II | O Início Da Tormenta
28 De Outubro de 2018
Fiquei muito incomodada com as lendas urbanas que envolviam a minha casa, aquele garoto parecia muito seguro de si e de suas palavras, eu sabia que desde o que aconteceu com a minha avó, as pessoas começaram a evitar ficar perto da casa, mas a casa ser assombrada era algo forte demais!
Cheguei em casa e encontrei a minha mãe tentando concertar uma porta do armário da cozinha que estava quebrada.
-Eu acho que esse armário não tem mais concerto, é melhor jogar fora e comprar um novo. -Falei colocando as compras em cima da mesa e me sentando em uma cadeira.
-Você tem razão, é melhor eu desistir disso, eu tenho muitas coisas para fazer hoje. -Falou a minha mãe se levantando do chão para me encarar -Eu já consegui encontrar uma empregada, com muita dificuldade, mas encontrei.
Com todas as lendas que existem em torno da casa era bem provável! -Pensei ironicamente.
-Quando ela começa a trabalhar? -Perguntei me levantando para ajuda-la a preparar o "almoço" que de saudável não tinha nada.
Resolvi não contar nada sobre os boatos que ouvi no mercado para a minha mãe, ela estava muito animada e eu não queria encher a cabeça dela com lendas estúpidas criadas pela população local.
-Ela começa a trabalhar amanhã, eu disse para ela começar semana que vem, mas como ela tem um filho pequeno, ela quis garantir a vaga. -Disse a minha mãe me entregando uma panela.
-Onde a senhora a encontrou? -Perguntei curiosa enquanto colocava água na panela, para logo em seguida colocar em cima do fogão com o fogo ligado.
-Eu liguei em uma agência especializada e ela foi a única que aceitou o emprego. -Realmente isso era muito esquisito, o que tanto apavorava essas pessoas?
-Talvez ela traga o filho dela aqui para casa, você se importa? -Perguntou a minha mãe colocando dois copos na mesa.
-Se ele não fizer bagunça, para mim está tudo bem. -Falei colocando o macarrão instantâneo na panela com água fervente.
-Eu também liguei para um colégio que fica aqui perto e as aulas começam em janeiro do ano que vem, então aproveita bem esses dias em casa, pois amanhã eu vou realizar a sua matrícula. -Falou minha mãe depois de um tempo colocando o macarrão no meu prato.
-Ok. -Respondi.
Depois de um tempo de silêncio minha mente se voltou para a grande floresta existente atrás do jardim da casa e perguntei:
-O que tem na floresta depois do jardim?
Minha mãe colocou o prato de lado e respondeu:
-Que eu saiba não há nada de muito importante, além de um poço abandonado que não funciona. -Falou ela levando os prato da mesa para a pia.
-Poço abandonado? -Perguntei confusa.
-Desde que os meus pais reformaram a casa e viemos morar aqui, nunca ninguém utilizou aquele poço, a floresta é muito densa e perigosa e eu não quero você andando por lá. -Falou minha mãe me advertindo.
-Não se preocupe, eu não vou andar por lá.-Falei a tranquilizando e encerrando o assunto.
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Não demorei muito para ir dormir, estava cansada pelo dia exaustivo que tive, subi as escadas bocejando desejando a minha cama, entrei no quarto e fui em direção ao banheiro que ficava a direita do meu guarda-roupa, a casa evidentemente precisava de uma boa reforma, o banheiro cheirava a mofo de uma maneira terrível. Precisava escovar os meus dentes e de lavar o meu rosto, levantei a minha cabeça em direção a pia e soltei um grito agudo e dei um pulo para trás, acabei escorregando e caí de bunda no chão.
O espelho do banheiro estava manchado de vermelho, um vermelho vivo e escuro, parecia sangue!
Apesar de estar pingando, dava para notar o que estava escrito.
Onde está ele?
Onde está ele?
O que estava acontecendo? Quem tinha escrito aquilo?
Minha mente estava em um turbilhão de ideias, mas não tive tempo de pensar em nada, ouvi a minha mãe me gritar do quarto ao lado:
- Camila o que aconteceu?
Me levantei rapidamente, peguei um pedaço de papel higiênico e comecei a esfregar o espelho com força, percebi que não estava saindo e por isso resolvi molhar com um pouco de água, pouco a pouco a mancha estava saindo.
-Camila? -Gritou a minha mãe se aproximando do meu quarto.
-Eu estou bem! -Gritei em resposta.
A mancha tinha saído e a frase tinha sumido, joguei os papeis no lixo e lavei as minhas mãos tirando todo o sangue seco.
Encontrei a minha mãe no meu quarto, ela me olhava preocupada.
-O que aconteceu? -Perguntou ela me encarando, eu devia estar com uma aparência terrível.
-Eu...eu cai. -Respondi gaguejando, eu sentia o meu corpo tremendo.
-Caiu? Onde? -Perguntou a minha mãe franzindo a testa.
-No banheiro. -Respondi controlando as minhas emoções.
-Tem certeza que você está bem? -Perguntou ela me olhando intensamente.
-Sim, tenho certeza. -Menti.
-Ok, então vá dormir. -Falou a minha mãe me dando um beijo e saindo do quarto.
Me deitei na cama e desisti de me lavar, eu não queria entrar novamente naquele banheiro, me enrolei no cobertor e dormi pensando na possibilidade de estar louca.
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Acordei sentindo um formigamento estranho nas minhas pernas, por um momento eu pensei que era por causa da noite de sono terrível que eu tive, eu não consegui dormir por uma hora seguida sem acordar com pesadelos horríveis com a frase escrita com sangue no meu espelho. Me mexi na cama e senti o formigamento se estender por todo o meu corpo, senti a uma coisa pegajosa ao meu lado, apertei com a minha mão e senti algo frio e escamoso, uma friagem estranha percorreu a minha espinha e com um pulo eu sai da minha cama me sacudindo para tirar de cima de mim aquela coisa nojenta.
Após me acalmar, eu puxei a coberta e um ninho completo cheio de baratas surgiu no meio da minha cama, abri a minha boca com uma vontade enorme de gritar, mas não saiu nada além de um som agudo e baixo.
De onde veio tantas baratas?
Tateei pelas paredes desesperada, alguém estava pregando uma peça em mim, só podia ser isso, as pessoas do povoados sabiam que eu e minha mãe estávamos morando sozinhas nessa mansão, aqueles garotos, principalmente aquele de cabelo negro tinham motivos suficientes para tentarem me assustar.
Cheguei no quarto da minha mãe e não encontrei nada, avancei pelo corredor e desci a escada incerta dos meus passos, encontrei a minha mãe na sala lendo um jornal, com toda certeza ela estava procurando uma vaga de emprego, assim que ela me olhou, se levantou rapidamente com um olhar preocupado.
-Camila, por que você está com essa cara? -Perguntou a minha mãe me ajudando a sentar no sofá.
-Tem...tem um ninho de baratas na minha cama. -Respondi sentindo uma ânsia de vômito só de pensar que eu estava dormindo em cima daqueles bichos asquerosos.
-Baratas? -Perguntou a minha mãe incrédula, eu assenti com a cabeça e ela subiu correndo para constatar.
Ela voltou minutos depois com uma expressão séria no rosto, parecia irritada.
-Viu as baratas? -Perguntei me levantando.
-Que brincadeira sem graça foi essa Camila? -Perguntou a minha mãe com as mãos na cintura, quando ela está assim significa que ela está muito brava.
-Brincadeira? -Perguntei sem entender nada.
-Você nunca foi mentirosa Camila, o que está acontecendo com você?! -Indagou a minha mãe muito nervosa.
-Eu não estou mentindo, eu vi as baratas! -Respondi me defendendo.
-Camila, para de continuar mentindo, não tem nada na sua cama. -Falou a minha mãe respirando fundo.
-Como assim? -Perguntei sem esperar resposta, corri em direção a escada, subi rapidamente os degraus, quando cheguei no meu quarto tive uma surpresa.
As baratas tinham sumido!
Aquele monte de baratas havia sumido do nada, procurei embaixo da minha cama e nos armários, mas não encontrei nenhum vestígio delas, os insetos haviam evaporado como se nunca tivessem existido.
Respirei fundo e tentei me acalmar.
Minha mãe apareceu do meu lado e me olhou profundamente.
-O que você tem a dizer? -Perguntou ela cruzando os braços.
-Desculpa, eu acho que...que sonhei. -Falei tentando acreditar nas minhas palavras.
-Ótimo, é bom você se trocar, a empregada já está chegando. -Falou ela saindo e me deixando sozinha.
O que estava acontecendo comigo? Será que eu herdei a loucura da minha avó?
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A empregada aparentava ter uns 30 anos de idade e como a minha mãe tinha dito ela havia trazido o filho, era um menino de quase 5 anos, era pequeno e com bochechas bem gordinhas, eu e ele fizemos amizade logo de cara, ele não era como os outros meninos dessa idade que eu conhecia, ele é muito comportado e fofo.
Os últimos acontecimentos ainda me perturbava, mas eu tentava com todas as minhas forças apagar essas lembranças e substituí-las por outras boas.
O menino que descobri que se chamava Juan me ajudava com seu jeitinho fofo a esquecer os meus traumas.
Tudo era um enigma na minha cabeça, uma dúvida que crescia a cada instante no meu peito.
A nova empregada também era Brasileira e se chamava Fernanda, ela estava tentando uma nova vida no México como atriz junto com o marido que era pedreiro e o filho, ela toda animada contava sobre todas as pequenas atuações em novelas e em peças com os mínimos detalhes enquanto arrumava a casa.
Eu evitei ao máximo não sair de casa e me mantive acordada, em todo o momento a minha mente vagueava pelo os últimos acontecimentos.
-Agora, eu vou arrumar o andar de cima. -Falou Fernada subindo as escadas.
Eu fiquei sozinha com o Juan, ele estava muito entretido com um bonequinho em miniatura que eu o havia dado de presente.
Peguei uma revista que era do mês passado e comecei a folhear, tentando me distrair.
-Camila, quem é essa que está atrás de você? -Perguntou Juan se levantando do sofá me olhando com medo.
-Que? Como assim? -Perguntei evitando olhar para trás, senti uma brisa fria estranha entrar na sala e percorrer o meu corpo, me causando um calafrio.
-Ela é estranha Camila! -Falou ele com voz de choro.
Fiquei paralisada, não consegui me mexer, a cada instante o medo me consumia conforme a expressão de terror no rosto de Juan aumentava.
Senti algo se aproximar de mim e tocar o meu braço, era uma mão gélida, como a mão de um cadáver.
Estremeci, pensei em gritar, mas nada saia de minha boca, ela estava seca.
-Do que vocês estão brincando? -Perguntou Fernanda descendo as escadas.
Levei um susto enorme, olhei para trás em busca de algo, mas não encontrei nada, além de uma faca manchada com algo que parecia sangue seco.
Aquilo não estava lá a alguns minutos atrás!
Juan abraçou as minhas pernas com força, ele estava tremendo.
-Por que vocês estão com essas caras? -Perguntou Fernanda se aproximando de nós, quando ela viu a faca, ela estremeceu. -Com certeza eu acabei esquecendo essa faca aqui na sala -Indagou ela, mas pelo modo como ela tremia, eu tinha certeza que estava mentindo.
Ela pegou a faca com cuidado e disse:
-Fiquem aqui, eu já volto. -Falou ela saindo e indo para a cozinha.
Me virei para Juan que me olhava assustado e perguntei:
-O que você viu? -Perguntei me ajoelhando para olhá-lo nos olhos.
-Eu...eu vi uma mulher estranha. -Falou ele gaguejando e olhando para um determinado local da sala.
Ignorei o meu nervosismo e perguntei:
-Estranha como? -Perguntei o encarando.
-Ela parecia um zumbi. -Falou ele.
-Zumbi? -Perguntei sem entender.
-Ela era verde e não parecia ser...ser viva -Falou ele assustado. -O que era aquilo?
-Não é nada meu amor, é melhor você esquecer disso-Falei o abraçando.
Menti foi a melhor maneira de não deixá-lo assustado, mas o que ele me contou provou que eu não estava ficando louca e como um flashback a foto daquela mulher veio na minha mente.
-Me espere aqui. -Falei correndo em direção ao meu quarto ignorando os protestos dele.
Quando cheguei no quarto procurei a minha bolsa, ela estava em cima da cama, peguei e voltei correndo para sala.
-Juan, a mulher que você viu é essa que está na foto? -Perguntei tirando a foto da bolsa.
Quando ele olhou, ele arregalou os olhos, confirmando com a cabeça a minha suspeita.
A mulher que estava atrás de mim com uma faca é a mesma mulher da foto que a minha avó guardava!
-Por que? -Perguntou ele nervoso.
-Nada demais, não precisa ficar assustado, não é nada para ficar com medo. -Menti para tranquiliza-lo. -Agora eu preciso sair, avisa para sua mãe que eu volto na hora do almoço, caso a minha mãe volte antes de mim, diga a mesma coisa. -Falei colocando a foto na minha bolsa e indo em direção à porta.
A minha mãe tinha saído para ir atrás de uma vaga de emprego em uma agência de turismo da cidade que ela tinha visto no jornal pela manhã.
Quando abri a porta, a primeira coisa que eu vi foi o enorme jardim da casa, senti uma brisa leve no rosto, fui até o celeiro e peguei a velha bicicleta que estava encostada na parede.
Fui em direção à estrada e comecei a pedalar em direção ao povoado, fui atrás da única pessoa que podia me ajudar.
A cidade estava mais colorida do que ontem, cheguei no pequeno mercado e comecei a procurar o garoto de cabelo negro que eu tinha visto.
Eu não o encontrei e entrei no mercado, comecei a procurar, mas ele também não estava lá, fui até o balcão e deixei um recado com a balconista caso ela visse ele.
Voltei para casa desanimada.
Eu precisava de alguém que acredita-se em mim.
Quando cheguei minha mãe já estava em casa e todos já estavam almoçando.
-Aonde você foi? -Perguntou a minha mãe.
-Eu fui atrás de um amigo. -Falei me sentando na mesa.
-Amigo? -Perguntou a minha mãe com a sobrancelha erguida.
-Sim, amigo. -Respondi me servindo.
De almoço tínhamos uma sopa que estava deliciosa.
-Onde está o Juan e a Fernanda? -Perguntei percebendo a ausência deles.
-Eles já foram embora, eu dispensei ela mais cedo. -Falou a minha mãe calmamente.
Minha cabeça estava um turbilhão de ideias, Quem era aquela mulher? Por qual motivo a minha avó tinha a foto dela? O que ela estava procurando?
-Mãe -Falei chamando a atenção dela -A senhora já descobriu quem era aquela mulher da foto? -Perguntei curiosa.
-Não, eu não me interesso nisso -Falou minha mãe se levantando encerrando o assunto.
Ela estava magoada comigo, por achar que eu estava mentindo e pelo modo como ela estava, ela não tinha conseguido a vaga de emprego.
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Anoiteceu e o medo tomou conta de mim, tive vontade de pedir para minha mãe, para dormir com ela no quarto dela, porém como ela estava chateada, eu sabia que ela não ia deixar.
Ontem à noite eu dormir no meu quarto e acordei com a cama cheia de baratas, estava com medo do que ia acontecer hoje à noite.
Me ajoelhei ao lado da minha cama e comecei a orar a oração do pai nosso.
Pedi a Deus auxílio para nada de ruim acontecer, orei para Deus expulsar da minha casa aquele espírito maligno.
Terminei as minhas orações com o sinal da cruz, me levantei e deitei na cama.
Me cobri com a coberta e fechei os meus olhos esperando o sono chegar.
Demorei quase uma hora para conseguir pegar no sono.
Meu sono estava leve e acordei sentindo uma mãos gélidas nos meus pés, aquelas mesmas mãos que eu senti pela manhã. Eu pensei em gritar, mas fui puxada pelos pés bruscamente.
Cai no chão com um baque surdo, senti o meu corpo dolorido, me levantei tateando as paredes, procurei o interruptor, ao tocar no interruptor eu senti um líquido estranho percorrer as minhas mãos, ignorei o fato e liguei a luz.
Senti a luz preencher o meu quarto, mantive os meus olhos fechados com medo abri-los.
Respirei fundo, tomando coragem, senti minhas mãos molhadas, as aproximei do meu rosto e senti o cheiro de sangue invadir o meu nariz, comecei a chorar desesperada.
Lentamente abri os meus olhos e com um grito estridente Tive a surpresa mais desagradável da minha vida!
To be continue.....
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⭐️Meus caros leitores, esses é o segundo capítulo do conto de 5 capítulos que estou escrevendo para o sexto concurso do SuspenseLP
⭐️Participem do concurso!
⭐️Beijos!😘
⭐️Até o próximo capítulo!⭐️
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