Os Segredos
Capítulo 5 – O Segredo
— Jungkook? O que faz aqui? — O ômega perguntou ao ver o mais velho parado em sua porta antes do horário combinado. — Pensei que só viria às oito. — Seu tom confuso sempre derretia o mais velho.
— Nem parece o mesmo menino que estava reclamando por falta de atenção a algumas horas atrás. — Resmungou colocando as mãos na cintura, em uma pose engraçada. — Apenas pensei em lhe fazer companhia e quem sabe até te ajudar com suas vestes. Tudo tem que estar perfeito para a sua apresentação.
— Pois bem — O ômega sorriu enquanto lhe puxava para dentro, fechando a porta atrás do alfa e enfiando seu rosto no peito largo de Jungkook. — Em algo você tem razão. Eu estava mesmo querendo sua atenção. — O alfa gargalhou.
Ele conhecia aquele ômega como ninguém e até mesmo se arriscaria a dizer que não é preciso marca nenhuma para saber o que ele sentia. Jimin era sempre tão sincero e verdadeiro quando se tratava de Jones, sempre tão claro com suas vontades e desejos, que chegava a ser injusto com o alfa, que às vezes se sentia culpado pela recíproca não ser verdadeira.
— Agora vamos, me abrace mais forte. — O alfa não deixou o sorriso morrer ao escutar o pedido mimado, logo apertando o ômega com mais força, transmitindo o calor que sabia que Jimin estava buscando.
Em um ato instintivo, Jones começou a fazer um cafuné nos cabelos castanhos do ômega e Jimin se aconchegou ainda mais no corpo quente à procura de mais calor, em um ato quase automático.
— Eu pedi tanto para que esse dia nunca chegasse. — O menor sussurrou. O grã-Duque sabia perfeitamente bem sobre do que se tratava, afinal se tinha uma coisa em que podiam concordar era aquela: Eles tinham medo daquele dia.
Sabiam perfeitamente bem o que poderia acontecer depois que o menor fosse apresentado para a sociedade e céus, Jimin apenas queria ficar com o alfa para todo o sempre e por mais que Jones concordasse e tivesse o mesmo desejo, não deixaria o ômega triste com aqueles pensamentos infelizes.
— Como vai suas aulas de dança? — Perguntou desconversando e ao ver as bochechas coradas suspeitou de algo. — O que foi? — Encarou os olhos castanhos.
— Nada. — Respondeu rapidamente deixando o alfa ainda mais desconfiado. — Apenas me lembrei que dançarei com desconhecidos hoje e bem... talvez eu não esteja tão preparado assim. — Se aconchegou mais.
— Sua primeira dança é comigo. Pode ficar tranquilo. Tenho certeza de que é ótimo nisso. — A voz rouca fez o menor se arrepiar.
— Como sabe? Nunca me viu dançando. — Afirmou desconfiado.
— Claro que eu já vi. — Disse em um tom incrédulo. — Acha mesmo que eu não te acompanharia? Jimin, eu apenas não atrapalho suas aulas porque sei que a partir do momento em que você me visse ali, não daria mais paz. — Brincou com um tom de verdade.
Aquilo aqueceu o coração do menor. Saber que o alfa o protegia e o observava mesmo de longe deixava um calor gostoso em seu peito. Talvez esse fosse o futuro. Talvez o alfa fosse obrigado a apenas o assistir de longe.
— Deveria começar a se arrumar. Logos os convidados chegarão e seu baile começará. — O tom do alfa era pesado e talvez não quisesse realmente que aquele maldito baile começasse, mas era necessário e sua função de conselheiro estava sempre acima de suas vontades próprias, assim como mandava a tradição Jones. — Vou pedir para alguma serva vir preparar seu banho e...
— Eu já pedi. — Deu de ombros. Margaret Wood havia acabado de sair do quarto, quando o Duque chegou. — Eu estava indo tomar meu banho quando o senhor chegou. — Apertou mais o abraço sendo correspondido pelo mais velho, não querendo que aquele momento acabasse.
Não sabiam o porquê, mas tinham a impressão de que aquela seria a última vez que teriam tanta liberdade um com o outro.
— Ótimo, então vou deixar vossa alteza tomar seu banho e volto para te...
— Por favor, Jungkook... — Sussurrou de forma dengosa. — Não vai. — Implorou.
— Você sabe que eu não deveria ficar no mesmo quarto que um ômega, ainda mais quando ele está no banho.
— Mas eu não sou qualquer ômega. — Resmungou emburrado e Jones sabia que ele estava certo.
Jimin não era qualquer ômega, era quase o seu ômega.
Havia cuidado tanto daquele menino e às vezes, nos poucos momentos em que tudo se confundia, a linha que dividia os sentimentos se misturava e Jones até mesmo se perguntava se realmente era fraternal, se realmente era apenas amizade.
— Okay. — Suspirou fundo se dando por vencido. — Você está certo. Te esperarei. — Jimin sorriu fraco, se soltando a contragosto do alfa e logo caminhou até o banheiro.
Aquela provavelmente seria a última vez que Jungkook seria exclusivamente dele e aproveitaria aquele momento. Quando fosse apresentado formalmente para a sociedade, teria responsabilidades e seria cortejado por todos os alfas nobres que almejavam o trono de Katar e quando isso tudo acabasse, Jungkook já não seria mais dele. Jimin pertenceria a um alfa e Jungkook seria conselheiro desse alfa.
Talvez seu pai lhe desse mais atenção depois que se aposentasse. Ele já estava velho e sua saúde não era a mesma de antes, mas ainda era um alfa forte. Teriam longos anos pela frente.
Um sentimento de possessividade tomava conta do pequeno ômega. Pensar que o alfa não seria mais seu o incomodava. Pensar que não seria mais a única responsabilidade do alfa o irritava. E pensar que qualquer outro ômega daquele reino poderia ocupar seu lugar, lhe tirava do sério.
Jungkook era perfeito. Era educado, inteligente, bonito e possuía um dos títulos mais altos dentro da sociedade, estando abaixo apenas do próprio Rei. Qualquer um daria tudo para ter a atenção do alfa, mas ele pertencia a Jimin Baker e aquilo não estava em discussão.
A banheira ficava quase encostada na parede e por mais que tivesse deixado a porta aberta em uma decisão mimada e ciumenta, Jones nunca poderia ver nada, não se não entrasse no banheiro, o que ele nunca fazia.
Jimin sabia que a água quente faria seu cheiro aumentar e esse se espalharia pelo quarto e, se tivesse sorte, ficaria preso no alfa por mais algum tempo, apenas o suficiente para adiar o inadiável e continuar por mais algum tempo como o único em sua vida.
Seus músculos relaxaram ao sentir a água morninha. Apesar de já estar pronta a uns dez ou quinze minutos, ainda estava consideravelmente quente e agradável.
Jungkook por sua vez se perguntava por que ainda fazia aquele tipo de coisa. Esperar um ômega naquelas condições era algo extremamente impróprio, ainda mais quando não se é nem ao menos noivo ou familiar do menor. E sentir aquele cheiro tão forte com certeza um dia o levaria para a forca, mas era ali naquele exato segundo que Jones admitia para si mesmo que poderia e queria passar o resto de sua vida ao lado de Jimin e que ômega nenhum tinha um cheiro tão bom quanto o do príncipe.
Não sabia o que faria quando aquele ômega não fosse mais seu. Tinha medo do que aconteceria porque não se sentia racional o suficiente quando o assunto era o príncipe.
Aquele cheiro fazia seu corpo esquentar e se odiou por esquecer que seu cio estava próximo. Depois do baile teria que ir até a ala norte, onde costumava passar seus períodos de febre sozinho e mentiria novamente sobre uma viagem para o reino vizinho a negócios.
Jones poderia mentir para todos. Para seu pai, para o Rei, para Jimin e até para si mesmo, mas quando seu lobo assumia o controle, não conseguia mentir. Não conseguia esconder o que sentia pelo ômega.
Se jogou na cama macia do príncipe e fechou os olhos com força, apenas se focando naquele maldito cheiro, o mesmo cheiro que sentia em seus cios. Aquilo era tão errado. Ele não entendia o porquê do cheiro de um jovem casto o atormentava tanto em seus cios, afinal, era assim que devia ver Jimin, certo? Como um jovem respeitável e honrado, mas o ômega insistia em aparecer em seus devaneios, em momentos onde não deveria, em pensamentos sujos que não correspondiam com o jeito encantador do menor. Jones se odiava por isso.
Céus, como poderia pensar tais coisas de alguém tão puro e amável quanto aquele ômega? Aquilo deveria ser considerado um crime e bom, se pensasse pelo lado de que Jimin era o futuro rei, aquilo realmente devia ser um crime.
Ouviu os passos leves pelo quarto e engoliu em seco. Tinha vontade de olhar, qualquer pessoa teria, mas sempre optava por ignorar. Já o menor gostava daqueles momentos, gostava de ouvir o alfa respirando fundo, ver o peito subindo e descendo, de ver o jeito completamente inquieto que o mais velho ficava e aquilo não parava ali, gostava de saber que mexia com o alfa, mesmo que esse nunca fosse admitir, mesmo que ele deixasse e entregasse a mão do menor para outro alfa, Jimin sabia que pelo menos um pouco ele mexia com o mais velho.
Diferente do que todos pensavam, Jimin não tinha segundos pensamentos ou dúvidas sobre o que sentia. Jungkook era o homem mais importante de sua vida e o ômega sabia, por mais que se negasse a admitir em voz alta, que aquele sentimento ia muito além de uma simples amizade.
O príncipe queria mais, queria tudo o que o alfa poderia lhe dar e era ali que morava o problema, porque apesar de Jungkook se mostrar balançado em alguns momentos, ainda era nítido que ele não poderia lhe dar muitas coisas.
O alfa ainda se mantinha distante, não demonstrava gostar mais do que o correto e isso era frustrante, porque para Jimin, ele era o seu tudo, mas para Jungkook, aquilo parecia não ser o suficiente.
O ômega vestiu com calma a roupa sob medida que Ella Griffin havia feito para aquela noite. A blusa azul bebê com detalhes em dourado ouro fazia par com a calça branca com detalhes dourados. Jimin amava aquelas cores e mesmo que a roupa fosse formal, não o fazia parecer mais velho. Jogou os cabelos castanhos para trás, tentando ganhar um ar maduro, mas seu rosto redondo o traía.
— Como estou? — Perguntou quando terminou de se vestir. Jungkook girou sua cabeça ainda deitado no colchão macio e observou o menor atentamente.
Jimin havia crescido. Podia tentar negar e dizer que era loucura, mas ele era um belo ômega. Não era mais o mesmo menino que havia conhecido e cuidado. Era um ômega adulto agora e tinha que entender isso. Ele pertenceria a outro alfa e não tinha nada que poderia fazer.
— Você está perfeito. — Admitiu sorrindo fraco. — Eu não... — Se calou quando notou que não podia falar aquilo. Não podia admitir que não queria aquilo. Que não queria perder o ômega ou entregar a mão dele para outra pessoa. — Depois do baile, eu vou ter que me ausentar. — Disse de uma vez, ganhando a atenção do mais novo. — Vou ter que ir para Thule. Resolver algumas coisas.
— O que você tanto faz em Thule? — Perguntou emburrado.
O alfa sempre ia para o reino vizinho e nunca contava toda a verdade. O medo de que talvez estivesse errado e o alfa tivesse sim alguém o esperando. Talvez alguém mais capaz, que pudesse lhe dar herdeiros e uma família cheia, talvez alguém com quem ele dividisse segredos noturnos e desejos profundos, alguém com quem ele ria ao contar sobre o pobre ômega tolo que o esperava no reino de Katar.
— O que tem lá que requer sua atenção mais do que eu nesse momento? — O tom mimado e emburrado do ômega quase fez o alfa rir. Jimin não era egoísta. Não costumava ser egoísta com nada, mas quando se tratava do alfa, perdia a razão.
— Negócios extra oficiais. — Deu de ombros. Odiava mentir para o ômega, mas não poderia falar a verdade. — Serão apenas alguns dias. Acredite, eu também odeio te deixar sozinho. Ainda mais com tantos alfas no palácio, mas não posso evitar.
— Eu entendo. — Resmungou abaixando a cabeça, se negando a acreditar em suas inseguranças. Jungkook nunca faria aquilo, ele nunca iria rir de seus sentimentos ou o desprezar daquela forma. — Prioridades.
— Não fale assim. — O alfa resmungou. — Você é minha maior prioridade e sabe disso. Eu volto em quatro dias no máximo. — Afirmou se levantando e caminhando a passos lentos até o ômega. — Mas até lá, ainda temos um baile pra ir. — Estendeu a mão para Jimin. — Vamos, Alteza.
| O SEGREDO DO PRÍNCIPE |
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