EP.1 [4/4]
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Assim que o funeral de Rosé chegou ao fim, suas cinzas foram lançadas no mar — o mesmo onde sua vida fora brutalmente tirada. A senhora Park, sua mãe, convidou Jennie para almoçar, talvez numa tentativa de não deixá-la sozinha naquele ambiente pesado.
Enquanto a senhora Park preparava o almoço, Jennie subiu as escadas e se dirigiu ao quarto de Rosé. Sentia a necessidade de estar mais perto da amiga, nem que fosse apenas por meio de suas memórias. O quarto estava exatamente como Rosé havia deixado: roupas organizadas, perfumes dispostos na penteadeira, e os porta-retratos espalhados em prateleiras e mesas.
Jennie começou a vasculhar com o olhar. Observou fotos de Rosé sozinha, sorrindo, outras ao lado da família, e algumas com ela e Lisa. Um porta-retrato em particular chamou sua atenção. Pegou-o com cuidado e se permitiu mergulhar na lembrança.
Na foto, Rosé estava entre Jennie e Lisa, abraçando as duas. Seus rostos exibiam sorrisos que transbordavam felicidade. Vestiam as becas de formatura do ensino médio. Aquela era uma das últimas vezes em que todas estavam juntas e felizes, antes que as responsabilidades e a distância chegarem.
Jennie apertou o porta-retrato contra o peito, enquanto as lágrimas ameaçavam escapar. Respirou fundo, tentando conter a emoção. Não era o momento de desabar, não ali. Colocou a foto de volta em seu lugar e, ao se virar para sair, notou algo caído próximo à cama.
Era um pequeno caderno, simples, com a capa levemente desgastada. Jennie se abaixou para pegá-lo, a curiosidade imediatamente tomando conta. Poderia ser um diário? Talvez algo que desse pistas sobre o que realmente aconteceu com Rosé?
Sem hesitar, Jennie abriu o caderno, mas antes que pudesse ler qualquer coisa, ouviu a senhora Park chamá-la do andar de baixo. Assustada, fechou o caderno rapidamente e, num impulso, o escondeu dentro de sua bolsa.
Jennie lançou um último olhar ao quarto de Rosé antes de sair. Prometeu a si mesma que descobriria a verdade, mesmo que para isso precisasse desenterrar os segredos mais sombrios da amiga.
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O sino da cafeteria de Im Nayeon tocou, indicando que havia um novo cliente entrando pela porta. Lisa caminhou até o balcão para fazer seu pedido e, de relance, viu Jennie sentada sozinha em uma mesa, lendo o que parecia ser um caderno qualquer. Na verdade, era o diário de Park Roseanne.
— O que deseja, promotora? — Kim Minji, a atendente, perguntou, olhando atentamente para Lisa, que olhava atentamente para Jennie. — Senhora promotora?
— O quê? — Lisa balançou a cabeça, saindo de seus pensamentos. — Quero o mesmo de sempre, por favor.
— Certo. Vai levar pra viagem ou vai beber aqui?
— Vou beber aqui — respondeu, mas seus olhos voltaram a se fixar em Jennie.
Lisa hesitava entre ir ou não sentar à mesa com sua antiga melhor amiga. Por um lado, queria se aproximar e talvez recuperar algo da conexão perdida. Por outro lado, temia que os sentimentos da adolescência voltassem à tona. Dezesseis anos se passaram desde que Jennie foi embora e desde a última vez que falaram. As coisas não eram mais as mesmas, e Lisa sabia disso.
"O que será que ela está lendo tão concentrada naquele caderno?", Lisa se perguntou, observando Jennie. "Será que devo me aproximar?".
Depois de um breve conflito interno, Lisa decidiu que sim, iria se sentar com ela, mas assim que deu o primeiro passo, viu Hwang Hyunjin se aproximar de Jennie e sentar à sua mesa. Lisa não pôde deixar de notar o sorriso gengival que Jennie lançou ao rapaz — aquele sorriso que ela tanto amava e que a enchia de ciúmes quando não era direcionado a ela.
— Quer saber? Acho que vou levar pra viagem, Kim Minji — Lisa decidiu de última hora, desviando o olhar.
Enquanto isso, Jennie e Hyunjin conversavam sobre os velhos tempos do colegial, trocando sorrisos e olhares cúmplices que Lisa observava de longe, claramente incomodada.
— O que tem nesse caderno? É algo importante? — perguntou Hyunjin, inclinando-se ligeiramente na direção de Jennie.
— É bem importante — respondeu Jennie, fechando o caderno e guardando-o cuidadosamente na bolsa. — Mas, então, o que você queria conversar comigo? Por que me chamou pra tomar um café às cinco da tarde? — sorriu levemente, tomando um gole de sua bebida.
— Eu queria falar sobre a Park Roseanne — disse Hyunjin, com um tom sério. O nome fez um arrepio percorrer o corpo de Jennie, mas ela manteve a compostura.
— O que tem ela? — perguntou, pousando a xícara na mesa.
— O jeito como Park Roseanne morreu... Não sei, parecia tão fora do comum pra alguém que era tão feliz com a própria vida, que vivia sorrindo pra todos que via. Além disso, eles nem investigaram o caso direito e deram como suicídio.
— Tá dizendo que acha que Rosé não se suicidou, mas sim foi assassinada? — Jennie arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— Sim, é o que parece. Mas ainda não posso afirmar nada sem provas. Só temo que o assassino ainda esteja por aí e que mais pessoas possam estar em perigo.
— Também acho que não foi suicídio — admitiu. — Mas pode ficar tranquilo, vamos descobrir quem fez isso com ela.
— Vamos? Você já está investigando o caso?
— Sim. Eu e Lisa.
— A promotora? — Hyunjin arqueou as sobrancelhas, surpreso. Jennie assentiu.
— Ah, sim! Tenho certeza de que vão resolver isso rapidamente. A promotora Manobal é excelente no que faz — elogiou, sorrindo. — Se precisarem de informações, estarei à disposição.
Hyunjin era o jornalista da cidade, conhecido por estar sempre atualizado sobre tudo que acontecia, desde os eventos mais públicos até os segredos mais obscuros.
Ele verificou o relógio no pulso e terminou seu café. Levantou-se, oferecendo a Jennie um sorriso gentil.
— Preciso ir agora. Nos vemos por aí?
— Claro. Até mais, Hwang Hyunjin! — Jennie sorriu de volta, inclinando levemente a cabeça em um gesto educado.
Jennie continuou lendo o diário de Rosé por mais algum tempo, examinando as páginas em busca de qualquer pista que pudesse ajudar a desvendar o mistério por trás da morte de sua amiga. Foi então que encontrou algo: iniciais anotadas em uma das páginas — K.J.M. Além disso, percebeu que Rosé colava pequenos envelopes com polaroides nas folhas. Havia vários deles no diário, mas Jennie decidiu não abri-los naquele momento. Sentiu que deveria primeiro mostrar essa pista a Lisa.
Determinada, Jennie fechou o diário e se levantou. Hyunjin já havia pago a conta, então ela simplesmente foi em direção à saída. No entanto, assim que pisou fora da cafeteria, uma forte chuva começou a cair, surpreendendo-a. Instintivamente, segurou sua bolsa contra o peito, tentando protegê-la da água.
— Merda! — resmungou, prestes a voltar correndo para dentro da cafeteria, até que percebeu algo estranho. Os pingos de chuva que caíam sobre ela haviam parado de repente.
Jennie olhou para cima e viu um guarda-chuva cobrindo sua cabeça. Ao se virar, seus olhos se encontraram automaticamente com os de Lisa. A promotora estava segurando o guarda-chuva com uma mão e uma expressão quase neutra no rosto.
— Segura! — ordenou Lisa, estendendo o guarda-chuva.
Jennie não questionou. Pegou o guarda-chuva enquanto observava Lisa voltar para dentro da cafeteria. Pelo visto, ela havia esquecido a carteira no balcão e precisou buscá-la. Não demorou para que Lisa retornasse, pegando o guarda-chuva da mão de Jennie. Sem dizer uma palavra, começaram a caminhar em direção ao carro da promotora, em seguida, cada uma entrou de um lado.
— O que foi fazer na cafeteria se não comprou nada? — Jennie perguntou, lançando um olhar curioso para Lisa.
— Esqueci minha carteira lá, então tive que voltar pra buscar — respondeu Lisa, colocando a carteira no porta-luvas enquanto Jennie a observava com atenção. — Te vi com o senhor Hwang. Parecia feliz com ele hoje.
— Se me viu, por que não veio falar comigo?
— Porque eu não queria atrapalhar seu encontro.
— Não estávamos em um encontro. Ele só queria conversar comigo sobre a Rosé.
— Sobre a Rosé? — Lisa arqueou a sobrancelha, intrigada.
— Sim. Ele também acha que a morte da Rosé foi proposital, que foi um assassinato, e não um suicídio.
— Hum... Cuidado! Às vezes ele só quer conseguir informações pra vazar elas — Lisa ligou o carro, ajustando os retrovisores.
— Ele não é esse tipo de pessoa, Lalisa!
— Acredite no que quiser. Onde você tá ficando? Posso te levar até lá.
— Na verdade, precisamos conversar. Encontrei o diário da Rosé, e tem coisas lá que podem nos ajudar. Sua casa é perto daqui? Podemos ir pra lá. É mais seguro do que o hotel onde estou.
— Tá ficando em um hotel? — Lisa lançou um olhar para Jennie, surpresa, enquanto o carro começava a se mover.
— Sim — Jennie assentiu.
— Jennie, você morou aqui por anos. Sabe que os hotéis dessa cidade não são nada confiáveis.
— E queria que eu ficasse aonde? Na rua? — rebateu Jennie, com um tom provocador.
— Seria mais seguro — falou, sarcasticamente, sorrindo.
— Vai se ferrar, Lalisa!
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