O Rei
Capítulo 13 – O Rei
Stewart Baker sorria ao ver a alegria de seu povo. Havia mantido seus olhos fechados por muito tempo, mas já estava na hora de admitir. Seu filho havia crescido. Era um ômega forte e decidido, assim como Elisabeth era, mas isso não acalmava seu coração como deveria.
Elizabeth acreditava que poderia aguentar muito mais do que verdadeiramente podia. Stewart temia pela vida de seu filho. Rezava para que seu plano desse certo. Para que Jimin tomasse a decisão certa e enxergasse a solução em meio a tempestade.
Jimin tinha os mesmos talentos que Elizabeth tinha. Era ótimo em resolver problemas e melhor ainda em se meter neles. A beta costumava ser amada por todos e via muito dela em seu filho. Uma personalidade forte que se escondia por trás de um véu frágil.
Observou seu filho conversando com o Infante. O menino contava animado sobre sua experiência da noite passada e apresentava a serva para Scott, que apenas sorria para tudo o que o ômega falava. O Rei também observou o olhar de Jones sobre seu filho. Um olhar que deixava claro seu incômodo com tudo aquilo.
Sorriu ao ver o que olhos jovens não conseguiam ver. Demoraria, mas eles perceberiam qual era a melhor saída. Sabia desde o princípio que o conselho poderia ser um problema, mas tinha certeza que aquela era a única chance de manter seu filho vivo. Baker faria de tudo por seu filho.
— Prometo que passarei o dia todo com você, alteza. — Yoongi disse sorrindo para o menino. — Sei que atrapalhei nossos planos para aquela noite, mas prometo que ficarei ao seu lado. — Aquelas promessas eram lindas. Stewart se lembrava de tê-las feito para Elizabeth, gostaria de tê-las cumprido.
Era impossível cumprir promessas como aquela quando se tinha um reino inteiro dependendo de si. Tentava estar presente na vida da mulher, mas era impossível estar presente em todos os momentos. Yoongi era um bom homem. Achava que daria conta de cuidar do reino e manter um ômega, mas a verdade era que nunca conseguiria fazer os dois.
— Na verdade, tenho alguns assuntos para tratar com você. — Jimin disse com um tom suave, mas um olhar preocupado. — Na verdade, com vocês dois. — Corrigiu, indicando o Grã-duque, que se surpreendeu ao ser adicionado a conversa.
— E sobre o que se trata? — Jungkook perguntou serio, não gostando do rumo que aquilo poderia tomar. Das últimas vezes em que tiveram uma conversa sincera sobre o Infante, muito havia sido dito, tinha medo do que poderia vir a seguir.
— Imagino que meu filho queira falar sobre o casamento. — O rei interrompeu, apenas para ver a reação do Duque ao ouvir a palavra amaldiçoada.
— Casamento, Majestade? — Jungkook questionou com o estomago revirando e o coração acelerado. — Está muito cedo para falarmos em casamento, não acha? — Se sentia sem ar. Sabia que uma hora ou outra Jimin iria voltar a discutir sobre aquilo, mas não sabia se estava pronto para ouvir aquilo depois de tudo.
Não depois de admitir que tinha sentimentos pelo príncipe. Não julgava Jimin como cruel o suficiente para lhe torturar assim e ele também não era infantil a ponto de se vingar do alfa daquela forma. Então esperava ao menos mais um tempo antes do ômega voltar a falar sobre casamento.
— Creio que temos que ser rápidos. Jimin já é um adulto. Em poucos meses terá seu primeiro cio e espero que esteja casado quando ele chegar. — O Rei disse com um sorriso oblíquo, de quem não falava tudo o que queria falar. — Será mais fácil se começarmos a resolver as coisas para o casamento agora. — Afirmou se levantando. — Não se preocupe com nada, Jungkook. Você fez um ótimo trabalho. — O Rei sorriu ao ver o desespero borbulhar nos olhos do Grã Duque.
— Majestade... — Jones chamou se levantando.
Todos os olhares do salão foram direcionados a ele e Jimin sentiu seu coração bater agitado, ansioso com a atitude que o alfa poderia tomar. O Rei o encarou o instigando a falar, mas diante de toda a situação, Jungkook só pode se calar. Devia se conformar que o ômega casaria afinal de contas, mais cedo ou mais tarde.
— Não é nada. Me desculpe. — Se sentou novamente evitando o escândalo que poderia ter acontecido. Pensou no conselho, no próprio rei e em seu pai, pensou em tudo o que falariam e nos dedos que seriam apontados para o ômega e admitiu mentalmente que aquela era sua melhor decisão.
— Eu acho que tenho que voltar ao meu trabalho na cozinha. — Della se manifestou. — Foi um prazer comer com vocês, mas tenho muito serviço agora.
— Muito obrigada mesmo, Senhorita Della. — Jimin disse encarando a beta. — Espero te ver mais vezes e se tiver qualquer problema, fique à vontade para me chamar. — A menina agradeceu com um sorriso, desviando o olhar rapidamente para o lúpus ao lado do príncipe e sem dizer mais nada, apenas se retirou.
— Ela parece ser uma boa moça. — Yoongi comentou distraidamente.
— Ela é a melhor. — Jimin rebateu. — Nunca havia me divertido tanto em uma única noite.
— Assim vou ficar chateado. — O Infante rebateu. — Pensei que nosso passeio tinha sido divertido. — Brincou fazendo Jimin rir pela palhaçada.
— Não seja bobo, Yoon. Nosso passeio foi incrível. São apenas tipos de diversões diferentes.
— Posso viver com isso. — O Infante respondeu com um tom leve. — Mas então, o que tem de tão importante para nós falar? — O questionamento, por mais que suave, era carregado de preocupação e ao ver o ômega assumir uma postura mais seria, notou que não estava errado em se preocupar.
— Me sentiria mais confortável se pudéssemos falar em algum lugar mais isolado. — O infante concordou e logo limpou a boca, que já estava limpa, se levantando para esperar o príncipe, que o seguiu.
— Podemos ir até a biblioteca privativa da ala sul. Ninguém vai nos incomodar lá. — O Duque sugeriu, no automático, acostumado a ajudar, enquanto se levantava para segui-los.
— Ótimo. O que eu tenho pra falar é sério e não pode sair daqui. — O príncipe afirmou antes de sair andando, mostrando o caminho para o convidado.
A biblioteca ficava no lado sul do castelo, um lado afastado e completamente inabitado. Ali era onde havia os aposentos do antigo rei, que definhou na própria cama com uma doença rara e desconhecida.
Graças a falta de conhecimento sobre sua doença, a ala foi isolada e dada como perigosa, mas Jimin quando criança descobriu uma das passagens secretas que dava naquela ala e após se aventurar pela biblioteca proibida de seu avô, percebeu que aquele seria o lugar perfeito para se afastar de todos que o cercavam.
Agora, entrando naquele lugar depois de adulto e com convidados, parecia estranho de uma forma geral, mas a situação era muito mais séria do que uma birra infantil sua.
A porta grande de madeira maciça se fechou e após acender uma das lamparinas que ficavam espalhadas pelo lugar pode enxergar melhor os outros homens. Em qualquer outra situação, estar sozinho com dois alfas em um lugar isolado, poderia ser mal visto e até mesmo perigoso, mas com Jungkook ao seu lado, sabia que estava seguro.
— Está me deixando nervoso. O que é tão sério assim? — Yoongi questionou e Jimin, se sentou em uma das poltronas empoeiradas, respirando fundo, tentando organizar seus pensamentos.
— Eu acho... — Se calou ao notar que tremia, e esfregando uma mão na outra, tentou começar de novo. — Eu acho que podem estar tentando me matar.
— O que? — Jungkook questionou perplexo, como se não tivesse conseguido ouvir direito o que o ômega havia dito.
— Bom, não a mim, em específico, mas sim todos os herdeiros. — Disse com certa incerteza. — Eu sei que Burly foi um caso isolado, mas ontem, quando conheci a senhorita Della, ela não sabia que eu era o príncipe e me contou algumas coisas que não chegaram aos nossos conhecimentos.
— Como o que? — o Grã-duque voltou a questionar, sentindo seu coração disparado com a possibilidade de Jimin correr algum perigo.
— Pra começar, tentaram envenenar minha comida e o provador real está morto. O guarda responsável pelos meus aposentos, sumiu, e também deve estar morto. — Contou o que sabia. — Ninguém além do general sabia sobre a minha viagem a Thule. Seja quem for, não sabia que eu não estaria no castelo, mas sabia que vocês não estavam. Deve ter imaginado que eu estava desprotegido e até mesmo vulnerável depois do ataque a Burly e por isso tentou me pegar.
— Mas se isso estiver mesmo acontecendo, então você está correndo perigo agora que voltou. — O infante se pronunciou, ligando um acontecimento ao outro. — E com certeza alguém de dentro deve estar ajudando. Um desconhecido não teria livre acesso ao palácio, seu quarto ou até mesmo a cozinha.
— Eu também pensei nisso. — O ômega disse com um tom baixo. — Fiquei com medo de voltar para meu quarto e por isso fiquei com a Senhorita Della, mas haverão horas em que eu ficarei sozinho e tenho medo de que algo pode acontecer.
— Não deixaremos mais você sozinho, Jimin. Ficarei ao seu lado. Irei pedir que dois guardas te acompanhem, ou até mesmo quatro, inferno. O quanto for necessário para que se sinta seguro. — Jungkook estava claramente na beirada e Jimin conseguia ver isso em sua forma de falar e em como sua postura estava tensa e seu rosto preocupado.
O príncipe sorriu, coberto de afeição. Della estava certa, Jungkook tentaria matar o culpado com suas próprias mão se conseguisse.
— Você ainda leva o punhal que lhe dei? — Yoongi questionou, parecendo aflito e suspirou minimamente mais relaxado ao ver o príncipe concordar. — Não sabemos quando isso pode ser útil, mas não tire do seu alcance. — Refletiu um segundo. — Talvez devêssemos lhe dar outro, para ter certeza.
— Você deu um punhal para ele? — Jungkook questionou um tanto chocado, como se a ideia de Jimin segurando uma arma fosse grosseira em sua mente. — Que tipo de galanteios está tentando fazer que acabou em um presente como esse?
— O tipo que está preocupado com a segurança dele. — O infante rebateu, sem realmente se ofender. — E sendo sincero, acho que uma arma é tudo o que ele precisa nesse momento.
— Não briguem. — Jimin se meteu ao ver que Jungkook iria rebate e que não estava no melhor dos seus estados. — Não é hora para isso. Eu preciso de ajuda e de proteção. Não sei se isso é verdade ou apenas algo da minha mente, mas seja o que for, duas pessoas podem estar mortas porque alguém pode estar atrás de mim.
— Iremos achar o culpado. — O infante afirmou.
— E manter você a salvo. — O Duque rebateu.
— Só mais uma coisa. — Jimin respondeu enquanto observava os alfas a sua frente. — Não quero que meu pai saiba sobre isso. Ele já tem preocupações demais e acho que esse não é o momento para mais uma.
— Ele se preocupa com você, Jimin. Precisa saber. — Jungkook o aconselhou, mas o ômega negou.
— No momento, ele acha que o meu maior interesse é o casamento, quero que continue assim. Que ele se preocupe com todas as coisas supérfluas e bobas de um casamento e não com a minha vida.
— Jimin... — Jungkook iria rebater, mas parou ao ver o olhar do ômega.
— Eu sou a única família que lhe resta, sei que é egoísmo meu querer esconder isso dele, mas acho que será pior se ele souber. — Admitiu com a voz embargada em um choro contido. — Ele ficará em pânico com a ideia de me perder e não pensara com coerência, pode acabar colocando a vida dele em risco.
— Ele tem planos para voltar para Burly, queria que eu fosse com ele, mas acho que devo ficar. — O infante se pronunciou, com um olhar pensativo.
— Vocês ainda não são casados. Nem sequer são oficialmente noivos. Não seria muito educado ficar mais do que alguns dias por aqui. — Jungkook disse com certo ciúmes. — Eu cuidarei dele.
— Tenho certeza que sim, mas também acho que quanto mais ajuda, melhor. — Rebateu, vendo o conselheiro prender a respiração, em puro desconforto.
— Tem razão, me desculpe. Estou sendo infantil, a segurança de Jimin deveria vir em primeiro lugar. — Admitiu, se sentindo ridículo ao todo. — Por favor, Infante, fique e me ajude a cuidar do príncipe.
| O SEGREDO DO PRÍNCIPE |
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