DESPEDIDA
Despedida
Nathaniel
Permaneci um tempo em silêncio observando o deserto, centenas de estrelas brilhantes em companhia da lua cheia azulada iluminavam o horizonte. A brisa fria da noite me dizia que eu estava fazendo a escolha certa. Essa seria minha última noite aqui.
Não posso continuar ausente após o ocorrido com Liza diversas vezes seguidas. A deixei em seu quarto após o incêndio e relutante, retornei ao Templo.
O mal a espreitando se aproximava a cada segundo e tornava-se mais urgente em suas investidas. O que só podia significar uma coisa: o tempo se extinguia.
Apesar de ter passado meses aqui e deixando-a exposta ao perigo, sentiria falta do som calmante do vento, das noites absurdamente estreladas e dos dias ensolarados com a areia mostarda em contraste com a imensidão do céu azul.
Subi os degraus do Templo e senti a energia me saudar, era como ser tocado por uma lufada de ar, que em seguida me preenchia de paz e deixava meus pensamentos lúcidos.
Não encontrei Johan. Ao menos o desastre do noivado havia servido para o que eu mais ansiava. Deixar o deserto para ficar ao lado de Liza. Talvez eu estivesse mais forte, talvez Johan tivesse desistido de me manter ali, não sei. Mas não esperaria mais.
Andei até o amplo espaço no centro entre as colunas e observei novamente o Óculus Mundi. A bela esfera, guardiã dos segredos desse universo girava lentamente sob a água, como a própria Terra.
As três estátuas com os punhos estendidos a frente, ali continuavam. Assistiam as desgraças do mundo. O que restou do Conselho dos anjos. Condenados pela eternidade.
Não sei se seria capaz de sentir pena, mas o conhecimento dos membros ali aprisionados poderia ser crucial na minha jornada.
Precisava descobrir como libertá-los. Suspeito que Johan seria veemente contra, não que isso afetasse minha decisão.
- Por que estás tão saudoso, anjinho? – Johan falou atrás de mim.
- Estou partindo, Johan.
- Lá vamos nós. Que anjo dramático. Chega dessa encenação, Nathaniel. Você finge que vai embora, eu finjo desejar que fique. Ambos sabemos que tenho uma missão a cumprir e você ensinamentos a aprender.
- Ambos sabemos que a missão é sua, Johan. E você desperdiçou tempo para concluí-la. Não posso mais esperar.
- A escolha é sua Nathaniel. Saia sem o conhecimento necessário e não se esqueça: Estará destinado a falhar.
- Não sinto a menor culpa Johan, se é essa a sua intenção.
- Jovem teimoso! Idiota! - esbravejou puxando a própria barba com agressividade.
- Não há nada que possa dizer para me convencer do contrário. - Eu estava mais do que habituado às suas crises a essa altura. Isso só reforçava minha vontade de partir.
- Vá logo seu imbecil. Seu amor infantil pela garota amaldiçoa todos à sua volta.
Se após todas nossas conversas e conhecendo toda a nossa história, ele ainda julgava meu sentimento dessa maneira, eu não iria desperdiçar mais nenhum minuto.
- Adeus, Johan. Obrigado pelos ensinamentos. - Fiz questão de imprimir toda a minha indiferença na voz.
Lhe dei as costas e fui até o outro lado do deserto ao encontro de Gaia. Me despediria dela também. Mal pisei entre os geiseres e ela já vinha até mim.
- Nate! Até que enfim! - Ela pulou em meu pescoço. - Pensei que nunca iria embora daqui!
- Do que você está falando? Como sabe que vim me despedir? - Olhei desconfiado para ela. Seu habitual vestido de couro vermelho havia sido substituído por calça jeans, botas pretas e um casaco branco, próprio para a neve. No chão ao seu lado havia uma enorme mala de rodinhas. Só podia ser uma piada. E de péssimo gosto.
- Tolinho. Você não veio aqui se despedir, veio me buscar.
- Eu não vou para NY a turismo Gaia. Tenho problemas para resolver.
- Você reluta em aceitar minha amizade não é, Nate? Mas tudo bem. Lhe perdoarei hoje, já que estamos a caminho de NY. - Ela deu um pulo do chão seguido de um grito animado e cruzou seu braço por dentro do meu.
- Estou indo sozinho, Gaia. - meneei a cabeça para os lados e tentei me soltar, ela cravou as unhas com força no meu braço e faiscou seus olhos púrpura para mim.
- Considere esse o meu último aviso. É melhor me ter como uma amiga.
Sua voz insinuou que eu me arrependeria se a contestasse. Aceitei a contragosto sua companhia, arrumaria um jeito de me livrar dela em Nova Iorque. Ao ouvir minha respiração profunda e perceber que eu não disse nada, Gaia afrouxou o aperto em minha pele e deixamos o deserto.
Somente alguns segundos agora e eu estaria em NY. Finalmente, ao lado de Liza.
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Será que eles finalmente se encontrarão? <3 <3 <3
Ainnn minha noooosssa! Vocês viram que O Penhasco entrou em destaque no Wattpad? Meu coração de mãe derreteu! E essa conquista é graças a vocês! Muito obrigada pelo carinho!
Beijos amoresss e até quarta!
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