Capítulo Quarenta

Marcos Dawson Robinson:

— Tem certeza? — Ouço Edu perguntar a Charles.

— Sim! — Charles falou. — Tem dois bebês, e pelo que posso ver, dois meninos!

— Vou ter gêmeos? — Falei com a voz estável. — Que maravilhoso!

— Charles, pode tirar uma impressão pra gente? — Edu perguntou e se contendo para não fazer uma cena de alegria ao meu lado. — Quero mostrar para nossa família.

— Claro, e marque seus exames mais cedo — Charles falou e desligou o visor e retirou o aparelho da minha barriga. — Chegaram, e está tudo ótimo. Continue com as vitaminas que eu te dei e em. Relação ao parto que será normal?

— Sim — Falei e peguei o papel que ele me entregou e limpei a barriga. — A impressão?

— Está salvo no histórico do visor. Vamos até o meu computador e Irei imprimir — Charles falou, levantando-se e indo até o computador da mesa dele. — Quantas querem que eu faça?

— Duas — Edu falou, e olhei para ele. — Uma para a família do Marcos e outra para a gente colocar em casa.

— Pode deixar — Charles falou e começou a mexer no computador, e segundos depois a impressora ao lado do computador começou a imprimir. — Aqui.

Peguei as duas imagens meio distorcidas e sorri.

— Hoje também é o dia em que o Carlos e o Vinícius vão saber o sexo dos bebês? — Perguntei.

— Sim, Carlos falou que mais tarde me ligaram para falar — Charles falou. — Vinícius e Patrick estão se acostumando bem à faculdade e ao trabalho naquele restaurante e ateliê de roupas da estilista Sofia Rodriguez. Vinícius amou quando o dono do restaurante, um conhecido meu, mandou um desenho de roupa dele para ela.

Sorri, pois Vinícius amava desenhar, e ainda mais quando se tratava de roupas. Devo admitir que as roupas dele são maravilhosas, e ele terá um incrível talento no futuro.

— Fico feliz... — Minha frase foi interrompida pelo toque do celular de Edu.

Ele tirou do bolso da calça e atendeu, sendo o número de Miguel. A relação entre Miguel e todos nós ficou muito boa, e ele é o protegido de todos, inclusive de Oliver e Zayn. Oliver, quando soube do que aconteceu no tribunal, quis voltar na hora, mas o impedimos e dissemos para aproveitar a lua de mel.

— Oi, Miguel — Edu falou. — Sim, tudo bem na ultrassom! Ele acordou, agora? Já estou indo!

Edu levantou da cadeira e me encarou.

— Vai na frente, já estou indo — Falei, e ele me beijou na cabeça antes de sair da sala. — Que bom, Eduardo acordou.

Charles me encarou.

— Pode ser bom, mas terá sequelas — Charles falou, e o encarei. — Geralmente, ao meu ver, é perda de alguns movimentos ou perda de memória.

— O que isso quer dizer? Eduardo pode perder as memórias ou não usar mais algum membro dele — Falei, e Charles assentiu.

— Talvez, mas fiquem ao lado de Miguel. Ele talvez não consiga suportar — Charles falou. — Ele é um bom rapaz e não conseguirá suportar esse tipo de coisa se seu pai sofrer, como fingiu suportar nesses meses.

Deixei minha mente absorver as palavras dele e sabia que Miguel precisa de um pouco de apoio para ajudar a cuidar do Eduardo. E com certeza vou ajudar em tudo que precisar.

— Vou ajudar em tudo que ele precisar — Falei, levantando da cadeira. — Obrigado pelas impressões. Tudo marcado para o mês que vem?

— Sim, tudo para o mês que vem — Charles falou. — Até Marcos.

Saí da sala de Charles e fui em direção ao elevador com várias coisas na cabeça, uma delas é que Vânia tentou processar a Empresa e deu um tiro no próprio pé, graças ao William e alguns funcionários que se diziam amigos dela.

Pois estava tudo certo nos pagamentos dela, e ainda todos os funcionários da empresa se uniram e falaram que a mesma ameaçava diversas vezes me matar e a Caleb também. O pior foi quando Daphne testemunhou, ela falou um monte, dizendo que Vânia era louca, entre outras coisas. Até o irmão a entregou por ter me embebedado, que descobri se chamar Alison Reed. Ele pediu inúmeras desculpas quando me viu.

Mas eu não o culpava, afinal ele não tinha culpa da irmã que o mesmo tem.

Então, depois disso, o juiz decidiu que Vânia ficaria em um hospital psiquiátrico até essas loucuras dela pararem.

Então, nunca mais a veremos!

Quando a levaram para a prisão, soube que gritava ameaças contra mim, Daphne e o próprio irmão, que olhava para ela com pesar, mas ficou em silêncio vendo a própria irmã sucumbir à própria loucura.

Alison também me visitou nestes meses e fez amizade com Miguel, passando vários dias ao lado dele. Ele é um bom amigo.

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Saí dos meus pensamentos ao chegar no elevador, e quando entrei nele e apertei o número do quarto onde Eduardo está, ao sair de dentro daquele espaço, esbarrei em alguém. Olhei para cima para me desculpar e encontrei o irmão de Vânia.

— Olá, Marcos — Alison falou. — Veio saber do bebê?

Pode não parecer, mas esse cara é totalmente diferente do que pensei por ter feito parte do plano da Vânia. Acredita que a mesma falou que eu a ameaçava e ficava provocando todos os dias, fazendo da sua vida um inferno? Ele disse que não acreditou, pois conhecia a mentirosa patológica que a irmã era. Por isso, sempre ficou atento ao que ela fazia ou com quem ela encontrava.

Acabei sentindo pena dele por ter uma irmã tão maluca, mas agora ele está completamente sem ninguém da sua família. Ele me contou que a irmã um dia conseguiu enviar um recado, mas renegou ele e o ameaçou.

Agora, vejo como aquela mulher era completamente louca, ainda mais com a própria família.

— Oi, Alison — falei. — Vim, sim, e agora estou indo ver o Eduardo. Quer me acompanhar? Sei que o Miguel ficaria um pouco melhor se te visse.

Alison sorriu de orelha a orelha. Pode não admitir, mas ele gosta do Miguel. Eles se encontraram poucas vezes enquanto Miguel andava pela cidade e descansava de ficar direto no hospital.

— Vou te acompanhar — Alison disse. — Hoje falei para o Miguel que iria ver o pai dele e trouxe algumas flores.

Ele me mostrou o buquê de rosas vermelhas, a flor que Miguel disse que ama, igual ao Eduardo.

Miguel pelo visto conquistou um coração.

— Claro, vamos lá — Falei e sai andando com ele atrás de mim. — Ele vai amar as flores, até deve estar feliz. Afinal o Eduardo acordou.

— Isso é ótimo! — Alison disse, ficando ao meu lado. — Então, se Eduardo ficar melhor em repouso, poderá voltar para a Itália?

— Acho que sim — Falei e vi a expressão dele cair. — Afinal, a vida do Eduardo e do Miguel é na Itália.

Alison ficou quieto no caminho até o quarto. Quando chegamos, vi Eduardo abraçando um Miguel que chorava, e um Davi com uma expressão entristecida.

Nos aproximamos, e Eduardo olhou para mim. Pelo olhar dele, entendi que tínhamos um problema.

— Ele pode recuperar essas memórias? — Miguel perguntou a Davi com a voz estável.

— Não posso dizer ao certo — Davi responde. — Alguns pacientes que já atendi perderam memórias de uns dois anos atrás, mas logo se recuperaram fazendo coisas que gostam. Outros perderam memórias de dez anos e nunca se recuperaram.

— Então, Eduardo pode recuperar as memórias? — Edu perguntou.

— Não posso afirmar nada — Davi falou. — Ele perdeu vinte e oito anos da vida dele. A última memória é de quando Lisa cometeu o assassinato da irmã e fugiu, e Eduardo salvou o bebê. Pode ser possível recuperar a memória, mas ao mesmo tempo não seria possível. Seria um risco dar uma resposta para essa questão.

Ninguém disse mais nada, exceto Miguel, que fungava por causa do choro dele, e não poderia saber como ele se sentia. Afinal, o pai dele perdeu todas as memórias dele em relação à sua criação e seu crescimento como pessoa.

— Eu sinto muito, Miguel — Davi continuou após o momento de silêncio.

Miguel se afastou um pouco e Alisson o abraçou.

— Não é sua culpa — Edu disse. — Mas se ele pode recuperar essas memórias, acredito nisso.

Sorri ao saber que meu marido acreditou, como eu também acredito.

— Ele vai se recuperar — Miguel disse. — Mas vou ficar ao lado dele e cuidar dele, assim como ele ficou ao meu lado e cuidou de mim nesses vinte e oito anos de vida.

Ali eu vi que Miguel e Edu são semelhantes, pois ambos tinham em seus olhos uma faísca de esperança e não vão desistir de Eduardo e sua perda de memória.

Eu também farei o mesmo e acreditarei, afinal, a esperança é a última que morre. Enquanto observava Miguel e Edu compartilhando essa esperança, senti um calor reconfortante no coração. Era evidente que o amor que os unia era inabalável, e a determinação de cuidar de Eduardo, não importando quais obstáculos encontrassem, era inspiradora.

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  Eduardo acordou! Mais perdeu vinte anos oito anos da vida dele e do crescimento do Miguel.

  Próximo capítulo, um bônus para Conhecer o Miguel!



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