Cortejos
Capítulo 14 - Cortejos
Jungkook Jones sabia que ter o Infante por perto não seria nada fácil, sabia que teria que tolerar o outro alfa e ver a forma descarada com que ele flertava com Jimin, mas mesmo sabendo de tudo isso, não conseguia conter o turbilhão de sentimentos que atormentavam seu peito.
O outro alfa parecia fazer de propósito. Sempre lhe alfinetando e dizendo palavras doces para o ômega enquanto media seu comportamento. Jungkook desconfiava que o alfa suspeitava de algo, e por mais que quisesse passar no teste, sabia que estava fracassando.
Durante todo o jantar, Yoongi se sentou ao lado do príncipe, lhe contou como foi a viagem a Burly e tudo o que seu irmão se propôs a fazer para ajudar a rainha, que estava desconsolada. Contou então ao Rei sua decisão de ficar em Katar ao lado de Jimin, para que pudessem se conhecer melhor.
O Rei até mesmo rebateu, dizendo que teriam tempo, mas o Infante afirmou que não havia muito o que poderia fazer em um caso como esse e que seu irmão, tendo o cargo de herdeiro e futuro Rei, conseguiria melhor do que ninguém apoiar o reino vizinho e que confiava totalmente nas decisões de seu irmão.
Stewart apenas concordou, consciente de que o Infante deveria ter seus motivos para querer ficar, visto que durante toda a viagem havia sido muito persistente e inflexível quanto ao que deveria ser feito para o Reino de Burly.
O Infante havia pedido tropas para ficarem nas barreiras do reino, para evitar que outro golpe fosse feito agora que Burly estava desprotegido, também aconselhou seu irmão a enviar o maior numero de suprimentos possíveis, tanto médicos quanto de necessidades básicas, já que durante o atentado, alguns aldeões haviam se machucado e alguns silos, com a comida da temporada, haviam pegado fogo.
Dundeya, Katar, Reynes, Illena e Thule, sendo os reinos mais fartos e ricos daquela região, se uniram o máximo que podiam para ajudar Burly que agora passava por momentos difíceis.
E Stewart gostou de ver como o Infante pensava em momentos como esse e aprovou mais do que nunca a ideia do alfa herdar o seu trono, por isso imaginou que sua repentina mudança de ideia em querer ficar ao lado de seu filho naquele momento, deveria ter um bom motivo.
Até mesmo cogitou a ideia do próprio Jimin ter pedido para que ficasse, mas conhecendo seu filho como conhecia, sabia que ele jamais pediria por algo como aquilo de outra pessoa que não Jungkook. Também era de seu conhecimento que o príncipe havia viajado até Thule para prestar suas condolências ao pequeno herdeiro que havia perdido seu noivo prometido e não poderia estar mais orgulhoso de seu filho, que assim como a mãe, pensava de forma única e doce.
Quando soube do atentado, nem mesmo se lembrou de Thule ou do noivado, apenas pensou de forma prática e racional, mas Jimin pensava com o coração e sua primeira reação foi ir atrás daquele que mais deveria estar sofrendo com tudo aquilo e que provavelmente ainda não tinha idade o suficiente para saber lidar com a perda de alguém querido.
Jungkook jantou em silêncio, apenas acompanhando as conversas paralelas com a cabeça, não se sentia com ânimo e disposição o suficiente para lidar com aquilo no momento. A ideia de que Jimin corria perigo ainda era muito viva em sua cabeça e isso lhe tiraria o sono durante semanas.
Iria pedir uma checagem de guardas e pediria de três a quatro homens na frente dos aposentos do príncipe. Também iria questionar as servas e mandar que a senhora Wood ficasse de olho, para que pudessem descobrir algo e iria passar as noites acordado, vigiando o sono do príncipe, sentado na poltrona de frente a sua cama, faria de tudo o possível para lhe manter seguro.
Foi isso o que pensou, mas ao se ver sendo seguido pelo infante, algo ruim e feio despertou em seu peito, o sentimento de ciúmes e possessão voltava a aparecer e se sentia na beirada para não cometer um erro estupido e descuidado.
— Não pode entrar nos aposentos do príncipe. Ainda não são noivos oficiais e isso traria perguntas. — Afirmou impedindo a entrada do infante no cômodo. Jimin, que observava tudo de dentro do quarto, apenas revirou os olhos, consciente que Jungkook não deveria estar gostando nada daquilo e que seria uma eterna discussão se não interviesse.
— Você também não é noivo dele e isso não gera perguntas. — O Infante rebateu, em uma provocação e Jimin sentia que no fundo, Yoongi fazia aquilo de propósito para irritar o Grã-Duque.
— Entrem logo. Vocês podem continuar essa discussão boba aqui dentro. Vão acabar chamando a atenção e não quero que ninguém fique sabendo sobre isso. — O Príncipe pediu, notando que a senhora Wood havia deixado suas roupas separadas e seu banho pronto.
— Jimin... — Jungkook iria o repreender por chamar o pretendente para dentro de seu quarto, mas assim que deu as costas para o outro alfa, ele entrou no quarto, logo indo até a poltrona do quarto se sentando. — Você não tem o mínimo de respeito. — Afirmou enquanto fechava a porta, mas o infante apenas riu, achando o ciúmes engraçado.
— Por favor, eu sou o menor dos perigos para a virtude do seu Príncipe. — Rebateu engraçadinho e Jimin segurou a risada ao ver o alfa piscando em sua direção. — Vá tomar seu banho Jimin, iremos esperar aqui.
— Não há necessidade de você ficar. — Jungkook insistiu indo em direção ao banheiro, checando se o lugar estava vazio e colocando a mão na água para se assegurar de que era apenas água e sais de banho. — Eu irei o acompanhar durante a noite.
— E creio que isso não será nem um pouco mal visto. — Provocou novamente e sorriu ao ver o outro alfa sair do banheiro, indicando que Jimin poderia entrar.
— Está insinuando algo? — Jungkook questionou e o infante negou, vendo o príncipe revirar os olhos mais uma vez, já impaciente com aquela conversa e ir de vez para o banho, fechando a porta entre eles.
— Jamais faria algo assim e diferente do que você acha, minhas intenções nesse quarto estão longe de ser o que imagina. — Afirmou e logo indicou que o duque se sentasse para que pudessem conversar. — Acho que deveríamos esclarecer algumas coisas.
— Como o que? — Jungkook questionou desconfiado, se sentando na ponta da cama do ômega.
— Eu desconfio de que não sou sua pessoa favorita no mundo, Vossa graça. — O tom sarcástico do lúpus irritava Jungkook mais do que deveria. — Mas também desconfio que não tenha conversado com Jimin sobre o nosso casamento.
— Ainda não tivemos essa conversa, pelo menos não como deveria. — Admitiu. — Mas também não sei se será necessário, o Rei já lhe aprovou, Jimin parece decidido e não acho que haja algo que eu possa dizer ou fazer para mudar o rumo das coisas nesse momento.
— Mas você gostaria de fazer, não é?
— Bom, o senhor dançou uma única vez com Jimin e então começaram a falar em casamento. O visitou enquanto eu não estava e o cortejou longe da minha supervisão, mesmo consciente de que eu sou o tutor dele. E descubro hoje que um de seus presentes ao príncipe foi um punhal, então sim, eu gostaria de fazer, porque não sei se gosto de suas intenções ou do rumo em que as coisas estão indo.
— Se sabe tanto sobre ele, como o cortejaria? — Rebateu o infante, sem se abalar e Jungkook, se sentindo desafiado, começou a tagarelar.
— Para começar, eu não o daria algo perigoso. Jimin é uma pessoa doce e gentil, que gosta de livros e flores. Eu o levaria até o lago ou quem sabe até a biblioteca, e lhe daria as flores da estação, porque sei que ele tem uma favorita a cada temporada. — Disse com um tom firme, sem medo de errar, porque conhecia aquele ômega como a palma de sua mão. — Lhe daria comidas doces e ouviria cada poesia que ele gosta de recitar. Então iria lhe dizer tudo aquilo que é encantador nele e no final do dia, eu não estaria pensando apenas em uma maldita coroa, como você deve estar.
— Quando conheci Jimin, lhe perguntei se ele tinha alguém. — O infante começou a dizer, se levantando para se aproximar do alfa. — Ele me disse que não sabia, que não tinha certeza se seu coração pertinência a outro alguém. — Uma pausa foi feita, como se o alfa pensasse com calma em suas próximas palavras. — Mas durante nossos passeios, seu nome foi citado muitas vezes.
— O que quer dizer?
— Quero dizer que deveria mostrar pra ele que ele tem sim alguém. — Foi firme. — Ele não quer se casar e eu muito menos. Nosso casamento é uma aliança e não tenho outras intenções que não a amizade. Jimin é um ômega incrível, mas nunca prometemos nosso coração um ao outro.
— Está sugerindo o que eu acho que está? — Jungkook se levantou, perplexo ao ouvir aquelas palavras, mas aliviado ao saber que o casamento não passava de um tratado.
— Estou. Eu me sentiria mais tranquilo se soubesse que Jimin tem alguém. — Esclareceu. — Você melhor do que ninguém deve saber que como Rei, eu não terei tempo o suficiente para dar a atenção que ele necessita. — Disse com calma, como se tivesse pensado por muito tempo sobre o assunto. — Sem falar que em algum momento, irão me cobrar herdeiros e Jimin ficaria destruído se tivesse sentimentos por mim.
— Os sentimentos dele não são algo que você pode embrulhar e me dar de presente. Ele é alguém sensível e especial e se ele te escolher...
— A escolha dele já foi feita e me arrisco a dizer que há muito tempo. — O interrompeu. — Apenas vocês dois não conseguem ver isso.
Jungkook ficou em silêncio, encarando o alfa a sua frente como se toda aquela conversa fosse absurda demais para se aceitar, mas Yoongi parecia saber bem o que falava.
— Sei que o que estou pedindo é contraditório e até mesmo insensato, no entanto preciso me casar com ele para herdar o trono, mas não acho que a vida dele vale a coroa. Jimin não merece ter o mesmo fim que a Rainha apenas porque eu ou qualquer outro quer ser Rei. — A fala possuía carinho e determinação e Jungkook não deixou de notar isso. — Ele merece mais, merece ser feliz e acima de tudo, merece ser amado de verdade.
Jungkook iria responder, iria dizer que mais do que qualquer um, ele amava Jimin de todo o seu coração, mas então a porta do banheiro se abriu e o ômega saiu de lá, trajando suas roupas de dormir e um roupão pesado que escondia sua pele. O alfa desviou o olhar limpando a garganta e Yoongi riu.
— Irei deixar que conversem, acho que precisam de um tempo sozinhos. — Sorriu para o Duque antes de se virar para caminhar até o ômega, pegando sua mão e deixando um beijo casto em seu torço. — Até amanhã, vossa alteza.
| O SEGREDO DO PRÍNCIPE |
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