Capítulo 17: Pecados que Sufocam - Parte III
ALERTA DE GATILHOS: PROFANAÇÃO, RELIGIÃO, CATOLICISMO E CENAS SEXUALMENTE EXPLÍCITAS.
*RECOMENDAÇÃO DE MÚSICA DA TRILHA SONORA PARA O CAPÍTULO: Fuel to Fire - Agnes Obel
https://youtu.be/MWUhIURJW_4
— Sei que eu e meu amigo nos afastamos por motivos diversos, padre. Um dia acordei como artista, queria que ele soubesse que fui uma cantora conhecida em Londres.
Franco se sentiu surpreendido e admirado por ela. Situava-se bobo ao escutá-la contar os feitos.
— Estava tudo bem e de repente coisas aconteceram. Vi a morte de perto, perdi sonhos, pessoas e agora estou aqui. Fugi de um problema e arrumei um pior. Mas não ficarei por muito tempo, planejo resolver de imediato. Acho que será para sempre — o olhar do sacerdote se expôs célere e perdido. — E quem diria que eu reencontraria meu amigo de infância com a imagem mais sagrada e apreciada pela cidade? Enquanto a mim, desejei cessar a vida de desconhecidos para sobreviver e precisei abandonar a arte. Há segredos que guardamos até o túmulo, mas preciso revelar o quanto percebo uma enorme divergência nessas duas realidades.
— Gaya... — Franco permitiu escapar e sussurrar o nome da bruxa entre os lábios entreabertos.
Desentendia metades do que ela explanava, mas o tom de sua voz era penoso e o incentivou a acolher.
— Me vejo livre em desabafar com ele, padre. Para entender a diferença nas vivências. Ele escolheu ser assim. Não escolhi perder tudo o que amo — se fez um hiato de segundos mediante os desabafos e o encarou. — Não tenho medo de quem se tornou. Mas será que me defenderia hoje, feito antigamente? O mesmo garoto estranho com a atual relevância? — embargou a voz.
O Gregori se padeceu ainda mais e tudo corria em sua cabeça de maneira incompreensível.
— E não sei se os pensamentos dele acerca de mim são de julgamento por como me mostrei, com quem retornei, pelo que confessei ou em razão da minha história, porque a igreja corrompe. Porém, não me importo — os cantos dos lábios se curvaram para baixo e deu de ombros. — Nem sequer fui comunicada, jamais recebi um simples telefonema, uma carta, uma visita. Me fiz presente em todos os momentos e não o vi junto a mim nos piores da minha existência. Talvez as coisas tivessem sido diferentes.
— Eu sinto muito, sinto muito, sinto... — o padre repetiu num sussurro que doía consoante a um corte nas entranhas.
Se culpou.
— Apenas me encontro para me despedir e ser explícita sobre quem sou, visto que, se crescemos juntos, meus segredos o pertencem.
Franco deglutia cada palavra daqueles beiços que carregava saudades em beijar. Mas as palavras rasgavam sua pele, ardia, perturbavam.
— Contudo, só peço que se enterre aqui tudo o que vivemos. Uma cidade não carrega o similar nível de credibilidade que possuo nele e conto isso, sem temer a quebra de confiança, pois o que sustento por esse homem, ultrapassa nossa amizade. Sabemos bem disso, mas nunca fomos corajosos em admitir com clareza.
O ruivo gritava por dentro num desespero descomunal. Não suportava tantas coisas ditas ali.
— Portanto, padre, somente me aconselhe com a alma, me dê a absolvição e espero que fique bem. Será a última vez que o verei.
Um minuto.
Foi o tempo que Franco levou para digerir o que a Demdike vomitou e ela aguardava a remissão.
O escutou respirar pesado, quase sufocado e o esperava permanecer indiferente como se tratava. O coração de Gaya foi picado em pedaços por culpa do desabafo, a boca se entreabriu e sugou o fôlego que se esvaiu. Mas não esperaria tanto.
A espera corroía.
E então, buscou se erguer da madeira no intuito de deixá-lo em paz, num impulso dos braços, de modo a suspender o corpo. Os joelhos pinicavam incomodados. Entretanto, o Gregori rompeu sussurros e o eterno silêncio.
— Não quero te deixar, não desejo que vá embora para longe de mim, Gaya Demdike.
O tom foi firme e a dama recordou de como era a voz do Gregori. Soava similar a falar por trás da nuca, num arrepio, feito uma provocação infernal.
Enfim se impôs após períodos afastados. Pareciam séculos de afastamento.
— Não entende o quanto senti sua falta só pela maneira que me comporto? Passei anos a pensar em como estaria e me machuca lembrar que sua dor se torna imensa a cada segundo. Mas agora estou aqui, Gaya. Vivo por você.
Ele encostou a testa na divisória e a enxergou aflita, de escleras inquietas. Os lábios brilhavam destinados a beijá-la. As mãos em luvas tocaram os furos do confessionário e esperaram as dela que se igualaram do outro lado.
Se uniram.
Franco começou a chorar tão sofrido, a soluçar e os beiços tremiam ao sentir a ausência. Enxergá-lo daquele jeito provocava pena. Vivia sozinho em Rye até avistá-la entre as bruxas no funeral.
— Parece um sonho você aqui... — arrastou os lábios na madeira, na torcida que o copiasse. — Não creio.
Ainda separados pela divisória que resultava num mundo entre ambos, Franco experienciou os lábios quentes de Gaya a selar os seus e mancharem a madeira de batom.
A Demdike cravou os dedos nos furos e se esforçou em tocar os cabelos acobreados do rapaz que atravessavam as ínfimas aberturas após caírem de novo. Igualmente admirou o mesmo brilho azul das irises e percebeu que a face se mostrava amadurecida com o tempo. O sacerdote cheirava a canela e os beiços estavam salgados em razão dos prantos.
Era belo apreciá-lo, mas decidiu partir.
— Não posso — murmurou sozinha ao recordar o quanto decepcionaria as mães, depois de insistir tanto que não avançaria numa relação proibida com o padre. — Não devemos.
"Mas eu sempre quis", a consciência suplicava por ele.
Perdido na ação e impulso da Demdike, Franco a enxergou se levantar apressada do apoio externo, contornar uma parte do confessionário e passar diante da cortina roxa.
Contudo, de súbito, a bruxa notou um vento fraco nas costas. Um vulto. A cortina foi encolhida e sua pele encaminhou uma resposta imediata ao cérebro. Pensamentos transitaram na cabeça da moça que pensou em agir daquela forma de modo a poupar a vida do amado padre. Evitar tragédias.
Mas não havia como retroceder. Algo inesperado aconteceu na igreja onde não existia ninguém.
Exceto os santos em silêncio.
A mão macia e trêmula de Gaya Demdike pela primeira vez fora apanhada pelo homem que temia tocá-la.
A moça congelou ao rotacionar o rosto para trás e testemunhá-lo segurá-la firme por temê-la escapar.
Franco não a deixaria fugir.
Nunca mais.
O Gregori se sentiu seguro em agir. A perderia para sempre. Preferia morrer se nunca mais enxergasse os olhos escuros, feito o universo diante dos seus. Viveria uma condenação.
— E-eu fiz isso? — mostrou-se confuso e distante do confessionário. A cabeça girou até centralizar os sentidos. Não experienciou medo após uma vida inteira de martírios. Testemunhou uma calmaria no oceano barulhento instigado pelos receios do passado. — Fiz — sorriu tímido, tornou-se corado, se respondeu incrédulo e a Demdike correspondeu da similar maneira, contudo, a sustentar uma emoção desmedida.
E então, expostos fora da cabine, ouviram um repentino ranger da porta aos fundos se abrir e por consequência do susto, sem pensar tanto, Franco a puxou consigo pela cintura, de modo a se juntar no confessionário e ambos caíram no assento de madeira.
O corpo do rapaz amorteceu a jovem, ele resmungou rápido ao sentir o cilício furar, beliscar, e ela, nervosa, receou machucá-lo. O barulho abafado não foi percebido por quem adentrou a casa de Deus.
Por muito tempo era frágil perante o seu olhar. Entretanto, o Gregori era bem forte e resistente abaixo do traje de padre.
Em agonia, Gaya se organizou na intenção de fechar a cortina com rapidez, se esconderam no interior da cabine de madeira, os quadris se acomodaram no colo do homem eufórico que sorriu constrangido sem temer o acessório que comprimia e ela temeu tanta aproximação. Embora o Gregori tenha tomado qualquer iniciativa.
A presença surpresa se tratava da mesma senhora com as folhas corrigidas que detinham defeito na tinta. A beata clamou pelo sacerdote por cinco vezes e ao notar que não se encontrava, reclamou até sair e fechou a porta sem trancar. Pensou que o encontraria.
Enquanto a idosa clamava, relaxada em Franco, Gaya foi contida nos lábios após a mão esquerda do Gregori impedi-la de suspirar. À vista disso, a direita se apoiou numa de suas coxas quase expostas pelo vestido leve.
No segundo que ficaram enfim sozinhos, a bruxa libertou um suspiro aliviado e misturado com a excitação.
— Por favor, não vá embora — sussurrou ardente, compenetrado e quase tocou os beiços dela com os seus. — Se o motivo for seu atual companheiro, posso explicar pessoalmente que somos amigos, apenas amigos. Só amigos — insistia com os olhos agoniados, lacrimejantes por culpa do desejo e contornou a face com batom, que ainda se mantinha descrente por ele se sustentar sem receios ao mantê-la tão próxima. — Por Deus, como está linda, Gaya — enlouquecia aos poucos.
Estava prestes a gritar, espernear, lamber o chão se Gaya fugisse. Necessitava e com urgência da mulher preta que tanto adorava.
— De onde arrumou que me relaciono amorosamente? — removeu com cuidado a mão em luva apoiada em seu maxilar e uma das sobrancelhas ergueu ao passo que buscava por respostas.
— Suas mães mencionaram que havia conhecido alguém e aquele rapaz deve ser seu tal companheiro. Eu já o vi uma vez — pôs o crucifixo para dentro da roupa sagrada.
— Dante é meu amigo e se fosse meu parceiro, creio que não gostaria de saber que estou sentada sobre suas coxas — recuava o olhar no intuito de conferir movimentações externas. Decidia fugir de lá. Franco percebia o quão Gaya se mostrava apreensiva. — Sem esquecer que és um padre. Ele sabe onde me encontro.
O notou sorrir bobo, anestesiado. Franco corria as escleras obcecadas nos lábios, passeava do pescoço tatuado até o decote acentuado, o que lhe arrepiou intimamente.
Calada, não quis entregar o espasmo por baixo das pernas. Crescia assustador diante da jovem.
— Bem, acho que não entrará mais ninguém na igreja — rendido, nem se importou com o que ela falou. Se ocupou demais ao explorar os detalhes faciais que há muito tempo não recordava. E Gaya entendia bem o que aconteceria se permanecesse acima do padre. — Prometo que te deixarei em paz, Franco.
A moça se moveu num rebolado por cima dele que comprimiu os lábios e prensou as sobrancelhas. Assim instigou bastante o Gregori a prendê-la consigo no confessionário.
Ela se dispôs a desatar os corpos.
— Não faça isso... — revirou os sentidos entre um grunhido e a fez perceber o quanto era arriscado pressionar a ereção. — Se esfregar contra mim, desse jeito — choramingou.
Assim instigou bastante o Gregori a prendê-la consigo no confessionário
— E não irá — continuou e ordenou depois de alertá-la. — Não permitirei que isso aconteça de novo — rápido, segurou firme o rosto dela com as duas mãos e a fez despencar encantada por sua feição atormentada em desejos. Era daquela forma que precisava ser dominada. Somente por Franco. — Não fugirá de mim, ninguém nos apanhará. A tenho finalmente comigo, Gaya Demdike.
Gaya não era a responsável por insistir.
Franco rogava que morasse em sua vida para sempre. Construísse uma trajetória juntos, fizessem filhos juntos, morressem juntos. Era explicitamente evidente o tanto que o Gregori a amava e desejava.
— E se eu for? O que acontecerá? — as mãos tocaram abaixo das axilas dele, o fez selar as pálpebras, experienciar a maciez e carinho dos toques. Não confiava em mais ninguém desde o falecimento de seu amado pai. — Se entregue, padre — o íntimo pulsou ao ouvi-la referi-lo de tal jeito.
— Se nem uma maldição foi eficiente de nos afastar, creio que nem a morte terá tamanha coragem. Muito menos uma distância geográfica. Pois sei, até Deus sabe, que não descansarei se eu te perder de novo. Darei minha vida por ti, por nossos frutos e todos enxergarão com nitidez o quanto fui feito para você, Demdike.
Após anos de afastamento, os lábios úmidos, pegajosos, se alinharam e se enterraram num beijo profundo. Não era feito da última vez que se viram. Os beijos foram amadurecidos e excitantes ao ponto de perderem o ar.
Não batiam os dentes, não se sentiam tão inseguros. Eram lábios envoltos, preenchidos de desejo, ferocidade, junto às mordidas de arrancar a carne, sangue, salivas compartilhadas, um beijo faminto que vinha na companhia de mãos indecentes do jovem padre a passear pelo corpo vestido da bruxa. Necessitavam.
Franco buscava registrar sua silhueta por meio do tato. Marcar tudo para da próxima vez, até no escuro, identificar quais partes de Gaya conhecia com maestria.
— Senti saudades — afirmou ao passo que obtinha toda a devoção do rapaz incansável para tê-la. — Precisava te ver — manhosa, não suportava se distanciar da boca que lhe sugava, capturava, engolia.
Era um caos se enroscar nos beiços do Gregori.
— Não consegue medir o tamanho da minha — sussurrou ofegante entre as mordiscadas que recebia nos lábios excessivamente molhados e os cabelos ruivos bagunçados através das mãos e unhas dela. — Quero sua atenção só para mim. Seus lábios, seu corpo, só para mim. Ouviu bem? — tencionou a mandíbula ao engoli-la, preencheu sua boca, língua e seguiu até o queixo, com leves mordidas.
Gaya confirmou com a cabeça e sorriu no ínterim do ato ao testemunhá-lo pela primeira vez deslizar com a mão esquerda por dentro do vestido.
A moça testemunhava como o sacerdote a destruiria apenas num choque de peles. Pretendia descobrir cada particularidade sua com dedicação.
Ao percorrer lento com as luvas nas coxas macias e aquecidas, o toque alcançou a barriga e seios enrijecidos sem proteção alguma. Gaya não utilizava sutiãs há tempos.
A emoção de ser tocada por Franco lhe deixava bem úmida.
O ato de desvendar suas curvas amolecia a bruxa que suspirava em aflição. Desregulada.
Os dedos curiosos no couro brincaram devagar com os bicos pontudos à medida que os olhos azuis miravam os dela, que mordia os lábios com força e sofria com o prazer.
Em busca de normalizar a respiração, num sorriso perigoso, o padre contou algo que se alinhava à proporção que se dedicava aos seios de modo a acostumá-la com seu corpo, chupões e a entrega sexual.
Períodos atrás, prometeu que sugaria até a alma da bruxa com a boca.
— Durante as noites no seminário, quando sua imagem imprópria invadia minha consciência, bem no escuro do meu quarto, sem me importar, sem usar luvas, eu necessitava me tocar ao pensar em ti. Entende como — se mexeu no intuito que notasse o volume sofrer para ser exposto. — Entre o frenético e os movimentos comedidos, te imaginava da forma que nos situamos agora. Eu gemia pelo seu nome, me contorcia querendo você, me aquecia e no final, explodia sem equilíbrio algum — a base enrijeceu em veias, a glande recebeu o sangue, enquanto recordava como ocorria a masturbação. Mas naquele instante se deparava diante do real motivo. — Preciso fazer isso contigo para sentir comigo a sensação. Te suplico. Sou capaz de me ajoelhar para me permitir. Por favor — gemeu baixinho e sugou a pele da curvatura do pescoço da Demdike, mas não quis deixar hematomas.
O semblante de pedinte, implorava comê-la e aniquilou Gaya, que relutava ceder.
— Não é o lugar ideal, Franco — soprou nos lábios dele e beijou cada fragmento do rosto do rapaz fora do controle. — Só penso assim por ser um padre. Não considera um desrespeito? — sorriu entre os dentes presos no lábio inferior.
— Pare de fingir, isso me provoca... — ronronou feito gato.
Os quadris rebolaram mais uma vez sobre ele, que cerrou os dentes ao ser torturado e gemeu manso para não explodir antes do tempo. A dor do cilício, entre o excesso de frenesi, era um misto de agonia e tesão. A adrenalina rompia qualquer vergonha.
— Gaya... — as bochechas coradas se evidenciaram pela iluminação externa que adentrava o confessionário. — Que Deus me perdoe — o pomo moveu-se logo que a saliva presa na garganta desceu, a ereção se tomava bem aparente e pressionava. Queria estourar o tecido. Se esfregar em Franco de tal maneira, incitava uma chama a nascer na ponta do fósforo. — Desrespeito é negar o feitio que me exponho — ardia com os dentes unidos. — Te comerei e ainda lamberei meus dedos na sua frente, só para entender o que o celibato fez comigo. Você quer o que eu quero.
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