5

Eu comprei o almoço para mim e minha mãe, acabei encontrando ela no quarto com foto de um bebê qualquer. Ela ainda pensa no filho que faleceu. Eu sofro por ela e por mim. Somos apenas nós duas contra o mundo.

- Mãe, eu trouxe almoço. - digo

- Está bem, querida. - ela se levanta com cuidado

Eu vou para cozinha e arrumo a mesa para nós almoçamos.

- Como foi na escola? - ela perguntou

- Bem... Eu vi Vinicius. - eu revelo olhando para o almoço

- Aquele garoto que você odeia?

- Esse mesmo.

- Como ele está?

- Não mudou nada. Ainda continua o mesmo idiota de sempre. - eu volto a comer - Eu odeio ele.

- Cuidado com essa palavra. - ela força um sorriso - É uma palavra forte e faz parte da mesma moeda que o amor.

- Não diga isso. - eu faço careta - É apenas uma historia inventada para fazerem as garotas ficarem confusas. Além do mais, o amor não existe.

- Então, acredite no que quiser, mocinha. Mas, sua mãe está certa.

- Eu tenho medo quando você está certa. Nunca é bom. Igual aquela vez que você disse que iria chover e eu acabei voltando para casa toda molhada.

- Mas tivesse me escutado, estaria preparada com aquela chuva. - minha mãe retrucou

- Que tal voltarmos comer que é melhor? - digo

Eu nunca iria aceitar esse sexto sentido dela, mas ela tinha razão. Se eu confiasse neste sexto sentido dela, eu estaria mais preparada do que tudo.

Eu ainda me lembro do dia que ela falou que meu namoro com Caíque não era o certo.

" Era meu primeiro encontro com Caíque e eu estava me arrumando no quarto quando minha mãe apareceu no quarto.

- Está linda. Vai sair com as amigas? - ela perguntou

- Dessa vez não. Eu vou sair com meu namorado. - eu terminei de passar o batom

- Não lembro de você ter me falado sobre esse namorado. - ela ficou confusa

- Claro que eu falei, mãe. O Caíque que estuda comigo. - comecei a procura meu sapato pelo quarto - Cadê meu salto preto?

- Embaixo da cama. - ela respondeu - Não disse nada e não diga que eu tenho problema igual o seu pai.

Eu sentei na cama para colocar o salto.

- Não é bem assim, mãe. - eu olhei para ela

- Você tem o mesmo olhar que seu pai. - ela disse brava

- Tem razão devo ter esquecido de avisar que eu estava namorando. - digo sorrindo

Ela bufou. Meu celular começou a tocar sobre mesa.

- Deve ser ele. - digo

Eu levanto e vou pegar meu celular. No visor aparecia a foto do Caíque chamando, decido atender.

- Oi. Eu já estou indo. - digo

- Estou na porta da sua casa. - ele disse

Eu desligo e olho para minha mãe.

- Eu já vou indo, mãe.

Minha mãe me acompanhou até a porta. Assim que abri a porta, vi que Caíque estava encostado no táxi.

-Esse é o tal do Caíque? Amigo da Juliana, a nossa vizinha. Esse garoto não me cheira bem, Nicole. - ela me diz com olhar de reprovação

Eu revirei meus olhos.

- Mãe, não é porque ele é amigo daquela garota que significa que ele não presta. - eu bato pé - Você vai ficar bem por algumas horas?

- Não se preocupe comigo. Você deveria se preocupar mais com você.

- Está bem. - dou um beijo na bochecha dela - Tchau."

Eu fico olhando para o prato vazio.

- Está tudo bem, minha filha? - minha mãe analisando meu rosto

Eu balanço minha cabeça para espantar os pensamentos do passado e forço um sorriso para ela.

- Eu estou bem. - respondo

- Não adianta me enganar que eu te conheço. No que está pensando, garota?

- Só quantas vezes eu não te escutei nessas previsões. - eu rangi os dentes - Odeio esse sexto sentido de mãe.

- Calma, um dia você terá esse poder. - ela ri - Decidiu que vai me ouvir depois de tanto anos? - ela perguntou surpresa

- Se está referindo ao Vinícius? - ela assentiu - Esquece. Entre eu e ele não existe. Aquele garoto é um metido a besta.

Eu peguei os pratos e coloquei na pia.

- Está bem. Ele não é um Daniel, mas é melhor que aquele Caíque. - ela diz

Eu apoio minhas mãos sobre a mesa quando ela refere meu passado com Caíque.

- Até hoje não entendo o que houve entre você e Daniel terem terminado o namoro. - ela diz

Respirei fundo e disse:

- Eu já te disse, mãe. - comecei a lavar os pratos - Eu não aguentava ver ele e Caíque como amigos, eu não disse pra ele o que aconteceu. Daniel nem sabe que eu namorei Caíque.

- Entendo. - ela arrastou cadeira para sair - Eu vou para o quarto.

Eu apenas continuei lavando a louça.

- Eu te odeio, Caíque. - eu soquei a pia - Ai! - olhei para minha mão que estava apenas vermelha, mas dolorida - Droga! O que eu estava pensando? - enrolei o guardanapo em volta da minha mão e sentei - Só eu para socar uma pia com raiva. - ri de mim mesma


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