Capítulo 04 - Tuneis subterrâneos são bastante uteis.
Pisquei algumas inúmeras vezes, ainda um pouco atônica e perplexa.
Naquele momento ao ler aquela legenda da foto, cheguei a duas conclusões. Um: meus remédios contra a dislexia já pareciam surtir efeito. E dois: Molly estava de novo elaborando uma de suas teorias conspiratórias.
Olhei-a cética e arqueei minha sobrancelha direita.
— Isso não significa nada, Molly... — A entreguei seu celular. — Qual é a teoria agora?! Que o esquisitão do Jackson é um psicopata?! Não sei se você percebeu... Mas estamos num sanatório, todos aqui são pirados. Inclusive você e eu.
Minha amiga me encarou mortalmente e tomou seu celular de forma brusca entre meus dedos.
— Antes de me chamar ou insinuar que estou maluca, lembre-se que não sou eu que estou no terceiro andar.
É, não está, mas deveria.
Pensei seriamente em dizer aquilo, mas se dissesse com certeza poderia dar adeus a minha melhor amiga.
Molly era minha amiga e claro que tinha um carinho muito forte por ela, mas, ela literalmente tinha um parafuso a menos na sua linda cabeleira roxa. Quando digo isso, certeza que é totalmente sério. Minha melhor amiga tinha a certa tendência de elaborar e participar de teorias conspiratórias, quase o tempo todo. Acreditem; Molly acreditava no sobrenatural e em mistérios enlouquecedores que nem sequer a razão humana poderia explicar, por quê? Não tinha lógica nenhuma!
Teorias de multiuniverso, buraco de minhoca, outra dimensão, vampiros, lobisomens, extraterrestres, espaçonaves alienígenas, espíritos malignos e... Porra, Molly acreditava que a Terra até hoje era plana! Realmente não dava para levar tudo o que minha amiga dizia a sério, entretanto não posso julgá-la por ser assim, era até que divertido poder zombar dela com suas teorias furadas, porém confesso que às vezes era exaustivo ficar ouvindo isso o tempo todo.
Era estranho os dois novatos não terem uma ficha apropriada? Sim, absolutamente! Mas isso não quer dizer que exista um mistério sobrenatural por detrás desse mero descuido, por favor! Eles eram esquisitos? Estaria mentido se disse que não.
Com certeza existe uma explicação plausível — e totalmente racional —, para as fichas de eles estarem em branco, eles tinham acabado de chegar ao reformatório e tinha a plena certeza que eles não tinham nada demais. Não eram vampiros, lobisomens, anjos caídos ou qualquer coisa que pertencia diversa lista de criaturas místicas, como nos romances idiotas que Molly costumava ler, eram só ferrados da cabeça como todos os que estavam aqui. A escória mental da sociedade.
Poderia perder meu tempo e me esgotar mentalmente, tentando colocar um pouco de juízo e lógica na cabeça da minha amiga, porque no final Molly não iria ceder, ficaria com raiva de mim e além de esgotada emocionalmente, sairia como a "amiga ruim". Convivi muitos anos e posso dizer que assim como cresci com Derek, também havia crescido com Molly, por mais que ela fosse dois anos mais velha do que o Bell, o Derek e eu, para aprender a conviver e lidar com ela e suas paranoias conspiratórias.
Claro que por hoje ser meu aniversário e o de Bell, esse dia estava sendo muito longo e cansativo demais para mim, ainda estava um pouco emotiva demais pela ligação não atendida da minha mãe, Pansy havia torrado minha paciência e por causa dela tive um ataque de raiva, resultando na minha mão machucada, com a pele desgastada e na carne viva. Agora Molly estava diante de mim enchendo minha cabeça sobre suas suspeitas diante dos dois novatos, o que realmente não ajudava melhorar meu dia.
Sinceramente, estava quase perdendo o animo de ir à festa de Derek, tive um dia péssimo e por ter um dia horrível, dentro de mim, se dividia em duas opiniões distintas. Uma era; desistir da festa, pois como meu dia foi péssimo, merecia um apropriado descanso. A segunda sugeria quase que o oposto, por meu dia ser exaustivo e ser meu aniversário, eu merecia esse momento de lazer que aquela festa me proporcionaria.
Não sabia qual escolher, nem sequer sabia se queria escolher, preferir deixar na mão do destino ou de alguma força maior decidir se deveria ou não ir.
— Você tem certeza dessa vez?! Não é que nem da última vez que você disse que viu uma mulher com asas de morcego e pernas de cavalo, do outro lado da sua janela e me fez matar aula de propósito só para ir ver essa descoberta do século e quando chegamos ao seu quarto não tinha mulher nenhuma?!
Definitivamente, poderia afirmar que Molly era tão esquizofrênica quanto eu, sinceramente não sei como ela ainda não havia sido transferida para meu andar. Tinha uma teoria da qual, ela sempre mentia sobre as respostas que dava as perguntas do seu psiquiatra, o que de fato, achava a mais plausível.
Sabia que a vida da minha amiga nunca foi das mais fácies, sua mãe a abandonou com o pai alcoólatra que fazia questão de queimar a pele da filha diversas vezes com a ponta do seu cigarro e que para ir embora da do inferno da sua casa, ela passou a falsificar identidades e vender, para juntar dinheiro o suficiente para começar uma nova vida em outro lugar. A vida de Molly era bastante dura.
Durante as férias de verão ou durante os feriados nacionais tradicionais, sempre a convidava para ficar na minha casa, mesmo que não pudesse passar muito tempo com ela, pois estaria trabalhando, mas era a forma que havia encontrado de ajudar minha amiga a se livrar daquele inferno que era a casa dela. Nem sempre dava para ela ir, porém quando era obrigada a voltar para casa, ela nunca realmente ia para a própria, por sorte ela tinha uma vizinha muito bondosa, que sabia do seu pai problemático e permitia que ela ficasse em sua casa.
— Olha, Audrey, eu sei que das outras vezes posso ter exagerado um pouco nas coisas que vi, mas juro para você que tenho um pressentimento sobre aqueles dois... — Molly disse me despertando dos meus pensamentos.
Enruguei a testa, pensativa.
— Um pressentimento? — Questionei a olhando diretamente nos olhos.
— É... — Confirmou. — Como se... — A interrompi sem perceber.
— Algo ruim estivesse prestes a acontecer... — Completei a frase, sendo bastante sincera perante a sensação que aqueles dois me causavam.
Como se Percy e Grover fossem tipo um presságio de que algo de muito ruim poderia acontecer. Na verdade estou com esse mau presságio desde que o Jackson segurou meu pulso com firmeza e me alertou sobre meu celular, o que era algo totalmente bizarro e totalmente irracional.
Entretanto, confesso que rapidamente me arrependi das minhas palavras assim que um sorriso cúmplice surgiu nos lábios de Molly. Ótimo, agora ela iria pensar que compactuo de sua loucura, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa estupida ou muito idiota, já me apressei em esclarecer as coisas:
— O que não significa que o Jackson seja um assassino da própria mãe. — Observei o sorriso da minha amiga, desaparecer tão rápido quanto havia surgido. – Essa reportagem deve ser alguma fake News ou lorota qualquer, não sei...
Molly revirou os olhos bicolor.
— Você está passando pano para eles porque sua história é bem bizarra. Audrey, às vezes você também não acha estranho o fato de que todos seus parentes estejam mortos?! E que não há nenhum vivo, além da sua mãe?! Nem sequer há algum parente por parte de pai vivo...
Mexi no meu cabelo preso ao rabo, inquietamente, isso sempre acontecia quando estava nervosa. Era quase que automático e incontrolável. Molly havia tocado em um assunto delicado para mim, um assunto do qual Bell e eu juramos nunca mais tocar.
Claro que meu irmão e eu já levantamos essas questões com a nossa mãe, mas ela sempre mudava de assunto, isso quando estava disposta a nos responder, em outras ocasiões ela só ficava calada de propósito para não nos responder, como uma forma de nos fazer ter consciência de que ela não queria falar daquele assunto. Mas Bell e eu, éramos muito curiosos e insistentes, o suficiente para começar a querer xeretar o passado da nossa mãe com apenas treze anos de idade, infelizmente não sabíamos a hora de parar de dar uma de detetives e em consequência disso, fomos obrigados a atear fogo no nosso notebook.
Pensamos que tínhamos apagado o maldito fogo e tinha a absoluta certeza que ele tinha se apagado, porém, quando Bell e eu menos esperava, nossa casa inteira havia sido cercada pelo fogo e tudo queimava. Parecia que estávamos no próprio inferno, as imagens daquele acontecimento ainda estavam bem fresca em minha mente, era capaz de dizer que ainda sim, conseguia ouvir os gritos desesperados de Cassie dizendo: "O QUE VOCÊS FIZERAM?!".
Talvez Cassie nunca nos perdoasse por termos começado um incêndio e nós também não a perdoaríamos por ter ido embora, por nós abandonar e nos rejeitar.
Acho que no fundo, olhar para o tal Jackson me incomodava mais por causa dele ser quase que a cópia fiel de Cassie. Isso me deixava extremamente incomodada.
Ninguém nunca soube do verdadeiro motivo para começarmos aquele fogo, apenas eu e Bell sabíamos e após esse dia, juramos nunca mais tocar nesse assunto de xeretar nossa árvore genealógica ou tampouco hackear qualquer outro sistema de segurança ou não. Prometemos isso um ao outro e até hoje estávamos guardando esse segredo, até mesmo durante o interrogatório da polícia mentimos sobre o estopim do incêndio, pois caso contássemos a verdade, estaríamos em um lugar muito pior do que um reformatório.
Suspirei tentando não me perder em lembranças difíceis do meu passado problemático. Tudo já estava trancado cerca de sete chaves dentro da "porta vermelha" em minha mente.
"Porta vermelha" era o nome que havia dado para o lugar mais profundo da minha mente ou como prefiro chamar o abismo sem fundo, no qual jogava tudo aquilo que me fazia mal; lembranças ruins, sentimentos intensos demais, dos quais não conseguia controlar, consequências dos meus ataques de fúria, motivos e gatilhos de dor e tristeza, traumas e outras coisas mais, essas que não sabia como lidar ou enfrentar e por isso as empurrava para lá, como forma de nunca mais revivê-las ou senti-las. Foi o que fiz quando Lana se jogou do quarto andar e quebrou o pescoço, fui a primeira pessoa que encontrou o corpo dela sem vida, tinha muito sangue e tive a responsabilidade de contar para o Bell que sua namorada havia se matado.
A morte da Lana nos destruiu. E teria feito um estrago maior se não tivesse reprimido minha dor, a empurrando para o abismo da porta vermelha. É sempre isso que faço; reprimo todas as minhas emoções, quase nunca deixo alguma aparecer. Por isso várias vezes, Bell diz que tenho um coração de pedra ou de gelo, mas não me importo muito com isso. Meu irmão é muito sensível e sempre é escravo das próprias emoções, o que sempre o deixa vulnerável, algo que jamais poderia ser, pelo menos não em publico, precisava ser forte e agir com racionalidade, para proteger meu irmão.
Porém, confesso que nem sempre consigo reprimir minhas emoções com efetividade, hoje foi o exemplo vivo de que na maioria das vezes não controlo meu impulso e tampouco minha raiva.
— Não mude de assunto, Molly. A conversa não é sobre mim e sim, sobre sua paranoia com os novatos. — Disse rapidamente, como forma de dar um fim aos meus pensamentos, antes que ficasse louca.
— Não é paranoia! — Gritou totalmente frustrada comigo. — Audrey, acredite em mim! Aqueles dois estão no meu andar e quando os vi passando no corredor, senti uma coisa forte em relação ao Jackson.
— O quê? Amor à primeira vista? — Sei que não deveria ser debochada, mas essa história toda da cisma de Molly com os novatos estava já me tirando do sério.
Molly pareceu ofendida com meu comentário.
— Óbvio que não! Esse tal de Jackson, ele... — Ela tentava procurar as palavras certas. — Não só parece trazer consigo uma sensação de mal estar, como também... É como se eu sentisse que ele fosse sei lá, uma presença com uma aura importante... Como se algo dentro de mim me ordenasse a me curvar para o esquisitão.
Fiquei espantada, não pelo relato mórbido que Molly havia descrito Percy, mas sim por ela acreditar naquilo e tentar me convencer. Já estava exausta mentalmente por uma semana inteira e minha paciência de tentar lidar com "jeitinho" a preocupação (paranoia) da minha melhor amiga, já havia ido para o espaço totalmente.
Quando estava prestes a dar um grito furioso, a porta do meu quarto foi aberta de supetão pela segunda vez no dia, mas diferente da primeira vez que revelava o rosto nojento de Pansy, dessa vez parado no batente da minha porta, ainda com a mão na maçaneta estava Bell com seu rosto sereno e calmo, o que me fez relaxar instantaneamente. Automaticamente fui até meu irmão e o abracei com todas minhas forças, agradecendo por ele me tirar daquela situação ridícula e por ele estar ali, antes que tivesse o segundo ataque de fúria da noite.
Bell assim como eu, também sabia qual era o momento de que mais precisava dele. Isso que era ser um gêmeo Summers: é sempre ir ao resgate do outro quando sente que é necessário.
Senti a imensa vontade de chorar me invadir... Céus, hoje haviam acontecido tantas coisas e Molly ainda queria colocar suas paranoias em peso sobre mim, sentia que estava prestes a explodir. Sentia-me como uma verdadeira bomba relógio, poderia dizer que era capaz de ouvir até mesmo o maldito "tic-tac" ecoando pela minha cabeça. Queria ir embora, não sabia para onde ou para o lugar, só sabia que queria que Bell e eu ficássemos longe de toda essa merda que era nossa vida e tentássemos começar uma nova.
Com dificuldade engoli o grande nó que havia se formado na minha garganta e tentei controlar o desconforto que sentia na minha barriga, a sensação de que ia vomitar de nervosismo a qualquer momento.
— Você tá bem? — Bell sussurrou para mim, enquanto me apertava de forma protetora em seus braços.
— Estou. — Não, não estou. Mas vou fingir que estou, porque hoje é nosso aniversário e vamos a maldita festa do Derek.
Afastei-me de Bell por um momento, com o meu melhor sorriso falso, que não pareceu o convencer muito. Vi que ele entreabriu os lábios para dizer algo, mas foi interrompido por uma voz que reconheci de imediato.
- Então, vamos à festa ou não? — Grover apareceu por detrás de Bell, nos olhando amigavelmente, com um sorriso gigantesco. — Eu não sei vocês, mas estou faminto para comer algumas la... — Antes que pudesse continuar, o rapaz havia levado um forte cutucão no braço, que o fez calar-se imediatamente.
Inclinando um pouco, vi que Percy parecia estar dando um sorriso extremamente nervoso e forçado, encarando pelo canto dos olhos verdes Grover de forma que dizia: "fecha a matraca ou você vai estragar tudo". Pude ouvir Molly atrás de mim, respirar fundo o suficiente até prender a respiração, ao ver o moreno ao lado de Grover, este que deu um sorriso sem graça resmungando algo como: "eu sei, eu sei." e em resposta, Percy deu de ombros para logo resmungar: "fica frio para não estragar tudo."
O rapaz de cabelos castanho encaracolados, revirou os olhos e bufou.
— Eu quis dizer alguns lanches. Estou faminto para comer algo na festa. – O rapaz diz de forma completamente desengonçada coçando a cabeça.
— É melhor irmos de uma vez, não estou a fim de ficar aqui vendo isso... — Molly diz com certa raiva e como um furacão passa por Bell e eu, empurrando de forma grosseira Percy e Grover cada um para um lado, os forçando a se separar para que ela pudesse passar.
É a noite vai ser ainda mais longa...
***
Não tivemos dificuldade para passar pelas câmeras de segurança, para chegarmos até a biblioteca, o truque era simples, sempre acompanhar os movimentos das câmeras da esquerda para direita, que você conseguia com facilidade passar pelos sentinelas. Claro que, essa façanha precisaria de anos e anos de prática, mas tinha que admitir que Percy e Grover até que se saíram bem, por assim dizer.
Por sorte, Bell havia conseguido me acalmar e me deixar mais tranquila, como já tinha dito, sua presença me acalmava. E outro ponto importante é que felizmente ele não tinha visto minhas mãos machucadas, pois se não já teria desistido dessa festa, pelo longo e chato sermão que iria receber.
Como esperado, Derek havia deixado a porta da biblioteca aberta, assim como sempre fazia quando havia uma festa. Nós cinco entramos sorrateiramente pela biblioteca, como se fossemos verdadeiros ratos.
— Ainda não entendi; o que viemos fazer em uma biblioteca? — Foi à primeira coisa que Grover disse no instante em que fechamos a porta.
Ascendi à lanterna do meu celular contrabandeado, Molly fez o mesmo, enquanto Bell ligava a luz da sua lanterna, para que assim pudéssemos ver o que estávamos fazendo perante a escuridão assustadora da biblioteca.
— Como você... — Bell começou, olhando fixamente para meu celular, mas logo parou. — Derek! — Disse ferozmente o nome do melhor amigo como se fosse um palavrão.
Sabia que os olhos acusatórios de Beowulf estariam sobre mim nesse momento, porém, decidi o ignora-lo, a última coisa que precisava era Bell e eu discutindo por um celular contrabandeado, para acabar o meu psicológico. Se houvesse mesmo uma discussão entre mim e meu irmão gêmeo tinha certeza que iria começar a chorar feito uma criancinha, para evitar isso, decidi me livrar do assunto o mais rápido possível.
Olhei para o Grover em meio à escuridão e a pouca claridade que a lanterna do meu celular proporcionava.
— Bom... Antes de ser um reformatório, a Gray Scott foi construída em meados do século XVII, para ser um renomado hotel, mas o responsável pela construção era um rico muito obcecado com misticismo e passagens secretas, então obviamente ele pediu para o chefe da obra criar essas "passagens". — Expliquei para ele. — Até o início do século XX a Gray Scott ainda era um hotel, porém já não possuía a grandiosidade que possuía três séculos atrás, então o estado comprou facilmente a propriedade e a transformou num verdadeiro manicômio, um asylum se assim prefere dizer...
— Mas infelizmente os pacientes daquela época eram internados por qualquer coisa, como uma mulher recém-divorciada ou uma mulher que engravidou antes de casar para não manchar a reputação da sua família, mulheres jornalistas, gays, lésbicas, pessoas com alguma deficiência física de nascimento ou adquiridas, mulheres não submissas às vontades dos maridos e outras coisas a mais. — Incrivelmente quem havia dito aquilo foi Bell, percebendo minha manobra estratégica de evitar um confronto contra ele. — Não era apenas os mentalmente efêmeros que eram internados na verdade, muitos eram apenas pessoas consideradas "escória" e fora dos padrões patriarcais e conservadores da época. — O olhei atônica e ele percebeu. — O quê? Não é só você que gosta das aulas de história americana do Sr. Gibbson. — Encarou-me fixamente.
Revirei os olhos, enquanto passeávamos pelas inúmeras fileiras de estantes de livros. Aquilo realmente poderia ser um verdadeiro labirinto com diversos livros de diferentes épocas.
— É importante ressaltar que as pessoas que vivam nos manicômios naquela época eram tratadas da pior maneira possível, piores que animais. Muitos enfermeiros faziam abuso do seu poder e abusavam sexualmente dos pacientes vulneráveis e dopados. — Continuei.
— Alguns até eram sujeitados a beber água de esgoto, para não morrerem de sede. — Bell se intrometeu mais uma vez. — Aí então surgiu a Segunda Guerra Mundial e depois dela veio à criação da ONU. A partir disso, o manicômio que era aqui fechou na década de 80, por causas das inúmeras denuncias de crimes contra humanidade e ficou por alguns anos fechados, até sofrer reformas e mais reformas, então só em 2009 foi reaberto como um centro de ressocialização para jovens especiais, em uma linguagem mais informal e direta: ressocialização para futuros psicopatas. Ou seja, todos nós...
— Acho que já deu da aula de história por hoje, Summers. — Molly resmungou com o péssimo humor pela presença de Percy e Grover entre nós. — Sinceramente não sei como tiram notas péssimas em história americana, são quase dois "sabe-tudo". — Minha amiga ainda estava de costas para nós e seguia andando na frente.
— Poderíamos tirar boas notas, se nossa dislexia e o TDAH não resolvesse aparecer. — Bell a retrucou, visivelmente não gostando do tom que Molly anteriormente havia usado, deixando um clima pesado se instalar.
— Então estamos procurando uma passagem secreta? — Aquela havia sido a primeira vez que Percy havia decidido falar conosco, até aquele momento havia esquecido completamente de sua presença.
— Exatamente. — Respondi. — A apelidamos carinhosamente de "corredor proibido", são túneis subterrâneos que terminam na clareira da floresta próxima, dizem que os antigos pacientes do manicômio utilizavam essa passagem para fugir daqui. — Disse. — Estes tuneis são um verdadeiro labirinto se você não tiver uma boa memoria e um bom senso direção, algo que possuo, poderia se perder facilmente. — Confesso que disse a última frase um pouco convencida, porque se existia uma coisa que era muito boa era memória fotográfica e senso de direção.
Nunca me perdia, pois sempre sabia os principais pontos cardeais da rosa dos ventos de cor. Mais uma característica que Bell e eu temos incomum, pois diferente de mim ele tem péssimo senso de direção e pode se perder facilmente.
Depois que respondi Percy, ele ficou calado, totalmente mudo, diferente do que esperava. Grover e ele pareciam ser amigos de longa data, a forma que eles se comportavam e agiam, um com o outro demonstravam claramente isso. Percy parecia ser carismático, incrivelmente sarcástico com uma dose de humor ácido. Talvez tivéssemos a mesma personalidade, mas diferente dele, não costumava ou me sentia ser carismática com pessoas desconhecidas.
Por um momento, virei meu rosto para trás, olhando diretamente para Perseu. Ele parecia tão distraído, olhando curiosamente cada canto daquela biblioteca, com ambas as mãos no bolso. Não sei por qual motivo, mas de repente a musica Wildest Dreams da Taylor Swifit começou a ressoar na minha cabeça, enquanto encarava Jackson. E de alguma forma, bizarra, ele realmente parecia combinar com a música.
"Ele é tão alto e bonito como o inferno."
E de fato, Percy era bonito. Embora ele me lembrasse miseravelmente a aparência da minha irmã que abandonou Bell e eu, tinha que admitir que ele era o garoto mais bonito que já vi.
E diante dessa afirmação, um sentimento ruim começou a tomar conta de mim. Ele é bonito demais para alguém como eu ter alguma chance. Tinha rosácea na minha pele, que frequentemente tinha o tom vermelho destacado e algumas espinhas, por isso que usava frequentemente maquiagem para tentar me deixar confiante. O que dificilmente conseguia me sentir.
A única coisa bonita que tinha em mim, eram meus olhos azuis. Fora isso, minha aparência física não era das melhores.
Percy pareceu sentir o peso do meu olhar sob si e então me encarou devolta sorrindo com os lábios.
Senti minhas bochechas arderem, me sentindo completamente envergonhada por ter sido pega no flagra por ele e de repente tropecei nos meus próprios pés, quase caindo se não tivesse me apoiado em uma estante para me manter firme. Meu rosto estava em chamas.
— Drey?! — Bell me chamou percebendo meu desequilíbrio, preocupado. E eu só queria enfiar minha cabeça dentro do chão, pois se meu irmão percebeu meu desequilibro, Grover e Percy também perceberam.
Droga! Agora o Jackson vai pensar que estou afim dele!
— Estou bem. — Disse seca, tentando me recompor da forma mais rápida possível, fingindo estar plena e continuando andando como se nada tivesse acontecido.
Respirei fundo e depois de alguns minutos em silencio, achava que todos já tinham esquecido da minha leve quase queda.
Por incrível que parecesse, Bell e Grover estavam mantendo um longo e amigável diálogo, bom diferente de mim, meu irmão era bastante amigável e tinha facilidade em fazer amigos, mesmo sendo ainda muito reservado e quieto. Percy estava em absoluto silêncio e com isso poderia ouvir perfeitamente seus passos firmes atrás de mim, Molly que andava mais a frente, estava mais calada do que o normal, pois estava incomodada com a presença dos novatos em meio a nós.
Ela com certeza ainda acreditava que o Jackson era um assassino de mães e que o Underwood fosse, sei lá, um ser mítico disfarçado de humano?!
Aquele silêncio e situação toda estavam me deixando ansiosa. Por isso decidi apressar meus passos, o que não é tão difícil quando se tem pernas bem longas, passei a frente de Molly, já chegando à gigantesca estante 34 de livros antigos do gênero romântico, que irritantemente tinha uma fileira inteira completa só por livros de capa vermelha. Aquela era a estante. Claro que seria um pouco necessário de força extra para mover a estante pesada para o lado, para que assim pudéssemos atravessar por detrás dela.
— Uma mãozinha aqui?! — Pedi, enquanto apoiava minha mão na parte detrás da estante e puxava para frente.
Bell e os outros não demoraram a chegar e ajudar a puxar a estante para o lado. Estávamos conseguindo perfeitamente, só até a sola da minha bota entrar em atrito com o piso de mármore recém-encerado, o que me fez escorregar, contribuindo para a perda do meu equilíbrio e a soltar minhas mãos da estante, obrigando-me a ir para trás pela força da ação e reação.
Já poderia prever a queda feia que estava a minha espera no chão, mas felizmente ela não veio. Minhas costas se chocaram contra o tórax sódio e forte de alguém atrás de mim, senti duas mãos ásperas cheias de calos envolverem meus dois braços e os segurarem firmemente, como forma de me ajudar a recobrar o equilíbrio e fixar meus pés de forma firme contra o chão.
— Foi mal. — Disse a primeira coisa que veio a minha cabeça, no instante em que virei meu rosto para trás me deparando com o rosto de Percy, que me encarava com uma expressão indecifrável e tinha uma sobrancelha arqueada.
Meu rosto começou a arder mais uma vez e as batidas do meu coração começaram a acelerar. Isso parecia ser alguma cena de filme clichê idiota, onde de tantas opções para que pudessem me segurar, o destino resolve escolher justamente o garoto novato bonito que poderia ser o assassino de mães para me apoiar.
— Sem problemas. Você está bem? — Ele pergunta me olhando diretamente nos olhos.
Arregalo os olhos imediatamente e percebo que estamos próximos o suficiente para que eu consiga sentir o cheiro de mar que ele parecia emanar naturalmente, me afasto rapidamente dando longos passos para trás estabelecendo uma distancia segura.
— Ah, to sim. — Resmungo evitando seu olhar.
Droga! Porque estou agindo assim? Como se tivesse afim dele? Ele vai começar a se achar e pensar que estou apaixonada...
Merda!!
Toda essa situação de achar Percy bonito, começou a me irritar um pouco, mas o suficiente para decidir ignorá-lo não só o resto da noite, mas como o resto da vida, talvez? Não queria que ele começasse a se achar ou pensasse que gosto dele, porque eu não gosto e muito menos conheço esse cara. É melhor ficar longe dele, para minha segurança.
Revirei os olhos.
Bell, Molly e Grover, pareciam totalmente entretidos em mover a estante, que certamente sequer perceberam meu deslize e o pequeno e último contato com o Jackson. Bom, era melhor assim. Quando ia voltar para ajuda-los a mover a estante, ela já havia se movido sozinha, abrindo um perfeito ângulo de 60°, possibilitando assim nossa visão completa da parede por detrás da estante de livros.
— Mas é só uma parede e não estou vendo nenhuma passagem secreta. — Grover disse um pouco intrigando, olhando fixamente para a parede.
— Por isso o nome é "passagem secreta". — Bell o respondeu um pouco irônico. — Parece só uma parede normal, mas se você se aproximar dela e pressionar com força sua mão, como estou fazendo. — Meu irmão fez o que havia falado e ao pressionar com certa força a parede, logo ela se abriu para trás, como uma verdadeira porta. — E então temos nossa passagem. — Meu irmão fez uma reverencia dramática.
— Isso é incrível! — Grover sorriu. — Não é Percy?! — Ele olhou animadamente para o amigo ao lado, que só acenou. – Você está bem chato ultimamente, tudo porque levou um fora? Cara, sei que é difícil, mas supera...
Percy arregalou os olhos, perplexo pelo o que Grover havia acabado de dizer, fazendo uma careta.
— Nossa Grover, muito obrigado. Obrigado mesmo por acabar de compartilhar minha vida intima publicamente com pessoas que nem conheço. Você é um ótimo amigo.
— Eu sei, obrigado. — Não sabia se Grover não havia realmente entendido a ironia, ou só estava respondendo com mais sarcasmo ainda.
O curto dialogo entre eles, tinha sido tão cômico que foi impossível conter a risada entre Bell e eu, até Molly havia dado um sorriso.
Quem sabe depois de um dia tão exaustivo como esse, a noite não seria um pouco melhor e mais relaxante?
***
Tinha que admitir que possuía fobia de lugares escuros e totalmente abafados, sofria de claustrofobia desde... Acho que desde que nasci. Ficar em locais ou lugares subterrâneos me causava certo temor e uma forte agitação, me deixando completamente ansiosa. Os tuneis subterrâneos além de úmidos e infestado de aranhas, baratas e ratos, eram até que bem espaçosos e largos, porém ainda sim ficava um pouco inquieta.
— Audrey, para qual lado? — Molly direcionou a luz da lanterna do seu celular para meu rosto, o que instantaneamente me obrigou a fechar os olhos pela claridade que era direcionada a mim.
— Abaixa essa luz, Molly! — Reclamei e ela imediatamente tirou a luz do meu rosto.
Pisquei algumas vezes, para ver se minha visão voltava ao normal. E quando voltou, peguei a lanterna de Bell, cuja luz era mais forte e intensa do que dos aparelhos telefônicos, e a direcionei para o teto. Durante o caminho da biblioteca até ali estava tudo bem, até surgir uma trifurcação de três tuneis bem a nossa frente, como disse, os tuneis subterrâneos podem ser um verdadeiro labirinto se você não conhecer bem o caminho.
A lanterna do Bell iluminou o suficiente para que pudéssemos ver duas linhas grossas de cabos de energia e água, os diversos cabos iam direto para o túnel da direita e do meio. O único túnel que não tinha cabos presos ao teto, então poderia ser o único que levava a saída pela floresta, visto que para aquele lado, não seria necessário muita energia ou água potável. Parecia ser o mais óbvio para mim.
— Por ali. — Apontei e todos seguiram meu comando.
Derek na verdade era um dos maiores gênios para o crime. Ele era tão inteligente que na verdade foi ele que descobriu a verdadeira história da Gray Scott e também roubou as cópias das plantas arquitetônicas do escritório do diretor, então só assim ele conseguiu descobrir todas as passagens secretas escondidas por toda Gray Scott, o que facilitava muito seu negocio de contrabando, uma vez que era nessas míticas passagens, o lugar onde ele escondia suas mercadorias contrabandeadas, sem se meter em sérios problemas.
Até mesmo eu tinha que admitir; Derek Young era um sortudo filho da mãe.
Ninguém mais sabia das passagens secretas, além de Derek, Bell, Molly e eu, mas agora Percy e Grover também sabiam, porém diferente da minha amiga de cabelo roxo, Derek parecia não só gostar dos dois novatos como também confiava neles, o suficiente para me pedir para que os levasse a festa. A verdade que quem apenas sabia das passagens secretas no início era Derek, que havia contado para o Bell, seu melhor amigo e meu irmão gêmeo incapaz de guardar um segredo de mim, o que o fez me contar e contei para Molly, que havia jurado que não tinha contado para ninguém.
Depois de andar alguns minutos e escutar as reclamações de Grover, sobre os ratos e baratas, finalmente havíamos encontrando a escada, que nos levaria para cima, pude ouvir um "Graças aos deuses" sair do Underwood, o que de verdade me pareceu muito estranho, mas resolvi ignorar.
— Ei, olham aqui! — Molly chamou nossa atenção, direcionando a luz da sua lanterna para uma frase escrita em vermelho na parede ao nosso lado. — Acho que está escrito em latim! — Observou atentamente.
Bell e eu direcionamos as luzes das nossas lanternas contra a parede, para que assim pudéssemos ver a frase completa.
"Quis non videt, quod videtur esse.
Sed pauci sciunt quid sunt realiter ".
— E o que está escrito, Molly? — Bell perguntou em um tom debochado totalmente ácido. Tanto ele quanto eu, sabíamos o que aquela frase dizia, era como se nosso cérebro estivesse traduzido automaticamente o latim, pois nossa mãe já havia nos ensinado.
Meu irmão estava fazendo aquilo propositalmente, ele gostava de colocar Molly em situações constrangedoras, das quais Bell tinha a plena consciência de que ela faria de tudo para que meu irmão gêmeo ficasse impressionado com ela. Molly não sabia latim e provavelmente ia traduzir uma besteira, dando munição o suficiente para que Bell tirasse sarro dela. Sei que Beowulf só vê Molly como uma amiga, mas ela o vê de outra forma e acredito que se meu irmão zombasse da minha melhor amiga, Molly iria ser magoada fatalmente.
— Está escrito: "Todos veem o que você parece ser. Mas poucos sabem quem você realmente é.". — Respondi rapidamente, antes que Molly dissesse alguma besteira. — É uma das citações de Nicolau Maquiavel.
Olhei rapidamente para Grover, que estava ao meu lado e me olhava atônico e muito surpreso.
— Você sabe latim? — Questionou.
Dei de ombros. Até porque saber uma língua morta, para mim não era lá grandes coisas, como Grover estava tentando fazer parecer.
— Você não? — Devolvi a pergunta.
— Nossa mãe praticamente nos obrigou a aprender latim clássico e arcaico, além é claro de grego antigo e atual. Acreditem nossa mãe é obcecada por coisas greco-romana. — Bell disse enquanto caminhava para a escada de metal e segurando a sua lanterna com a boca, ele começou subir, até a tampa de saída do túnel.
Molly foi logo atrás dele, com apenas um semblante um pouco para baixo, pois sabia que ela gostaria de impressionar meu irmão de alguma forma. Mas Beowulf só conseguia a ver como uma amiga e tinha vontade de manda-la para os confins da terra, quando Molly flertava com ele. A verdade é que Bell desde a morte da Lana nunca mais se envolveu ou se permitiu sentir algo a mais por alguém que não fosse sua ex-namorada morta, era óbvio que mesmo depois de morta Bell ainda permanecia totalmente fiel a Lana, por mais que tivesse rolo com alguém, Lana Thruck seria seu eterno amor.
Era triste dizer e admitir, mas Molly não tinha nenhuma chance com o meu irmão.
E com esse último pensamento comecei a subir as escadas, no instante em que Bell rodou a manivela três vezes, abrindo a tampa-porta do túnel. Meu irmão foi o primeiro a sair, seguido por Molly. Subi as escadas um pouco mais rápido, sendo seguida por Percy e Grover atrás de mim.
Assim que pus minha cabeça para fora do túnel, senti a brisa fria noturna acariciar meu rosto, enquanto a luz fria da lua cheia iluminava quase toda trilha e possibilitava a visão de Molly e Bell perfeitamente, sem precisar de lanternas. Mas pelo visto, meu irmão ainda insistia no uso dela.
Esperamos Percy e Grover sair dos tuneis para que pudéssemos fechar totalmente nossa passagem. Pelo visto a tampa-porta dos tuneis já estava completamente coberta por um musgo verde, que crescia em trono do metal enferrujado, a fazendo ficar camuflada perante a vegetação ao redor. Quando os novatos saíram, imediatamente fechamos a passagem.
Meus olhos logo foram atraídos pelas luzes incandescentes coloridas que vinham do final da trilha, para ser mais específica vinha da velha mansão do ano de 1920 abandonada, da qual muitos da cidade afirmava ser amaldiçoada. Tinha várias histórias bizarras dos pacientes que fugiam da Gray Scott, quando esse era um manicômio, e foram até na mansão pedir asilo para a família que ali vivia, mas ao invés de ajudar, a família os denunciavam para o manicômio e os faziam voltar para lá, como vingança por essas denuncias, quando os pacientes que foram denunciados fugiram mais uma vez, assassinaram a família inteira como vingança.
Se acredito nisso? Não sei, afinal existe muitas histórias inventadas por aí, mas posso afirmar que a casa não é assombrada, afinal Derek fazia sempre suas festas secretas ali e nenhum fantasma havia dado as caras ou alguma atividade paranormal sequer havia acontecido. Então não há o que temer, sem falar que a casa abandonada ainda tinha uma bela mobília intacta antiga e sempre que tinha chance, Derek invadia a propriedade para fazer festas e obviamente seus convidados também invadiam.
Se a policia nos pegasse... Estaríamos totalmente fritos.
Mesmo estando um pouco longe do local, ainda podia ouvir as altas batidas do hip hop, que faziam meus tímpanos doerem. Mesmo sem estar com minhas lentes, ainda fui capaz de avistar um grupo de garotos adolescentes com casacos esportivos, prata e azul, da escola de ensino médio da cidade próxima ali, carregando diversas garrafas e caixas de cervejas. Com certeza eles não eram do reformatório.
Bell assobiou.
— Parece que temos penetras.
— É uma festa do Derek, o que esperava? Sempre há penetras. — Retrucou Molly.
Logo depois dos garotos com casacos esportivo, notei que também vinham outros garotos, dessa vez acompanhados por diversas garotas, que ajudavam carregar grandes barris de cerveja e vodca. Todos ali também sequer eram do reformatório.
— Tenho uma teoria. — Começou Bell, ainda com os olhos fixos no grupo de adolescentes da outra escola. — Parece que toda pessoa normal se amarra em pessoas problemáticas, vejam só o quão descolados e incríveis nós somos.
— Até porque, problemáticos mais bonitos de preto do que as patricinhas e engomadinhos de Alexandria desde 1234.
Após Molly dizer aquilo, Bell e eu explodimos em risadas cúmplices.
E só quando parei de rir e meus olhos recaíram sobre Percy e Grover, percebi que eles pareciam cochichando sobre algo inaudível, mas seus olhos estavam fixos tanto em Bell quanto em mim. O que eles estavam aprontando? Ou melhor o que estava nos escondendo?
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