Capítulo 47: A Ceia da Morte

*ALERTA DE GATILHOS: ANSIEDADE, MENÇÃO A CRIMES, DESCRIÇÃO GRÁFICA DE MORTES, RELIGIÃO E CATOLICISMO.

*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: What Went We - Mark Korven

24 de Julho de 2011

Dante se fez presente como prometido, num domingo ensolarado. O prédio que observava com atenção era belo, de cor leitosa, estrutura britânica e seus olhos para cima focaram na janela que correspondia ao apartamento do falecido padre.

Pelo que indicavam, estava vazio, mas ainda havia moradores que viviam suas vidas normais na habitação.

Ele estacionou sua moto encostada no meio-fio enquanto faria uma rápida investigação, carregou o capacete consigo e adentrou o ambiente que por sinal era elegante.

Aparentava ser um edifício construído para pessoas de classe alta.

Buscava o quarto quarenta e quatro, segundo as informações do noticiário.

O elevador fora interditado, o que lhe incentivou a subir as escadas até a cobertura e a chegar num corredor extenso que o levou até a entrada isolada por uma faixa, com um folheto colado que indicava ser um cenário de crime. E ela também ladeava o apartamento quarenta e cinco, pertencente a uma mulher de idade que fechava a porta e segurava uma sacola de feira.

Parecia querer sair para o mercado próximo dali.

— Senhora, com licença — já agarrou o distintivo.

A idosa o observou da cabeça aos pés e o rapaz sentiu que os habitantes do prédio eram de fato endinheirados.

— Investigador Dante Deangelo do Departamento Policial em Londres — pôs a credencial de volta. — Aqui morava o Padre Nowell?

Apontou para a porta selada.

— Sim — foi direta. — Mas não passava tanto tempo dentro de casa porque era acompanhado por aquelas freiras.

Se sentiu constrangido, mas durante suas pesquisas, soube do escândalo.

— Dizem que ele pagava o aluguel com dinheiro da igreja. É uma história interessante.

Principiou a usar de seus artifícios para tirar informações e fingiu estar desinformado.

— Que besteira! É fortuna da família. Aliás, era. Só ele quem sobrou de todos da linhagem. De costume, vinham cobrá-lo e como as paredes têm ouvidos — fez uma pausa e sussurrou, medrosa — escutei tudo.

— Será? Não consigo acreditar que essas coisas ocorreram por aqui — a incitou para soltar mais informações.

Contudo, a idosa se mostrou mais impaciente.

— Se duvida de mim, procure na igreja e pergunte o porquê dele valer tanto. Por isso que morreu. Andava demais, falava demais, devia demais aos amigos.

Ajeitou a sacola no braço enquanto conversava e apontou a chave para o detetive.

— Amigos? E ele possuía?

— Aqueles homens de preto que sempre o visitavam quando estava em casa — olhou de soslaio e voltou a sussurrar. — Um dia antes do falecimento dele, assim que fui fazer minhas compras, apanhei o falecido com uma sacola de chás. Disse que foi presente de um evento beneficente no Green Park. Até me convidou para tomar, mas recusei. Acho que tinha algo naquilo. Do jeito que esses padres de hoje são — se arrepiou ao falar. — Mais alguma pergunta? Preciso alcançar a feira para não perder a safra.

A mulher penteou os cabelos com as mãos e já se sentia agoniada pelo interrogatório.

— Apenas uma, senhora — esperou analítica e o notou apanhar algo do bolso. — Os padres que testemunhou visitar o Padre Nowell, possuíam isso?

Recolheu, ergueu a abotoadura guardada no bolso da calça e exibiu para a idosa.

— Essa coisa brilhava mais que o sol — expandiu as escleras, assustada. — Eles tinham sim.

— Considero ser o suficiente — ela consentiu. — Obrigado por responder às minhas perguntas.

— Boa sorte. Vai precisar — deu as costas e seguiu destino.

Do apartamento, apressado, Deangelo prosseguiu até o departamento de polícia em busca de auxílio. Se tratava do seu antigo local de trabalho e por lá, fez amizades sinceras que lhe auxiliariam nesse processo.

Precisava de evidências precisas no intuito de complementar. Por lá, era quase certo a obtenção de provas.

Há um tempo que não frequentava o edifício sede do departamento e sua presença era digna de boa recepção.

— Olá, John — se encostou apoiado na bancada de um antigo colega do departamento que o reconheceu de imediato ao erguer a cabeça concentrada em papeladas. — Trabalhando bastante?

— Dante! Que bom te ver novamente, amigo! — bateram os punhos e o investigador se sentiu confortável. — O que necessita?

Era comum o som de copiadoras e telefones ligando, fora a companhia de outros funcionários no recinto.

— O chefe está aí? — buscou com os olhos curiosos pelo ambiente cercado de policiais. — Queria uma contribuição dele.

— Saiu para almoçar e daqui a pouco chegará — o analisou. — É urgência?

— Estou com pressa, então, vim na intenção de tirar algumas dúvidas sobre dois casos importantes arquivados — inclinou-se ainda mais.

— Arquivos é com a procuradoria, Dante. Deveria saber disso.

Andou com a cadeira giratória até a extremidade da mesa, disposto a apanhar o grampeador.

— Mas desarquivar demora muito — choramingou. — Liga para o chefe, por favor — selou as mãos.

— Mas é o meio mais correto — revirou as escleras, incomodado.

— Deve saber de várias coisas porque quando eu trabalhava aqui, você sabia de tudo, John. Te suplico, só me ajuda. É urgência.

Ele respirou fundo e libertou o ar, cansado pela insistência. Entendia que Dante agia daquela maneira logo que buscava por algo.

— Do que precisa? Vai, fala — enlaçou os braços.

— O que o laudo médico do Padre Nowell identificou? Sei que comentam entre si.

— Precisava ser tão direto? — as sobrancelhas se uniram.

— Sempre esquece que trabalho como investigador, John — riu desconcertado. — Me diga o que o laudo alegou.

Envenenamento ao ingerir convalatoxina — soprou e Dante desentendeu. — O legista informou ao chefe em segredo e eu, feito um bom ouvinte, escutei.

Principiou a grampear folhas espalhadas, porém, organizadas.

E sobre o segundo padre? Não obtive muitas informações acerca dele — cochichou para que os demais não ouvissem.

Padre Chatoxx? — também sussurrou. — Farol de Santa Maria da Baía de Whitley. Caso arquivado como suicídio — largou os papéis. — Quer saber? Vai ao departamento de arquivos da polícia para dar baixa. Fale com o Tom e ele te guiará entre os arquivos mortos sobre os incidentes. Te ajudo até aqui, depois disso, não posso perder meu posto.

— Me ajudou o suficiente, amigo. Esses casos vão dar o que falar. Escreva o que digo.

— Espero que solucione — se despediu.

Ao sair do recinto, Dante seguiu até a Baía de Whitley confiante de encontrar mais provas, antes de encerrar a visita no departamento de arquivos.

O local remoto era um pouco silencioso e suas rochas circulavam o grande farol branco e imponente. Lhe recordava sua vivência em Whitby.

Próximo do mar, o vento se mostrou gélido.

— Alguém aí? — clamou entre os lábios trêmulos pelo frio, mas não obteve respostas.

Dante olhou ao redor, aproximado das rochas e observou de baixo o farol apontado para o horizonte. Tudo parecia muito quieto.

— Alguém?! — chamava esperançoso.

Gaivotas cantaram e as águas fizeram barulho daquela vez. Com isso, ele mal notou a vinda remansa de um velho homem.

— Caro jovem, no que posso ajudar? — quase levou um susto pela voz arranhada.

Um idoso debilitado, que utilizava uma boina azul-marinho e bengala, se aproximou. Veio de trás do farol e sua audição estava boa, mas a lentidão de seus passos fez o jovem clamar por alguém.

— Investigador Dante Deangelo do Departamento de Polícia de Londres — identificou-se. — Gostaria de fazer algumas perguntas acerca do suicídio do Padre Chatoxx.

O idoso se tornou ranzinza ao entortar os lábios murchos.

— De novo com essa história? O sacerdote descansa em paz, meu jovem.

Concedeu as costas ao detetive que acompanhou por trás.

— Lamento. Era algum familiar do senhor?

Lançou uma cartada e sentia que não havia parentescos com o velho.

— Meu parente? Nunca o conheci — resmungou. — Minto. Já ouvi falar de suas polêmicas mesmo eu possuindo mais de noventa anos. Prefiro não conversar.

Voltou a olhar de lado para o rapaz que investigava.

— Este farol lhe pertence? — apontou para cima. — Ele é magnífico.

— É lembrança da minha falecida e amada esposa — mirou o vazio. — Sabe, depois que nos deixou, esse farol foi a única coisa que sobrou dela.

— O senhor possui uma filha?

— Um filho — sobressaltou as sobrancelhas do detetive. — É padre como era o jovem que se matou. Exceto na idade porque possui setenta e um anos — respirou pesado. — O farol já carrega muitas mortes.

Surpreendente saber da informação repassada pelo idoso que se recusava a dialogar.

— Seu filho frequenta aqui para recordar de sua companheira?

Daquela vez, sem o homem perceber, Deangelo ativou o gravador escondido num dos bolsos da camisa logo que o idoso focou distante.

— Sempre. Revezamos. Hoje ele está ocupado com a igreja e alguns trabalhos avulsos em Londres. É batalhador. Rezo constantemente para não agir da mesma forma que o outro rapaz que se foi.

— Filhos... — o idoso consentiu. — E como se chama?

— Meu filho?

— Sim. Ele mesmo. Possuo amigos na igreja — mentiu.

— Artur McNeill. Meu querido filho.

O idoso mal desconfiava sobre as intenções do investigador, mas não queria descumprir nada que prejudicasse o trabalho do rapaz.

— Deve ser o orgulho da família, não é? — nem acreditava nas próprias palavras.

— Sempre será.

Dante agradeceu pelas informações concedidas, ao se apartar interrompeu a gravação e seguiu até o departamento, disposto a resgatar arquivos mortos. Parecia que tudo estava próximo de se solucionar e se interligar.

Já era o bastante ter conseguido o nome do padre para prosseguir com suas pesquisas.

O ambiente se tratava de um prédio arcaico com um galpão vazio e utilizado para manter em segurança todos os casos arquivados ou concluídos. A polícia havia tomado conta após uma reforma e expansão do departamento policial.

— Thomas Hussell! Que prazer em lhe rever! — a recepção se assemelhava com o do edifício anterior.

Ambos se saudaram, mas, Tom, como costumava chamá-lo, estava desconfiado.

— Dante Deangelo, de novo perturbando meu sossego? — esfregou o rosto, cansado do antigo parceiro de ofício.

— Nem sabia que agora estava encarregado dos arquivamentos. Foi uma evolução.

Riu desconcertado, mas de fato se sentia feliz ao vê-lo num emprego tranquilo.

— Competência é o nome — concedeu dois tapinhas no ombro de Deangelo.

— Não importa — pareciam carregar poucas mágoas de trabalho. — Olhe bem, fui indicado pelo John Wilkins a vir para cá, pois preciso estudar alguns arquivos se me permitir ficar por um tempo. Até o fim do dia, se não houver problema.

— Necessita de uma declaração — foi direto.

— É algo que não sou permitido revelar na declaração, Tom. Fui recomendado pelo chefe do departamento.

Quase se ajoelhou e o seguiu entre alguns armários no recinto.

— Sinto muito, amigo. Não posso liberar sua entrada — arfou.

— O John me informou que você sabe onde estão os arquivos mortos sobre os crimes de repercussão midiática que envolveram dois padres.

— Só agora que desejam reabrir? — transportou os punhos à cintura.

— Eu não sabia dos ocorridos. Uma pessoa que me contratou em segredo precisa de respostas. Acho que deve entender algo.

Levou cinco segundos para analisar o pedido do amigo.

— Como você me perseguirá feito um vulto, então me acompanhe — gesticulou.

— Já tem uma testemunha de recomendação para ser promovido, Tom. Lhe ajudarei da forma que me ajudou.

Os dois seguiram por uma escada abaixo que levava até um grande galpão preenchido por estantes imensas, completadas por caixotes e pastas organizadas por nome.

Onde Dante queria alcançar se encontrava na última fileira de prateleiras, então Tom puxou uma escada ao lado e principiou a subir.

— O departamento que fechou as investigações ou terceiros?

O avistava de baixo e aguardou o rapaz na escada.

— Terceiros — falou cansado e forçado. — Mas não me informei de onde veio a ordem ou solicitação.

— Imagino o que houve — olhou distante.

No momento exato, Tom desceu com uma caixa por cima da outra e se equilibrou nos degraus de madeira.

— Duas caixas, Charles Nowell e Michael Chatoxx — entregou a Dante e apontou para cada uma sinalizada com adesivos que levavam o nome e datas. — Seus presentes. Papai-noel está sendo bondoso contigo — brincou.

A caixa estava limpa por cima. A cada semana uma equipe de limpeza higienizava no intuito de preservar os arquivos e manter provas vivas. Fora os policiais que ficavam de guarda por vinte e quatro horas para evitar problemas no ambiente.

Ansioso, o jovem se sentou no chão com as caixas pesadas ao lado e as abriu.

— Tem algum problema em visualizá-los por aqui?

— Obvio que não. Mas darei poucos minutos para apanhar o que precisar. Entende que não confiam, nem em ex-funcionários do departamento, não é?

— Entendo bem. Mas desde já, sempre estarei em dívida com você.

Ele se animou, agradecido e retirou uma câmera fotográfica assim que despistou do colega, na intenção de registrar os arquivos que chamaram sua atenção.

Na pasta de Chatoxx existia fotografias do corpo desfigurado pela queda, com ênfase nas partes expostas, imagens brutais para se observar. Também documentos importantes sobre seus bens e registros em seu nome. Porém, numa das fotos apanhadas e fotografadas no dia do crime pelos legistas, havia pingos de sangue num dos degraus que levava até o topo do farol, fora um hematoma no braço esquerdo da vítima.

Como um bom profissional treinado pela polícia e formado em jornalismo investigativo, Deangelo obteve a certeza de que suicídio passava longe daquele delito e já levantou um suspeito.

Acerca do Nowell, as coisas eram bem evidentes.

No início do ano de 2009, o sacerdote foi descoberto se envolvendo sexualmente com duas freiras de sua mesma idade após uma de suas missas celebradas numa igreja de Holborn, em Londres. Uma das fiéis, uma testemunha, o denunciou ao conselho católico e o padre foi deposto de sua posição na casa de Deus. Mas o caso percorreu por todos os cantos até chegar na Itália quando ambas engravidaram do clérigo.

Havia reportagens com foco no rosto do sacerdote envergonhado, das freiras reveladas, até alcançar em imagens mais pesadas do crime.

Seu corpo rígido na poltrona, além dos detalhes de seu físico nas outras imagens registradas no dia que encontraram Nowell, certificou que os crimes foram praticados por pessoas distintas.

O primeiro assassino se mostrava agressivo, a morte foi brutal. Mas o segundo, era meticuloso e nenhuma digital foi captada no apartamento. Exceto as pistas que encaminhavam até o objeto do crime.

Entre as caixas havia mais documentos para se atentar quando chegasse em casa. Então, Deangelo recolheu os relevantes, dobrou e escondeu por dentro da roupa, com o propósito de passar despercebido de Tom. Os demais, assim como imagens vistas, foram registrados pela câmera fotográfica.

Antes de sair, o detetive guardou os arquivos onde localizou, passou pelo amigo, se despediu e seguiu com a motocicleta até o museu londrino indicado por Morgane. Disposto a investigar.

Quebra-cabeças estavam próximos de serem montados.

Existiam muitas pessoas no museu de Londres naquele domingo preenchido por revelações.

Pais levavam os filhos agitados, porém contidos para não quebrarem nada, turistas seguiam o guia em todos os cantos, adolescentes se fotografavam ao lado dos objetos e Dante se infiltrou como também um visitante.

O movimento no local resultava em bom rendimento financeiro para quem trabalhava no ambiente.

— Boné bonito — se aproximou do quiosque dentro do museu que vendia desde brinquedos, acessórios, até livros para levar de lembrança. — Acho que meu filho irá gostar — mentiu. — Quanto custa?

Ergueu o chapéu para uma moça que vendia pela primeira vez no dia. Apesar do excesso de visitantes, todos sabiam que os itens vendidos no museu eram custosos.

— Doze libras, senhor — sorriu tímida e temeu não conquistar sua venda.

Ele quase se engasgou. Se tratava de um preço salgado.

— Achei que custasse seis — brincou para tentar convencê-la a fazer um desconto. — Mas levarei — apanhou a carteira e contou as cédulas. — O que a gente não faz por um filho, não é?

O detetive sacava mentiras convincentes.

— Serve no senhor também — ela recebeu o dinheiro certo.

— É mesmo? Então usarei por enquanto. Não precisa me entregar sacola. Agradeço — cumprimentou ao se curvar.

Sem demora, pôs o boné na cabeça com a aba para frente, agiu feito um visitante e passeou pelas exibições. Era um péssimo disfarce, mas não tinha tempo para investir num melhor.

Seus passos eram cautelosos de modo a avistar alguém que explicasse sobre algo que acrescentasse em suas pesquisas ou encontrasse aquele que se tornou o primeiro suspeito. Visto que o faroleiro indicou ser seu filho.

Contudo, ao passear desatento, uma das sessões de quadros chamou a sua atenção.

Suas escleras ladearam atentas, não havia ninguém presente, exceto ele, e logo que suspeitou dos traços em fileira na parede, seu corpo estagnou de frente para um quadro familiar.

Abaixo, existia uma assinatura que certificava ser do pintor Michelin Gregori.

A Ceia da Morte — soprou perplexo e boquiaberto. — Sra. Hunter Dawson amará saber disso.

Os dedos quase tatearam a pintura.

Enquanto era pequeno, seus dedos sentiram a textura daquele quadro histórico. A forma que Michelin pintava suas obras, traçava o pincel, aparentava pincelar com ansiedade. Cada detalhe era agressivo.

Sua mãe guardava a tela com toda sua vida até o roubo. Zelava pelo único bem presenteado por alguém que, entre os Gregori, parecia ser justo.

A mão, sem receios, caçou a câmera digital ocultada no bolso frontal da calça e levada no compartimento da moto, disposto a fotografar aquele que era um quadro pertencente a sua família.

Quando era adolescente, testemunhou a invasão de sua casa pelos membros da igreja e o furto da pintura presenteada por Michelin Gregori para seu filho adotivo, Dante Gregori, que repassou o bem de seu pai aos seus descendentes.

O filho adotado do artista era amado. Diferente dos irmãos sanguíneos.

E agora, a obra estava sob domínio do museu londrino.

No mesmo instante que fotografava o quadro, por trás da parede que servia como galeria, Dante ouviu passos próximos à sua direção, o que lhe instigou a se esconder, mas ainda mantinha a atenção em quem chegava perto.

Os passos misturados de dois homens estalavam o chão

— Lhe aguardaremos na próxima semana, Padre Maria. Acho que podemos conversar melhor sobre isso. Quem sabe, não é?

De canto, os olhos do detetive encontraram o detentor da voz.

Era o próprio Artur McNeill.

O homem não se vestia como sacerdote, mas sim feito uma pessoa qualquer, diferente de seu parceiro que surgiu ao lado, contente com o diálogo.

Contudo, a face de McNeill era conhecida por Deangelo que ativou de imediato o gravador escondido.

A memória de sua mãe prendendo um homem contra sua adaga, recordou que Padre Artur McNeill, se tratava do que traiu sua família na fatídica queda dos Dawson em Whitby.

— Ainda terei a chance de servir mais um pouco para a igreja, Artur — o abraçou forte. — Você ganhou mais o interesse dele após findar aquela maldita traidora e no desgraçado do Chatoxx, que descanse no inferno — efetuou o sinal da cruz na testa. — Só precisa ser cauteloso como o Lively.

Distante, Deangelo mal se conteve em fotografar os dois ao desligar o barulho e o flash. Precisava dos rostos, do encontro e o mínimo de ruídos.

Apesar de estar firme ao testemunhar aquela situação, seus espasmos se fortaleceram e evidenciaram a ansiedade em se certificar de que se tratava do assassino.

— Tentarei chegar próximo da esperteza dele. Confie em mim, padre. Compreende que depois de tempos continuo a atrair importância.

Ambos acreditavam estar afastados dos visitantes no museu.

— Bem... — libertou o ar. — Tudo se aproxima para o que dizem ser a "Santíssima Trindade". Espero vê-lo no fim para presenciar o grande evento. Por enquanto, nos dê orgulho — selaram as mãos. — Que Deus lhe abençoe.

— Que Deus nos abençoe, amigo.

O padre visitante se apartou, saiu do ambiente e se misturou entre o grupo de turistas. Parecia apressado com algo e desconfiado. E McNeill regressou para onde havia saído. Aparentava ser uma sala aos fundos do museu logo que o avistou à medida que estava discreto por trás da parede

Dante encerrou a gravação, desligou a câmera e guardou abaixo de sua roupa. Evidenciou choque com o que ocorreu.

Tudo piorava aos poucos, se interligava, mas em compensação, detinha nomes, possíveis planos de explodir a cabeça.

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