquela senhora falou é verdade? — Gisele perguntou. — Não precisa me dizer, afinal, acabou de me conhecer!

Não disse nada, só sabia que algo em mim me dizia que Gisele era uma boa pessoa. Meu pai, Marlon, dizia que sabemos quando devemos confiar na pessoa certa.

— Sim, Mathhew é neto dela! — Falei suspirando e comecei a narrar os fatos que aconteceram há seis anos atrás.:

Contei tudo a Gisele sobre a grande mágoa que senti quando descobri que meu namorado me traiu, exatamente no dia em que descobri estar grávido do meu filho. Expliquei parte do constante desprezo que os pais dele demonstravam sempre que me viam, e falei também sobre o que Edu havia me contado seis anos depois.

Para mim, Edu pode ter provado que não fez nada, mas não posso mudar o que estou sentindo neste momento; há uma certa confusão de sentimentos.

Gisele escutava tudo atentamente, fazia algumas perguntas e me fazia sentir como se estivesse conversando com uma terapeuta. Consegui desabafar coisas que nunca contei a alguém da minha família, e, à medida que falava, sentia, pela primeira vez, as lágrimas escorrendo e meu corpo relaxando. Chorei ontem, mas não me senti verdadeiramente relaxado e calmo; na verdade, fiquei tenso por todo o corpo.

— E foi isso — Falei após terminar de narrar todos os fatos. — Seis anos depois, eles voltam para me atormentar, e posso dizer que não tenho sentimentos negativos pelo Edu, mas não quero vê-lo neste momento.

Gisele fez uma cara pensativa e ponderou sobre algo.

— Sabe, talvez você deva procurar um psicólogo, pois consegui perceber, nessas conversas, que você relaxou e chorou ao expor seus sentimentos — Gisele me falou. — Marcos, ainda existe um trauma em você em relação ao amor próprio. Pelo que parecia, você se entregou completamente a esse relacionamento e suportou os pais dele que o humilhavam constantemente, nunca contando ao Edu o que acontecia e guardando tudo para si mesmo. —  Suspirou. —  Lisa e essa Samira aproveitam isso para bolar esse esquema.

Assenti para ela e esperei continuar, pois sempre é melhor ouvir uma opinião de fora da minha família, que sempre me trata como se fosse frágil.

— Posso perceber que você não está apenas protegendo Mathhew deles! — Gisele continuou. — Mas a si mesmo. Pode ver que os traumas que essa família te deixou ainda estão enraizados. Você até chorou enquanto contava tudo para mim!

Aqui está o texto corrigido:

— Acha que eles tentaram ir atrás da Justiça? — Perguntei, meu pior medo era que Edu descobrisse sobre Mathhew. Mas pelo que ele contou, esse era mais um medo de meu filho ter que conviver, mesmo que minimamente, com Lisa.

— Não posso dizer nada em relação a isso — Gisele falou. — Eles podem, afinal, são a família do Mathhew também. — Ela ficou quieta por um minuto. — Tenho uma ideia que pode dar certo. Pode me falar o sobrenome deles, consigo fazer uma pesquisa e ver o que podemos fazer que vai te ajudar se eles entrarem na justiça para conseguir a guarda!

Olhei para ela, curioso.

— No que você trabalha? — Perguntei, e Gisele sorriu amplamente.

— Só trabalho em uma agência da minha família! — Gisele respondeu. — Nada demais, também pesquisei algumas pessoas, descobrindo seu passado junto de alguns segredinhos obscuros! Qual é o nome dessa pessoa?

— Robinson — Falei, e ela sorriu. — Você pode descobrir qualquer coisa?

— Quase isso, mas se for algo dentro do possível encontrar, consigo! — Gisele falou. — Do que precisa?

Comecei a contar o que aconteceu na reunião hoje de manhã e da construtora que cancelou o projeto da clínica dos Robson aqui na cidade, sem falar nada para eles.

Sei que tem algo por trás disso tudo; ninguém cancela um contrato sem falar nada para o investidor ou cliente!

— Vou tentar pesquisar o que posso! — Gisele falou quando terminei de contar tudo. — Como estou de férias, talvez demore um pouco, no máximo duas semanas!

— Ok, só preciso saber o que aconteceu com essa construtora! — Falei. — Tem algo aí!

Ela concordou, e depois chamei um garçom para escolher os sorvetes dos meninos e um para nós dois.

Sabia que tinha muito pela frente e que tudo à minha frente estava prestes a mudar.

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Edu Robinson:

Depois da reunião com o padastro do Marcos, eu precisava acalmar a mente um pouco e decidi dar um passeio no parque. Infelizmente, Lisa me seguiu e começou a reclamar sobre Marcos, falando coisas desagradáveis. Isso acabou nos levando a uma discussão acalorada, até que ela avistou um garotinho e, subitamente, parou de falar, indo atrás dele.

Agoara ainda estava parado no lugar, perplexo por ter visto meu filho se distanciar junto com Marcos, aquela mulher e os dois outros meninos.

Eu tenho um filho com Marcos, e essa era a melhor notícia que poderia ter em toda a minha vida. Uma criança nasceu do nosso amor, meu e de Marcos. Entretanto, minha mente se tornou nebulosa com as lembranças de que não estou ao lado deles. Minha mãe e Samira fizeram com que eu perdesse tudo relacionado ao meu filho e o amor da minha vida.

Perceber que meu filho estava com Marcos, sua nova família e amigos, trouxe uma mistura avassaladora de emoções. Felicidade por finalmente poder compartilhar a vida com meu próprio sangue e alegria por ver Mathhew brincando com outras crianças. No entanto, essa alegria era ofuscada pela tristeza de todos os anos perdidos e as cicatrizes de um passado que me haviam sido roubados.

Enquanto observava a cena se desenrolar, senti uma dor profunda e o peso da responsabilidade de consertar tudo o que havia sido quebrado. Não poderia deixar que minha mãe e Samira continuassem a controlar minha vida, especialmente quando se tratava do meu filho. Era hora de recuperar o que me pertencia e dar a Mathhew o amor e a presença que ele merecia.

— Eu tenho um neto — Minha progenitora falou. — Ele vai nos conhecer, Marcos vai ver só!

— Não, vai mesmo — Falei. — Marcos teve o direito de escolher me contar sobre o nosso filho por sua culpa. Você não vai fazer nada contra ninguém. Se fizer alguma coisa contra o meu filho, ou muito menos contra o Marcos, vou fazer você pagar em dobro.

Senti a palma da sua mão em meu rosto e olhei na sua direção com ainda mais raiva.

— Eu vou sim, Marcos me tirou o meu netinho — Ela falou. — Se eu soubesse que o idiota estava grávido, teria raptado a criança e feito você casar com a Samira, que está aos pés da nossa família, não aquele viado do Marcos! Mas você começou a investigar o que aconteceu com você.

Olhei para ela, sentindo nojo dessa mulher a cada palavra que saía de sua boca.

— Você é um monstro! Faça tudo para conseguir o que quer, eu juro que você não terá sucesso em nada — Falei, e ali, vi a verdadeira face diabólica daquela mulher quando sorriu na minha direção.

Aquele sorriso diabólico me gelou por dentro, mas eu não estava disposto a me render à ameaça dela.

— Claro, que eu sou um monstro por simplesmente me preocupar com o legado da minha família! A família de Samira é incrivelmente rica e nós nos daríamos muito bem, seria útil para a gente — Lisa falou e riu. — Mas não, você teve que conhecer aquele desclassificado do Marcos e se apaixonar. No entanto, foi útil ele ter autoestima baixa, se achando pouco para você, então só precisei fazer alguns comentários para fazê-lo ficar com um pouco de fragilidade sobre a relação e a brecha para atacar aconteceria.

Sua confissão fria e calculada me deixou chocado. Lisa tinha manipulado a situação desde o início, usando a insegurança de Marcos contra ele. Minha revolta cresceu ainda mais sobre essa mulher.

— Você não pode controlar a minha vida, nem a de Marcos, nem a do nosso filho! — Gritei. — Eu vou fazer com que seja presa.

Ela revirou os olhos.

— Claro, que vai conseguir me prender, até hoje nunca fiquei atrás das grades — Ela continuou. — Não será o idiota do meu filho que vai fazer isso comigo.

Lisa soltou uma risada enquanto se afastava de mim. Mesmo diante de sua arrogância, eu estava determinado a lutar por minha família e garantir que ela não prejudicaria mais ninguém.

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Gostaram?

Até a próxima 😘
 

 

   

   

   

 

  

 

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