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Mais um dia de aula e perto da escola havia uma academia de taekwondo que sempre me fazia lembrar da minha infância. Antes do divorcio dos meus pais, eu frequentava uma academia que me ajudava a me aliviar do estresse de casa. Qualquer coisa que me fizesse ficar fora de casa por mais tempo possível já me ajudava. Muitas vezes Mateo era meu parceiro de luta e acabava que Vinicius vinha visitar e me provocava. 

"- Então, a chata luta aqui. - Vinicius disse

Eu cerrei meus punhos de raiva de não poder fazer nada e rangi meus dentes.

- Vini, por favor. Para de fingir que não sabe. - Mateo disse

- O que está acontecendo aqui?

- Ele está me irritando de novo! - apontei para o Vinicius

O professor sempre dizia que isso poderia ajudar no controle da minha raiva, mas pra falar a verdade eu nunca gostei dessa ideia e o professor parecia não estar mais aguentando por mais que o Vinicius vinha uma vez ou outra.

- Mateo, arranje uma roupa para seu amigo que ele lutará contra Nicole."

Claro que eu ganhei e mais ainda tive a satisfação de ver Vinicius impressionado no que eu poderia fazer.

- Saudades. - dei um sorriso nostálgico

****

No intervalo, Vinicius corria atrás de mim. Eu não respondia, mas ele continuava a me perseguir no meio do patio.

- Nicole. – ele diz

Eu torcia para que aquela seja a ultima vez que ele tente.

- Tchau Vinicius. – digo enquanto caminho

Para minha felicidade, ele havia desistido. Eu quero manter Vinicius no passado já que não eramos amigos de verdade. Não havia necessidade de continuar algo que não existia.

Nós eramos... Qual seria a palavra certa? Talvez inimigos ou rivais. Essas palavras são as melhores definições para nós dois. Mas nada de amigos. A gente sempre brigava por ele ser ele.

Eu sentei no banco junto com Nina.

- O que achou do trabalho? - ela me perguntou

- Bem cansativo. - admito

- Achei que eu fosse a unica que pensou isso. - Nina ficou feliz

Eu escuto uma voz familiar. Era Mateo.

- Você devia obedecer ela uma vez. Serio, Vinicius. Não te machucar. – Mateo disse

- Só ego dele que vai. – Isaque disse – Poderia encontrar outra garota.

- Hoje é dia de me irritar. –  Vinicius disse irritado

Eu sorrio ao escutar. É tão bom saber que Vinicius estava irritado e que alguém o provocou.

- Nicole. - Maria está parada na minha frente - Vamos ao restaurante hoje.

Eu fiquei um pouco com raiva dela falar isso na frente de Nina sem intenção de convida-la. Mas, Nina não se importou.

- Está bem. - digo - Aquele mesmo restaurante?

- Sim. - Maria sorri

****

Quando cheguei no restaurante, eu me servi e sentei no canto. Eu não estava afim de ver as pessoas me tratando como coitada. Garçom me trouxe uma jarra com suco de maracujá e um copo. Primeiro ele encheu como de costume de fazer nos restaurantes. Primeiro copo são os garçons que enchem. Eu soltei sorriso fraco e agradeci a ele.
Quando eu pego o copo, vi que minha mão tremia. 

"Droga", pensei, " Não era para acontecer isso agora"

Eu puxei a minha mão rapidamente com medo que alguém visse. Nunca disse para alguém sobre esse problema. Eu olhei para todos os lados para ter certeza que ninguém viu e meus olhos encontram os olhos de Vinicius. Tento mostrar que eu sou a melhor e que ele é apenas um idiota.

Ele decidiu vir em minha direção e eu não estou surpresa com a decisão dele. Eu permaneço sentada, mas mantive meu sorriso de liderança. 

- E ai, senhor Vinicius? – eu digo tom de brincadeira – Não é seu tipo de lugar aqui? Aqui é muito chique para você.

Mas ele não retrucou, ao invés disso apontou para minha mão escondida e disse:

- Por que esconde sua mão? – foi direto

Mais direto do que eu esperava. É claro que ele acha que eu não preciso esconder minha mão.

- Pra que você quer dizer isso? – ela deixou o sorriso sumiu – Para dizer que as pessoas não me tratarão como um bicho de laboratório quando virem minha mão?

- Mas isso não é nada.

- Você sabe que está mentindo pra você mesmo sobre mim. - encaro ele - Você nem sabe o que aconteceu durante esses anos que esteve fora. - eu quase sussurro desviando o olhar

Eu esperava que ele dissesse que não era culpa dele e que ele queria estar lá. Mas quem eu quero me enganar? Vinicius não é esse tipo de pessoa.

Logo entrou Maria desesperada gritando o meu nome .

- Sabia que iria encontrar aqui. - disse a Maria ofegante

Mas foi ela quem disse para eu vir aqui ou ela esqueceu.

- Calma. Me diz o que aconteceu. - eu falei de forma tranquila

Maria começou a chorar e eu a abraçou. Digo para ela que eu estava aqui e não precisava se preocupar e também poderia contar comigo. Fiquei tranquilizando ela e de repente, Maria já estava rindo.

Ela muda de humor muito rápido, acho engraçado nisso nela.


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