Capítulo Quinze

Edu Robinson:

No dia seguinte, acordei com um sentimento de renovação. A conversa com Marcos na noite anterior tinha sido um passo importante para reconstruir nossa relação e fortalecer nosso vínculo com Mat, nosso filho. Estava determinado a fazer tudo ao meu alcance para ser um pai presente e um parceiro leal para Marcos.

Saí da cama e me preparei para o dia, sabendo que havia muito trabalho a fazer. Lisa estava decidida a nos atrapalhar, e eu precisava estar um passo à frente dela. Além disso, eu ainda tinha que fazê-la pagar por tudo que fez, e fazer com que Samira fosse presa também. Conheço a mente de Lisa vendo que ela acha que pode fazer o que quiser e tratar os outros como marionetes, achando que meu pai a apoiaria até o fim.

Enquanto me vestia, peguei meu celular e liguei para Marcos. Na noite anterior, antes de eu partir, pedi que me mantivesse informado sobre tudo o que Matthew gostava e sobretudo o que eles fizeram até o presente momento. Vi um certo grau de hesitação em seus olhos ao receber esse pedido, mas depois de me olhar e suspirar, ele concordou, dando um sorriso e começando a fornecer as informações solicitadas.

— Edu, como você está? — Marcos atendeu.

— Estou bem, obrigado. Mas eu gostaria de saber se está tudo bem com relação a você me contar as coisas sobre o Mat. Claro, não quero forçar nada ou te deixar desconfortável — Falei.

Se eu quiser reconquistar o Marcos e fazer com que ele me permita entrar em seu coração, quero ser o mais respeitoso com ele até o fim. No entanto, o que estava em jogo não era apenas meu relacionamento com Marcos, mas também a segurança e o bem-estar do nosso filho.

— Eu acho que não tem problema — Marcos disse do outro lado da linha. Nesse instante, meu coração saltou de alegria com suas palavras. — Mas com uma condição: nada de fazer alguma expressão exagerada com cada coisa que eu te contar.

— Está insinuando que sou um pouco emocional com qualquer coisa? Marcos, eu não posso prometer nada fiquei sem conhecer meu filho por seis anos inteiros perdi tudo dele e ainda acha que não vou me emocionar com isso.

— Eu sei disso muito bem — Marcos disse. Percebi o pesar na voz dele, o que fez meu coração doer. Nesse momento, ocorreu-me um pensamento: ele estava pedindo para que eu não agisse assim na frente dele, para que ele não se sentisse mal por mim e não carregasse uma tristeza extra em sua consciência.

— Estou indo te visitar ou quer me encontrar em outro lugar? — Perguntei.

— Podemos nos ver numa cafeteria no centro, Mat gosta de lá por causa dos doces que faz — Marcos disse. — Vou te mandar o endereço, Edu você gostaria de que eu levasse ele?

Engoli em seco, mesmo que eu queria muito conhecer meu filho ainda tinha tampouco para saber dele nesse momento que seria estranho estragar a relação pai e filho que nem tempo ainda mais comigo, nunca tendo um bom exemplo como pai.Iria negar esse fato, mas mandei meus medos para longe. Estava cansado de ter medo de tudo que acontecia comigo, o que me fazia entrar em desespero todos os dias da minha vida, especialmente depois do que aconteceu anos atrás. Às vezes, ainda tenho pavor só de pensar na Samira e no que ela foi capaz de fazer.Algumas noites, tenho pesadelos tão vívidos sobre aquele incidente que acordo gritando e completamente aterrorizado, tomado pelo desespero que aqueles terríveis acontecimentos ainda me causam.O trauma é tão profundo que às vezes me pego incapaz de distinguir a realidade dos pesadelos, e é nesses momentos que o desespero toma conta de mim de uma maneira avassaladora, como se estivesse preso em um eterno labirinto de medo e agonia.

— Seria muito bom ver ele um pouquinho, mas podemos deixar pra dizer que sou o pai dele depois de um tempo — Falei. — Marcos, eu ainda tenho medo daquilo tudo e mesmo que já tenha me consultado para ter ajuda um monte de vezes ainda está enraizado dentro de mim.

— Eu te entendo, pode contar comigo para o que quiser — Marcos falou com calma. — Na hora que ele sair da escolinha, a gente te encontra lá. Vou deixar meu sobrinho com meu pai e vamos.

Agradeci antes de ele desligar, despedindo-me.

Fiquei o restante do meu dia trabalhando e ignorando as mensagens do meu pai, dizendo que tinha muito o que fazer em vez de ficar vagabundeando. Conseguia ver que a Lisa já tinha contado a história dela para o meu pai. Como esses dois combinam tanto para serem péssimas pessoas.Foquei no trabalho, precisava encontrar uma maneira de envolver o padrasto do Marcos para ajudar a empresa. Não quero ter que demitir inúmeros funcionários, pois conheço cada um deles, ao contrário do meu pai, Dener. Posso dizer que nenhum deles merece sofrer devido às decisões que seu patrão toma ou ignora propositadamente.

Meu pai sempre tomou decisões que fossem melhores para a empresa, mas muitas vezes isso significava sacrificar funcionários sem que ele demonstrasse preocupação. Quando tudo isso passar, farei o possível para mudar a maneira como as pessoas veem a nossa corporação. Abri um relatório e o enviei para as instalações, concentrando-me apenas nisso durante toda a manhã.

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No período da tarde, Marcos me mandou uma mensagem com a localização e saí do hotel, indo até aquela cafeteria.

Chegando à cafeteria, fui recebido por Marcos em um local encantador que qualquer criança adoraria. As paredes eram adornadas com murais vibrantes e coloridos, ilustrando cenas de histórias e personagens dos contos de fadas. Mesas e cadeiras em formatos divertidos, como poltronas de cogumelos e bancos em forma de animais, preenchiam o espaço.

O cardápio exibia uma variedade de guloseimas tentadoras, desde sorvetes com coberturas coloridas até bolos de aspecto mágico e milkshakes decorados com chantilly e confeitos. No balcão, vi um pote de balas coloridas que pareciam mais com joias comestíveis.

— Onde está o Matthew? — perguntei.

— Ele está pegando um livro para que possa ler — Marcos falou com calma e apontou.

No canto da cafeteria, uma pequena estante abrigava uma coleção de livros de contos, prontos para levar qualquer criança em uma jornada imaginária enquanto desfrutava de suas delícias.

Marcos sorriu, percebendo a minha admiração pelo ambiente. Era, sem dúvida, um lugar onde tanto crianças quanto adultos podiam se sentir em casa, cercados por magia e sabor. Olhei para o sorriso de Marcos, completamente hipnotizado.

Eu me lembro do momento em que vi seu rosto pela primeira vez, com ele sorrindo e as covinhas aparecendo, e em seguida, ficando envergonhado. Foi naquele instante que fiquei interessado nele, e depois, pelo seu enorme coração em relação às pessoas e pelo cuidado que ele tem com os outros. Já tinha visto muitas pessoas na minha vida que eram tão falsas, mas foi a primeira vez que conheci alguém como ele.

Não é que ele seja tão bondoso a ponto de parecer ingênuo em todas as situações, nem que seja tão delicado a ponto de ser descrito como frágil. Na verdade, ele é excepcional em tudo o que faz.

Ele é uma pessoa pura e agradável aos olhos, e você pode perceber o quão incrível ele é, mas devo dizer que ele mesmo não enxerga isso em nenhuma ocasião.Isso me fez pensar que talvez Marcos não saiba o quão único ele é.

— Papai, seu amigo está bem? — Ouvi uma voz de criança perguntar. Sentei ao lado de Marcos, e era o Matthew, que me olhava com olhos curiosos.

— Ele fica assim às vezes — Marcos disse, soltando uma risadinha em minha frente.

Nesse momento, Matthew se aproximou de mim e, com inocência e doçura, tocou em meu ombro.

— Moço, você está bem? — Matthew perguntou com preocupação genuína.

Isso me fez sorrir para sua direção e baguncei levemente o cabelo dele que soltou uma risadinha.

— Estou ótimo, Matt. Só estava pensando um pouco, mas agora estou muito bem, especialmente com vocês dois aqui.

Olhei para Marcos, que ficou envergonhado e voltou rapidamente a olhar o cardápio.

— O que você vai querer pedir? — Marcos perguntou a Mat, que se aproximou do pai.

— A lagarta Azul — Mat disse animado.

— A lagarta Azul? — murmurei.

— E uma bebida doce de alcaçuz e mirtilo, a favorita dele — Marcos respondeu.

Sorri diante da escolha alegre de Matthew e olhei para o cardápio, decidindo seguir o exemplo.

— Eu vou de "Chá das Maravilhas" e um pedaço daquele bolo de cenoura delicioso, por favor — disse, olhando para o garçom que anotou nossos pedidos.

— Um chocolate quente e um bolo de floresta negra — Marcos falou. Entre os três, deve ter sido o pedido mais comum, já que o garçom o olhou como se visse, depois de muito tempo, um adulto normal.

Isso meio que me deixou magoado.

Enquanto aguardávamos nossos pratos, a conversa fluiu de forma natural, e eu me senti agradecido por estar na companhia de Marcos e Matthew. Fazendo com que meu coração ficasse vibrante.

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Marcos me contou cada detalhe sobre Mat, que comia em silêncio por cerca de cinco minutos antes de se dirigir ao canto dos livros, começando a ler e fazendo algumas amizades, completamente entretido.

— Ele faz amizade facilmente — Falei. — Marcos, ele tem um bom coração igual a você.

Marcos me olhou e sorriu.

— Ele é uma criança incrível, espero que ele tenha um futuro maravilhoso pela frente — Marcos disse calmamente. — Com uma vida ainda mais bela e tranquila.

Peguei sua mão por cima da mesa e apertei seus dedos com delicadeza e firmeza.

— Não vou deixar nada acontecer com ele, muito menos com você — falei com firmeza, e isso fez com que ele sorrisse.

Então, continuamos conversando por bastante tempo sobre Matthew. A tarde passou de forma agradável, compartilhando histórias e risadas enquanto falávamos sobre nossas esperanças e sonhos para o futuro, incluindo o desejo de ver Matthew crescer feliz e saudável.

No final do nosso encontro naquela cafeteria mágica, saímos com os corações mais leves e um laço de amizade ainda mais forte. A promessa de cuidar uns dos outros e daqueles que amávamos nos uniu de maneira especial naquele dia, deixando-nos com a sensação de que havia esperança e beleza mesmo nos momentos mais desafiadores da vida.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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