Capítulo 19: Folhas de Adão
ALERTA DE GATILHOS: RELIGIÃO, CATOLICISMO E CENAS SEXUALMENTE EXPLÍCITAS.
*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Wicked Game - Grace Carter, Norman fucking Rockwell - Lana Del Rey e Retrograde - New West
Três semanas após o ocorrido no confessionário, já no final do mês de abril, destinada a poupar Franco e evitar encontrá-los próximos, Gaya se recusou a visitá-lo em sua residência, cruzar caminhos com o padre na rua ou se apresentar nas igrejas que celebrava missa. Embora tenha dito que não agiria da exata maneira e que fugiria ao seu lado na intenção de ficarem juntos.
Mentiu ao Gregori de modo a não levantar suspeitas acerca da relação com o padre.
Todos notavam, de vizinhos à comerciantes, que o rapaz se mostrava bem frequente no centro da cidade e estendia o tempo na igreja depois do ato litúrgico, à espera dela, que decidiu despistá-lo.
Mal imaginava o quanto o deixava desgostoso aguardar a moça por horas e no fim, voltar para casa com um sabor amargo nos lábios por culpa da atitude da bruxa.
Os outros não viam com tanta maldade, consideravam o Padre Franco como um sacerdote acessível. Porém, ele existia dia após dia por Gaya. Mal se importava no momento com fiéis.
Certa vez, ambos se esbarraram no fim da feira de orgânicos da primavera, na metade da semana de abril. Para muitos que já sabiam da amizade da Demdike e Gregori, não imaginavam que os dois conservavam uma relação secreta e proibida.
Gaya escolhia uvas roxas com atenção, colocava algumas numa sacola enquanto o feirante se distanciava de modo a recolher uma nova remessa de maçãs verdes. Não existiam tantos fregueses na ocasião quando o relógio atingiu um horário tão tarde, onde meras barracas se preparavam para fechar. Já havia se passado das quatro horas do entardecer.
Por instantes, concentrada ao selecionar uvas preservadas e pôr na sacola, os pelos emergiram logo que o olfato captou o perfume de canela.
A pele por baixo tremeu ao sentir alguém se aproximar por trás e se colocar ao lado, tal qual um mero cliente. As pálpebras da bruxa selaram em controle, os lábios se prenderam e ela respirou pesado para não recordar os momentos de prazer.
Ao abrir, o olhar desconfiado de soslaio bateu nos sapatos formais pretos, lixados, percorreu na calça de alfaiataria da mesma cor, as luvas de couro nas mãos e fitou o colarinho branco de padre no pescoço. Por um momento fingiu não o ter visto, mesmo assim suspirou nervosa e então, o sacerdote também disfarçou não a enxergar.
— Restaram framboesas frescas? — a voz rouca vibrou os sentidos de Gaya.
— As do seu lado, padre!
Distante, sem muitas recepções, o vendedor apontou para onde restavam as frutinhas e Franco principiou a apanhar algumas.
A forma que ele havia causado um forte efeito nela, assustava. Sequer sentiu tanto desejo por alguém. O Gregori provocava segundas intenções de propósito.
— Você aqui... — sibilou inquieta. — Nunca descansa, Franco? — o homem sorriu sem jeito.
— Deu a entender em local santo que jamais fugiria de mim — por segundos, entre os óculos na face, a admirou à medida que cochichavam. — Te quero em meu campo de visão — o tom firme a umedeceu e ela reprimiu os beiços.
Se desconcertou, coçou a testa com imenso nervosismo e queria muito saltar sobre o clérigo que fazia de tudo para persegui-la. De súbito, a audição recordou das peles a se chocarem e a força que depositava ao devorá-la com gosto.
A maneira que ele se encaixava por dentro, sem compreender a dimensão do caos que causava pelo que escondia na calça.
Lamparinas amarelas de cordão que cruzavam as alturas do centro foram acesas com os postes. A iluminação refletiu nos olhos escuros de Gaya e o Gregori prometeu se controlar no esforço de não a beijar e tomá-la ali mesmo. Era capaz de erguê-la nos braços, encaixá-la nos quadris e levá-la até sua casa.
— Possibilita que suspeitem de nós — deu passos distantes dele que a seguiu comedido por trás. Os olhares azuis desconfiados checaram se alguém nas redondezas os assistiam conversar. — Me persegue, vive sob minha sombra... Franco, precisa se conter perto de mim — sorriu pervertida, o rapaz abaixou a cabeça, mordeu as bochechas e negou insistente.
A forma do sacerdote se comportar causava arrepios profundos e assim o avistou voltar a apanhar amoras.
— E assegurei que estaria onde você estiver — fechou o pacote cheio de amoras num nó e aguardou o vendedor que selecionava as melhores maçãs. Enquanto isso, o ruivo selou as pálpebras ao notar o perfume dos cabelos da bruxa e sorriu malicioso. Ela ouviu bem a respiração imersiva do homem junto ao som da brisa. — Obedecer às regras não é meu forte. Entende bem.
— Então traça meus passos ilegalmente, padre? — Franco sorriu provocante e contestou persistente. — Quer me observar tomar banho ou trocar de roupa de frente à janela?
Mirou os lados antes de respondê-la.
— Confesso que gostaria — era irredutível e desse jeito a assustou em razão da resposta. Inexistia pudor no Gregori. — Queria que eu fizesse o quê? Me afastasse, fugisse feito um medroso? Não sou o mesmo — tomou a atenção da moça, que focava nas uvas e as escleras fitaram nos beiços rosados. — Corro atrás de quem me motiva a resistir. Estarei satisfeito se ficar comigo. Te desejo, Demdike. Pare de fingir santidade diante de mim. Logo de mim.
Gaya morria por não poder beijá-lo em público. Mas entendia que Franco não detinha ainda a coragem de agir. Por isso utilizava da cautela entre ambos.
Exceto a repentina impulsividade do rapaz que o motivou a agarrar a mão da bruxa que petrificou. Esqueceu que semanas antes ele perdeu receios. Não se importou que olhassem. Era corajoso se precisasse convencer.
— Não compreendo seu jogo de instigar meus desejos, ceder, recuar, me estranhar e exigir coisas que somente saberei o momento certo para cumprir — acariciou a pele dos dedos com suas luvas. — Gaya, seja mais explícita além do que fazemos.
Se desvencilhou do carinhoso toque do padre.
— Quero que haja conforme um sacerdote consciente. Firme no que jurou à igreja. Não se esqueça dessas vestes ou deixe sua posição por mim — talvez o convencer a abandonar o título, o pouparia do trágico destino e fugiriam juntos.
Não sabia qual resposta daria ao Dane, mas ansiava carregar Franco e escapar de Rye.
No exato instante, o vendedor se aproximou no intuito de efetuar o pagamento separado de ambos. Nem desconfiou da Demdike, aparentava ser uma mulher qualquer e o padre não era do seu interesse, pois não frequentava missas. Era um mero morador que não se importava com os ocorridos em Rye. Só estava para trabalhar e viver sua vida solitária.
Assim que apanhou a sacola de uvas e assistiu o tal comerciante abaixar a cabeça, Gaya fez o padre ler seus lábios silenciosos:
"Nos veremos por aí".
O sangue de Franco ferveu, ele mordiscou o lábio inferior com imensa revolta, prestes a sangrar, penteou as madeixas para trás e ficou sozinho com as amoras.
À medida que o vendedor pesava as frutinhas, o padre aproveitou da ocasião no anseio de observá-la seguir distante, sumir entre as lojas ao redor e as árvores. Nem ao menos fora seguida.
Entretanto, desejava que Franco a alcançasse. As intenções também mostravam o quanto amava provocá-lo. Após tantos anos, com os dois se reprimindo, viviam num jogo perverso. Onde cada um se movia de maneira perigosa, articulada e oculta numa cidade em que um se erguia com o apreço dos habitantes e o outro calculava a queda motivada pelos hipócritas.
No dia trinta de abril, depois do ocorrido na feira, os olhos azuis atentos por intermédio da janela de casa, à medida que ajustava a camisa de clérigo com botões escuros, perceberam uma mudança.
Antes de Gaya voltar, Anya e Delphine saíam bem cedo e seguiam o mesmo percurso de sempre.
A floricultura abria no começo da manhã. Então, o padre interpretou que, com a chegada de Gaya, as janelas do aposento da amada se fechavam após a saída das mães e às vezes, Anya se fazia mais presente em casa.
Ela trabalhava e auxiliava a família naquela situação.
Certa vez, enquanto amarrava as cortinas do quarto de Gaya de modo a aspirar os cantos das paredes, ao avistar a filha sair ao lado da esposa, distante, Anya assistiu o padre observar escondido mediante a janela da residência Gregori. Aparentou que o amaldiçoado estudava os passos da jovem e se aproveitaria de qualquer oportunidade para encontrá-la.
A percepção sobre a obsessão de Franco era assertiva.
Entre o horário de almoço na cidade, logo que Delphine saiu da loja em direção à casa e a floricultura se mantinha aberta, o Gregori usou da ocasião e adentrou o estabelecimento.
Gaya se encontrava por lá.
A floricultura já havia completado vendas do dia, mas a Demdike implorou à Delphine que ficaria para contar caixas feitas de papel semente. Tiveram sucesso após alguns turistas visitarem a cidade do interior. Então, era um momento calmo para a bruxa que só almoçaria depois que finalizasse a contagem.
Enquanto estava agachada por trás do balcão, concentrada, mal percebeu que alguém entrou no ambiente sem emitir barulhos, tampouco o tilintar do sino suspenso. Por fora, a placa que indicava o fechamento da loja foi invertida a quem passasse na frente, evitasse adentrar.
Os sapatos silenciosos caminharam até onde a Demdike se abaixou, as mãos em luvas tatearam folhas de costelas de Adão durante a passagem entre as plantas e se apoiaram na superfície que continha uma sineta de mesa.
E então, buliçoso, a mão esquerda bateu cautelosa contra o objeto que assustou e levantou a moça tomada pela presença.
— O que faz aqui? — os olhos alarmados enxergaram o padre sorrir bobo e cruzaram com a movimentação externa. — Não deveria vir aqui Franco. Perdeu a noção?!
Ele sustentava imensa coragem em estar por lá, mas de costume, frequentava o recinto com as demais Demdike. Portanto, muitos em Rye nem se importavam.
— Vejo que suas mães não contaram que costumo vir.
— Já me falaram. Só não entendi porque fechou a floricultura sem minha permissão — enxugou o suor da testa e secou na roupa.
Utilizava um vestido curto cor cereja e por cima uma jardineira verde-musgo, o que atraiu os pervertidos olhos de Franco.
Gaya contornou o balcão sob os olhares penetrantes dele e se aproximou de duas persianas da vitrine, disposto a descê-las. Mas evitou abaixá-las, pois chamaria bastante atenção e voltou ao rapaz.
— Levará alguma coisa daqui? — andou e rebolou até um quartinho nos fundos da loja onde armazenavam algumas sementes em baixa temperatura. O tom carregou segundas intenções.
A seguiu, hipnotizado nas curvas, nas pernas, por ela. Prestes a salivar.
— Quer mesmo saber o que desejo levar daqui? — a moça girou as escleras com desdém quando adentrou a câmara climatizada, de iluminação azulada, reduzida e o rapaz a acompanhou.
Parecia um local bem apertado para duas pessoas.
— Não quero que se afaste assim. Ao menos me avise que precisa de espaço — acariciou os braços da jovem que se encostou numa das estantes e o testemunhou encurralar com os joelhos que separaram suas coxas.
— Já mostro que preciso de espa... — a interrompeu ao apanhar um beijo ofegante que a fez romper a respiração ao ser preenchida pela vontade. Os lábios foram mordidos e sugados de uma forma que ela sentiu encharcar a calcinha e excitantes palpitações.
Parecia desesperada em não ser apanhada no decorrer do ato. Mas não ousou recusar, pois queria o divino beijo com fulgor, da maneira que apenas ele proporcionava.
— Fico entre esquecer e não esquecer... Franco, você me deixa sem rumo — se evidenciou cansada, anestesiada e arrepiada pelo Gregori tomar todo o ar de seu corpo por intermédio dos lábios que queimavam.
A farejava, arrastava os beiços a marcar o rosto da bruxa, invadia...
— Deixo? — sorriu ao cruzar olhares sombrios, a notou concordar silente, lambeu os próprios lábios e mordeu o inferior. — Sinto saudades de anos e dias sem te ver, parece uma eternidade, então, não finja que nada ocorreu. Ainda mais por aquele dia que não sai da minha cabeça... — gemeu contido. — Ah, Gaya... quero te mostrar e aprender outras coisas juntos.
As mãos em luvas apertaram a cintura da jovem, que sorriu eufórica ao ser um pouco mais pressionada. Se ele pudesse, fariam no aperto.
— Minhas mães não podem descobrir. Elas gostam de você. Não as decepcione.
— E você também não deveria fazer o mesmo? — decerto, Gaya não poderia ceder ao homem. — Mas já pensou que veio até mim na igreja para se "confessar"? Não a busquei, apesar de querer. Lembra? E sobre decepcionar, creio que para você não houve decepções.
— Você admitiu que jogou a isca para mim. E não me buscou durante esse tempo, não é? Nunca me ligou ou mandou cartas. Conte outra...
— Ah, por favor... — guiou o olhar ao teto.
Se afastou dele, que revirou os olhos, irritado com a mesma e insistente reclamação. Porém, antes dela sair de perto, se retirar do depósito de sementes, o braço foi agarrado pela mão direita do rapaz, ao passo que a esquerda apanhou sua nuca e imobilizou a moça que gemeu sofrido. Sabia que o padre agiria de tal jeito.
— Aonde irá... volte aqui... — choramingou à Gaya que sorriu ao oprimir os lábios nos dentes. Adorava vê-lo em total controle. — Vem cá — ofegou ao contê-la.
Sua nuca estremeceu ardente com a voz do sacerdote.
O Gregori a trouxe de volta para si, a chocar em seu corpo e a encostou outra vez defronte a estante, a encarar sementes, porém, naquele átimo, de costas ao rapaz.
Foi controlada ao peito do padre, que a conteve com a mão direita na garganta, sem tanta pressão, à proporção que a esquerda apertava e acariciava as nádegas da jovem, que se deliciava com a sensação de dominação.
Ainda podia sentir o coração dele bater rápido em suas costas, além dos beijos entregues no pescoço ao registrar que merecia toda a devoção do clérigo.
Franco ardia bem mais em desejos. Caótico para tê-la novamente.
— Não sabe o que diz, Gaya — soprou de encontro a orelha dela e mordiscou o lóbulo. O clitóris pulsou e a jovem lacrimejou. — Se me quis, sempre estarei aqui — beijou o ombro esquerdo da moça que não conseguia se mover contra a força do rapaz. Sentia a ereção roçar forte entre as nádegas vestidas, no desejo de perfurá-la. — Te levarei para minha casa. Está tudo muito diferente e acolhedor. Preciso te mostrar algo além do que já viu.
— Porque me quer por lá? — sorriu perversa e o provocou. — Exibir seus santinhos? Seu refúgio de sacerdote? Os acessórios de penitência que não servem de nada?
— Jantarmos juntos — se inclinou mais uma vez para perto do ouvido dela que pensou em ser o banquete do padre. A presença do homem amoleceu seus músculos. — E te alimentar até se enfraquecer. Além de te assistir rebolar no meu colo daquela forma. Necessito que faça de novo. Pois aquilo foi... — arquejou e sugou a pele do pescoço exposto, prestes a morder. Além do ar que adentrou mediante os dentes cerrados e a mandíbula que travou — ... torturante. Senti perder as forças nas coxas, apesar de querer te destruir. Desejava te expor como invertemos nossas posições — arrastou o volume na bruxa que empinou no intuito de instigar. — És tão boa para mim, porém, sou péssimo para você, não acha?
— Me destruiu, Franco — roçava insistente e o queixo caído evidenciava o quanto ele lutava para não rasgar o vestido e a calcinha.
— Então me deixe destruir mais um pouco. Só um pouquinho...
Os olhos com óculos fincaram na mão presa à garganta dela, comprimiu mais e Gaya somente ouviu o ruído do couro ser removido.
Franco retirou uma das luvas com os dentes, guardou num dos bolsos da calça e deixou a mão esquerda livre. Mas depois considerou remover a outra e assim fez.
— Me permite? — deslizou em suas curvas, as dobras, as estrias, a experienciar a maciez, acariciou a barriga por baixo do vestido, afundou os dedos famintos nos quadris e desceu até as nádegas. Onde apertou.
— Sim, padre — Franco pendeu a cabeça para trás e perdeu a razão ao ouvi-la referi-lo com seu título ordenado pela igreja. Mostrou-se insano ao comprimir os beiços e se contorcer por dentro da roupa.
— Pare com isso. Piora nossa situação — soprou nervoso.
Os dedos curiosos do rapaz desceram mais, todavia, foram levados para frente. O vestido foi meramente erguido, o indicador e médio puxaram o tecido da calcinha para o lado e a sentiu empinar despida de modo a facilitar os toques. Pressionar bastante a ereção que sofria esforçada em entrar.
Quatro deles acariciaram os meros pelos escuros, afastaram os grandes lábios e a notou úmida feito de costume, facilitando ao prender os pequenos lábios entre os dedos conforme uma pinça. A pele roçou para estimulá-la e a fricção aniquilava a Demdike.
— Essa obsessão de se esfregar em mim, Gaya... sou devoto ao seu corpo, os detalhes e como corresponde aos meus atos — sussurrou à jovem que implorou com os dentes atados enquanto experimentava arrepios. — Só... — inspirou — ... escute bem o quão gostoso é ouvir meus dedos úmidos quando me consente brincar. A maneira que pulsa...
Os toques recolhiam a lubricidade, escorregava na intenção de provocá-la por completo e logo que a alcançou ofegante em meio aos leves choques que se iniciavam, o padre inseriu lentamente o dedo médio primeiro, onde arfou aliviado.
— Está quente... — retirava e inseria na mesma abertura.
— Não, Franco. Não... não faça isso — o dedo acelerou.
Da boca da bruxa escapuliu um gemido enérgico, um mero grito. E a mão direita do sacerdote cedeu o decote do vestido e jardineira, a expôs, agarrou um dos seios, massageou, espremeu o bico enquanto Gaya tremia com o dedo a invadir e sair de si.
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— Não... — manhosa, sofreu com o que ele fazia. — Não...
— Torça para jamais me negar.
Frenético nas ações, o Gregori mergulhou o rosto na curvatura do pescoço dela ao inspirar o perfume dos cachos, farejou, esfregou o nariz até que não restasse fôlego e sorriu satisfeito ao escutá-la gemer eufórica, barulhenta, com a emoção de ser estimulada.
— Esse seu gemido me deixa tão, mas tão excitado.
Até que interrompeu no objetivo de massagear carinhoso em círculos a ponta do clitóris.
A Demdike choramingava ao passo que se notava sensível nas mãos do sacerdote, rendida ao fraquejar as pernas e a sensação prazerosa a fez rir nervosa junto aos suspiros em agonia.
— Gosta disso?
— Amo o jeito que me toca, me arrepia e me conhece.
Contudo...
— Já chega — interrompeu o ato e a decepcionou em instantes. Estava próxima de lançar a cabeça para trás e deitar no ombro do rapaz. — Quero que saiba o que te espera quando for me visitar. Não considere que te pouparei ou perdoarei nossos pecados, Gaya — se enfraqueceu e sentiu um espasmo ao passo que ele a ajudou a ajeitar a calcinha no lugar e o vestido, cuidadoso com a amada.
Apesar de ser perigoso nos atos impuros, a amava e queria zelar.
Assim que se virou ao homem, o testemunhou levar os dedos úmidos à boca, a chupá-los em apreciação por intermédio de um sorriso safado. A degustava.
Gaya se assustou com quem Franco se tornou.
— Está me punindo — murmurou ao entender que o padre agia daquela forma por fugir constantemente. — Você me puniu!
À medida que o compreendia, o enxergou limpar os dedos salivados no traje sacerdotal e pôr de volta às luvas com elegância.
— Não seria uma punição. Pensa errado demais sobre mim — sorriu de canto enquanto ajustava o couro. — Lhe convenço a permanecer comigo.
— Se for para permanecer, pensarei com cuidado — ergueu o queixo de modo a confrontá-lo e ele concedeu um beijo nos lábios.
— Não pense tanto. Me procure — mordeu o queixo da moça com leveza. — Morro todas as vezes que olha dessa maneira para mim — o olhar da bruxa sucumbiu ao corpo do padre. — Mostra que me implora.
— Cínico...
No mesmo instante, ao tomar ambos num susto, uma freguesa intrometida bateu na porta de vidro ao consultar o ambiente vazio mediante o olhar curioso. De imediato, Gaya fingiu apanhar sementes para sair do depósito e arrumou a barra dobrada do vestido.
— Me passe aquela cesta. Rápido! — apontou para cima na estante e o Gregori entregou sem que a idosa percebesse.
Logo que a moça foi receber a cliente, o rapaz sorriu satisfeito, ajeitou o volume acentuado na calça e o colarinho no pescoço. As lentes embaçadas refletiam estantes.
— Olá, estamos em pausa e abriremos às duas da tarde — se desconcertou ao pôr a cesta acima do balcão. Ainda sentia a lubricidade escorrer entre as coxas.
— Apenas vim para garantir aquelas orquídeas de ontem, lembra? — os olhos caçaram as flores na loja, mas não encontrou.
— Lembro sim! Guardarei e a senhora pode buscar mais tarde. Tudo bem? Deixei que uma das minhas mães guardasse as flores e ficarei no aguardo de uma delas.
— Então retorno mais tarde — já se aproximava para se retirar do estabelecimento e Gaya torcia por isso. — São flores para presente e se tiver como embalar com algum laço, agradeceria.
— Deixarei tudo preparado — perdia a paciência por culpa da peça íntima não sustentar a lubrificação.
Franco se retirou do depósito ao ouvir o sino da porta tocar, se achegou por trás da Demdike, beijou seus ombros macios, a fez suspirar e revirar as escleras ao experienciar voltar a segurar sua nuca. Além de massagear e em seguida, beijar cada fragmento do pescoço, à medida que olhava para a rua.
— Não volte aqui — suspirou de pálpebras seladas ao pender a cabeça para um dos lados. Sentia choques na pele logo que ele acariciou seus braços. — Nunca mais, Franco — seus olhos buscaram movimentação na calçada e o lábio inferior se prendeu nos dentes.
— Quero pintar um quadro seu para mim — rouco, mordiscava a pele e sugava. — É o preço por retornar à Rye depois que fui ordenado.
— Não, não, não... — o tom manhoso e relutante entregava estar ainda excitada.
— Por que não? Hein? — sugou forte o pescoço da moça. Desejou marcá-la.
— Você sabe. Usa de qualquer artifício para me encontrar. É um descarado. Te conheço desde cedo, Franco. Não irei — insistiu, mas se rendeu ao extremo.
As pernas amoleciam a cada beijo.
— Shhh... veremos — apertou um pouco a cintura da jovem que permitiu as sobrancelhas caírem com a mandíbula. — Sei que ao insistir numa mentira, se oculta a verdade.
Findou as carícias, a contornou e apanhou um pequeno vaso de costela de Adão, a mesma que se interessou comprar minutos antes, colocou sobre a bancada de modo a pagar e desvirou a placa da porta até regressar e apanhar sua compra.
— Plantarei no jardim que reformei. Precisa ver — a personalidade se modificou. De um homem indecente a um padre meigo.
— Seja bastante discreto, Franco. Te imploro — enlaçou os braços ao se posicionar de frente ao balcão e apoiar os cotovelos.
— Não queria agir por impulso. Só que... — os ombros despencaram cansados. — Há períodos que não te vejo. Estávamos incompletos naquele dia. E quando retornou — enxergou locais vagos, sem olhar diretamente à moça que o amava —, senti ser a oportunidade de fazer tudo o que não fiz, durante o tempo que perdi longe de você. Ficar perto de ti, Gaya, me liberta de quem sempre fui.
O assistiu sair da floricultura sem olhar por cima do ombro. Carregando consigo todos os sentimentos, sensações, ações por ela e uma planta.
E emotiva, Gaya se recusou chorar novamente. Não havia como se afastarem depois de tudo. Precisava amá-lo e receber toda entrega do rapaz. Contudo, as incertezas pairavam na consciência. Se fosse para viver o máximo antes de morrer, torcia que Franco abandonasse o sacerdócio.
Mas existiam muitas coisas que desconhecia. Os pensamentos do amaldiçoado eram certos a respeito do amor, porém, incertos acerca dos privilégios que sua vida clerical proporcionava.
Cabia renunciar.
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