O Veneno
Capítulo 7 – O veneno
— E então, se divertiu? — Jungkook perguntou enquanto acompanhava Jimin até seus aposentos. Havia observado o menino de perto o tempo todo e era impossível dizer o que se passava pela mente do ômega.
Jimin parecia calmo, mas ao mesmo tempo preocupado com algo. Aquilo atormentava Jungkook e só não atormentava mais do que ver o príncipe dançar com tantos alfas em uma única noite. A cada rodopio que Jimin dava pelo salão, mas Jungkook sentia seu interior revirar em ódio. Não queria se sentir assim. Sabia que esse sentimento de possessividade sobre o mais novo era errado e iria acabar o matando aos poucos. Jimin não pertencia a ele. Jimin iria se casar com um alfa da realeza e ele apenas assistiria a vida do mais novo de longe.
— Foi divertido rever todos. — Disse em voz baixa, enquanto se jogava em sua cama. — Estou exausto.
— E quanto aos pretendentes? — Foi direto ao ponto. — Gostou de algum? — Perguntou observando o menor de perto. — Algum chamou sua atenção? — A resposta que Jones esperava com toda certeza era negativa. Jimin nem ao menos queria se casar, era claro que não havia gostado de nenhum, certo?
— O Infante de Dundeya. — Respondeu com os olhos fechados. Yoongi era de fato sua melhor opção. Era o único que havia sido sincero sobre seus planos e que havia compreendido seus sentimentos.
Jimin e Yoongi compartilhavam algo melhor do que atração, eles compartilhavam compreensão. O infante compreendia o que era não ter escolha, estava sendo tão obrigado quanto Jimin a se casar e aquilo poderia ser uma grande parceria para os dois.
Mas para Jungkook Jones aquela era a resposta errada. O alfa respirou fundo enquanto lembrava mentalmente da ficha do Infante.
"Yoongi Harrison Scott. 28 anos. Infante de Dundeya. Alfa lúpus."
Aquilo só poderia ser um pesadelo. Um alfa lúpus dez anos mais velho que o ômega. Que chance isso tinha de dar certo? Jungkook perguntava revoltado.
Não conhecia muito bem o infante e tirando Raymond Griffin, que era muito bem controlado por seu marido, todos os outros lúpus tinham a fama de serem explosivos e violentos. Não queria que Jimin corresse perigo.
Além do mais, um homem mais velho não teria paciência de esperar o tempo do Jovem, já deveria ter experiência de vida e não se importava com coisas triviais como as vontades de Jimin.
Claro que tudo aquilo eram apenas suposições e teorias criadas a base do seu medo e de sua vontade de proteger o príncipe do mundo, mas poderiam ser reais, ao mesmo tempo que apenas delírios.
— Não está falando sério, está? — Perguntou na tentativa falha de disfarçar sua raiva.
— Ele me parece a melhor opção no momento. — Respondeu com os olhos fechados. Seus pés doíam de tanto rodopiar em valsas e mais valsas sem fim e tirando Yoongi e o pequeno Christopher nenhum outro pretendente valia o seu tempo. — Falaremos com o meu pai amanhã.
— Jimin. — Chamou respirando fundo. Sentia seu lobo uivar em seu interior. — Não. — Respondeu simplista tentando se acalmar da avalanche de sentimentos que o tomava naquele momento.
— Não? — Abriu os olhos de supetão. — Não o que? — Questionou confuso encarando o alfa.
— Você não pode se casar com aquele alfa. — Foi firme.
— Por que não? Você mesmo disse que ele era um dos principais pretendentes e... — Foi interrompido.
— Mas... droga. Eu não esperava que você... — Parou de falar apenas olhando para o ômega, tentando pensar com coerência em cada palavra que diria para não soar tão insano como se sentia naquele momento, mas logo se sentiu sufocado. Ar lhe faltava nos pulmões quando tudo o que conseguia sentir era o cheiro de Jimin.
Tentou lutar contra seu próprio lobo. Aquele não era o momento para se ausentar. Precisava ficar ao lado do mais novo, ainda mais agora que Jimin tinha aquela ideia estúpida em mente, mas seu lobo discordava.
A dor aumentava. Sentia seus caninos pulsarem e sua mente perder consciência aos poucos. Precisava se afastar do ômega o mais rápido que conseguisse.
— Eu preciso ir. — Disse com suas últimas forças. — Viajarei para Thule ao amanhecer. Discutiremos isso quando eu voltar. Boa noite, alteza. — Sem deixar o ômega responder ou terminar a discussão, apenas saiu o mais depressa que conseguiu deixando Jimin pasmo com aquela reação.
Jungkook caminhou rápido pelos corredores um tanto escuros e parou ao ver uma serva, nem ao menos a reconheceu, apenas ordenou que fosse ao quarto do príncipe o ajudar com o banho.
A serva se assustou ao ver o estado do Grã-duque, mas não discutiu a ordem e assim que entrou no quarto, Margaret se surpreendeu ao ver o jovem ômega chorando.
— O que aconteceu, alteza? — Questionou em completo choque, se aproximando do mais novo para lhe abraçar e tentar o acalmar do que parecia ser uma crise de nervos.
— Nós discutimos. — Murmurou choroso, com a voz abafada entre o abraço. — Ele parecia furioso comigo.
— Por quê? O que está errado? — Questionou confusa com o choro doído do ômega. — Pensei que o baile havia sido perfeito. — Constatou. A beta esperou o príncipe se acalmar e aos poucos ele lhe contava o que havia acontecido e o porquê de tantas lágrimas. — E o senhor pretende se casar com esse tal Infante? — O menor concordou com a cabeça.
— Jungkook ficou furioso, mas eu não entendo o motivo. Pensei que ele quisesse que eu me casasse. — Fungou baixo coçando os olhos. — Não consigo entendê-lo.
— Durma, alteza. Amanhã é um novo dia e poderá conversar com calma sobre esse assunto.
— Ele vai para Thule ao amanhecer. — Resmungou triste, fungando ao se lembrar de que não veria o alfa por algum tempo. — Ficará de três a quatro dias lá. — Margaret franziu o cenho. Havia cruzado com o Duque no corredor e tinha certeza de que ele não estava em condições de viajar. Nenhuma carruagem havia sido solicitada e não havia ouvido nada pelos corredores, mas entendeu ao juntar as peças.
Jungkook mentia para Jimin quando entrava no cio.
— Espere ele voltar, alteza. — Relatou não querendo desmentir o Duque. Não sabia porque Jungkook Jones mentia sobre aquilo, mas o alfa deveria ter seus motivos. — Essa é uma conversa muito importante, mas por hora, o senhor tem que repousar. — Sorriu para o menino. — Vamos. Irei lhe ajudar. A tina já está pronta.
— Me lavarei sozinho. Pode se retirar. Preciso ficar só. — Resmungou encolhido. Não queria admitir que choraria. Nunca havia visto Jungkook daquela forma, tão furioso consigo.
Naquela noite descobriu que odiava ver o alfa daquela forma. Tudo o que queria era que o homem permanecesse em seu quarto pelo resto da noite. Que resolvessem aquele mal entendido e que pudessem dormir sentindo o cheiro forte do mais velho, como quando era criança e tinha algum pesadelo.
Jungkook era acima de tudo, seu melhor amigo, o ombro que chorava e os olhos que o protegiam, era a segurança, o calor e o conforto e sentir que perdia isso a cada dia, era como tirar o chão debaixo de seus pés.
A noite seria longa e mesmo com os olhos pesados e inchados pelas horas chorando, tinha certeza de que seria impossível descansar de fato.
Margaret ao sair do quarto do mais novo caminhou até a cozinha, precisava se certificar de que o Duque realmente estava no palácio e de que a viagem havia sido apenas uma desculpa. Precisava ajudar Jimin de alguma forma. Ver o menino assim, estava a destruindo.
— Então nenhuma carruagem foi convocada? — Perguntou para Dina. Por mais que a mulher odiasse o príncipe, era a única que sabia tudo o que acontecia do palácio. Quando o assunto era fofoca, Dina Clenfort era profissional.
— Não. Vossa graça nunca saiu desse palácio. — Disse desconfiada do porquê Margaret estava lhe perguntando coisas como essas. — Ele nunca foi para Thule, Maggie. Por que o interesse no Duque? Algo aconteceu?
— Nada aconteceu. Esqueça isso. Foi apenas um momento de delírio meu. — Disse antes de se retirar para seus aposentos deixando uma pulga atrás da orelha da mulher.
Dina odiava o príncipe e odiava ainda mais ver Margaret envolvida com aquele pirralho arrogante. Não fazia o menor sentido acreditar que o Grã-Duque Jones havia saído do palácio. Ele nunca saia do lado do príncipe e todos sabiam disso.
Uma suíte na ala norte foi preparada exclusivamente para ele, como todas as vezes. Um sorriso maléfico brilhou no rosto da serva ao ter uma ideia brilhante. A ideia de estragar a noite perfeita do príncipe era tentadora demais para a mulher deixar pra lá.
Imaginou o menino com um sorriso feliz no rosto deitado em sua enorme cama com lençóis de seda enquanto lembrava de cada alfa com quem havia dançado naquela noite. Aquilo lhe dava nos nervos.
Saber que pessoas como ela, que não tinham nada, passariam o resto da vida servindo pessoas como ele, que haviam nascido em um maldito berço de ouro, sem nunca precisar se esforçar de verdade para ter algo.
Observou ao redor, notando que todos estavam ocupados demais limpando a bagunça do baile e percebeu que ninguém notaria sua falta. Correu pelos corredores com cuidado para que os guardas não a vissem e em alguns minutos estava parada na porta do jovem príncipe.
Duas batidas foram o suficiente para que o menino notasse sua presença. A adrenalina não a deixava pensar com coerência e quando viu já encarava o príncipe com atenção.
— Posso lhe ajudar em algo? — O menino perguntou com a voz baixa e temerosa. Já era tarde da madrugada e ninguém entrava no seu quarto sem a sua permissão ou uma ordem. Havia dispensado Maggie porque queria ficar sozinho e descansar, mas outra serva estava parada bem a sua frente. Dina observou com atenção os olhos vermelhos e irritados do menino e notou que algo havia incomodado o jovem príncipe, mas isso não a fez recuar, tomada pela inveja apenas prosseguiu com o que queria fazer.
— Na verdade. Acredito que sou eu que possa te ajudar, vossa alteza. — Respondeu em um tom levemente superior, como se soubesse que aquilo iria o despedaçar. — Vim lhe contar sobre vossa graça. — Sorriu levemente ao notar o desespero no olhar do ômega, que parecia assustado sobre o que poderia ser.
Jungkook estava bem? Algo havia acontecido? Ele já havia partido e talvez não voltaria? Tantas hipóteses passavam por sua mente que sentia suas pernas tremerem em medo.
— Ele está bem? — Questionou assustado. Haviam discutido e ele havia saído de uma forma estranha. Nunca se perdoaria se alguma coisa tivesse acontecido com ele.
— Ele estará na suíte principal da ala norte durante toda a semana. Achei que deveria saber. — Sorriu se curvando. Pelo olhar do menino, pode notar que ele não tinha tal informação e pelas lágrimas que brilharam nos olhinhos doces percebeu que havia conseguido o que queria. — Tenha uma boa noite, vossa alteza.
| O SEGREDO DO PRÍNCIPE |
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