Maldita supervisão
CAPÍTULO ONZE
"O convite para uma bebida ainda está de pé?"
Chae-yeong estava atravessando o hall de entrada quando ouviu uma voz alta reverberando por todo o corredor. Ela parou completamente e suspirou. Ela conhecia aquela voz muito bem.
Chae-yeong se virou e deu alguns passos para trás. Ela observou um grupo de ceifadores olhando para as telas na parede que mostravam os anúncios de ação disciplinar dos ceifadores. Ela reconheceu a Sra. Jang e a Sra. Jeon da Equipe de Escolta e, claro, aquele que chamou sua atenção em primeiro lugar.
"Sr. Choi."
O grupo de ceifadores virou a cabeça em direção à voz. Assim que notaram a assistente da Diretora parada ali com os braços cruzados, todos se dispersaram rapidamente, correndo em direções diferentes. O que permaneceu foi Jun-woong.
Ele ofereceu à mulher um sorriso estranho e acenou.
"Bom dia, Sra. Kim."
Chae-yeong balançou a cabeça e se virou para sair. No entanto, ela não conseguiu se livrar do meio-a-meio.
"Sra. Kim, espere!"
Jun-woong estava correndo atrás dela. Quando conseguiu alcançá-la, ele copiou o passo da ceifadora e andou ao lado dela.
"Sra. Kim, eu tenho um favor." Chae-yeong não diminuiu o passo, ela nem olhou na direção de Jun-woong. O homem suspirou. "Sra. Kim, por favor. Só um favor. É importante."
Entendendo que ela não se livraria do aborrecimento que é Choi Jun-woong, Chae-yeong suspirou e parou no meio do corredor. Ela se virou para o homem e levantou uma sobrancelha.
"O quê?"
Um largo sorriso apareceu no rosto de Jun-woong, antes que ele ficasse sério novamente.
"Você poderia, por favor, fazer algo para que outros ceifadores não importunem tanto o Time GR. Está ficando fora de controle ultimamente."
Bem abaixo da fachada fria como pedra, Chae-yeong estava surpresa e um pouco impressionada. Mais do que isso, na verdade. Ela ainda se lembrava do primeiro dia de Jun-woong aqui em Jumadeong, e o quanto ele odiava o Time GR.
E agora, ele veio até Chae-yeong, pediu que ela fizesse algo para que outros ceifadores não importunassem o dito time e seus membros?
"Uh, Srta. Kim?"
Chae-yeong nem percebeu que estava distraída por causa do choque inicial. Ela piscou e balançou a cabeça gentilmente. Então, voltou sua atenção para o homem à sua frente. Infelizmente, ela tinha más notícias para ele.
"Desculpa, Sr. Choi. Não há nada que eu possa fazer sobre isso."
O rosto de Jun-woong afrouxou.
"Nada?" Se Chae-yeong tivesse uma constituição diferente, ela poderia ter derramado uma lágrima de quão miserável o homem diante dela parecia. Como um cachorrinho chutado.
"Nada."
E antes que Jun-woong pudesse perguntar mais alguma coisa a ela, Chae-yeong se virou e foi embora. Deixando o cachorrinho chutado sozinho no meio do corredor vazio.
◇◇
"Isso é cansativo."
Chae-yeong suspirou enquanto olhava ao redor da rua.
"Você era quem queria vir."
"Foi a Diretora que me forçou. Mais uma vez, uma dessas supervisões idiotas."
Joong-gil sorriu um pequeno sorriso quando olhou para a expressão irritada de Chae-yeong. Aparentemente, a Diretora queria que Chae-yeong monitorasse o trabalho da Equipe de Escolta mais uma vez. Joong-gil não se importava nem um pouco, especialmente porque ultimamente, o relacionamento dele e da assistente melhorou muito.
Para Chae-yeong, por outro lado, era um pé no saco.
"Tarefas como essa me fazem apreciar minha linha de trabalho e como é fácil sentar atrás da mesa e ler relatórios."
Chae-yeong observou Jae-Hee e Soo-In enquanto elas coletavam a alma de uma pessoa que havia falecido de alguma doença. Bem no meio da rua, o destino decidiu que sua vida acabaria. Quando ela era mais jovem, Chae-yeong esperava que sua morte fosse pacífica. Como morrer de velhice, enquanto estava confortavelmente deitada em sua própria cama.
Mas o destino decidiu rir de Chae-yeong bem na cara.
Enquanto as duas ceifadoras estavam coletando a alma, Joong-gil se virou para Chae-yeong.
"Vamos." Chae-yeong virou-se para encarar o homem, com um olhar esperançoso no rosto.
"Esse foi o último?"
Joong-gil sorriu enquanto abaixava a cabeça. Então olhou para cima.
"Não exatamente." A mulher suspirou. Seus ombros afrouxaram um pouco.
"Tudo bem, quem é o próximo?"
Chae-yeong não deixou de notar a mudança repentina na expressão de Joong-gil. E com a testa franzida, ela estendeu a mão pedindo o tablet para ver a próxima alma que precisa ser coletada.
"Posso ver?"
Joong-gil balançou a cabeça e pediu que ela o seguisse.
Os dois se teletransportaram para uma rodovia. Estava estranhamente vazia, exceto por dois carros no meio da estrada. Chae-yeong só precisou dar uma olhada no carro para entender o que havia ocorrido. Mas então seus olhos caíram em uma figura caminhando em direção ao carro capotado. E algo no coração da mulher palpitou.
"Mãe."
Uma garotinha estava andando no meio da rua. Em direção ao carro onde sua mãe e seu próprio corpo estavam.
A respiração de Chae-yeong ficou presa na garganta. "Você tem que pará-la."
Mas Joong-gil já estava lá. Ele apareceu logo atrás da garota e colocou a mão sobre os olhos dela.
"Não olhe. Isso permanecerá em seu coração."
"Quem é você?" Joong-gil olhou para a garota. "Eu quero ver minha mãe."
Enquanto isso, Chae-yeong caminhou lentamente para mais perto deles.
Joong-gil descobriu os olhos da garotinha e a virou para encará-la. Ele então se agachou.
"A dor que permanecer em seu coração será gravada em sua alma e afetará sua próxima vida também. Então-"
Chae-yeong virou a cabeça quando ouviu os outros dois ceifadores se teletransportando com a alma que coletaram antes.
Joong-gil olhou para a garota. "Vá segui-las."
Jae-Hee passou por Chae-yeong e foi em direção à garota. Ela estendeu a mão para ela pegar.
"Vamos."
"Mas eu quero vê-la. Posso vê-la só mais uma vez?"
"Não." A garotinha olhou para Joong-gil. "Não olhe para trás."
Depois de hesitar um pouco, a garota finalmente pegou a mão de Jae-Hee e seguiu a ceifadora. Joong-gil se levantou e, dando uma última olhada no carro, virou-se para olhar as figuras que se afastavam.
"Lee Ha-Eun. Nasceu à 1:10 da manhã, 24 de maio de 2017. Esta vida foi coletada."
Jae-Hee e Soo-In escoltaram as almas enquanto Chae-yeong ficou para trás. Ela caminhou para onde Joong-gil estava, olhando para o carro acidentado.
"Obrigada por não deixá-la ver isso." Ela também estava olhando para o acidente. Chae-yeong engoliu um nó na garganta quando seus olhos pousaram nos corpos da garota e de sua mãe. "É cruel proibir uma criança de ver sua mãe uma última vez, mas neste caso é completamente necessário."
Chae-yeong soltou um suspiro e se virou de lado, encarando o ceifador. Ela observou o perfil lateral de Joong-gil, o maxilar cerrado e as sobrancelhas franzidas. Estava claro que esse caso deixou um impacto nele, tanto quanto deixou em Chae-yeong. Afinal, não importa o quanto você acha que se acostuma a ver a morte, ela sempre encontra uma maneira de surpreendê-lo.
"Não acho que eu deva agradecer por este dia." Joong-gil finalmente se virou para encarar a mulher. Uma expressão confusa em seu rosto. "Vou ser honesta, foi horrível. E o final foi completamente de partir o coração. Vou precisar de alguns dias de folga para me recuperar disso."
Uma risada saiu dos lábios de Joong-gil.
"Bem, isso só prova que você não é adequada para a Equipe de Escolta, Srta. Kim."
Chae-yeong zombou.
"Você diz isso como se eu quisesse fazer parte da Equipe de Escolta." Ela se virou e começou a se afastar. "Nos seus sonhos, Sr. Park."
Joong-gil observou a figura dela se afastando com um sorriso divertido no rosto. Ele então se moveu para seguir a mulher.
"O convite para uma bebida ainda está de pé?" Joong-gil perguntou assim que alcançou a mulher. Ele olhou para Chae-yeong pelo canto do olho. "Acho que vai fazer bem a nós dois."
Chae-yeong riu.
"Quem é você para saber o que é melhor para mim?" Ela então virou a cabeça e sorriu um sorriso fraco. "Claro, a oferta ainda está de pé. Nenhum de nós vai dormir de qualquer maneira."
Ela virou a cabeça para encarar a frente. "Pelo menos o tempo será bem gasto."
Joong-gil franziu as sobrancelhas e se virou para a outra ceifadora.
"Bem gasto? Pensei que apenas conversaríamos como costumávamos fazer até agora."
"Ah, não. Tenho um monte de relatórios que precisam ser revisados." Ela parou e apontou um dedo para Joong-gil. "E você vai me ajudar."
"Bem, então acho que vou pular a bebida dessa vez."
Joong-gil já se virou e pretendia se teletransportar quando Chae-yeong agarrou a manga do casaco dele.
"É, certo. Você vem comigo."
"Mas-"
Mas antes que Joong-gil pudesse terminar o que queria dizer, Chae-yeong se teletransportou para seu escritório, levando-o com ela.
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