Bônus Três
Oliver Heroux:
A tristeza é o sentimento que prevalece em mim nesta noite sombria. Minha mãe me chama por nomes cruéis, demonstrando seu completo desdém por minha existência. Ela me arrancou dos braços dos meus pais biológicos, apenas para enganar meu pai, Antônio, e tomar posse de sua fortuna.
Agora, até o homem que eu pensava ser o meu pai está me rejeitando por não ser seu filho legítimo, apesar dos gestos de carinho e amor paternal que ele me dedicou ao longo dos anos. Desesperadamente, eu me enrolei na coberta da cama de Zayn, deixando que as lágrimas escorram pelo meu rosto, pois a dor é insuportável. Mesmo o meu pai biológico, que sempre me apoiou, ficou devastado quando o ignorei e parti da casa de Marco na noite passada. A solidão e a tristeza são tudo o que sinto agora.
— Oi— ouvi a voz de Zayn sussurrar. — Eu sei que está doendo muito, mas não fique assim. Sei que foi um turbilhão de emoções em uma única noite.
Não consegui responder, apenas segurei a coberta como se ela pudesse me proteger do mundo. Pela primeira vez na minha vida, me sentia incapaz de ser o mesmo Oliver de antes, o Oliver divertido e risonho que sempre estava disposto a ajudar os outros.
— Você não entende, Zayn — falei, finalmente tirando a coberta do meu rosto. — Olivia me tirou dos meus pais biológicos. Meu pai Antônio agora me odeia por causa daquela mulher, que só queria o dinheiro dele. — As palavras saíram com um misto de dor e ressentimento.
Ouvi Zayn suspirar e no minuto seguinte, a coberta foi puxada da minha cara e o mesmo ficou me encarando cheio de ternura e amor.
— Aquela mulher é uma verdadeira víbora interesseira, isso eu já percebi desde o primeiro momento em que a conheci — Zayn falou com firmeza. — Ela não merece suas lágrimas, quem em sã consciência rouba um bebê de um casal que se ama?
Olhei para o rosto determinado de Zayn, seus olhos faiscavam com raiva, o peito estava tenso e a camisa realçava os músculos que se contraíam.
— Seu pai Antônio é ainda pior! — Zayn continuou com convicção. — Você não tem culpa do que ela fez. Você é uma vítima nisso tudo, contra os Dawson! Antônio, em algum momento, vai compreender isso e virá atrás de você. E não ouse dizer que ele vai te machucar, porque não permitirei que isso aconteça com o homem que amo e com quem quero me casar.
O calor das palavras de Zayn e sua promessa de apoio trouxeram certo alívio à minha dor, fazendo com que minhas lágrimas se aquietassem. Pela primeira vez desde aquela fatídica noite, comecei a enxergar uma possibilidade de superar a tristeza e encontrar um caminho em direção à felicidade, ao lado de Zayn.
Não posso mentir, as palavras dele foram um bálsamo para minha alma, e sei que ele está certo. Não adianta eu me atormentar por algo assim. Olivia é a verdadeira culpada de toda essa tragédia, afinal, ela enganou a todos, fingindo ser uma boa pessoa e uma mãe amorosa. Mas no final, tudo não passava de uma atuação, uma fachada de uma mulher que ansiava por poder e dinheiro.
— Obrigado — falei, olhando para o homem à minha frente. — Por ser um porto seguro para mim.
Zayn sorriu e se inclinou um pouco sobre mim, beijando carinhosamente minha testa e, em seguida, minha bochecha. Depois, ele se virou na cama e me puxou para seus braços.
— Sempre serei isso para você — Zayn disse com convicção. — Eu te amo, Oli, seja você um Heroux ou um Dawson. Estarei sempre ao seu lado, afinal você é o amor da minha vida inteira.
Me aconcheguei mais em seus braços.
— Eu estarei sempre ao seu lado — falei com sinceridade. — Zayn, eu te amo desde o primeiro momento em que te vi. No começo, pensei que fosse apenas uma atração minha por você, por sermos amigos e chefe e funcionário. Mas não era. Eu queria algo mais, eu quero construir uma família ao seu lado.
Zayn me apertou mais contra seus braços, e naquele momento, senti que estávamos em casa e em paz juntos. Tenho certeza de que ele sentiu o mesmo.
Ficamos assim até que ouvi meu celular vibrar. Soltei-me dos braços de Zayn, peguei o telefone na cabeceira, ao lado da cama, e vi o número de Carlos.
Carlos:
Oli, você pode vir ao hospital? Preciso falar com você urgentemente!" - Era a mensagem de Carlos
— Quem é? — Zayn perguntou.
— É o Carlos — respondi a Zayn. — Ele está pedindo para eu ir ao hospital, mas não entendi por quê. Parece ser algo urgente.
Zayn ficou em silêncio por um momento e depois disse: "Vamos logo. Sei que você está curioso para descobrir o motivo pelo qual ele está pedindo isso."
Um sorriso se formou em meu rosto, Zayn me conhecia tão bem.
— Vou só me trocar e escovar os dentes — falei. — Quer vir comigo?
— Claro,vou até onde você quiser — respondeu Zayn.
Ele se levantou da cama, deu a volta em mim e me pegou como se eu fosse uma noiva. Deixei meu celular na cabeceira, respondendo que já estava a caminho.
— Vamos nessa — falei, e Zayn nos levou para o banheiro do quarto dele.
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Após o banho, durante o qual decidimos não nos envolver em brincadeiras, escolhi uma roupa que costumo deixar no apartamento de Zayn: um short jeans e uma camiseta com o personagem de anime que tanto amo, Laxus Dreyar da série Fairy Tail.
Zayn optou por uma calça jeans e uma camiseta preta. Saímos do quarto dele e fui até a cozinha para pegar um pouco do cereal que ele tinha em casa.
Ambos saboreamos o cereal, que estava delicioso, com um toque de chocolate. Claro que eu acrescentei um pouco de leite em pó para deixá-lo ainda mais doce. Eu tinha um fraco por doces, às vezes.
Depois de comermos, entramos no carro de Zayn e nos dirigimos ao hospital. Nesse momento, Carlos enviou uma mensagem, dizendo que me encontraria na recepção do hospital.
Só estava bastante curioso para o que ele queria.
— Depois do hospital — Zayn começou a falar olhando para estrada. — Vou te levar na casa do senhor Dawson, você precisa falar com ele.
— Eu vou me desculpar — falei com sinceridade. — Sei que não deveria tê-lo ignorado quando fomos embora, mas vou corrigir isso.
Sabia que Zayn estava certo. Eu precisava me desculpar com meu pai biológico, com meus irmãos, e até mesmo com o meu padrasto. A minha vida tinha se tornado uma história digna de um drama, com dois irmãos, um padrasto, e em breve, mais um irmão ou irmã, além de sobrinhos. Como minha vida tinha se tornado tão complexa?
Cerca de quarenta minutos depois, chegamos ao hospital. Zayn estacionou o carro em uma vaga próxima à entrada. Quando entramos no hospital, percebi uma confusão na recepção.
Me aproximei do balcão, afastando-me do homem que parecia prestes a confrontar uma enfermeira, e dos dois recepcionistas.
— Senhor, você precisa se retirar — a enfermeira tentava argumentar. — Não podemos permitir que você vá ver seu filho nesse estado.
O homem riu de forma debochada.
— Meu filho? Aquele viado está longe de ser meu filho! Mas quando eu colocar as mãos nele, vou dar uma surra que ele vai virar um homem de uma vez por todas!
Respirando fundo, me aproximei da enfermeira e dos recepcionistas, pronto para intervir e acalmar a situação da melhor forma possível.Olhei para o homem, notando que seus cabelos eram curtos e negros, e sua roupa cinza parecia refletir a falta de cor em sua expressão. A cena no hospital se tornava cada vez mais tensa, e eu estava determinado a abordar a situação da maneira mais sensata possível.
A situação estava prestes a esquentar ainda mais. A recepcionista se levantou do lugar e enfrentou o homem com firmeza.
— Não vou permitir que você fale assim de um paciente que estava à beira da morte na rua — ela disse com coragem. — Se você é um preconceituoso sem caráter, seu filho merece algo melhor.
O outro recepcionista também não se conteve.
— Você é um homem horrível e não merece o filho que tem.
O homem apertou o maxilar com força, mostrando que estava prestes a entrar em confronto com os três ali.
— Seria melhor se os três retardados ficassem calados quanto à educação que dou ao meu filho — ele respondeu com raiva.
A tensão no ar era palpável, e a situação estava prestes a sair do controle. Eu sabia que era hora de intervir antes que as coisas piorassem.
Alguém tossiu, e ao longe vi Carlos ao lado daquele advogado que conheci ontem, o tal William, segurando uma maleta.
— Bem, se o problema é esse, posso resolver! — Carlos falou, se aproximando de nossa direção. — Como Vinícius me contou, Kevin, você e sua esposa nunca deram a mínima para ele. Além disso, o agrediram, e tenho provas disso. Posso levá-los ao tribunal por ofensas a meus funcionários, que todos testemunharam, e por agressão a um menor de idade que tem provas o suficiente e aquele vídeo que mostra você quase o acertando um soco. De que lado a justiça ficaria nesse momento?
Então aquele era o pai de um dos garotos que Carlos ajudou ontem. O homem ficou pálido, como se não pudesse suportar a ideia de enfrentar um tribunal. Havia algo que ele estava escondendo, e parecia que Carlos sabia disso.
— O que você quer? — Kevin perguntou com uma expressão desconfiada.
— Que você abandone a guarda de Vinícius e a entregue a mim de boa vontade nesse momento, como o responsável legal dele — Carlos respondeu com firmeza. — Não faça essa cara. Afinal, ele completará dezoito anos daqui a três meses, e até lá vou cuidar dele com a ajuda da minha família, o que é muito diferente do que você fez.
Kevin olhou para Carlos com uma expressão desafiadora, como se quisesse intimidá-lo. No entanto, Carlos respondeu com um sorriso frio que fez Kevin tremer, embora ele tentasse disfarçar.
— Posso fazer isso — Kevin disse, com um tom de desdém. — Contanto que isso me livre daquela aberração.
Carlos iria responder, mas William interveio.
— Aqui estão os papéis. William disse calmamente.
Ele abriu a maleta, retirou os documentos e entregou-os a Kevin, junto com uma caneta. O homem assinou os papéis com um certo requinte.
— Agora, saia do meu hospital — Carlos disse, estalando os dedos. — Você não tem mais nada a tratar aqui.
Dois homens apareceram do nada e começaram a arrastar Kevin, que se debatia como um animal encurralado.
— DIGA A AQUELA ABERRAÇÃO QUE VOU VOLTAR! — Kevin gritou, enquanto os seguranças o levavam para fora.
— Agora, Oli — Carlos disse, virando-se na minha direção. — Venha comigo. Quero conversar a sós com você.
Senti uma mistura de ansiedade e curiosidade à medida que seguia Carlos, me afastando da agitação no hospital e me perguntando sobre o que ele queria discutir.
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Seguindo Carlos pelo corredor e pegamos o elevador para outro andar. Quando as portas se abriram, ele me levou até uma sala com o nome dele na porta. Carlos abriu a porta, entramos, e ele se dirigiu até a mesa, gestando para que eu me sentasse à sua frente.
— Qual é a notícia urgente? — perguntei sem rodeios.
— Seu pai — Carlos respondeu. — Antônio mandou um e-mail para mim dizendo que toda a clínica e a empresa dos Heroux ficarão sob a sua responsabilidade. Além disso, ele pediu perdão pelo ocorrido ontem.
Carlos ligou o computador e virou-se para mim. Ali estava a resposta que eu tanto esperava: meu pai não me odiava e estava disposto a se afastar por algum tempo, além de pedir o meu perdão. Fiquei emocionado com a notícia e agradeci a Carlos por ter intermediado essa reconciliação.
— Mas por que ele enviou para você? — perguntei.
— Ele enviou outro e-mail explicando o motivo — Carlos respondeu. — Ele estava envergonhado de como te tratou ontem e disse que foi muita coisa para uma única noite.
— Entendi — falei. — Era isso que você queria me dizer então.
— Sim e não — Carlos explicou. — Hoje, quando acordei, descobri que uma mulher foi atropelada durante a noite. Ela não resistiu e morreu a caminho daqui. A mulher era Oliva Heroux.
Fiquei chocado com a notícia da morte de Oliva Heroux. Aquela mulher, que causou tantos problemas em minha vida, tinha encontrado um fim trágico. Era um momento de reflexão, já que as emoções eram conflitantes.
Senti mais uma vez o peso da realidade sobre mim.
Minha "mãe" tinha falecido.
Neste momento, não consegui reunir pensamentos claros. Carlos olhou para mim com pesar, mas eu me levantei da cadeira, me despedi dele, que estava em silêncio, e saí da sala. Zayn me encontrou na recepção e, ao me ver, me abraçou com força. Percebi que as lágrimas começaram a escorrer enquanto eu chorava em seu peito. A notícia da morte de Oliva Heroux havia desencadeado uma onda de emoções que eu estava lutando para compreender. Zayn estava ali para me apoiar, e eu me agarrava a ele em busca de conforto em meio à turbulência emocional.
a minha situação de coração partido. Zayn permaneceu ao meu lado, segurando-me com ternura, enquanto eu deixava que as lágrimas caíssem e liberava todo o pesar e confusão que essa notícia havia trazido.
Com o tempo, as lágrimas diminuíram, e eu me afastei do abraço de Zayn. Olhei para ele, agradecido por estar ao meu lado nos momentos difíceis. Não precisava de palavras naquele momento; o conforto e o apoio de Zayn eram suficientes para acalmar minha alma.
Juntos, deixamos o hospital e enfrentamos a incerteza do que o futuro nos reservava, cientes de que a morte de Oliva Heroux havia trazido um ponto de virada em nossas vidas e relacionamentos. O que quer que acontecesse a seguir, pelo menos sabíamos que estávamos juntos, prontos para enfrentar os desafios que viessem em nosso caminho.
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Eita que aconteceu muita coisa!
Gostaram?
Até a próxima 😘
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