Capítulo 23: Teias e Confissões
*ALERTA DE GATILHOS: LUTO, TRAUMAS PSICOLÓGICOS, MENÇÃO A DOENÇAS DEGENERATIVAS, VIOLÊNCIA VERBAL E AMEAÇAS.
*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Dead Man - David Kushner e Orpheus - Shawn James
*CAPÍTULO SEM REVISÃO MINUCIOSA.
23 de Maio de 2018
— Há tempos que não nos vemos.
Doze dias após o ocorrido no centro, Franco passeou pela sala que recordava sua infância, mas estava reformada, numa estética mais adulta, vitoriana, com paredes revestidas por madeira queimada, poltronas marrons de couro e livros dispostos em pilhas sobre um tapete carmesim. Suas mãos em luvas apanharam um manuscrito de Hamlet.
A capa clássica era composta na cor vinho, com letras douradas e uma ilustração de crânio na companhia de uma coroa cravada no couro. Cheirava a um livro antigo e conservado.
A luz cálida a penetrar pela janela da sala com cortinas rubras, atingiu seus olhos azuis sorridentes que reluziam ao sol.
Uma bela criatura, embora não acreditasse nisso.
— Monólogos são os meus favoritos em histórias trágicas. As tragédias de Shakespeare me encantam. Desejaria saber como ele escreveria uma sobre mim.
Pôs o exemplar de volta ao devido lugar e encarou o homem em sua frente, bem antes de sentar esparramado na poltrona vazia.
— Dr. Kai, feliz em vê-lo novamente.
— Igualmente, Padre Franco — o reverenciou com a cabeça.
— Como se sente ao me testemunhar nesse atual estado? — uma voz tão debochada se escondeu no sorriso de canto.
Solomon Kai agora o enxergava feito um homem adulto amadurecido.
O psicólogo parecia conservado. Mais divino que outrora. Seu crespo branco encantava com a beleza hipnotizante. Visto que se tratava de um homem no princípio da melhor idade.
— Mais uma sessão contigo, Franco, e eu consideraria ler algum livro que mostrasse seus pensamentos — riram harmoniosos. — Já pensou em reservar um dia e escrever?
— Prefiro desenhar, colorir telas. Iriam cansar de ler sobre mim e meus lamentos.
— Visto que puxou assunto, como anda seu luto? Considere conversar com um amigo. Não poderei prosseguir com uma consulta. Já somos próximos demais.
— Sim, eu sei. Pedirei recomendações e encaminhamento na próxima oportunidade. Estou no ápice da necessidade e hoje resolvi lhe visitar — respirou tão fundo que causou desconforto em si próprio e esfregou as mãos nervosas, além de suadas nas luvas. — Bem, sabe como é difícil escolher entre Deus ou viver a míngua da tristeza. Preferi escolher Deus, como deve notar. Melhor me apegar Nele.
— Respeito sua decisão, mas você encara o luto com outros olhos atualmente? Um homem de Deus sem dúvidas selou um pacto de plenitude — folgou a gravata para permitir o fluxo da respiração e descansar enquanto se falavam.
— Andei ocupado encarando outras coisas que atiçam meus sentidos — sorriu cabisbaixo, até meio tímido ao relembrar momentos e voltou a atenção em Kai. — Se eu lhe contar, como um amigo, essa conversa ficará entre nós? Feito uma confissão?
— Sempre. É um tratado de ética e confiança, mesmo não sendo mais o meu paciente — alcançou seu copo com água e bebeu até abandonar de volta na mobília ao lado. — Quando seu pai era vivo, apenas ele precisava saber enquanto era uma criança. Hoje, como um homem adulto, Franco, o assunto se lida diretamente contigo.
Analítico, Franco pensou em diversas maneiras de explicar sua real situação. Sem se constranger. Omitiria detalhes, contudo, enchia a boca de orgulho em declarar sua paixão.
— Bem... maquiei meu luto quando Gaya Demdike retornou — perdeu o ar ao recuperar o dia na memória. — Não imagina o quanto me rendi por ela, Dr. Kai. Eu não deveria, mas é tarde se lamentar por isso. Não me arrependo de tudo o que pensei e fiz.
Sua voz excedia tudo. O Gregori esbanjava gosto em soltar o nome de Gaya mediante os lábios firmes.
Concernia na sua ruína. O único inferno aceitável.
— Ouvi falar pela cidade que ela regressou. Então não me diga que construiu uma paixão por Gaya, sua amiga de infância? — estava bem surpreso, ainda mais por Franco ser um sacerdote. — É comum se apaixonar sem nunca ter encostado em alguém. Portanto, não é estranho — riu desajeitado e coçou a nuca. — Mas percebi que agora não teme mais tocá-la, não é? Desde o instante que chegou aqui, você folga os dedos das luvas de maneira tão inquieta, que aparenta não suportar mais o couro.
Não falava de psicólogo para padre. Kai era um amigo, um familiar de coração. Franco confiava sua vida nas mãos do homem. Poderia admitir tudo o que pensava.
— É porque não é apenas uma paixão, Kai. Eu a amo — tencionou a mandíbula e soltou ao inflar o peitoral. — A amo tanto que não tive coragem de dizer isso a ela. Por temer uma resposta contrária. Me sinto doente fisicamente por não estar perto. Sei que isso é preocupante, mas entenda que estou sendo sincero em admitir que a amo.
— Bom... entramos numa situação alarmante — arrastou a palma da mão do nariz até a boca. — Há pessoas que adoecem pela saudade. É uma questão emocional e reflete no corpo. Você a ama, nunca disse e não precisa se pressionar. Se preferir, chegará um momento que dirá com segurança. Mas de fato teve vontade e coragem de finalmente tocá-la? Sem as luvas?
— Sim — umedeceu os lábios com a língua e descansou novamente as costas ao se lançar com força no apoio do assento. — Se trata da única pessoa em vida que toco. Estou avaliando de aos poucos desvencilhar de vez das luvas como tem notado. Não agora. Mas um dia terei coragem e Kai... — coçou as têmporas, revirou lentamente as escleras e umedeceu cada rachadura dos lábios até formar um sorriso alucinado que enrugou as extremidades dos olhos. — Meus dedos estão dormentes por não a tocar após nosso recente afastamento.
Os olhos azuis vívidos se desmancharam, atingiram a janela, o teto e voltaram ao psicólogo.
— Fui enfeitiçado por Gaya. Me esforço para evitar enxergá-la, mas apago as luzes para não me ver assistindo sair de casa ou surgir na janela.
Sua voz saía entorpecida pelos sentimentos. Até as pálpebras piscaram mais lentas, sob um efeito que só a bruxa imperava.
— A namora escondido — saiu como uma obviedade. Nem pareceu uma pergunta.
— Mas sonho em me casar com ela diante de todos. Colocar um anel naquele dedo, romper tudo o que jurei como padre, fugir com as roupas do corpo e sem olhar para trás... — cada palavra escapou sem pausas para respirar, até o pulmão exigir um descanso. E ele somente soprou o resquício de ar entre os beiços. Aliviado por confidenciar. — Kai, sou um submisso de cada desejo.
Rápidos minutos em silêncio se passaram após o desabafo e Kai resolveu retomar a conversa.
— Sobre tocá-la, é um grande passo. Você pode demorar o tempo que precisar para remover as luvas de sua vida. Entende que tudo o que aconteceu na infância, nunca foi sua culpa.
— Sinto que em partes sim.
De novo inflou os pulmões e libertou o peso.
— Por quê? — apoiou o punho abaixo do queixo. Analítico. — Sabe que não é responsável pelos males.
— Bem, meu sangue é de uma família invasora, de ladrões, hipócritas, assassinos, um oceano de maldades. Tenho isso como histórico. É só ler os livros, Kai.
— E os livros resumem quem de fato és?
Sabia como fazê-lo repensar.
— Não lembro de ter batido em alguém. Aliás, você foi uma vítima. Não me recordo de qualquer desprezo com as Demdike. Porventura, você sempre as amou e ama. Até como família. Seu pai foi responsável por lhe puxar de uma bolha perigosa, Franco. E se ele seguisse os passos de sua avó, será que hoje amaria tanto a Gaya da maneira que descreve? — se inclinou para frente em busca de aproximar o diálogo. — Para o que sua avó sustentava, se tem um nome e você — apontou ao rapaz —, se tornou um aliado. Quebrou um ciclo. Esse ciclo — enfatizou ao apontar com as duas mãos.
Era receptivo ao que Kai dizia. O difícil seria manter as palavras na consciência e vivência.
— E se... — analisou sua pergunta. — E se em algum dia abandonar o sacerdócio, se tornasse pai como aparenta desejar...
— Eu desejo — se intrometeu no raciocínio do psicólogo.
— ... suas crianças não serão como você — completou. — Sabe disso, não é?
— Serão como a Gaya...
A imagem de crianças negras de tonalidade clara tomaram a mente do Gregori e um sorriso carinhoso se apossou de seus lábios.
— Você seria um aliado para seus filhos? Da forma que seu pai te amou? Da forma que você ama e respeita a Gaya?
— Eu daria a minha vida por eles, Dr. Kai. Não imagina o quanto. Pela Gaya e nossos filhos.
— Ainda acha que tudo foi sua culpa? Ou está sendo a sua culpa?
Ele discordou silente.
— Então avalie com o tempo. Sua percepção não mudará com somente um dia. Hoje deve-se analisar. São questões contínuas. Seu pai precisava de auxílio psicológico, sua mãe também e sem mencionar sua avó.
Sobre Moniese, Kai desejava que ela definhasse atrás das grades por tudo o que fez ao antigo garoto e às bruxas. Mas como profissional, precisou ser maleável por respeito ao ruivo.
— Ou você rompe seu ciclo, ou se machuca constantemente. Não gostaria de sentir esse peso e a Gaya sentisse também, não é? Isso reflete em todos que estão em torno. Infelizmente.
As escleras se dirigiram de volta à janela, seguro com a claridade que inundava sua visão antes turva pelos receios.
— Preciso romper o ciclo, Kai. Deixarei de entristecer Gaya com meus conflitos internos, sem saber por onde iniciar uma relação séria. Fui covarde num acontecimento após uma das missas, não me comportei como antes, feito o rebelde que a defendia com os dentes. Além de que sinto ciúmes por ela se envolver com qualquer pessoa que não seja eu, como se eu não pudesse viver sem Gaya.
— Franco... se atente na posse.
— Eu sei, mas... — suas narinas se expandiram e contorceu os lábios. — Morro em vida quando penso que ela estaria com outra pessoa. Sou inseguro, eu sei. Só que... — permaneceu em silêncio por um minuto — ... não sei explicar. É um sentimento que arranha e uma adrenalina toma conta do meu corpo e assim acabou em briga. Não consigo esconder porque a quero só para mim.
— E então ela se afastou.
— Ela determinou o afastamento. Foi doloroso para mim. Não imagina o quanto, Kai... — arrastou as mãos no rosto, bagunçou as sobrancelhas, até retomar numa expressão anestesiada e a face corada pelo sangue. — Por um tempo me martirizei enquanto era diácono, até utilizei cilício e por ela, deixei de usar. Mas ainda busco perdão dela e Deus. A caçar aprovações dos que idolatro. Só me restou Gaya como a maior família que possuo.
Abaixou a cabeça, envergonhado por confessar.
— Desculpe-me se eu for desrespeitoso, mas será que Deus não gostaria de vê-lo feliz se fizesse o que lhe deixa feliz e vivesse feliz? Será que esses ciúmes também piora com a pressão de ser um sacerdote? De esconder o que sente e deseja, abaixo da igreja?
— Sim. Ele gostaria — tremulou a voz e permaneceu inseguro.
— Você é um padre agora, Franco. Sabe bem como perdoar e ser perdoado. Estudou e foi ordenado para isso — o silêncio tomou a sala e Kai precisou desabafar. — De um lado mais pessoal, ano passado, perdi minha esposa.
— Sinto muito, Dr. Kai. Sinto tanto, que Deus lhe conforte e zele pela alma de sua amada — os olhos caíram sensíveis, além de pesados. — Lembro que ela fazia gelatto de chocolate e o senhor trouxe para mim.
O psicólogo arrumou um leve sorriso de canto, saudoso pelo passado e sustentava o mesmo amor de outrora.
— Obrigado, Franco — respirou com saudades que nenhum mortal explicaria. — Bem, ela partiu. Estávamos juntos numa rotina e batalha contra o câncer de mama. Ela, minhas filhas e eu. Vivemos tempos felizes, brigas bobas e Greta me fez prometer que eu deveria continuar a ser psicólogo. Eu poderia não salvar a vida dela e isso doeu tanto porque me vi impotente. Mas que eu poderia ajudar outras. Não havia como brigarmos pelo controle da televisão, sobre quem esqueceu a luz acesa, eu queria brigar pela vida dela. Por Greta — moveu a garganta atada num nó e prendeu o lábio superior nos dentes, se recusando a chorar. — Hoje, Greta descansa no céu. Feito as estrelas que você enxerga quando se acalma durante as crises de ansiedade, Franco.
— Então ela sempre irá me acalmar no meio da angústia, como no dia que me abraçou com o gelatto.
— É... isso mesmo — esvaziou um peso de seu corpo por sentir a necessidade de reviver a esposa na memória —, por isso que, se ama tanto a Gaya e deseja se sentir livre, entenda não haver mais nada, nem seu passado familiar que evite. Você teve sua escolha. Decidiu amá-la e estar perto desde o dia que se conheceram pequenos. Pense como seria feliz ao lado dela e se liberte da posse. O amor é livre, como você precisa ser.
Logo que se retirou da sala ladeado pelo Dr. Kai, seus olhos azuis marejados desacreditaram na presença que habitava a sala de espera.
Emergiu uma imensa vontade de erguer pela gola da camisa a tal pessoa sentada, sorridente, que carregava um capacete na mão.
Tornou-se mais incrédulo quando Kai o recepcionou animado. Até se sentiu meramente traído.
— O que faz aqui? — ríspido, a determinar uma distância, Franco questionou ausente de vergonha. — O que. Você. Faz. Aqui? — cada palavra repartida saiu feito um rosnado.
— Se conhecem? — Kai encarou ambos com desconfiança e apartou um princípio de conflito. — Franco, esse é Dan... — fora interrompido.
— Dante Deangelo, Dr. Kai. Atualmente me refiro melhor assim — lançou uma piscadela a fim de romper uma discussão pública.
— O senhor o conhece, Dr. Kai? — o padre dirigiu seu olhar incisivo ao psicólogo que desentendeu a evidente rivalidade.
Sobrou até para a funcionária que dedilhava o teclado e espiava o mero desentendimento através da visão periférica.
— Óbvio! Dante é filho de alguns amigos de confiança e foi meu paciente por um período. — Solomon e o corvo se abraçaram forte, com saudades. — Bom vê-lo aqui, Dante.
— Igualmente, doutor.
Ao se afastar, o investigador lançou um olhar de pés até a cabeça contra o sacerdote, que sequer escondia o desgosto pela presença de cabelos escuros.
— Então nossos caminhos se cruzaram novamente, padre. Dias tensos, não é mesmo? — brincou com a ira estampada nas escleras do ruivo.
— Infelizmente — o Gregori replicou. — Torcia para que sumisse.
— Não antes que você — revidou sem pudor. — Costumo ter educação e paciência.
Franco comprimiu os lábios, quase fazendo sangrar do tanto que mordia. Detestava o homem e consumia ira.
— Mas porque se encontra aqui, Dante? Há tempos que não me informou de sua mudança, o que aconteceu...
Dane acomodou a mão desocupada nos bolsos da calça e Franco preferia enxergar paredes a cada desvio. Por um segundo mirou na funcionária que abaixou a cabeça por pura timidez.
— É uma linha de história rica para uma eterna terapia, Dr. Kai. Apenas vim me despedir de vez. Eu e minha noiva — Franco pressionou a mandíbula e mordeu a pele interna das bochechas. Enfim, seus olhos perfuraram bastante odiosos no corvo — Viajaremos para outro país e nunca mais retornaremos. Quiçá teremos nossos filhos. Esperamos.
Adorava aterrorizar o padre que massageou as têmporas em meio aos cílios que batiam sem intervalos.
— Meus parabéns, Dante — deu dois leves tapinhas no ombro do rapaz. — Minhas sinceras felicidades e eu já a conheço?
— Talvez sim. É uma mulher inesquecível por onde passa. Também próxima ao nosso querido padre — apontou com o polegar.
— Kai... — reprimindo a voz irritadiça, Franco chamou a atenção do psicólogo.
Não suportou e precisou se despedir de imediato. Até sua respiração enfraqueceu do tanto que gastou esvaziando pulmões. Chegaria ao ponto de se descontrolar e soltaria a língua cortante contra o investigador.
— Sim, Franco?
— Preciso ir. A missa me chama, tenho que cumprir o dia. Entende minhas ocupações — se afastava para não causar constrangimento e alcançar o fusca lá fora. — Nos falamos por aí.
— Ah! Antes de tudo, tome meu contato — entregou um cartão de visitas cinza retirado do bolso da lapela. — Se precisar de auxílio, não hesite em me ligar.
— Dessa vez farei.
No veículo, tão apressado que seu espírito se esvaía do tanto que estava nervoso, Franco caçou as chaves nos bolsos da calça para se afastar o mais rápido do Dawson. Ao passo que encontrou e inseriu na ignição, seus sentidos alertaram acerca de uma presença que se encostou no teto do fusca preto.
— Tire suas mãos sujas do meu carro — vasos sanguíneos saltaram nos globos oculares. — Me deixe em paz.
Dane o encurralou sem temer.
— Não me importo de passar o carro por cima de você — o Gregori completou ao tensionar a mandíbula. — Aliás, eu adoraria.
Cerrou as pálpebras e um sibilo cortante repeliu o Dawson que ergueu as palmas em rendição.
— Gaya jurou a mim que não machucaria uma mosca e sujeita me matar? — enlaçou os braços para trás e se inclinou para frente ao mesmo instante que sorriu provocante. — Ama tanto seu carro que sujaria os pneus com sangue? É uma péssima ideia para um padre.
— O que você quer, hein? — esteve a um passo de quebrar os dentes dele quando largou as mãos do volante.
— Pela primeira vez quero conversar em paz contigo, Gregori. Tem um minuto? Um mísero minuto?
— O confessionário abre durante às tardes.
Dane se arriscou em apoiar os braços na janela esquerda, bem perto do amaldiçoado e pareceu sincero. Disposto a insistir num diálogo pacífico.
Estava farto de tantas discussões.
— Gaya corre perigo.
O sacerdote permitiu cair os ombros tensos e engoliu seco. Desviou os olhos por segundos em dois rapazes que carregavam caixotes de peixes e regressou cortante no rival.
— Todos... — ergueu a manga da camisa e mostrou o curativo — o que houve na festa do centro de Rye e parecia confuso, se tratava de uma queima de arquivos. Isso aqui, não é nada perto do que pretendem fazer conosco. Por isso que Gaya precisa partir comigo para outro país.
— Por que me conta isso? Nunca sinto verdade em você — empinou o nariz, apertou os lábios e mordeu as bochechas até ferir. Sua expressão de menino birrento expôs suas inseguranças.
— Sequer sentirá a verdade partindo de mim e não ganharia nada com isso, mas entenda. Lentamente percebo o quão é manipulado. És um mosquito numa teia de aranha, padre. Se eu fosse você, ficaria de olho em qualquer pessoa da sua instituição, até os amigos. Esse é mais um alerta.
— Você trabalha para quem? Padre Kansas? Por isso estava naquele dia no seminário... — recuperou na memória.
— Apenas quis lhe repassar um conselho — desviou da pergunta.
— Conselho? Me fazendo duvidar de todos?
— Pergunte isso também à Gaya. Escute dos lábios dela, pois não quero mais passar tempos com brigas bobas, padre — apontou com o capacete na outra mão. — Entendi que o destino se encarrega, mas se ela o ama e eu a quero bem, então farei o que deseja. Estou aqui para minimamente alertar. Se não acredita em mim, é como eu indiquei. Fale com ela.
— Gaya não quer aproximações — tocou o céu da boca com a língua e mais uma vez mirou mais pessoas andarem na rua. — E pensando bem, ela está certa — voltou o olhar orgulhoso no corvo. — Se isso o que diz, de fato for verdade.
Se preparou para partir assim que o motor do fusca vibrou.
— Faça o que bem entender, Gregori. Comprove com Gaya. De toda maneira, ela não ficará mais aqui e uma das piores dores emocionais, é o arrependimento.
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