Capítulo Sete
Marcos Dawson:
Enquanto tomava banho, a sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer continuava a me atormentar. Cada minuto no chuveiro parecia aumentar o meu medo do que poderia acontecer. Eu estava começando a temer que esta noite pudesse trazer uma mudança drástica na minha vida.
— A verdadeira questão é o que vai acontecer! — Falei para mim mesmo enquanto as gotas d'água escorriam pelo meu corpo, tentando me acalmar. No entanto, não adiantava; minha mente continuava tensa por causa do que essa sensação queria dizer.
Comecei a passar o sabonete pelo meu corpo, tentando abandonar essa sensação e os pensamentos que vinham com ela.
Meu banho durou uns vinte minutos e, ao sair do box do chuveiro, abri a porta do banheiro do meu quarto e fui em direção ao guarda—roupa. Retirei minha linda roupa nova, que comprei apenas para ir a esse clube.
Vesti a roupa lentamente, e, o que posso dizer, ainda prefiro as minhas roupas normais. Essas parecem chamar muita atenção e parecem mais adequadas para alguém mais jovem usar. Está bem que pareço mais novo, mas meu estilo não é esse aqui.
— Só por uma noite, vou usar — Falei. — Consigo aguentar essa roupa e algumas cantadas.
Peguei o celular e a carteira, e desci para o andar de baixo.
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Desci as escadas e na sala encontrei Oliver sentado no sofá mexendo no celular. Procurei por Daphne e perguntei a Oliver onde ela estava.
— Onde está a Daphne e o Mat? — Perguntei a Oliver.
Ele levantou o olhar do celular e apontou para o corredor que leva para a cozinha.
— Daphne falou que ia preparar um queijo quente e seu filho foi atrás para ajudar a fazer! — Oliver falou ao levantar. — Arrasou na roupa!
— Você também arrasou na sua! — Falei. — Um poço brilhante!
Ele sorriu largamente, e realmente, a roupa dele brilhava, da camisa preta à calça jeans rasgada e até os tênis pretos.
— Glitter e glamour nunca são demais em uma roupa — Oliver falou, piscando para mim. — Zayn mandou uma mensagem falando que o motorista já pegou ele e está vindo para cá com o carro!
— Ótimo, melhor irmos logo! — Falei. — Só vou me despedir da Daphne e do Mat!
Ele assentiu, e fui para a cozinha em busca da minha amiga e do meu filho.
— Vou esperar o carro lá fora! — Oliver gritou para mim.
Não respondi, apenas continuei andando. Quando cheguei à cozinha, vi Daphne cortando tomates e em pé no banquinho que deixou perto da pia. Mat estava escolhendo os pães de um saco e colocando fatias de queijo. Ambos estavam usando roupas moletons frescas. Zeus estava ao lado de Mat, esperando algo cair no chão para abocanhar.
— Vocês vão comer o saco todo? — Perguntei, e ambos pularam de susto.
— Claro que vamos! — Daphne falou. — Tem seis, três para cada um!
— Sim, papai! — Mat falou. — Vai ser muito bom, vou guardar um pouquinho para você!
Ele fez um gesto com os dedos para indicar "pouquinho," embora soubesse que ele não seria capaz de guardar nada quando se tratava de queijo quente.
— Eu sei que vai! — Falei. — Agora, papai está indo com o tio Oliver e voltará mais tarde!
Me aproximei de Mat e beijei a testa dele.
— Pode ir, papai! — Mat falou.
Depois, me aproximei de Daphne, beijei sua bochecha e ela me puxou para um abraço, sussurrando no meu ouvido.
— Divirta-se muito esta noite — Daphne falou. — Solte-se um pouco, sem o Marcos Careta.
— Vou tentar — Falei só para que ela ouvisse. — Não prometo nada.
Me afastei dela, virei-me e saí da cozinha sem dizer uma última palavra.
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Esperei ao lado do carro com o motorista dos pais de Oliver. O carro era espaçoso e preto, mas não sou especialista em carros, então não posso dizer muito mais sobre ele.
Oliver abriu a porta de trás e entramos no veículo. Zayn estava vestindo uma roupa toda preta, com uma jaqueta clara que tinha um pouco de glitter na frente.
— Boa noite — Zayn cumprimentou. — Marcos, este é o Fernando, o motorista da família do Oliver
— E o meu segundo melhor amigo! — Oliver brincou.
— É um prazer, rapaz! — Fernando disse. — Hoje eu vou levá-los até o seu destino e buscá-los depois!
Fernando estava vestido com um terno preto que me lembrou a moda italiana, e tinha uma pele morena, assim como Zayn.
— É um prazer! — Respondi.
— Vamos que a noite promete! — Oliver exclamou. — Hoje ninguém me segura!
Zayn e Fernando trocaram olhares pelo retrovisor e disseram juntos:
— É impossível segurar você
Oliver deu de ombros.
— É bem difícil segurar um furacão
— Não, impossível. Ambos me aturam e me controlam para que eu não faça nada! — Oliver falou, recostando-se no banco do carro.
Ainda acho interessante como nossas semelhanças param na aparência; nossa personalidade é totalmente diferente. Fernando ligou o carro e saímos da frente da minha casa, enquanto eu observava o meu lugar de conforto se afastando gradualmente da minha visão.
Fiquei mexendo no celular e conversando com as três pessoas no carro, rindo das palhaçadas de Oliver e de como Zayn sempre precisava ser calmo com ele, ou, como Fernando chamou, "o pequeno de Zayn."
Quarenta minutos depois, chegamos em frente ao clube. Olhei pela janela e meu queixo caiu. O clube tinha dois andares e estava pintado de vinho e preto, com luzes piscando do lado de dentro. Uma enorme placa na frente exibia o nome: "Amoureux De La Nuit".
Fiquei admirado com o local, e a sensação em meu peito cresceu um pouco mais.
— O que foi? — Oliver perguntou. — Você está com uma expressão estranha!
Voltei meu olhar para ele, e Zayn também me encarava, assim como Fernando. Todos pareciam preocupados.
— Não, não é nada — Menti. — Só faz um tempo desde a última vez que saí e, junto com a beleza deste lugar, fiquei impressionado
— Entendi! — Oliver disse e pegou na minha mão. — Por isso, você vai se divertir e aproveitar tudo ao máximo!
Ele abriu a porta do lado dele e me puxou para fora quando saiu.
— Fernando, você pode ir e fazer o que ia fazer — Zayn disse misterioso. — Às onze horas, ligamos para você vir nos buscar
Eu não ouvi a resposta de Fernando, pois Oliver me levou em direção à fila que se estendia do lado de fora do clube, e a sensação só crescia à medida que nos aproximávamos do local.
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Nossa estadia na fila durou no máximo cinco minutos, e quando entrei naquele local, vi várias pessoas dançando coladas na pista de dança, outras no bar bebendo sozinhas e com companhia. Mas o que mais chamou a minha atenção foram os móveis do local e a pintura nas paredes. Eu poderia dizer que era um lugar lindo se tirassem as pessoas.
A música estava alta, mas outra sensação me invadiu quando Oliver nos levou até uma mesa vazia. Era a sensação de que alguém estava me observando à distância. Eu observava o local, mas só via as pessoas dançando, se beijando ou gritando de alegria.
— Vamos sentar aqui! — Oliver disse, sentando-se na mesa. — O que vocês querem beber?
Zayn pegou o cardápio e começou a olhar as opções, e eu fiz o mesmo. Eu concordava com o que Daiane e Daphne diziam sobre esse lugar; os preços eram surpreendentemente baixos.
— Um "Drink do Coração"! — Oliver disse. — Deve ser bom!
Olhei para ele, e ele deu de ombros como se realmente fosse apenas um drink com esse nome.
— Vou pedir o mesmo! — Zayn disse, e ambos me encararam. — E você, Marcos?
— Eu vou pegar algo mais fraco! — Falei. — Sou fraco para bebidas alcoólicas.
Zayn olhou o cardápio e assentiu, depois se levantou e foi até o bar. Fiquei na mesa com Oliver, que se movia no ritmo da música pop que tocava ao fundo. A sensação em meu peito parecia aumentar a cada segundo.
Zayn voltou à mesa e nos disse que um dos bartenders traria as bebidas. Oliver nos convidou para dançar.
— Vou esperar as bebidas! — Falei. — Podem ir depois, eu vou!
— Tem certeza? — Oliver perguntou. — Zayn pode ficar; esta também é sua noite!
— É, Marcos, se quiser, pode ir lá! — Zayn falou.
— Não, eu fico aqui! — Falei. — Podem ir!
Eles me encararam por um momento, mas acabaram indo dançar, vendo que não conseguiriam me convencer do contrário.
Fiquei observando as pessoas dançando, incluindo Zayn e Oliver, e devo admitir que eles tinham uma química incrível até mesmo na dança. Zayn colocou sua mão na cintura de Oliver, fazendo com que eles começassem a mexer suas cinturas em sincronia.
Sorri ao vê-los daquele jeito, percebendo que para ambos só existia um ao outro.
— Será que algo assim ainda existe para mim? — Perguntei baixinho para mim mesmo. — Acho que talvez nunca exista!
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As bebidas chegaram após alguns minutos, e o barman as colocou na mesa, apontando uma para outra e dizendo os nomes. O "Coração" era vermelho com tons de rosa e vermelho misturados, enquanto a minha tinha um tom vibrante de vermelho com um toque de verde. Olhei para o barman e senti algo estranho nele.
Ele saiu, e os meninos voltaram. Apontei para suas bebidas, e comecei a beber a minha, que tinha um sabor adocicado com um forte toque alcoólico. Estava deliciosa.
Pedi mais duas bebidas ao barman, que nos atendeu e trouxe. Jurei ter visto um sorriso discreto e malicioso no rosto dele ao trazer as bebidas. Não liguei e comecei a tomar as duas, dançando na pista sem ninguém ao meu lado. Zayn e Oliver tinham ido ao banheiro e, possivelmente, estavam ocupados.
Nunca me senti tão vivo, dançando sem razão ao som de uma música da Lady Gaga. Em determinado momento, senti alguém colando o corpo ao meu.
— Olá! — O cara falou e seus braços me rodearam com força, sua voz soava um pouco emocionada demais. — Quer companhia?
— Todos querem! — Falei.
Começamos a dançar colados, e a noite toda foi assim, até que saímos juntos.
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Na manhã seguinte:
Que dor infernal de cabeça, isso que dá beber três drinks, e olha que eram os mais fracos, mas me sinto ótimo por pelo menos estou em casa.
Pior que nem lembro de ter vindo pra cá ontem.
Me virei na cama e senti alguém se virar e me abraçar. Abri os olhos, assustado, e não queria que meu filho visse meu estado de balada. Meu cérebro ficou um minuto racional e me fez lembrar que os braços eram fortes e musculosos.
Lentamente, olhei para cima, e dois pares de olhos azuis me encararam, ainda meio sonolentos. Meu lindo cérebro me fez gritar ao reconhecer a pessoa à minha frente.
— QUE PORRA É ESSA? — GRITEI. — EDU?
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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