36 - Trinta e Seis
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Jungkook foi a Jeju conhecer o lugar onde os pais moraram. Vamos conhecer também...
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O lar de Jungkook sempre foi a casa dos Kims.
Quando Jungkook pensa sobre o que lar significa para ele, automaticamente pensa em seus pais adotivos, Seokjin, a casa onde ele cresceu, a pequena floresta do lado de fora. Todas as coisas que o fazem se sentir feliz, seguro, amado. Ele nunca pensou em mais nada; mas agora, parado em frente a esta enorme clareira, no meio da maior floresta que ele já viu, há uma sensação estranha que permanece em seu estômago.
Não é uma sensação desagradável, pelo contrário; é agradável e aconchegante e o faz sorrir, porque ele sente que pertence aqui.
Jungkook não se lembra de nada sobre esse lugar, a última vez que esteve aqui ele tinha apenas um ano, mas há algo pesado que finalmente deixa seu corpo quando ele entra na clareira e tudo parece familiar; o suficiente para fazer ele se sentir confortável e relaxado; o suficiente para fazê-lo sentir como se estivesse finalmente em casa.
E de certa forma está, porque é o lugar onde ele teria crescido em circunstâncias diferentes e sua família viveu aqui por séculos.
Sua coruja também gosta do lugar, Jungkook sente ela agitar dentro dele, eufórica com a visão de sua primeira grande floresta de verdade. Jungkook sente sua pele formigar com o desejo ardente de se transformar e deixar sua coruja aproveitar sua liberdade e esse lugar lindo; mas ele tem outras coisas para fazer, então sua coruja precisará esperar. O vento agradável que move seu cabelo escuro e as folhas não o ajuda a levar sua coruja para longe.
A clareira é cercada por árvores altas e grandes, tão próximas umas das outras que criam uma espécie de muro de proteção; Jungkook consegue entender por que seus ancestrais escolheram esse local para construir suas casas: é longe dos humanos e protegido graças às árvores.
Seria difícil para Jimin e Jungkook encontrá-la, eles provavelmente não teriam encontrado se não fosse pelas indicações que os avós de Hoseok deram a eles. A clareira fica no meio da floresta, muito longe da rua onde Jungkook estacionou o carro e de todos os pontos onde os turistas costumam vir quando visitam a floresta.
Jungkook fica na beira da clareira por longos minutos, olhos grandes vagando de uma casa para outra, enquanto diz a si mesmo que este é o lugar onde o Clã Jeon viveu por séculos. Essas casas foram construídas por alguns dos membros de sua família. Este é o lugar onde ele nasceu e o lugar onde seus pais morreram.
As pequenas casas de diferentes formas preenchem a clareira ou, pelo menos, costumavam preencher. Quando Jungkook começa a caminhar lentamente para dentro da pequena vila, entre as casas, ele vê claramente os sinais da passagem dos caçadores. A maioria das casas está queimada, algumas paredes completamente destruídas, portas caídas no chão, janelas quebradas. A tinta das paredes lavada ou coberta pela fuligem do fogo. Algumas das casas estão tão queimadas que a única coisa que resta é apenas o pavimento e alguns móveis queimados; uma casa aberta sob o céu.
É triste pensar que antigamente esse era um lugar colorido, com flores, crianças, risos, grama verde... vida em todos os seus aspectos; mas agora é apenas silencioso, velho, escuro.
A sensação agradável de estar em casa é gradualmente substituída por uma triste. Quanto mais ele olha para o que está ao seu redor, mais se sente mal. Os caçadores deixam apenas morte e tristeza para trás. A única coisa que anima Jungkook é saber que ele fez justiça à essas pessoas que um dia viveram aqui, que os caçadores pagaram pelo que fizeram.
Jungkook tenta se concentrar nisso e no fato de que ele construirá uma nova vila. Ele dará vida à esse lugar novamente, tornando a clareira o espaço seguro onde os metamorfos podem passar algum tempo com os outros e serem simplesmente eles mesmos sem se preocupar com os humanos descobrindo. Ele quer que a clareira seja um lugar de troca, onde conhecerá novas pessoas, se esconderá nos momentos de necessidade e onde qualquer metamorfo possa ir e vir quando quiser. Levará tempo, porque eles têm que construir cada casa novamente, mas Jungkook é paciente, ele não tem pressa, ele sabe que coisas bonitas precisam de tempo para crescer.
Jimin anda ao lado de Jungkook o tempo todo, uma presença silenciosa que dá força a Jungkook. Desde quando acordaram, o loiro tem estado mais grudento do que o normal, deixando pequenos beijos no rosto de Jungkook quando ele estava distraído, fazendo-o sorrir e abraçando ou segurando sua mão, para lembrá-lo de que ele não estaria sozinho e ajudando Jungkook a se acalmar um pouco.
Jimin agora conhece Jungkook o suficiente para reconhecer seus humores e, claro, ele entendeu que Jungkook estava muito nervoso com a ideia de vir até aqui hoje, então Jimin o apoiou e encorajou o melhor que pôde. Jungkook é muito grato por tê-lo aqui.
Eles entram na aldeia (vila) e olham ao redor por vários minutos; sem dizer em voz alta, ambos sabem o que estão procurando.
Jungkook não sabe onde fica a casa de seus pais, a casa dele, as casinhas são todas tão parecidas que o menino coruja tem medo de nunca reconhecer a dele. E se for uma das que foram totalmente destruídas? Mesmo com esse pensamento sombrio em mente, Jungkook se encoraja a continuar olhando ao redor, pois algo em seu íntimo lhe diz que, quando ele a ver, saberá que ela é sua casa.
No final, não havia nada com que se preocupar, porque é bem óbvio qual casa era a dos pais dele. Fica no meio da vila, é um pouco maior que as outras e quase parece que todas as outras casas estão ao redor dela e todas as ruas da vila te guiam até lá; na verdade, elas acabam na frente da casa sem nem perceber que chegaram ao centro da vila. É tão grande que você pode se perder facilmente.
Como Jungkook esperava, ele sente seu estômago revirar ao ver a casa, a sensação de estar em casa de repente é tão forte que ele se vê caminhando em direção à ela sem realmente perceber.
Essa é a casa dele.
As paredes do lado esquerdo da casa estão completamente faltando e as bordas das outras são irregulares, pretas de fuligem. A porta principal não está onde deveria estar, mas está na varanda quebrada em dois grandes pedaços. Jungkook não consegue dizer qual era a cor da casa, mas está bem claro que, seja lá o que fosse, agora está desbotada para um cinza. Há pequenos pedaços do que parece ser tecido, antes de um rosa bonito que agora está quase completamente obscurecido pela fuligem escura; olhando para a janela perto do batente da porta, Jungkook entende que provavelmente são pedaços das cortinas.
Medo e curiosidade se misturam dentro do menino coruja, ele quer ver sua casa, mas ao mesmo tempo se preocupa com o que pode encontrar. Ele não sabe se é forte o suficiente para estar em um lugar tão próximo de seus pais e de sua memória. Seu coração está batendo rápido em antecipação e medo. Ele não sabe o que fazer. Ele se sente repentinamente sem fôlego, muito sobrecarregado por suas próprias emoções.
Seu estado de confusão nem o faz pensar que a casa pode desabar se ele entrar... mas provavelmente não incomoda Jimin também, porque o loiro alcança Jungkook e toca sua mão para chamar sua atenção.
— Você quer entrar? — Jimin está sorrindo para ele encorajadoramente, e Jungkook se sente aterrado novamente, seus sentimentos confusos o deixam respirar novamente.
Basta olhar nos olhos de Jimin e sentir a mão dele segurando a sua suavemente, para Jungkook decidir. Ele precisa encarar esse momento, ele precisa ver onde ele viveu por um ano de sua vida, isso o fará se sentir mais próximo de seus pais. Ele buscou uma maneira de estar mais próximo deles durante toda a sua vida.
— Sim. — Jungkook confirma, com a voz firme.
Os degraus da varanda rangem sob seus pés, mas parecem estáveis, então os dois meninos simplesmente sobem e entram na casa. Eles se encontram no que provavelmente era a sala de estar. Não está tão arruinada quanto Jungkook imaginou, exceto pelo sofá que está completamente destruído, com tudo o que estava perto da parede esquerda; os outros móveis ainda estão intactos, mas arruinados pela umidade e pela passagem do tempo.
Os vidros das janelas estão todos quebrados, e todos os pedaços estão espalhados pelo chão; Jungkook tenta não pisar neles, mas é impossível.
No lado direito da sala, há algumas pinturas nas paredes e mesmo que Jungkook nunca tenha visto algo que sua mãe pintou, ele sabe que são dela. As pinturas perderam muito de sua beleza, mas Jungkook ainda consegue vê-las, imaginando a cor brilhante do mar ou da rosa pintada. Elas são muito bem feitas.
Há mofo no teto, na maior parte da casa, mas, graças à parede que falta, a casa apenas cheira ao aroma fresco da madeira.
Depois de caminhar lentamente por toda a sala e cozinha, admirando a pintura nas paredes e espiando os títulos quase ilegíveis dos livros em uma prateleira, Jungkook prossegue em direção ao pequeno corredor, onde o som de vidros quebrando sob seus pés finalmente para. Os únicos sons que permanecem são seus passos suaves e o vento soprando lá fora.
Seus olhos estão vagando por todo lugar, tentando capturar todos os detalhes que puder. Ele não se lembra desse lugar, é como uma casa onde nunca esteve, mas ele ainda sente seu coração batendo rápido e algo dentro dele está gritando que ele está em casa.
O corredor é pequeno e eles rapidamente se encontram no que era o quarto dos pais de Jungkook. Jimin anda atrás de Jungkook silenciosamente, sem fazer nenhuma pressão; ele está aqui apenas por ele. O quarto é o cômodo mais intocado da casa, nada está quebrado e a cama de alguma forma ainda está feita. Jungkook quase consegue ver seus pais arrumando a cama depois de acordar, pelo que seria o último dia de suas vidas.
Ele se pergunta como eles cheiravam, o cheiro seria familiar para ele? Mas não há como saber, muito tempo se passou, até mesmo os perfumes de sua mãe que Jungkook encontra no quarto são apenas álcool agora, eles realmente não cheiram a mais nada.
Há muitas coisas que pertencem a eles nesse quarto, mais do que nos outros quartos: as roupas, é claro, os projetos de construção do pai, uma escrivaninha cheia de pincéis e telas da mãe. Há também o berço de Jungkook; é feito de madeira e em um dos lados curtos há seu nome esculpido. Há uma pequena coruja depois da segunda sílaba e Jungkook não consegue deixar de sorrir enquanto traça as letras com o dedo. Há também um pequeno brinquedo pendurado no teto, também é feito de madeira e tem o formato de uma coruja. Jungkook se vira do berço e algo chama sua atenção: é uma mancha branca embaixo da cama.
Jungkook pisca algumas vezes para focar melhor no objeto branco que está escondido debaixo da cama. O garoto se ajoelha e estica um braço em direção ao objeto que por acaso é uma caixa, uma completamente branca, a única coisa dentro desse lugar que parece limpa e intocada. O garoto abre a caixa e por um instante fica perplexo, porque o que diabos está fazendo um álbum de fotos debaixo da cama? É um lugar estranho para guardá-lo.
A capa do álbum é de um verde claro bonito e é feita de um tecido acolchoado. Jungkook tira-a da caixa e se acomoda mais confortavelmente sentando-se no chão. Ele olha para Jimin e vê que o loiro está olhando para alguns desenhos na mesa de sua mãe.
Jungkook volta seu olhar para o álbum e o abre. Um nó se forma em sua garganta quando, depois de algumas páginas em branco, ele encontra a primeira foto. É ele, quando era recém-nascido, provavelmente ainda no berço do hospital, de pijama branco e olhos fechados. Ele era tão pequeno, com o cabelo bagunçado e a pele escura! Acima da foto há uma inscrição: 'Jeon Jungkook, 1º de setembro de 1997'. Ao lado há outra: 'Depois de longos meses de espera, nosso pequeno Jungkookie finalmente chegou.'
Jungkook vira a página e tem outra foto. Mesma data, mas na foto ele está agora com seu pai que não está olhando para a câmera, mas apenas para Jungkook entre seus braços. Seu pai está sorrindo e Jungkook sente o nó ficando cada vez maior quando lê o que está escrito na lateral da foto.
'Eu não era a única chorando de felicidade ao ver nosso pequeno Jungkook, Junghwan também. Ele chorou muito quando a enfermeira deu Jungkook para ele e ele ficou ao lado do nosso filho a noite toda, olhando para ele com muito amor.
Esse foi o melhor dia das nossas vidas.'
Outra página, outra foto, dessa vez com sua mãe, ele estava dormindo com a cabeça no peito dela. Foi um mês depois que ele nasceu.
'O pequeno Kookie gosta de dormir muito, principalmente no colo da mamãe.'
Jungkook acha difícil engolir, essas palavras doem como agulhas em seu coração. É um álbum que acompanha lentamente seu crescimento, com comentários escritos com a caligrafia elegante de sua mãe, que conta pequenas coisas ou episódios que aconteceram.
'Hoje Kookie disse sua primeira palavra, ele disse 'papai' e Junghwan chorou muito de novo! Ele gosta muito do nosso pequeno Kookie!'
Diz uma legenda perto da foto de Jungkook e seu pai sentados no sofá; Jungkook está no colo do pai e o olha com curiosidade, enquanto o homem visivelmente seca as lágrimas dos olhos.
Há uma foto do Jungkook de quatro na cama dos pais, com o rosto sujo com algum tipo de papa para bebês, mas com uma expressão muito animada.
'Ele tem o maior e mais brilhante sorriso do mundo. Adoro o jeito como ele mexe o narizinho quando sorri.'
'O pequeno Kookie é tão curioso sobre qualquer coisa que eu não posso segurar nada que ele já quer tocar imediatamente.'
'Ele começou a engatinhar!!'
'Jungkook e seu maior amor, seu 'papai', a imagem que está perto dessa frase é uma de Jungkook e seu pai dormindo na cama, o rosto de seu pai pressionado contra os cabelos escuros de Jungkook; Jungkook segurando a camisa de seu pai com uma mãozinha.
Há uma foto particularmente bonita de Jungkook e sua mãe. O bebê está entre os braços de sua mãe, mas ele está de frente para ela, mãos no ar e um grande sorriso, e sem dentes, no rosto. Sua mãe também está olhando para ele, sorrindo. Há outra parecida com essa, mas dessa vez, sua mãe está dando um beijo no narizinho de Jungkook.
Esse álbum é cheio de memórias preciosas de um ano que Jungkook não se lembra, mas gostaria de poder lembrar. Essas fotos machucam muito, mas também o fazem se sentir feliz, porque ele finalmente tem uma ideia de como era sua vida com seus pais. Porque ele sabe que o pouco tempo que eles compartilharam foi cheio de amor e alegria e que eles o amavam muito.
Ele está chorando quando termina, mas também está sorrindo, com o coração cheio de todo o amor que está impresso nas palavras de sua mãe.
Jimin se juntou a ele no chão em algum momento, dando-lhe seu apoio silencioso. Jungkook se inclinou para ele e Jimin circula sua cintura com uma mão, segurando-o com força.
Metade do álbum está vazio, as fotos param em alguns dias antes do ataque do caçador. A última é uma foto de família, com Jungkook entre seus pais no que parece ser o espaço em frente à casa. Jungkook está sorrindo feliz e seus pais também. Sua mãe o está abraçando e seu pai está abraçando os dois.
A legenda abaixo dessa foto é diferente das outras, está escrita com outra caneta, uma azul dessa vez e a escrita não é mais precisa e elegante. Essas palavras foram escritas às pressas e não estão contando um episódio de suas vidas, estão se referindo a Jungkook, como se de alguma forma sua mãe soubesse que ele encontraria o álbum em um certo ponto de sua vida.
'Eu não sei como as coisas vão ser para nós e não sei se você vai ler isso, meu doce Kookie, mas quero que saiba que nós te amamos muito, sempre amaremos. Você é nosso presente mais lindo e precioso, a melhor coisa que já nos aconteceu. Você tem um coração gentil, Jungkook, eu já vejo isso e queria poder ver você crescer e se tornar um grande homem. Sei que você nos deixará orgulhosos.
Desculpe, espero que você entenda por que fizemos isso.
Nunca se sinta sozinho, porque eu sei que minha alma nunca vai te deixar de verdade. Nós sempre estaremos ao seu lado.
Viva Jungkook, viva o máximo que puder. Ame, seja gentil, seja misericordioso, nunca deixe sua raiva ou o sentimento de vingança obscurecer seu julgamento.
A vida é difícil, mas sei que você é forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa que surgir contra você.
Eu sempre te amarei e sentirei sua falta, mas darei minha vida para salvar a sua pelo menos umas cem vezes mais. Você é meu tudo, nosso tudo.
Seja forte, Kook, desejo-lhe uma vida linda.
Mamãe'
🦉
🦉
FIM ☾ ◌ ○ °•
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O fim foi basicamente no capítulo 34 quando tudo se resolveu como vocês viram o capítulo 35 é um extra mostrando os sete meses depois. Esse dois bônus inclui JK indo para Jeju, onde seus pais moram e conhecendo a casa onde moraram. Terminando com ele vendo o álbum de foto com as pequenas anotações que seus pais deixaram de propósito. É um bom final na minha opinião.
Espero que tenham gostado dessa história. Eu amei escrevê-la. Me diverti muito. Agradeço a todos que comentaram. A quem leu sem comentar também. Foi um prazer estar com vocês nessa aventura.
Por favor, veja o próximo capítulo e conheço outras histórias que traduzi. Tenho certeza que você irá gostar.
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